Capítulo III
Rae acorda Kacee e rapidamente nos arrumamos. Hoje optei por fazer trança, querendo ou não é bom variar de vez em quando.
Empresto uma de minhas roupas para Kacee, e ela fica completamente inusual, bem irregular ao o que ela está acostumada a usar.
— Poxa Audrey, não tinha outra roupa? Verde não combina comigo! — Kacee exclama me mostrando a blusa.
Dou risada assim como Rae, é um momento icônico, Kacee usando calça jeans e uma blusa verde com um desenho indecifrável preto na frente. Kacee zomba de nossa risada e nos imita de um jeito único.
— Não podemos nos atrasar. — Digo a puxando da sala.
— Você que não gosta de atrasar. — Retruca Kacee.
— Ah, para, a gente ainda tem que ir na sua casa. — Rae relembra.
— E vocês vão me esperar trocar de roupa. — Kacee afirma enquanto Rae fecha a porta e tranca.
Descemos as escadas e fomos para meu carro. Desço o capuz do carro e dou partida.
Kacee, que está na frente comigo, liga o rádio e aumenta todo o volume assim que percebe que a música que está tocando é "The Lazy Song" do Bruno Mars. Kacee começa a cantar e Rae entra na onda, tenho pena de quem está na rua às vendo cantar como loucas.
— Vamos Audrey, canta junto! — Fala Kacee me dando leves sacudidas.
Sorrio e com custo entro na onda.
Chega a melhor parte da música e cantamos em sincronia "Hoo ooh ooh, Nothing at all". Continuamos a cantar juntas até chegarmos no estacionamento da universidade. Kacee desce do carro rapidamente e coloca um óculos escuro que estava dentro do meu carro. Eu ignoro, pois ela está com medo de passar vexame, mais do que já passou na noite de ontem.
Fomos para a casa da irmandade de Kacee e chegando lá todas as garotas estão jogadas em várias partes da casa, totalmente apagadas, uma delas acorda quando entramos por causa do barulho, mas logo dorme de novo. A casa está completamente virada de cabeça para baixo, uma zona.
Arregalei os olhos quando me deparei com a cena.
— Você não acha melhor acordarmos as meninas? — Pergunta Rae enquanto subimos as escadas.
— Não. — Responde Kacee direta e no exato momento de sua resposta, paramos de subir as escadas.
— Você é inclemente. — Digo a Kacee e rapidamente eu e Rae nos viramos e começamos a dar meia volta.
— Não me lembro do significado da palavra, mas obrigada. — Grita Kacee quando chega em seu quarto.
Eu e Rae começamos a acordar as meninas, uma por uma, algumas vomitaram a partir do momento que se levantaram. Minha cara de nojo é impagável, e por essas e outras que estou bem sem bebida alcoólica.
Kacee ao longo dos anos se tornou uma pessoa fria, tenho minhas suspeitas de que seja pelos seus pais não darem a mínima para ela. Meus tios são muito ocupados com a vida que esqueceram de cuidar do psicológico de minha prima, já meus pais cuidam tanto e exigem muito de minha pessoa. Depois de entrarmos na universidade e Kacee ter se envolvido com Drake, ela se tornou uma pessoa menos fria, por incrível que pareça Kacee mudou muito em muito pouco tempo, mas o ego que alimentou a falta de seus pais ainda é um empecilho.
Não conheço muito Drake para dizer algo sobre ele, mas ele é o cara da universidade, as garotas caem no pé dele, admito que acho ele bem sexy, mas não tanto como Kacee acha.
Ele não é como os outros caras que jogam e fazem parte de sua fraternidade, ele é amigo e preza as coisas boas, talvez o vendo pela primeira vez você tem uma impressão bem distorcida dele, um egocêntrico, mas depois de o conhecer mudei um pouco de opinião, mas ainda acho, as vezes, que ele é um garotinho mimado.
Kacee realmente o ama e está estampado em seu rosto como um slogan, porém seu jeito forte se tornou intolerante para ele, pelo jeito que terminaram eu suponho que ele goste muito dela e deve ter sido difícil dizer as coisas que disse.
Acordamos a última garota que estava debaixo de uma mesa, ela se levanta, agradece e vai direto para as escadas.
— Trabalho concluído. — Fala Rae e vamos direto para o sofá e nos sentamos, depois de jogar alguns copos no chão.
— Não sei o que faço com a Kacee, ela é minha prima e eu a amo muito, mas tem hora que ela é impossível. — Reclamo escorrendo devagar sobre o sofá.
— Acho que o Drake terminando com ela faça cair um pouco de consciência naquele cérebro cor de rosa.
Dou uma risada.
