Capítulo Vinte e Um
Alisson Reed:
Após alguns momentos absorvendo a serenidade do berçário, decidimos deixar o hospital e iniciar o próximo capítulo dessa jornada. Com a recém-nascida devidamente acomodada em uma cadeirinha de bebê, Miguel ao volante e Rhoda ao meu lado, começamos nossa jornada de volta para casa.
A brisa suave do final da tarde acariciava nossos rostos enquanto contemplávamos a pequena adormecida no banco traseiro. Sentia-me grato por essa nova vida que agora fazia parte da nossa família, mas também consciente dos desafios que enfrentaríamos. A presença de Vania no hospital ainda pesava em nossos corações, mas a esperança brotava com cada olhar para a pequena que repousava tranquilamente.
Ao chegarmos em casa, o clima estava carregado de expectativas e incertezas. No entanto, a ideia de dar um nome àquela pequena luz que agora fazia parte da nossa vida trouxe um lampejo de alegria. Sentados na sala, olhando para a pequena recém-nascida, começamos a discutir possíveis nomes.
— Que tal "Elsie"? — sugeriu Rhoda, um brilho em seus olhos.
Miguel e eu trocamos olhares, ponderando a sugestão. Esse também era o nome da minha mãe, e isso fez meu coração se encher de amor, imaginando como ela adoraria conhecer a neta, assim como amaria conhecer Miguel. No entanto, uma pontada de tristeza se fez presente ao pensar em como ela ficaria entristecida pelo estado atual de Vania, assim como meu pai.
Após um momento de silêncio reflexivo, olhamos novamente para a pequena, e a decisão parecia clara.
— Ela será a Elsie, então — murmurei, com uma mistura de emoções no tom da minha voz.
Um sorriso suave se formou em nossos rostos, pois, de certa forma, parecia um tributo à minha mãe é uma promessa de que, apesar dos desafios, a vida continuaria a se renovar com esperança e amor.
— Elsie... Acho que é perfeito — Miguel concordou, com um sorriso.
— Além do mais, ela vai ser muito amada e mimada pelos pais, irmãos, avós, primos e tios — Michael disse com um enorme sorriso. — Principalmente por mim e Rhoda, que somos os padrinhos.
O anúncio dos padrinhos trouxe uma nova camada de alegria, e a certeza de que Elsie seria cercada por tanto amor e apoio aqueceu nossos corações. O futuro parecia mais brilhante com a chegada dessa pequena, e as responsabilidades de padrinhos eram abraçadas com entusiasmo por Michael e Rhoda.
Assim como eu me sentia determinado a cuidar dela, senti Miguel entrelaçar nossos dedos e me dar um beijo na bochecha. A troca de carinho e apoio entre nós dois, agora oficialmente tios da pequena Maria, era uma promessa silenciosa de que enfrentaríamos juntos os desafios e compartilharíamos as alegrias que viriam com a chegada dela. Era reconfortante saber que, apesar das incertezas que cercavam Vania, nossa família estava unida e pronta para oferecer amor e suporte a essa nova vida que começava.
**********************************************
No caminho de volta para a casa do irmão dele, Miguel ligou para o restante do pessoal para contar um pouco sobre a pequena Elsie. Os gêmeos comemoraram, sabendo que vão ser irmãos mais velhos, pulando e expressando o desejo de conhecer a bebê.
— Teremos que ficar um pouco mais de tempo na cidade para cuidar de tudo com a guarda, mas assim que for possível, vamos correr para casa para que todos possam conhecer a bebê — Miguel disse, compartilhando o plano enquanto o táxi dirigia pelas ruas da cidade.
— Vai demorar muito? — Adele perguntou.
— Um pouquinho, mas você vai poder conhecer a bebê logo — falei.
— Voltem logo — Giulio falou.
Ambos fizeram expressões de tristeza, mas mudaram quando Rosângela apareceu dizendo que fez um bolo, e ambos sumiram da tela, o que me fez rir.
— Obedeçam o Tio Mark, o Pietro, a Tia Rosângela e o Vovô Eduardo — Miguel disse antes de Mark desligar a tela. — Eles me trocaram por um pedaço de bolo.
— Convenhamos são os bolos da Rosângela — falei, e ele riu, dando-me um tapinha no ombro.
Rimos juntos enquanto continuávamos o trajeto de volta para a casa do irmão de Miguel. A leveza da situação ajudou a aliviar um pouco as tensões do dia, e a perspectiva de reunião com a família e apresentação da pequena Maria trazia um sentimento reconfortante.
Ao chegar à casa do irmão de Miguel, fomos recebidos pelos sobrinhos dele com uma empolgação palpável. Matt não tinha mudado muito desde a última vez que eu o havia visto, enquanto Lúcio estava ainda mais energético do que o normal.
