Chapter 4
- Beto...
- Vamos lá. Não sou mais o babaca daquela época.
Alicia encarou Beth, pedindo silenciosamente através "daquele" olhar que ela lhe ajudasse. Porém seu pedido de socorro pareceu ter surtido o efeito oposto, porque o que a amiga falou fez com que ela sentisse vontade de se enterrar na areia:
- Ela vai, Beto.
- Já gostei de você, Beth. – Ele piscou para a amiga, mas logo voltou a atenção para Alicia. – Então, às 20h?
- C-claro. – ela ficou sem graça demais para discordar.
- Beleza, você não vai se arrepender.
Elas finalmente se despediram, e Alicia só não saiu correndo dali porque estava acompanhada da amiga. Beth ainda se lamentava.
- Não acredito que eu estava morrendo de preocupação enquanto você estava ali...se engraçando com um cara.
- Me engraçando? Eu estava tentando ir embora daquele fantasma! Foi você quem me ofereceu numa bandeja para ele.
- Se não queria sair com ele, era só ter dito não.
- Como eu falaria isso se você já tinha dito que eu ia?
- Com a boca! – A amiga exclamou. Alicia suspirou, derrotada. – Para de drama, Alicia. Eu ainda te fiz um favor! Pelo menos o cara é mega gostoso.
- O mesmo cara que me chamava de Emília e perninha de garça? – Alicia perguntou com um riso de escárnio.Em vez de se sentir tocada pelo bullying sofrido por ela, Beth franziu o cenho, a perguntando:
- Por que, Emília?
- Eu tinha sardas, era desengonçada... – Ela falou sem muito entusiasmo. A amiga pareceu segurar um riso. – Até você, Beth? – Sem conseguir se segurar, Beth soltou uma gargalhada.
- Não acredito que você ligava para essas coisas, Lícia. – A amiga revirou os olhos. – Acho que são os apelidos mais bobos que já ouvi.
- Porque não era com você quando estava tentando ter alguma autoestima no fundamental!
- Eu também sofri, ok? Mas desci o cacete em todo mundo. Depois de um tempo...parou. – Beth deu de ombros. Alicia estreitou os olhos. Ela não duvidava nem um pouco da natureza agressiva da amiga. – Mas olhe pelo lado bom, seu planeta retrógrado te trouxe um filé do passado.
- Queria um do futuro. – Alicia se queixou.
- Vai ter que se contentar com o que tem...
Elas chegaram na piscina e aproveitaram a água fresca juntamente do sol. Mas conforme as horas passavam, o nervosismo de Alicia aumentava.
- Sabe o que eu fiquei sabendo quando estava à sua procura? – a amiga indagou com o olhar animado. Alicia deu de ombros, revirando a comida do almoço com o garfo. – Tem uma companhia artística aqui, comandada pelo famoso de La Sierra! Eu AMO as produções dele!
- Como assim, de dança? – ela indagou com o cenho franzido.
- Não! Estão produzindo um filme aqui no resort. - Ah, ela tinha se esquecido que Beth era uma cinéfila, então conhecia quase todas as produções de TV do planeta. - Mais cedo, andando por aí e te chamando... – a amiga cismava em frisar a procura dela. – eu vi eles montarem um set atrás dos bangalôs.
- Hum... interessante.
- Interessante tipo não tô nem aí?
- Não consigo pensar em nada a não ser meu encontro com o cara mais tarde.
- Não é bem um encontro, Lícia. Mas pensando bem, seria ótimo ser! Você está precisando transar e desestressar.
- Eu estou tentando desestressar num resort, Beth. Já tô aqui por causa de macho, não quero me envolver com mais um – Alicia rebateu.
- Eu também tenho um encontro com um desconhecido, sabia? Nem por isso estou me lamentando. – Beth colocou um pedaço de frango na boca, mastigando de forma desdenhada.
- Ah, safada! Não ia me dizer nada?!
- Eu estava tentando chegar lá... É com um cara que estava no set. Acho que é um dos artistas ou algo assim.
- Não perdeu tempo, né! – Alicia disse com um sorriso, mas o peito cheio de esperança pela amiga. – Mesmo me procurando....- ela enfatizou a busca.
- Ué, estou aproveitando!
Por causa dos encontros, elas chegaram mais cedo no quarto. Beth já tinha tudo em mente, desde a roupa que ia usar até a make que faria. Alicia suspirou, indecisa sobre o que vestir.