— Você tem razão, mas sinto que devo fazer algo.
— Fazer o que? — Rae pergunta escorrendo no sofá até cair no chão.
— Não sei, talvez tentar ajudá-la a ter mais sentimentos. — Termino de dizer e sento no chão ao lado de Rae.
Paramos um pouco para pensar sobre as possibilidades de fazermos algo por ela, é impossível trazer sentimentos do outro, principalmente se tratando de alguém como Kacee. Uma ideia pária em minha memória.
— E se nós a ajudarmos a começar de baixo? Por exemplo, fazendo ela conhecer mais as garotas de sua fraternidade? — Assim que termino de dizer toda entusiasmada, Rae solta gargalhadas.
— Sério? Você acha que isso funcionaria? — Rae pergunta ainda entre risos.
— Para de rir, mas é sério, nada melhor do que ela começar a ter mais empatia.
— Pensando bem, pode funcionar, mas ainda tenho minhas dúvidas. Por que vamos combinar que mesmo não fazendo parte disso aqui, a gente também não sabe o nome de todas elas.
— Precisamos mudar também.
Rimos
Escuto barulho vindo das escadas, nós duas nos levantamos e avistamos Kacee.
Kacee prendeu o cabelo e vestiu uma saia envelope com uma blusa levemente apertada e com decote, um casaco e um salto, ainda está com meus óculos escuros, lhes apresento Kacee depois de uma ressaca, ela nunca perde a pose, já a prima aqui é bem trivial.
— Vamos logo, não podemos nos atrasar. — Debocha Kacee passando por nós e indo em direção a porta.
— Rae e eu vamos passar no carro e pegar nossas coisas. — Digo enquanto vou em direção a Kacee.
— Kacee, e as garotas? — Pergunta Rae parando ao meu lado.
— Elas que se virem. — Kacee responde abrindo a porta.
Rae e eu nos entreolhamos, parece que essa tarefa não será tão fácil como imaginei. Rae e eu chegamos em Kacee e ela abriu a porta.
— Não, isso está errado. — Rae começa a dizer completamente tempestuosa. — Kacee, a base para você ter Drake de volta está aqui em sua casa! — Eu concordo com Rae balançando a cabeça positivamente e Kacee tira os óculos. — Você só precisa no momento mostrar mais empatia pelas suas colegas, se importar mais com os outros, vamos ficar aqui, ajudar as meninas e aprender o nome de cada uma, até eu vou aprender e você vai conhecê-las melhor, depois disso vamos para a aula, tudo bem pra você?
Rae termina de dizer me deixando até com calafrios, Kacee faz biquinho e anda para o centro da sala sem dizer nada, eu olho para Rae um pouco surpresa do feito.
Acho que conseguimos trazer um pouco de empatia a Kacee, na verdade ela tem empatia pelas pessoas e é bem amorosa, mas talvez ache isso por que ela é minha prima e me tratou sempre como alguém comum, familiar e Rae tomou corda disso.
Encontro com Rae no campus para irmos almoçar e no caminho encontramos Stuart e sua amiga Liza.
— Eai garotas, tudo tranquilo? — Stuart nos pergunta.
— Tudo ótimo Stu, oi Liza. — Respondo Stuart e cumprimentei Liza que estava voando nos pensamentos em algum lugar deste campus.
— Ah, oi. — Liza diz a mim voltando a si mesma.
— Obrigada por levar Kacee ontem, você é de mais. — Agradeço Stuart.
— Sem problemas, sempre as ordens. — Ele termina de dizer fazendo um passo aleatório de dança.
Dou risada e rapidamente o clima não fica um dos melhores, não sei por qual motivo, mas sinto Liza um pouco retraída e Rae distante.
— Vamos Audrey? — Rae pergunta com uma voz fina e antes mesmo de respondê-la e questionar da mudança de voz repentina, ela começa a andar e eu logo a acompanho.
Stuart e Liza são melhores amigos e fazem o mesmo curso, engenharia. Mesmo ainda duvidando de que Stu deveria fazer algo que tenha haver com dança, ele gosta do curso então não o julgo, ele é preto, tem um grande sorriso e bem divertido, suas roupas são descoladas e todos os conhecem, às vezes ele é um pé no saco, como diz Kacee, mas é um amigo que podemos contar sempre. Seus olhos são escuros, mas se você olhar bem de perto verá que são castanhos.
Liza é o oposto dele, totalmente sarcástica e bem sombria, porém tem um humor agradável, nunca a vi usar nada além de roupas escuras, cabelo sempre solto e às vezes com mechas coloridas. Branca dos olhos claros, mas não trocamos muitas palavras.
