viii. m u s i c

atenção: capítulo com vídeo áudio. dê play quando ele aparecer para ficar mais conectado ao capítulo. recurso opcional.

***

"he reminds me of you."

ooo

Um som melodioso ecoava pelas paredes da grande biblioteca. Desci as escadas, tentando captar de onde provinha aquilo. Era um som tão bom, tão limpo, tão harmonioso, me fazia sorrir e eu nem sabia o porquê.

Procurei por senhor Bonhwa pelo salão, porém não o achei, e isso me causou certa estranheza, pois sempre o encontrava em pé olhando alguns livros na estante, ou sentado em sua poltrona, lendo um deles, bebericando seja lá o que em sua xícara, ou apenas olhando a paisagem da enorme janela que ali continha.

Curioso sobre o som, andei até adentrar uma das portas, coisa que eu nunca havia feito na vida. Algo me causou certa sensação de aventura, curiosidade, e isso me fez adentrar mais ainda e me deparar com um curto corredor com outras portas. Uma em especial me chamou a atenção, o som parecia sair de trás dela, então a abri cuidadosamente.

Um salão – não tão grande quanto à biblioteca – foi estendido a minha vista. Ele era vazio, exceto por um grande objeto quase ao meio do mesmo. Senhor Bonhwa estava sentado em um banco em frente ao objeto, parecia concentrado, seus olhos fechados e seu tronco balançando levemente me remeteram a pensar que ele parecia quase embalado pelo som que percebi vir do objeto.

– Aproxime-se. – tomei um susto ao ouvir senhor Bonhwa dizer. Demorei um pouco para me mover, mas assim que fiz, me aproximei do objeto, apreciando o quanto ele era bonito, robusto, chamativo.

– O que é isso? – perguntei, ainda apreciando-o.

– Isso se chama piano. – o mais velho parou de tocar, me chamando a atenção. – Sente-se aqui, filho.

Me aproximei do bando e sentei no mesmo, ao seu lado, observando tudo a minha frente.

– O que você estava ouvindo se chama música.

– Música?

– Sim, música. E a música é um conjunto de notas que, juntas, criam uma melodia harmoniosa.

– E o que são notas?

Senhor Bonhwa pegou minha mão e posicionou meu dedo indicador em cima de uma das coisas brancas em minha frente.

– Isso aqui é uma tecla, e isso... – meu dedo foi pressionado na mesma e logo ouvi um som, parecia grosso, robusto. – É uma nota, uma nota grave. E essa... – ele mesmo tocou outra tecla, agora do outro lado do piano, e pude ouvir um som mais fino, delicado. – É uma nota aguda. E a junção de variadas notas graves e agudas formam a música.

Eu estava maravilhado com tudo aquilo, era esplendido, encantador, único.

– O senhor pode continuar o que estava fazendo? Sabe, continuar a música.

– Farei mais que isso. – senhor Bonhwa deu um leve sorriso e virou para frente, posicionando os dedos em cima das teclas e, levemente, passou a tocar uma a uma de maneira sincronizadamente harmoniosa. Seus olhos estavam fechados como antes e seu tronco balançava, parecia sentir a música.

E então, o salão começou a se modificar. As paredes – antes em um tom de marrom quente – ganhavam uma cor bege amarelado, e algumas pilastras arredondadas ornavam com o grande salão que se formou ali, muito maior do que o que estávamos. Tudo foi se transformando aos meus olhos, desde as paredes até o chão, o teto, os detalhes em cada lugar, as lâmpadas, os lustres, os móveis, tudo. Até que pessoas começaram a surgir, todas elas estavam elegantes, bem arrumadas e pareciam felizes, estavam em pares e faziam algo que eu não sabia o que era. Senhor Bonhwa continuava tocando, porém seus olhos direcionados a mim captavam todas as minhas reações.

– Senhor Bomhwa, o que elas estão fazendo?

– Elas estão dançando ao som da música que estou tocando.

Olhei novamente para o salão e desci do pequeno palco que estávamos, passando a andar por entre as pessoas. Algumas me puxavam para dançar junto os passos que todos faziam, sempre ouvindo um "um pé para um lado, o outro acompanha, o outro pé para o outro lado, um acompanha" que após um tempo percebi que era como os pés se movimentavam, dando dois passos para um lado e dois passos para o outro lado, rodando levemente o corpo.

Aquilo era divertido, era bom demais e me fez sorrir como ninguém. A forma como o par tocava um no outro transmitia confiança e cumplicidade, além de manterem uma conexão com o olhar que sempre se mantinham colados um no outro.

Era encantador.

Magnífico.

Voltei para perto do senhor Bonhwa e encarei o salão novamente antes de tudo começar a sumir, porém, algo que não iria sumir nem tão cedo era o meu sorriso por ter tido o prazer de presenciar tudo aquilo.

Olhei para o senhor Bonhwa, o mesmo já havia parado de tocar e apenas me observava.

– Como o senhor fez isso?

– Isso o que?

– Me mostrar uma memória sem precisar me tocar?

– Conexão. Nós estamos conectados, Jungkook, e a cada vez que te mostro uma memória, nosso fio de ligação fica mais forte.

Fiquei estático, aquilo era novo para mim. Aliás, muita coisa era.

Mas aquilo não me assustou, muito pelo contrário, eu fiquei feliz por ter uma ligação com o senhor Bonhwa, uma pessoa que eu sinto confiança extrema e um carinho enorme também.

