Capítulo Trinta e Quatro

Miguel Martins:

Abri a porta do quarto de Pietro, com ele ao meu lado, e finalmente pudemos descer para o andar de baixo. Quando chegamos à mesa, percebi que todos já estavam lá, e o irresistível aroma do famoso bolo de chocolate da Rosângela preenchia o ambiente.

No entanto, notei a ausência de Mark. Ele costumava acordar cedo e geralmente estava na cadeirinha enquanto meu pai dava papinha para Júlio, compartilhando também com Elsie, que parecia muito feliz por ter alguém que gostava das mesmas coisas que ela. Entretanto, Elsie desistiu da papinha assim que me viu e estendeu os bracinhos.

— Bom dia, meu amorzinho — falei, beijando as bochechas dela, que sorriu encantadora para mim.

— Finalmente, desceram — exclamou Rosângela. — Quase que o bolo acabou, e vocês não iriam comer.

— Ah, você sabe como é, Rosângela, uma conversa importante a ser feita — comentei, piscando para Pietro. — Com ele me contando tudo que aconteceu na escola dele e o mudando de escola.—

— Se quiser, vou com você resolver esse assunto — Rosângela disse, sorrindo amplamente. Lembrei da vez em que era mais novo e ela foi à minha escola antiga resolver um problema, abordando todos os professores a ponto de eles implorarem para que ela nunca mais pisasse na escola. Mas isso mudou bastante as coisas para mim e o Mark naquela época.

Agradeci a oferta calorosa de Rosângela, reconhecendo a força que ela poderia trazer para a situação.

— Seria ótimo, Rosângela. Sua presença sempre faz a diferença. Vamos precisar de toda ajuda possível para garantir que essa transição para a nova escola seja suave para o Pietro.

Pietro assentiu, demonstrando gratidão pela solidariedade oferecida. Com o aroma delicioso do bolo pairando no ar, a conversa importante estava apenas começando, mas eu sabia que podíamos contar com o apoio amoroso da nossa família.

Me sentei ao lado de Alison e notei que os gêmeos estavam com a boca toda suja de migalhas do bolo. Lancei um olhar acusatório para Alison, que simplesmente me deu um beijinho na bochecha. Elsie, toda feliz, também me deu um beijo na bochecha. Fiquei ali, rodeado pela bagunça e pela alegria da minha família, sentindo-me grato por cada momento compartilhado.

— Ela está ficando igual a você para amolecer meu coração — falei, e ele riu baixinho, pegando a mãozinha de Elsie, que só faltou rir ainda mais. Era reconfortante ver como nossa conexão familiar se manifestava nas pequenas brincadeiras e nas expressões carinhosas.

— Agora, tomem o café — disse meu pai. — Temos que organizar o casamento de vocês dois.

— Quero ser a daminha — Adele disse.

— Também quero ser o padrinho — declarou Giulio.

Peguei um guardanapo e comecei a limpar a boca de cada um, enquanto Alison cortava um pedaço de bolo para Pietro, que se sentava ao seu lado. Peguei um pedaço pequeno e dei para Elsie, que gostou bastante do bolo de baunilha.

— Vocês vão ser — afirmei, colocando o guardanapo de lado. — Pensando no local, achei que ao ar livre seria perfeito, para nos sentirmos parte do ambiente.

Alison olhou para mim, como se tivesse tido uma ideia, e me encarou com um brilho nos olhos.

— Que tal a Cabana Martins? — sugeriu Alison. —Lá é perfeito, com uma boa decoração, será o cenário perfeito para um casamento!—

Realmente, a Cabana Martins parecia ser o local perfeito para o nosso casamento. A ideia de Alison tinha um toque especial que fez meu coração acelerar, imaginando o momento especial que estava por vir.

— Perfeito, e ainda com uma decoração linda, vai ficar perfeito — disse meu pai.

— Conheço uma decoradora incrível — acrescentou Rosângela. — Se quiser, hoje mesmo, ligo para ela, e vocês podem ir lá amanhã.

