Capítulo Treze
Miguel Martins:
Fechando a porta atrás dele, Alison parou diante de mim com uma expressão decidida. Meu coração acelerou ao encontrar seus olhos, e tive que me acalmar mentalmente.
— O que você quer conversar? — Perguntei, sorrindo, tentando acalmar-me a cada segundo que ele demorava para abrir a boca. Estava desesperado por dentro, minhas mãos começavam a transpirar.
— Eu... — Alison parou de falar, como se buscasse as palavras certas. — Miguel, não sei como dizer isso, mas eu gosto de você mais do que como amigos. Não sei quando começou, se foi no primeiro momento em que te vi ou quando desenvolvemos uma certa intimidade ao longo da nossa amizade. Mas realmente, amo você de todo o meu coração.
Não disse nada em resposta, apenas o deixei falar o que precisava ser dito.
— Sei que não sente o mesmo por mim — Alison continuou. — Entendo que você nunca se interessou por ninguém em sua vida, e sei que pode ser diferente comigo. Só me deixe tentar mostrar a você meus sentimentos. Só sei que posso te oferecer meu amor e coração, afinal, não tenho nada demais!
Alison olhou para mim com olhos cheios de expectativa e um toque de vulnerabilidade. Eu podia sentir a sinceridade em suas palavras, a coragem de expressar seus sentimentos. Respirando fundo, ele continuou:
— Não espero que você corresponda imediatamente aos meus sentimentos, Miguel. Eu só precisava te dizer a verdade sobre o que sinto. Se quiser, podemos continuar sendo amigos, e eu aceito qualquer decisão que você tomar. Só não queria guardar isso só para mim, pois você é alguém muito especial na minha vida.
Havia uma mistura de nervosismo e esperança em seus olhos, e eu me vi tocado pela honestidade e pela coragem que ele demonstrou. O silêncio entre nós se estendeu, enquanto eu processava as palavras de Alison e ponderava sobre meus próprios sentimentos.
— Posso dizer uma coisa? — Levantei um dedo e coloquei entre seus lábios. — Você está certo, nunca me interessei romanticamente por ninguém. Mas, Alison, o que posso te oferecer? Sou um homem que tem apenas o pai, os filhos e alguns amigos, e quando tento ajudar, muitas vezes não consigo, entro em colapso e não suporto ver meu pai sofrer.
Eu estava prestes a continuar, mas Alison me interrompeu, silenciando-me com um beijo suave. Fui pego de surpresa, mas não resisti. Ele me deu um selinho, e uma corrente elétrica pareceu percorrer todo o meu corpo. Quando Alison se afastou, decidi aprofundar o beijo.
Ele levou as mãos até minha cintura, puxando-me para perto. Rodeei meus braços em seu pescoço, meus dedos deslizando pela parte de trás de sua nuca. Foi então que entendi o que Edu quis dizer; não conseguia mais imaginar minha vida sem Alison, cuidando dos meus filhos e me beijando.
Ficamos envolvidos em nós mesmos, nossas bocas se encontrando em beijos intensos. As mãos de Alison apertavam minha cintura de maneira firme e ao mesmo tempo delicada.
Parei o beijo pela falta de ar, e Alison, aos poucos, foi distribuindo vários selinhos até parar.
— Desculpe por te pegar de surpresa, Miguel. — Alison sorriu, com um brilho nos olhos. — Eu precisava ser sincero sobre meus sentimentos.
— Isso foi intenso! — Falei, recuperando o ar, enquanto Alison sorria amplamente. — Mas foi bom de fazer!
— Você diz que não tem nada de interessante! — Alison falou. — Você é incrível em vários sentidos, uma pessoa maravilhosa e atenciosa, que se preocupa com o pai, amigos, os filhos e os conhecidos! Isso é o que me fez ficar apaixonado por você!
Sorri e me encostei nele, que me abraçou carinhosamente.
— Podemos ir com calma! — Pedi. — Ainda é algo novo para mim, ter alguém que me interessa romanticamente!