Stuart faz parte de uma fraternidade, já Liza não participa, mas isso não impediu os dois de se tornarem amigos, mesmo eles não tendo nada em comum além do curso.
No caminho avistamos Eliysha Green, a dona da universidade, ela é totalmente a minha inspiração, com PhD em medicina, por gostar muito de dar aula, abriu sua própria faculdade e dá aulas aqui, a universidade só tem poucos anos de inaugurada e já se tornou uma das mais concorridas. Eliysha tem seu próprio estilo, sempre está diferente, mas de um jeito bom, preta dos olhos castanhos esverdeados, acho que pode se definir assim, ela é uma fundadora totalmente acessível..
Passamos por ela rapidamente e continuamos o percurso. Assim que entramos no refeitório, avisto Joseph já sentado com seu livro, um casaco preto e deixando seu cabelo cair levemente por seu rosto. Passamos perto dele e eu finjo não ter notado.
— Olha, hoje eu estou sem paciência. — Fala Rae.
— Calma estressadinha.
— Audrey, sem brincadeiras, primeiro é a Kacee, tentamos resolver as coisas com ela, possivelmente irá dar certo, agora preciso ajudar você. — Paro de andar, a olho e ela faz o mesmo. — Você precisa parar com esse medo de falar com o Joseph.
— Toda vez que você fala sobre isso e ele está perto, acontece alguma coisa. — Falo a ela.
Volto a ir em direção ao balcão.
Assim que faço meu pedido vou em direção a mesa onde Kacee está, Rae ficou para fazer o seu pedido. Olhando de longe parei de andar e reparo em minha volta, acho que Kacee está se dando bem com as garotas, Drake sentou-se em uma mesa afastado, mas não desvia o olhar de minha prima.
Os amigos de Joseph chegam e ele rapidamente para de ler seu livro e vem na direção do balcão para pegar sua comida, não sei se ele reparou que estava olhando para ele, mas abaixei a cabeça e vou para meu destino. Por algum empecilho eu não reparei que ele estava vindo em minha direção, Rae me alcança de algum modo e repara o que está acontecendo, ela me empurra e acabo esbarrando nele, uma hora ou outra algo desse tipo iria acontecer.
— Desculpe. — Peço a Joseph ainda de cabeça baixa.
— Tudo bem. — Ele diz colocando seu cabelo de trás da orelha.
Seus cabelos são longos na medida certa, na verdade eram mais longos, mas o verão o fez cortar, um grande pecado. Joseph fica parado em minha frente e assim que Rae ia quebrar o gelo, seu telefone começa a tocar, no instante que olha o telefone, rapidamente muda a feição.
— Audrey, leva meu almoço até a mesa, eu já volto. — Ela pede enquanto me entrega seu almoço.
Eu não consigo dizer nada pois em segundos ela evapora de minha frente.
— Eu posso te ajudar, se quiser. — Joseph oferece a mim e soa como música para meus ouvidos.
— Se quiser. — Digo e rapidamente ele pega a bandeja de Rae e me acompanha até a mesa.
O caminho até a mesa foi silencioso. É um alívio chegar ao destino, já que perto dele sou um desastre em pessoa.
— Obrigada. — O agradeço e ele só balança a cabeça, coloca a bandeja na mesa e volta para sua direção.
No momento que ia me sentar ele me chama e sem querer arrepio, meu corpo é uma piada até para mim. Levanto o rosto.
— Audrey, estava pensando, não nos falamos muito e sempre que nos vemos é sempre rápido, que tal sairmos algum dia?
Espero que isso não seja um sonho, porque não estou a fim de acordar. Tento imaginar quando foi que ele reparou em mim e espero que isso não tenha dedo de Kacee no meio.
Estou paralisada emitindo sons estranhos de minha boca, ele está esperando por uma resposta e eu só consigo pensar que peguei brócolis, mas eu não gosto de brócolis.
— Ah, ok. — O respondo tentando mostrar serenidade quando na verdade estou perto de entrar em colapso.
Ele sorri para mim e agora definitivamente ele volta a ir ao balcão. Não sei se isso da Rae sair para atender o telefone foi obra dela ou do destino, mas algo aconteceu aqui, e pelos meus sentimentos, alguma magia está no ar e quero aprender a senti-la com cuidado para ela não se perder no vento.
Como uma boa sonhadora que sou, palavras e rimas começam a dançar em minha mente, adoro essa sensação.
"Podemos dançar juntos
No mesmo ritmo
Pois agora amor
Não há perigo"
Vocabulário:
Tempestuosa: Raivosa.
Inusual: Fora do comum.
Inclemente: Má.
Trivial: Básica.
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