— Adoraria — falei, pegando um pedaço de bolo e dividindo em um pequeno pedaço para Elsie.— Agora, preciso fazer uma pergunta: cadê o Mark e o Erick?

— Foram à cidade comprar fraldas para o Júlio — explicou Rosângela, aproximando-se do neto. — Pode não parecer, mas esse baixinho usa muitas fraldas. — Júlio riu, e achei adorável a risada de bebê.— Sim, você usa muitas — brincou Rosângela.

Todos admiraram a cena de Júlio sorrindo para a avó. Assim continuamos o nosso café da manhã, e logo após, fomos para a sala assistir. Enquanto isso, aproveitei para pesquisar sobre a minha antiga escola de ensino médio e consegui encontrar o site. Enviei um e-mail me apresentando e expressando o interesse em transferir meu filho para a escola. Agora, só restava aguardar o contato da diretoria de lá.

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Horas mais tarde, enquanto assistíamos televisão, ouvimos o carro do Erick chegar e, logo atrás, o carro de Dener Robson.

Meu pai levantou do sofá e foi abrir a porta de casa para receber os três.

— Que surpresa — meu pai disse.

— Vovô Dener — os gêmeos falaram juntos, correndo até a porta. Elsie virou andador e foi atrás dos irmãos completamente feliz.

Fui atrás deles e me surpreendi ao ver Manuel ali, atrás de Dener, parecendo um pouco envergonhado.

— Bom dia — Dener saudou, dando um beijo na bochecha do meu pai e em seguida dando uma abraço nos gêmeos e um beijinho na testa da Elsie. — Trouxe alguém que apareceu na minha casa essa madrugada.

Manuel parecia diferente da última vez que o vimos, e considerando que se passaram cinco meses, ele estava com a barba desgrenhada e um pouco mais musculoso desde a ultima vez que o havia visto, parecendo bem mais velho do que realmente é, o que me deixou chocado.

— Ele veio ver o sobrinho dele! — disse Erick, sério.

Erick pediu espaço, entrou em casa com os pacotes de fraldas, e Mark também entrou, mas em silêncio. A atmosfera parecia um tanto tensa, e fiquei curioso para entender o motivo por trás do comportamento de Manuel.

— Podem entrar — Meu pai disse. — Júlio está na sala, com o pessoal!

Entramos e vi Júlio rindo das palhaçadas de Alison, ficando admirado com a cena. Adele correu e se jogou em cima de Alison, que riu ainda mais, e Giulio seguiu o exemplo. Elsie ficou perto, e Alison a pegou no colo, beijando as bochechas dos três que riram animadamente.

Muito fofos!

— Olá, bom dia — disse Pietro, olhando para Manuel. — Manuel, quanto tempo?

—Oi, Pietro! — respondeu Manuel.

—Manuel! — exclamou Alisson, pegando Júlio no colo. — Quanto tempo.

Acho que Manuel pensou que iríamos penalizá-lo por ter se afastado do filho da irmã dele, mas entendemos que ele precisava de um tempo.

— Quer conhecer seu sobrinho? — perguntou Rosângela, vindo da cozinha. — Vai lá, se aproxima dele.

Erick veio atrás e, após colocar as fraldas na cozinha, logo atrás, Mark.

— Tem certeza? — perguntou Manuel, demonstrando medo, especialmente diante da expressão de raiva de Erick.

Rosângela olhou para Erick e pisou com força no pé dele, que fechou a cara de dor.

— Pode ir — disse Rosângela.

Lentamente, Manuel se aproximou de Alison e de Júlio. Alison olhou para Manuel como se fosse uma maneira de tranquilizá-lo, e assim foi até o momento em que Júlio esticou as mãozinhas para a barba de Manuel.

— Pega ele no colo — incentivou Rosângela.

Manuel assim fez, e Júlio levou as mãos para o rosto dele, brincando com a barba.