- Veste isso aqui. – A amiga apontou para um vestido floral. Alicia soltou uma careta e encarou o vestido vermelho que estava ao lado. Entre parecer romântica e matadora... o que você preferiria?
- Não, acho que vou com esse. – ela apontou para o vestido vermelho.
- Olha ela... toda se querendo. – Beth cantarolou. Alicia riu.
A amiga terminou de se arrumar primeiro, porque seu encontro estava marcado para antes que o dela. Beth se despediu com um acenar e quase saltitou até a porta quando o boy artista chegou. O desespero tinha sido tanto que até o cartão magnético ela tinha esquecido.
Pouco depois da amiga ir embora, era a vez dela. Alicia saiu do banheiro com a toalha enrolado em volta do corpo, era só vestir a roupa, fazer a maquiagem e...
Um barulho estridente ressoou dentro do quarto. Com certeza uma campainha.Ela olhou o relógio, ainda não eram nem 19h.
Alicia tinha se perguntado quanto tempo a amiga ia perceber que estava sem o cartão. Graças a Deus fora rápido. Meneando a cabeça, ela o pegou de cima do criado mudo e abriu a porta.
- Até que enfim... B-beto?
Beto tinha um sorriso torto nos lábios. Um sorriso que cresceu ainda mais quando viu que ela estava de toalha. O olhar dele foi descendo lentamente por cada centímetro de pele dela. Alicia pigarreou.
- Oi, Alicia.
- Está muito cedo, nem me arrumei.
- Então... era exatamente sobre isso que eu gostaria de falar com você. – Beto coçou a nuca. – Rolou um imprevisto, isso vai tomar todo o meu tempo...
- E você veio cancelar. – ela completou, cruzando os braços na frente do corpo, tentando conter a sensação de rejeição que crescia no estômago. - Tudo bem, então.
- Ah, Alicia...não seja tão fria, vai? Podemos marcar amanhã.
- Beto, é sério. Está tudo bem. Você sabe que nem precisamos fazer isso...
- Mas eu faço questão. – ele levou uma das mãos ao peito. Ela gesticulou desinteressada, mas dando-se por vencida.
- Ok – era melhor não começar outro discussão. Alicia suspirou e sorriu sem mostrar os lábios. – Outra hora então.
- Jura? – os olhos claros de cílios espessos brilharam na direção dela.
- Claro! – ela mencionou. Beto piscou e se foi. Ela fechou a porta.
Ainda bem que sua mãe sempre dizia que quem jura, mente.
Alicia ficou em frente ao vestido escolhido para aquela noite, e deu de ombros. Não ia desistir de relaxar e curtir por causa de um mané.
Toda produzida, ela saiu do quarto com o nariz em pé, se equilibrando em cima dos saltos que a amiga emprestara. Ela atravessou a área do hotel, e foi até a piscina, onde um happy hour acontecia.
- Senhora? – Um homem grande de preto ao lado da porta a chamou. Alicia o encarou com desconfiança. – Você veio para a festa?
Alicia sorriu e abriu os braços para sua produção da noite, deixando claro que sim. O homem sorriu e pegou uma prancheta.
- Terá que dar seu consentimento.
Alicia pegou a prancheta e a caneta, logo assinando. Pra quê tanta papagaiada para entrar numa festa? Estava começando a achar que aqueles gaúchos não batiam bem da cabeça...
O homem pegou o documento assinado e lhe deu passagem para um ambiente à meia luz, decorado estilo à praiana. Uma mulher saltitante passou por ela, colocando um colar havaiano ao redor de seu pescoço. Alicia deu de ombros e riu.
Algumas pessoas socializavam e dançavam ao som de músicas eletrônicas. Ela engoliu em seco. Afinal nunca fora muito de dançar, mas com alguns drinks... quem não se animava?
Ela se sentou na banqueta de madeira do bar, e levantou o dedo para o barman que chacoalhava o antebraço musculoso e tatuado no preparo de alguma bebida.
- Oi guria! O que me diz? – ele perguntou, se debruçando sobre o balcão. Alicia mordeu os lábios, analisando o cardápio. – O cosmopolitan é ótimo. – ele apontou, sugerindo. – Leva licor de laranja e vodka.
- Hum... Vou experimentar, então.
Em poucos minutos, o drink de cor laranja estava na frente dela com um guarda-chuvinha.