Miguel e eu compartilhamos com a família as notícias sobre a pequena Elsie, e a ansiedade para conhecê-la crescia a cada minuto. A atmosfera na casa era de celebração, e mesmo com a preocupação ainda presente em relação a Vania, o nascimento da bebê trouxe um raio de luz e alegria.
Enquanto nos preparávamos para passar mais tempo na cidade, Miguel reafirmou o compromisso de garantir a guarda da Elsie e, ao mesmo tempo, assegurar que todos em nossa família conhecessem a recém-chegada o mais rápido possível.
Quando Miguel foi brincar com os sobrinhos, me deixando sozinho com Marcos e o esposo dele, senti um peso no peito por ainda ter acreditado que minha irmã poderia se salvar da própria mente. Marcos foi uma das vítimas da loucura dela, e isso poderia ter causado um grande prejuízo para ele.
Enquanto estávamos ali, a atmosfera ficou um pouco tensa. Marcos e seu esposo pareciam compreender o turbilhão de emoções que eu estava enfrentando. Eu sabia que Vania tinha causado dor a muitas pessoas, e a culpa por ter acreditado que ela poderia mudar pesava sobre mim.
Marcos, com gentileza, quebrou o silêncio tenso:
— Alisson, nós entendemos que você está passando por um momento difícil. Não se culpe por ter esperanças. A doença mental é complexa, e nem sempre podemos prever como as coisas vão se desenrolar.
Edu assentiu, solidário ao que foi dito.
— Ninguém vai te julgar por acreditar nisso, mas se precisar conversar, estamos aqui.
Agradeci pelas palavras reconfortantes e percebi que, apesar das cicatrizes do passado, havia compaixão e compreensão naquela sala. A jornada à frente seria desafiadora, mas a presença de pessoas que se importavam oferecia uma luz de esperança no meio da escuridão.
Conversamos por um tempo sobre temas mais leves, tentando amenizar a tensão do momento. Marcos e seu esposo compartilharam histórias engraçadas e animadas sobre suas próprias experiências familiares, proporcionando um breve alívio para a atmosfera carregada.
Ao longo da conversa, percebi que, apesar das dificuldades, a vida seguia seu curso. A presença da pequena Elsie, com toda sua inocência, era um lembrete de que, mesmo diante dos desafios, a alegria e a esperança podiam encontrar espaço para florescer. Miguel voltou, trazendo consigo um pouco da leveza que emanava dos sobrinhos. Os meninos então puxaram Edu junto com o cachorro deles, que se chama Zeus, e juro que peguei o cachorro me lançando olhares julgadores.
A dinâmica entre as crianças e o fiel companheiro de quatro patas trouxe um sorriso aos meus lábios, aliviando um pouco a carga emocional do momento. O olhar "julgador" do cachorro, de alguma forma, acrescentou uma pitada de humor à situação, como se ele estivesse participando da reunião de família com suas próprias opiniões.
Marcos sorriu ao ver Miguel radiante.
— Então, já que colocamos o papo em dia, que tal me contarem como tem sido nos últimos dias a vida fantástica de vocês? Soube que têm sido muitos colados um no outro — Marcos disse. — Depois de cuidar de duas crianças e mudar o tempo todo de humor a cada segundo por causa da gravidez, a vida romântica dos outros me deixa feliz.
— Então está dizendo que virou fofoqueiro? — Miguel perguntou com uma sobrancelha levantada.
Marcos riu, dando um leve empurrão em Miguel.
— Digamos que agora tenho um interesse especial em todas as histórias românticas. Afinal, temos uma nova geração chegando e quero garantir que todos estejam bem informados sobre o amor, especialmente agora que temos um pequeno cupido em nossa família.
A conversa se desdobrou em histórias engraçadas e momentos afetuosos compartilhados por todos. A presença de Marcos e seu bom humor trouxe uma leveza ao ambiente, dissipando um pouco das preocupações que pairavam sobre nós.
À medida que trocávamos risadas e experiências, percebi que, mesmo diante dos desafios, a conexão entre família e amigos continuava sendo um ponto de apoio fundamental. No meio das incertezas, a união e o carinho compartilhados tornavam o caminho mais suave e significativo.
Edu e as crianças voltaram com um enorme balde de pipoca, e ficamos assistindo a um filme até que o cansaço chegou para todos, e fomos dormir. Compartilhar a cama com Miguel foi a alegria da minha noite, ele dormindo abraçado.
No silêncio do quarto, senti a tranquilidade que a presença de Miguel trazia. As preocupações do dia se dissiparam enquanto compartilhávamos o calor reconfortante da cama. Adormecemos abraçados, prontos para enfrentar juntos os desafios que a manhã seguinte poderia trazer.
-------------------------------------
Gostaram?
Até a proxima
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top