— Ele gostou de você — disse meu pai, e Adele assentiu.

— Júlio gosta de todo mundo — Adele disse.

— Gosta mesmo, Júlio é uma fofura de pessoa — disse Giulio. — Não é, papai?

— Sim, ele é — afirmei. — Ele é uma das fofuras dessa familia.

Elsie se aproximou, e a peguei no colo. Ela quis ficar perto de Júlio, e assim fizemos. Elsie olhou para Manuel e, em seguida, para o bebê, antes de beijar a bochecha de cada um. Realmente, as crianças desta família são muito fofas.

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Assim, resolvemos convidar Manuel para ficar para o almoço e parte da tarde. Fiquei surpreso ao perceber que Júlio nem quis sair do colo de Manuel, nem Elsie, que ficava perto e apontava para Manuel com alegria.

Nos divertimos bastante com ele, e até Rosângela comentou que ligou para a decoradora, que avisou que tem um dia livre daqui a duas semanas, se quiser ir conhecer seu trabalho poderemos ir amanhã.

Aceitamos essa data, e no dia seguinte começamos a preparar os convites. Ficamos organizando os detalhes da decoração da festa e decidindo quantos convidados teríamos. A empolgação para o casamento estava contagiando toda a família.

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A noite chegou em um piscar de olhos, e fiquei surpreso que Arnold não me ligou hoje. Sempre que eu ligava para ele, dava caixa postal. Foi pensando nisso que seu contato apareceu na tela do meu celular.

Desbloqueei a tela e já ouvi ele gritar.

— Adivinha quem está noivo! — ele disse tão alto que Elsie que estava no colo de Alisson abriu os olhos assustada. —Thomas me pediu agora!

— Eu sabia que isso ia acontecer — falei, feliz por ele. — Também estou noivo do Alison e você acabou de assustar a Elsie.

Virei a tela e a bebe estava fazendo biquinho e Alisson tentava acalmar ela.

— Me desculpa — Arnold disse e voltei a tela pra mim —Por que não me ligou para dizer que estava noivo?

— Liguei para o seu celular diversas vezes, e só caiu na caixa postal — falei. — Onde você estava?

— Thomas e eu fomos na agência Alves, pois meu pai queria falar comigo — Arnold disse. — E lá não tem área para o sinal do meu celular

— Ele ainda está preso na agência? — perguntei surpreso. — Achei que Alice tinha dado uma lição nele e o liberado logo em seguida.

— Soltaram ele — Arnold falou. — Mas o mesmo não aprendeu e tentou vir ao meu encontro novamente! Acabaram prendendo ele novamente, e o mesmo quis conversar comigo. Fui para dar um ponto final

— E o que ele falou? — perguntei.

— Só quer que eu assuma a empresa da família — Arnold disse. — Fui sincero, falando que não quero assumir a empresa e me virei para longe, pois aquilo está associado à família que nunca me deu amor e só me machucava.

— Você fez o certo — falei. — E como ele reagiu?

— Ficou em silêncio — Arnold respondeu. — Já sabia que ele iria fazer isso, mas nem me incomodei! Agora só quero saber do meu futuro bebê e da minha nova família.

Sorri porque sabia que meu amigo fez a escolha certa, assim como todos nós.

Celebrei a coragem e a decisão de Arnold, sabendo que ele estava trilhando um caminho que o faria mais feliz.

— Isso aí, Arnold! Você fez a escolha certa, focando no que realmente importa para você — eu disse com sinceridade.

— Exatamente! Agora quero curtir meu noivado, meu futuro bebê e construir uma nova família cheia de amor — Arnold respondeu, transmitindo uma sensação de alívio.

A conversa continuou animada, compartilhando nossos planos e sonhos para o futuro. Finalmente, desejamos felicidades um ao outro e encerramos a ligação, gratos por termos amigos tão especiais para compartilhar esses momentos únicos da vida. E assim, a noite avançou, repleta de sentimentos positivos e alegrias compartilhadas.

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