- É carioca? – ele perguntou enquanto passava um pano pela bancada.
- O sotaque não mente, né? – ela perguntou com um sorriso. O sotaque sulista dele também não mentia. Alicia não via a hora dele soltar um báh e tchê. Tão fofo!
- Na minha humilde opinião, é o melhor sotaque do Brasil.
Ela riu. Estava claro que o cara não era bom de paquera.
- Ah, também não é pra tanto.
Bebida vai, bebida vem, e ela já estava entre os corpos dançantes ao som de Calvin Harris, em summer. Alicia esticou bem os braços e se deixou levar pelas batidas eletrônicas da música.
A cabeça dela balançava de um lado para o outro, os cabelos molhados pelo suor açoitando o próprio rosto.
- When I met you in the summer (Quando eu te conheci naquele verão)...- Ela cantou junto a uma menina sorridente, e depois pulou, girando pelo próprio corpo atabalhoadamente.
Alicia sentiu o corpo mole desequilibra-se do salto. Temendo o tombo certo, fechou os olhos e esperou...mas nada veio. Achando estranho e tremendamente engraçado, soltou uma gargalhada aguda.
- Assim você vai cair, guria... – A voz a avisou, e ela finalmente percebeu que haviam dois braços enlaçados a sua cintura. Era o barman? Ela franziu o cenho para o homem alto com um sorriso gigante no rosto.
- O-brigada! – Exclamou devolvendo o sorriso. O homem demorou-se nos seus olhos, dizendo mais que qualquer palavra. – Então...qual seu nome?
Não era do feitio dela conversar com estranhos, muito menos se demorar tanto dentro do abraço deles. Mas estava tão feliz e se sentia tão receptiva que tinha vontade de saltitar por aí igual à mulher que a presenteara com o colar havaiano.
O barman pareceu pensar sobre a pergunta dela. Alicia arqueou uma sobrancelha. Quem precisa se lembrar do próprio nome?
- Ricardo... – a voz dele sussurrou perto do ouvido dela. – E o seu, guria?
- Alicia! - ela entrelaçou a mão deles. Ricardo...Vem dançar comigo!
Ela o guiou entre os corpo dançantes em direção ao meio, onde estava ainda mais cheio. Ricardo não ofereceu nenhuma resistência ao convite dela.
Alicia começou a se balançar frente a ele, chamando-o para o ritmo. Ricardo entrou na dança, mais colado ao corpo dela do que normalmente gostaria.
Bebidas e mais bebidas surgiam em copos fluorescentes, e ela e Ricardo aceitavam todos. O álcool os levando a um patamar diferente. Na verdade, bem diferente. Estava consciente, mas agitada e eufórica.
Alicia se deixou levar enquanto ria e sentia um fogo doido lhe subir pelas entranhas. Aquelas bebidas eram das boas! O barman que se revelara um ótimo dançarino lhe tascou um beijo estranho e molhado, do qual ela compartilhou com uma sensação maravilhosa de liberdade.
A dança feliz tornou-se sensual, e tão, mas tão quente que Ricardo pegou a mão dela, a guiando para longe das pessoas, em direção a trilha pra praia. Alicia foi atrás, realmente precisava se divertir e esquecer dos problemas.
Ele entrelaçou a mão deles para ajudá-la a descer em um degrau de pedra, mas quando finalmente chegaram a praia, o copo dela enrijeceu.
- Ricardo... não podemos ir para outro lugar? – perguntou em um sussurro para o barman.
- Quê?! Por que está sussurrando?! – Ricardo praticamente berrou, alterado pelos drinks.
A única pessoa da qual ela não quis chamar atenção, se levantou da onde estava sentado na areia. Alicia se xingou mentalmente.
- Alicia, está tudo bem? – Beto perguntou com os braços cruzados.
- Por que não estaria? – ela soltou a mão de Ricardo como se fosse uma batata quente. - Está tudo ótimo!
- Pera aí. B-beto, você conhece ela? – Ricardo perguntou para Beto, que pela expressão parecia não estar gostando nadinha. Alicia bufou, e pegou a bebida alcoólica da mão de Ricardo, convencida a se entupir de cachaça em uma longa golada. Beto parecia estar analisando uma reposta.
- Claro que conheço, Alicia é minha namorada.
Olá queridos!!
O que estão achando do Beto? Cara contraditório, né? KKKK Calmaaaa
Até o próximo, pessoinhas <3
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top