Capítulo Vinte e Três

Miguel Martins:

Já se passou aproximadamente um mês desde o nascimento de Elsie. Durante este período, Alison esteve ao seu lado, auxiliando-a no cuidado da bebê com todo o carinho que ela merece.

Ao longo desse último mês, Elsie recebeu amor tanto de Alison quanto de mim, além de toda a minha família. Ela cresceu bastante e está adoravelmente rechonchuda, o que a torna ainda mais encantadora quando a seguro nos braços, com os gêmeos ao meu lado, entusiasmados para dar a mamadeira. Esses momentos sempre resultam em risadas, deixando Elsie animada.

Posso afirmar que ela tem uma afeição especial por meu pai, pois toda vez que ouve a voz dele, sua felicidade é evidente. Com Pietro, sua reação é divertida, pois ela fica animada quando ele demonstra certo receio em se aproximar e pegá-la no colo. Além disso, Rosângela tem me ensinado a cuidar da alimentação que Elsie precisará nos próximos meses. Mark se prontifica a ajudar, enquanto Arnald destaca que isso será um treinamento valioso para o futuro.

Não compreendia como minha família conseguira realizar tudo isso que me deixou feliz, exceto pela situação em que meu pai hesitou em me apresentar ao homem que conquistou seu coração. Até Rosângela se envolveu, afirmando que meu pai sabe se cuidar e que ela está de olho no rapaz. O sonho não foi uma exceção a essa dinâmica intrigante.

Há alguns dias, Alison entrou no quarto que compartilhamos, monitorando Elsie com o berço ao lado da cama. Antes, relutava em sair do quarto dela à noite, já que a pequena ainda não distinguia entre dia e noite. Mesmo pela manhã, um de nós precisava acordar a cada poucas horas para dar a mamadeira.

Para facilitar, decidi trazer o berço para o quarto. Contudo, isso preocupou Alison, que tinha dificuldades para dormir com Elsie por perto. Após muita ponderação, encontrei um método que funcionou para nós, resultando em uma história brilhante, pois eu não queria ficar longe de nenhum dos dois.

— Como foi a reunião? — perguntei enquanto terminava de vestir a roupa em Elsie, que mexeu as mãozinhas animadamente em resposta.

— Eles gostaram da ideia da distribuição — Alison disse, um sorriso radiante surgindo em seus lábios quando nos viramos para a direção da bebê, que sorriu de volta. — Sim, Elsie foi uma ótima negociadora para o seu papai. Está orgulhosa?

Elsie, em meus braços, fez um som em sua linguagem como se tivesse compreendido a explicação de Alison. Parecia que ela queria expressar alguma emoção.

Alison sorriu, olhando para ela com olhos doces como mel.

— Oh, meu amor. Você respondeu ao seu papai? — Ele disse, soltando uma risada, e Elsie riu ao mesmo tempo.

Enquanto observava Elsie por um momento, percebi que ela apertava as mãos e, de repente, começou a apertar levemente o dedo de Alison. Entendi imediatamente o significado dessa ação.

— Elsie, está com sono? Agora que o papai chegou, pode relaxar — falei delicadamente.

Alison acariciou suavemente o rosto de Elsie enquanto ela se aconchegava em meus braços. O ambiente estava repleto de uma doce tranquilidade, interrompida apenas pelo som suave da risada de Elsie.

— Parece que alguém está realmente cansada, não é? — comentei, sorrindo para Elsie, que fechou os olhinhos devagar.

Alison assentiu, ainda segurando a mãozinha de Elsie com ternura.

— Acho que toda a emoção que coloquei sobre mim nesses últimos dias sobre essa reunião deve ter a deixado exausta.

Sentamos juntos no quarto, criando um vínculo familiar caloroso. O momento parecia suspenso, permeado pela doçura da nova rotina que estávamos construindo como família. E ali, com Elsie adormecendo nos meus braços, percebi a riqueza dos pequenos momentos que compõem a felicidade. Levantei e a coloquei no berço com delicadeza e dei um beijinho na sua testa.

— Boa noite, querida — falei, deixando Alison para arrumar as coisas enquanto eu ia verificar os gêmeos, que ainda estavam brincando com seus brinquedos.

— Papai, vem brincar com a gente — Adele disse, erguendo a boneca na minha direção.

— Só um pouquinho para que possamos logo ir dormir, está bem? — falei delicadamente, sentando-me no chão ao lado dela.

Giulio se aproximou com um carrinho, fingindo ser um herói.

— Papai, quando o namorado do vovô vai visitar a gente novamente? — Giulio perguntou.

— Verdade, quando ele vai nos visitar? Ele é estranho, mas muito divertido — Adele acrescentou com um sorriso. — Ele se irrita facilmente e ficou todo bobo com o vovô.

Levantei uma sobrancelha.

— Vocês o viram mais vezes? — perguntei.

— Sim, o vovô Eduardo o vê a cada três dias, e a tia Rosângela leva a gente com ela para brincar no parquinho do restaurante, onde o vovô e o namorado se encontram — Adele explicou.

