Capítulo Vinte

Alisson Reed:

Quando o avião pousou, acordei Miguel lentamente, e ele sorriu ao me ver. Saímos para o lado de fora, em busca de um táxi para deixar as malas em algum lugar, optando pela casa do irmão dele. Ao abrir a porta, o irmão de Miguel nos viu e acenou como se estivesse testemunhando algo inesperado. Miguel explicou brevemente a situação, e partimos para a clínica em um táxi que, devo dizer, parecia ser o mais rápido de todos.

O vento da cidade acariciava nossos rostos enquanto percorríamos as ruas, e a pressa do taxista refletia a urgência que sentíamos para chegar à clínica. O coração acelerado continuava, mas agora era alimentado pela antecipação e pela excitação de finalmente encontrarmos nossa família e testemunhar a chegada do novo membro.

Ao nos aproximarmos da clínica, a mistura de nervosismo e entusiasmo atingiu um pico. Estávamos prontos para entrar na sala de espera e aguardar as boas notícias sobre o nascimento do bebê que traria ainda mais alegria às nossas vidas.

Descemos apressadamente e entrei na recepção com determinação. Olhei para o lado e avistei meu amigo Michael e sua namorada, Rhoda. Na verdade, posso dizer que são "namoridos", considerando que começaram a namorar desde a nossa adolescência. A visão familiar trouxe um sorriso ao meu rosto, e imediatamente fui em direção a eles. Michael era um amigo de longa data, com cabelos escuros e um sorriso fácil. Seus olhos expressivos denotavam uma mistura de confiança e descontração. Sempre vestia-se de maneira casual, refletindo seu estilo despojado e prático.

Rhoda, a namorada de Michael, irradiava uma energia vibrante. Seus cabelos castanhos caiam em suaves ondas sobre os ombros, e seus olhos brilhavam com uma vivacidade contagiante. Com um senso aguçado de moda, ela sempre parecia impecável, combinando elegância com um toque moderno.

Juntos, Michael e Rhoda formavam um casal que transmitia uma atmosfera de cumplicidade e amizade duradoura. Seu apoio mútuo e o vínculo que compartilhavam desde a adolescência eram evidentes em cada interação, tornando-os presenças calorosas e familiares em momentos importantes como este.

— Michael, Rhoda! valeu mesmo por virem a ficar esperando aqui. Como vocês estão? — cumprimentei-os entusiasmado, tentando disfarçar a ansiedade que ainda pulsava em mim.

Michael, sempre descontraído, respondeu:

— Alisson! Que bom te ver. Estamos bem, e você? Na verdade foi muito bom ficar aqui conversando por um bom tempo e até fim amizade com as enfermeira e uma senhora que deu ótimas dicas de como cuidar de crianças.

— Ansioso, nervoso, mas emocionado. Minha irmã está prestes a ter o bebê. Isso é uma loucura? — expliquei rapidamente.

Rhoda, sorrindo, acrescentou:

— Não tem com que se preocupar, você será um ótimo pai — ela dirigiu o olhar para o Miguel. — Finalmente te vi pessoalmente, só através das telas, e vejo que estão até com alianças, que fofos! São as dos seus pais, não é?

Miguel me olhou surpreso, mas logo sorriu enquanto me via balançando a cabeça positivamente.

— São dos seus pais — ele disse.

Rhoda soltou uma risada leve e expressou um sorriso cúmplice.

— Bem, então é um belo legado que estão carregando. Alianças com história sempre têm um charme especial. — Ela comentou com um brilho de curiosidade nos olhos.

Miguel e eu compartilhamos um olhar carinhoso, reconhecendo o valor simbólico das alianças que agora adornavam nossas mãos. A presença de Michael e Rhoda trouxe uma sensação de amizade e apoio ao ambiente, aliviando um pouco a tensão que pairava no ar.

— Obrigado, Rhoda. Estamos felizes por essa nova etapa em nossas vidas, e a presença de vocês aqui torna tudo ainda mais especial — comentei, expressando gratidão pela amizade duradoura que compartilhávamos.

Ficamos conversando animadamente enquanto seguíamos para a sala de espera, ansiosos por receber as notícias sobre o nascimento do meu sobrinho. A atmosfera estava carregada de expectativa, mas a presença descontraída de Michael e Rhoda ajudava a aliviar a tensão. Compartilhamos histórias, risadas e até algumas lembranças nostálgicas da nossa adolescência, enquanto aguardávamos pacientemente.

O tempo passava lentamente, mas a expectativa crescia a cada minuto. O pensamento de finalmente conhecer o rostinho do bebê. Enquanto aguardávamos ansiosamente, o suporte dos amigos tornava esse momento ainda mais especial e reconfortante.

Levou um bom tempo até que vi a médica vindo em nossa direção com uma expressão calma. Ela acenou para os meus amigos e virou-se na minha direção, seus olhos castanhos e sérios fixos em mim, enquanto retirava a máscara.