— Tudo o que você quiser! — Alison falou. — Contanto que tenha você ao meu lado, fico feliz da vida!
Me aconcheguei mais em seus braços, Cada palavra dita por Alison reverberava em meu peito como uma melodia desconhecida, uma canção de sentimentos há muito tempo adormecidos. As palavras dele eram como notas musicais que ecoavam em minha mente, e eu me sentia perdido na sinfonia das emoções.
Meu coração acelerava a cada segundo que passava, enquanto a ansiedade e a expectativa se entrelaçavam dentro de mim. Sentia a umidade nas minhas mãos, reflexo da agitação interna que se espalhava por todo o meu corpo. O sorriso em meu rosto não conseguia mascarar completamente a turbulência de pensamentos que ocupava minha mente.
Ao ouvir as confissões de Alison, uma mistura de surpresa, alegria e medo se entrelaçava. A surpresa por descobrir que ele nutria sentimentos além da amizade, a alegria por ser alvo desse amor tão genuíno, mas também o medo de não ser capaz de corresponder da mesma forma.
O abraço que compartilhamos após suas palavras era acolhedor e confortante, um refúgio no meio da tempestade de emoções. Eu ainda tentava processar a magnitude do que estava acontecendo, absorvendo a ideia de que alguém me via não apenas como um amigo, mas como algo mais.
A chegada repentina de um carro cortou o momento, interrompendo a delicada dança de sentimentos que vivenciei com Alison. A realidade invadiu o cenário romântico, e olhei na direção do som, curioso e um tanto distraído pelas ondas de emoção que ainda reverberavam em meu ser.
Observo a mulher que emerge do carro, seu vestido vermelho destacando-se contra o cenário mais tranquilo do sítio. Seus cabelos cacheados dançam suavemente no vento, mas seus olhos revelam uma inquietação que não passa despercebida.
Alison e eu trocamos olhares, compartilhando a curiosidade sobre a visita inesperada. A mulher se aproxima rapidamente, e percebo que seu semblante carrega uma expressão de urgência. Minha mente se agita, tentando entender o motivo de sua chegada repentina e preocupada.
— O Erick está? — Ela perguntou. — Sou Manuela Gori, a namorada dele, não a ex-namorada!
Essa foi a mulher que veio aqui hoje e está grávida? Ela não parece nenhum pouco grávida.
— Sinto muito, mas não o vi! — Falei. — O que deseja falar com ele?
Manuela iria abrir a boca e mais dois carros surgiram, e de dentro deles, outras duas mulheres. Uma delas tinha um barrigão, e um cara acompanhava uma delas.
— Onde está o canalha do Erick Viana! — O cara falou. — Como ele ousou engravidar a minha irmã e não quer assumir a responsabilidade!
— Você está grávida do Erick! — Manuela e a outra garota falaram juntas.
— Pessoal, vamos se acalmar! — Alison falou. — O Erick não está!
— Cala a boca, seu idiota! Certamente é amigo dele! — A mulher falou. — Protegendo aquele canalha! Então traga aquele traste aqui!
A grávida ainda estava quieta ao lado do irmão.
— Podem me contar o que está acontecendo? — Ouvi a voz de Rosangela. — Os meninos foram me chamar falando que estão procurando o Erick; ainda bem que levaram as crianças menores lá para trás, pois alguém estava extrapolando de raiva.
As crianças viram o meu beijo com o Alison!
Senti as minhas bochechas esquentarem de vergonha.
— Você é quem? — O homem Perguntou. — Outra idiota que ele enganou?
Só vi quando Rosangela tirou o sapato em segundos e jogou no cara com tudo, e saiu andando em direção a ele e à grávida.
— Eu sou a mãe dele! — Rosangela falou e deu um tapa na cara do rapaz. — Agora, me respeita que não estou para aturar desaforo de um merdinha.
**********
Agora, estávamos todos em frente à varanda de casa, com a grávida sentada e eu também sentado, Rosangela ao lado, Alison em pé como o rapaz, e uma das mulheres era Manuela.