Essa revelação me magoou um pouco. Meu pai não só não me apresentou à pessoa que conquistou seu coração, como também não compartilhou uma foto dela comigo.

— Ah, entendi. Parece que vocês têm momentos bem divertidos com o namorado do vovô e a tia Rosângela — comentei, tentando esconder a pontada de decepção.

Giulio fez o carrinho saltar no ar, criando um efeito de voo imaginário.

— Sim, e o namorado do vovô nos leva para passear no parque e sempre traz doces. Ele é legal — Giulio disse com empolgação.

Adele assentiu concordando.

— Ele é sim, e o vovô fica todo feliz quando está com ele. Papai, por que você não conhece ele ainda?

Suspirei, percebendo que a curiosidade genuína das crianças era difícil de evitar.

— Vou conversar com o vovô Eduardo sobre isso, tudo bem? Quem sabe, na próxima vez que eles se encontrarem, eu também possa conhecê-lo.

Adele e Giulio sorriram, aceitando a resposta. Enquanto brincávamos no chão, pensei sobre a importância de compartilhar esses momentos familiares e decidir que era hora de resolver esse desconforto e conhecer o namorado do meu pai.

A brincadeira continuou por mais um tempo, com risadas e histórias inventadas pelos gêmeos. A imaginação deles parecia não ter limites, transformando o quarto em um mundo cheio de aventuras.

— Papai, agora a boneca é uma rainha e o carrinho é o cavalo dela. — Giulio anunciou, conduzindo a boneca pelo chão.

— E eu sou o cavaleiro valente que vai protegê-la de monstros imaginários! — acrescentei, entrando na narrativa improvisada.

Adele riu, abraçando a boneca como se fosse realmente uma rainha. Aos poucos, o clima descontraído deu lugar a bocejos sonolentos.

— Papai, estamos com sono. Pode contar uma história para dormirmos? — Adele pediu, esfregando os olhinhos.

Sorri, concordando com a cabeça.

— Claro, meus pequenos aventureiros. Vamos para a cama, e eu conto uma história antes de dormir.

Os gêmeos se dirigiram para a cama, ansiosos pela história noturna. Após escolher um livro de contos, aconchegamo-nos juntos na cama, criando um refúgio acolhedor. Enquanto eu lia as histórias, os olhinhos dos gêmeos foram se fechando lentamente, entregando-se ao sono tranquilo.

Com um beijo suave na testa de cada um, desejei-lhes boa noite, apagando a luz e deixando o quarto imerso na serenidade da noite.

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Mais tarde, quando Alison e eu estávamos assistindo um filme, decidi abordar o assunto delicadamente. Meu pai já estava na cama assim como Pietro que estava ocorrendo tudo bem com a documentação dele nos últimos dias para que sua guarda fosse minha em definitivo.

— Amor, Adele e Giulio mencionaram que o meu pai tem os apresentando para o namorado e que eles o conhecem bem. Eu não tive a chance de conhecê-lo ainda — Falei.

Alison olhou para mim com compreensão, colocando a mão sobre a minha com um sorriso.

— Eu sei que isso te magoou um pouco. Se quiser, podemos conversar com o seu pai sobre isso. Tenho certeza de que ele vai entender. Talvez ele não tenha percebido que você gostaria de conhecê-lo e que deixar isso claro pode estar te magoando.

Agradeci pela compreensão de Alison, reconhecendo a importância de esclarecer as coisas em família.

— Agradeço por ter o seu apoio — falei.

— Estou aqui para ser seu apoio — Alison disse, apertando minha mão com delicadeza. — Mas sei que não está só magoado por não conhecer esse namorado misterioso. Pode me contar.

— Eu sei que não deveria estar sentindo isso, mas posso dizer que nos últimos dias ele tem estado mais feliz do que em anos. Posso dizer que isso tudo está fazendo muito bem para ele. — falei.

Alison olhou nos meus olhos com compaixão, sua expressão transmitindo compreensão.

— Às vezes, a felicidade dos nossos entes queridos é tão poderosa que também desperta sentimentos complexos em nós. Não precisa se sentir mal por isso. Estou aqui para apoiar você, independentemente do que esteja passando.

Deixei escapar um suspiro, sentindo um peso sendo aliviado ao compartilhar meus sentimentos.

— Eu sei que posso contar com você, e isso significa muito para mim. Vamos conversar com o meu pai juntos, e talvez seja hora de eu conhecer esse homem que trouxe tanta alegria à vida dele.

Alison sorriu, apertando minha mão mais uma vez.

— Estou aqui para o que der e vier. Vamos enfrentar isso juntos.

E naquele momento, senti-me grato por ter alguém tão solidário ao meu lado. Sabia que, com Alison ao meu lado, poderíamos enfrentar qualquer desafio e construir um futuro familiar cheio de compreensão e amor.

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Gostaram?

Até a proxima

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