— Senhor Alisson, parabéns. Você agora é tio de uma linda garotinha saudável. Sua irmã está bem na medida do possível, e a pequena está ansiosa para conhecer toda a família. — Ela anunciou com um sorriso, transmitindo a notícia que ansiosamente aguardávamos.

— Mas... — comecei, e ela desviou o olhar.

— Vania, sua irmã, surtou quando viu o bebê e quase mordeu a enfermeira que o carregava, causando ferimentos na criança — a médica disse. — Eu sei sobre o motivo pelo qual ela foi internada aqui, mas devo dizer que sua mentalidade já está muito instável.

A notícia da reação da Vania deixou-me atordoado. Aquilo doeu profundamente, e a certeza de que ela nunca mais sairia daquele lugar pesava em meu coração. Contudo, ao menos restava a esperança de que, com o tempo e tratamento adequado, ela pudesse se recuperar e voltar a ser a minha irmã de anos antes.

— Mas como... como isso aconteceu? — Minha voz saiu entrecortada, refletindo a perplexidade.

A médica suspirou, compartilhando mais detalhes sobre a situação.

— Parece que houve um desencadeamento de fatores. Vania está enfrentando desafios emocionais significativos devido às experiências com a antiga equipe médica que cuidava dela, submetendo-a a enormes quantidades de medicamentos e tratamentos. A presença do bebê pode ter ativado essas questões de uma maneira que não conseguimos prever. A enfermeira está bem, mas decidimos mantê-la sob observação. Sua irmã é um risco nessa situação para ela mesma, e infelizmente, ela se perdeu na própria sanidade, mencionando planos de prejudicar o bebê, além de citar um tal Marcos, uma mulher chamada Daphne e, por último, o senhor. Estamos tomando todas as medidas necessárias para garantir a segurança de sua irmã, dos profissionais de saúde e do bebê. Neste momento, é crucial que ela receba cuidados especializados para lidar com os desafios emocionais que enfrenta — a médica explicou, mantendo um tom profissional, embora compreensivo.

O peso das palavras dela reverberou em meu peito, e uma sensação de impotência se instalou. Contudo, respirei fundo e agradeci à médica pela transparência. Vania realmente se perdeu de vez na própria cabeça, e isso fez meu coração doer ainda mais. Nesse momento de angústia, senti alguém me abraçar com força, e ao olhar, percebi que era Miguel, que murmurava palavras de conforto.

Suas palavras suaves eram um bálsamo para minha alma, oferecendo o apoio silencioso que eu precisava. Juntos, enfrentaríamos os desafios que se apresentavam, e mesmo diante da tristeza que pairava, a presença de Miguel trouxe um alento momentâneo. Com determinação, adentramos o quarto de Vania, prontos para enfrentar o que quer que estivesse à nossa frente.

A médica guiou o caminho, indicando o berçário onde minha sobrinha descansava junto aos outros recém-nascidos. Com um aceno de cabeça, agradeci à médica, desviando meu olhar para a pequena recém-chegada.

Observar minha sobrinha no berçário trouxe uma mistura de emoções. A fragilidade e a inocência daquele pequeno ser eram contrastadas com a complexidade dos desafios que enfrentávamos com Vania. Meu coração, ainda pesado pela situação da minha irmã, encontrou um raio de esperança ao olhar para aquele rosto adormecido, uma nova vida que começava seu caminho neste mundo.

Com um suspiro profundo, tomei um momento para absorver a complexidade dos sentimentos que surgiam. Estávamos diante de dois extremos da existência: o início da vida e os desafios dolorosos da mente humana.

A pequena estava envolta em uma delicada manta branca, seu rosto sereno e angelical destacando-se contra o fundo suave do berço. Seus traços eram minúsculos, revelando a fragilidade característica dos recém-nascidos. Sob a luz suave do berçário, podiam-se notar alguns fios finos de cabelo, quase transparentes, adornando sua cabecinha.

Os dedinhos minúsculos repousavam pacificamente ao lado do rosto, enquanto os lábios rosados sugeriam o sono tranquilo da infância. Sua respiração era calma e regular, indicando uma paz que contrastava com as emoções tumultuadas do lado de fora.

A inocência que emanava daquela pequena figura era comovente, e por um momento, o tempo parecia suspender-se enquanto eu admirava a maravilha do nascimento. Uma nova vida, cheia de potencial e promessa, que trazia consigo a esperança de dias mais luminosos.

— Ela é adorável — disseram Miguel e Rhoda juntos.

Um sorriso suave se formou em nossos rostos enquanto compartilhávamos o encanto provocado pela presença da pequena.

A pequena continha uma serenidade e doçura que, mesmo diante das complexidades da vida, lembravam-nos da beleza simples e pura do início de cada jornada. Com esse pensamento reconfortante, permanecemos ali por um tempo, absorvendo a aura de esperança que emanava do berçário.

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Gostaram?

Até a proxima

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