— Desculpa o meu irmão! — A grávida falou. — Sou Julia Ferrari! — Aprontou para o cara. — Esse é o Manuel.
— Sou Manuela Gori! — Manuela se apresentou.
— Cecília De Luca! — A terceira mulher falou.
— Então, meu filho namorou as três! — Rosangela falou. — Ele é um idiota, mas vou fazer ele tomar uma lição depois, onde que errei com aquele bosta — Suspirou. — Meninas, sinto muito por isso! Eu ainda vou fazer ele ajudar você, Julia, com a gravidez.
— Não é esse o problema! — Julia falou triste. — Só quero que ele cuide do bebê, pois a gravidez é de risco e posso não sobreviver ao parto!
Ficamos em silêncio, e vi que Manuel ficou irritado com isso, mas não falou nada para não magoar a irmã.
— Querida, não sei o que dizer — Rosangela disse, recuperando a voz e parecia triste com isso. — Erick às vezes é um idiota, sinto muito pelo que ele fez com vocês!
— Sem problema! — Cecília falou. — Só vim aqui para dar um tapa na cara dele, ele revelou que estava me namorando e mais duas através de uma mensagem!
Cecília tirou o celular da bolsa e entregou para vermos, e ali estava Erick revelando tudo isso.
— Digo o mesmo! — Manuela falou e mostrou o celular, e ambas tinham a mesma mensagem.
— Ele é um merda! — Manuel falou. — Sinto muito, mas é verdade, ele usou vocês três para satisfazer ele, e a minha irmã foi a ferrada que engravidou!
— Manuel, cala a boca! — Julia falou. — Não estou ferrada por estar grávida!
— Mas pode morrer! — Manuel retrucou, depois se arrependeu de dizer.
Todos ficaram em silêncio, e era um silêncio tenso. Ninguém disse nada.
Quando Julia ia abrir a boca, a porta se abriu e Luigi surgiu desesperado. Atrás dele estava Pietro.
— Era o hospital! — Luigi disse, ainda mais desesperado. — O Erick sofreu um acidente!
— Pelo que falaram no telefone, foi algo bem grave! — Pietro acrescentou. — Pois ele quebrou uma perna e o braço, e ligou para a família ir vê-lo!
Olhei para Luigi, e ele parecia desesperado, como se fosse apenas um conhecido que sofreu um acidente, não o cara que quebrou o coração dele.
— Eu vou lá! — Rosangela falou, levantando-se. — E vou ver como aquele idiota está, e ter uma longa conversa!
Ela saiu andando e foi até o carro dela, entrando em seguida.
— Diga ao Mark que estou indo! — Rosangela gritou. — Até, pessoal!
Ela entrou no carro e partiu. Manuela disse que vai xingar o Erick pelo celular, e Cecília concordou antes de irem embora.
Luigi entrou para dentro, mas antes disso, encarou Julia com um olhar meio mal. Esse garoto me surpreende, tão maduro para a idade.
— Se quiserem, podem ficar aqui esta noite! — Falei. — Não precisam ir embora como aquelas duas. Ainda precisam descansar pela gravidez. De quanto tempo você está?
— Não... — Manuel começou, mas Julia o cortou.
— Vamos ficar! — Julia falou. — E respondendo a sua pergunta, estou com sete meses!
— Então, vamos entrar? — Pietro sugeriu. — Os gêmeos já estão de olho nas pizzas doces!
— Se for algum tipo de evento familiar, não quero incomodar — Julia disse sem graça.
— Que isso, é um negócio para animar o nosso amigo que está com o coração magoado! — Alison disse. — Podem ficar, as pizzas são bem grandes para comermos sozinhos. É quase um banquete do tamanho de um levante.
— Será muito bom dividir um poroc — Falei.
Manuel olhou para a irmã.
— Julia... — Ele começou.
— Se não for incomodo para vocês — Julia disse, enquanto ajudava a mesma a levantar, e fomos para dentro.
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