As Civilizações de Lisha Parte IV
Novamente aquela tarde estava nublada, mas nenhuma chuva caiu sob o porto de Liyue. Guowen teve poucas pessoas para ouvir uma história leve e divertida para animar qualquer um, mas não foi muito efetivo. Sem demora, ele se juntou à Zhongli.
— Não fique chateado, Guowen, nem sempre é possível animar alguém. — Disse Zhongli com um sutil sorriso nos lábios.
— Eu me sinto um pouco mal, é como se eu não tivesse feito o meu trabalho com sucesso.
— Nem sempre histórias conseguem chegar ao coração das pessoas. Novamente o clima está ao nosso favor. Assim como Guizhong teve de passar por momentos complicados como a inevitável morte dos humanos, Rex Lapis precisou enfrentar seus próprios demônios em forma de derrotas. Estamos falando de um Deus que assumiu uma forma humana, mas por dentro ele ainda era um dragão. Um orgulhoso dragão. — Zhongli fez uma pausa em sua fala para tomar chá. — Sabe o que acontece com pessoas de orgulho ferido, não?
Novamente, muitos anos se passaram. A morte do Deus do Mar abriu as portas para um sentimento de ganância e também de vingança pela queda de quem um dia foi o Senhor do grande profundo mar azul. Diversas criaturas do mar queriam atacar as terras de Guizhong ou matar os três Deuses que ali protegiam. A Deusa da Poeira usava sua balestra e derrotava criaturas mais fortes que ela. Morax lutava bravamente e de forma muito feroz como um dragão.
Naqueles tempos, Morax foi ferido. De suas feridas o sangue começava vermelho, mas depois de alguns segundos seu sangue se tornava dourado como ouro derretido.
Ele ganhava boa partes das lutas, mas Morax também perdeu e pessoas pagaram por essa derrota com suas vidas. Do Monte Tianheng, as pessoas mais prósperas se dividiram entre outros lugares como Dunyu, Lingju e também o lago de Quingxu. Aqueles lugares novos não duraram mais de trinta anos, o mar avançou sob aquelas terras e vidas foram perdidas pela água.
Depois de uma noite de batalhas contra os seres aquáticos, Morax com ferimentos em seus braços foi até o Monte Aozang no começo da madrugada. Ele se sentou em uma das rochas de lá e minutos depois ouviu aquela voz masculina cantando tristemente. O Deus dos Contratos tocou a rocha com um toque sutil e delicado, quase como se ele quisesse também confortar aquela vida que vivia ali em baixo, assim como o próprio Morax também se sentia confortado pela voz.
Guizhong estava por perto, e não demorou a subir o Monte para cuidar de seu amigo. Não seria a primeira vez que via o dragão ferido, mas dessa vez ele parecia cansado. Desde a primeira derrota, Morax se afastou do povo e de suas amigas por pura vergonha.
— Não ouse chegar perto, Guizhong, vá embora. — Disse Morax calmamente.
— Morax, não fale assim, eu me importo com você. E você também precisa de cuidados. — A Deusa da Poeira permaneceu em seu lugar.
— Posso cuidar de mim mesmo. Vá embora.
— Por que se afastou, meu amigo?
— Não entende, Guizhong? — O dragão respirou fundo, jamais gritaria com ela. — Nosso contrato, eu falhei com ele. Pessoas morreram, eu não pude protegê-las.
Guizhong piscou algumas vezes e se aproximou. O Deus dos Contratos estava dividido entre ficar ali e ir embora. Se a Deus da Poeira chegasse mais perto, ou tocasse seu ombro como ela fazia, ele sabe...Não vai se mover dali. Como esperado, ela tocou seu ombro e depois, com a mão livre tocou o queixo de Morax e o fez olhar para ela.
— Morax, você não quebrou nosso contrato, pare de se flagelar dessa forma. Você perdeu algumas lutas, mas nunca deixou de defender o povo. Eles sabem disso, eu sei disso. Como pode não enxergar isso?
O Deus dos Contratos respirou fundo e olhou nos olhos de Guizhong. Certamente Morax carregava um sentimento de culpa dentro do olhar, e como não havia experimentado isso antes, não estava sabendo lidar com aquele sentimento.
— Eu me sinto mal com uma coisa que eu não consigo ver, e nem pegar com as minhas próprias mãos. — Comentou Morax enquanto Guizhong passava um lenço nas feridas do mesmo.
— Ah Morax...Ao mesmo tempo que você sabe tantas coisas, sabe tão pouco. É o sentimento de culpa.
— Sentimento...É o que é invisível.
— Pode ser invisível, mas ele não deixa de existir. Quando povo começou a morrer de causas naturais eu fiquei triste. Tristeza também é um sentimento. Existem sentimentos bons e ruins, ao longo de nossa existência vamos ter a chance de experimentar todos eles. Assim como também...Haverá vitórias e derrotas.
Guizhong parou de limpar o sangue dourado nos braços de Morax quando sentiu a testa dele encostando na sua mais de uma vez, como se fossem batidinhas carinhosas. A Deusa da Poeira teve dúvidas do que poderia ser aquilo, mas não demorou a entender. Homens tem suas formas de demostrar afeto com mulheres, mas em primeiro lugar, Morax não era um homem. Mesmo com a pontinha de seus narizes encostando, por agora aquele gesto era o mais perto do que Guizhong queria. A Deusa respirou fundo quando sentiu a mão de Morax passar pelos seus ombros para trazê-la para mais perto. Assim o queixo dele ficou no topo da cabeça de Guizhong, e hora ou outra ele fungava no cabelo dela para sentir seu cheiro.
— Morax...E suas feridas? — Perguntou a Deusa.
— Elas vão se fechar, quero ficar um pouco com você dessa maneira.
E eles ficaram, no silêncio do Monte Aozang. Quase que os dois Deuses caíram no sono, até que um imenso brilho esverdeado rasgou a escuridão do céu.
— Morax...Morax, o que é aquilo?
Perguntou Guizhong se levantando na mesma hora. Era lindo, mesmo que seu brilho fosse agitado. Em seguida Morax se levantou surpreso com o que via.
— É uma estrela. — Disse o Deus. — E está vindo em nossa direção.
— Ela vai cair na terra. Temos que fazer alguma coisa!
— Não vai dar tempo, Guizhong.
Como ambos imaginaram, a estranha estrela caiu em terras áridas ao oeste de Liyue. Toda a terra tremeu e se iluminou em verde por alguns segundos. Os dois Deuses foram até lá apressadamente. A estrela se quebrou, e de dentro dela surgiu lindas pedras de jade verde.
— Incrível, Zhongli, simplesmente incrível. Conheço essa estrela. Liyue prosperou ainda mais com a jade verde dessa estrela.
— Devem estar prosperando até hoje. Escute, amanhã não poderei vir por conta do trabalho. Eis aqui todo o Mora que eu estou devendo.
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É isso people, finalizamos mais uma parte da história.
Memórias de um dragão volta dia 12 de maio.
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