Pensando nisso, sorri aberto para o mesmo, recebendo um sorriso mais contido da parte dele, mas eu sabia que era tão sincero e feliz quanto o meu.

– – –

Daehwon sorria enquanto era balançada de um lado para o outro. Eu sorria junto por ver a felicidade dela estampada em seu rosto bonito. Dançávamos ao som da música que existia apenas em nossas cabeças, ou talvez apenas na minha, pois Daehwon não tinha o conhecimento daquilo.

– O que estão fazendo?

Vi Jimin surgir descendo as escadas. Ele passou a frequentar bastante a minha casa após o meu pai assumir os cuidados com o pequeno Young e pedir ajuda a Jimin nisso.

– Jungkook estava me ensinando uma coisa que se chama dança. – Daehwon falou enquanto ainda se movimentava e me levava junto, pois eu havia parado de me mover quando Jimin apareceu.

Sempre tão hipnotizante.

O vi sentar no sofá e direcionar seus olhos a nós, enquanto eu tentava recobrar meus sentidos e voltar a acompanhar Daehwon nos passos.

– Dança?

– Sim, é tão legal. – minha irmã deu pulinhos animada enquanto ainda se movia.

– Parece legal mesmo. – Jimin sorriu.

– Ensina para ele também, Jungkook. – Daehwon parou e me olhou, juntando as mãos em sinal de súplica.

– Não sei se Jimin gostaria de aprender, Daehwon.

– Mas é claro que gostaria. – o vi se levantar e vir até nós.

– Eu vou lá em cima, quando voltar quero ver o Jimin sabendo tudo sobre dança, viu? – minha irmã ditou fazendo Jimin gargalhar e eu o acompanhar.

– Pode deixar, sei que Jungkook é um ótimo professor. – seus olhos se direcionaram a mim e novamente para minha irmã, e eu senti minhas bochechas queimarem.

Após minha irmã sumir de nossas vistas, Jimin olhou para mim e ficou calado por um tempo. Não conseguia explicar se era um silêncio bom ou constrangedor, mas parecia que tudo na presença de Jimin era extremamente bom.

– Como está Young? – perguntei após um tempo naquele silêncio.

– Bem, aparentemente saudável, mas ainda precisa de cuidados. Está dormindo agora. – Jimin silabou enquanto movimentava a ponta do sapato no carpete branco felpudo que se encontrava no centro da minha sala.

– Ele é adorável. – disse absorto a imagem do rostinho fofo do bebê em minha mente.

– Ele me lembra você.

– Eu?

– Sim, o rosto. Talvez o formato dos olhos ou como ele olha para as pessoas, sempre bastante curioso e cheio de vontade de descobrir as coisas, igual a você. – Jimin falou calmamente cada palavra, fazendo meu corpo estremecer de felicidade, sem nem um motivo aparente. – E também ele é tão bonito quanto você.

Nesse momento, eu corei tão violentamente que pensei que Jimin, mesmo vendo tudo em preto e branco, conseguiria ver o tom vermelho que meu rosto com toda a certeza se encontrava na hora.

– Tudo bem, agora eu sei como se sentiu quando te elogiei. – tapei minhas bochechas com minhas mãos a fim de esconde-las.

– Pois bem, pense muito antes de me fazer isso de novo. – o tom divertido de Jimin me relaxou porque, por um momento, achei que ele não tinha gostado de ser elogiado.

– Você não gostou?

– Gostei... – Jimin falou afobado, mas logo se conteve. – Quer dizer, eu gostei, só não soube reagir.

Fiquei em silêncio por um tempo, tentando entender aquelas palavras e me perguntando se algum dia eu o elogiaria novamente – com certeza sim.

– Mas então, você não ia me ensinar a tal dança? – sai dos meus pensamentos com a voz do menor a minha frente.

– Claro. Mas... É algo que precisamos... Bem... Precisamos nos tocar, mas não se preocupe, te ensinarei sem lhe tocar. – falei exasperado, um pouco ansioso para saber como eu faria aquilo.

– Ah, tudo bem. – Jimin falou baixo, parecia um pouco triste. Não entendi sua mudança repentina de humor, mas continuei a falar.

– Posicione seus braços assim, como se tivesse segurando a mão e o meio das costas de alguma pessoa. – posicionei as mãos ao ar e Jimin me imitou. – Então, de um passo para o lado e um para o outro. Se você for andar para a esquerda, seu pé esquerdo vai dar o primeiro passo e o direito vai acompanha-lo depois, se juntando a ele, e então você dá outro passo, porém para a direita, com o pé direito, e então o esquerdo o acompanha. Faça isso enquanto seu corpo vai girando lentamente.

Fiz todos os passos que ditei e vi Jimin me copiar, fazendo exatamente a mesma coisa com maestria.

– Você leva jeito para isso. – mencionei enquanto o olhava.

– Obrigado. – sorriu.

Voltei a me locomover, dançando e às vezes rodando, aquilo nunca iria perder a graça e parecia contagiar a todos, pois Jimin tinha um sorriso imenso em seus lábios enquanto gargalhava e me imitava. Girávamos e às vezes dávamos leves pulinhos ao invés de passos, estava bom, estava divertido, nossas gargalhadas ecoavam e deixavam todo o ambiente extremamente alegre.

– O que está acontecendo aqui?

Eu e Jimin paramos no mesmo instante após ouvir a voz da minha mãe.

– Jimin, pode vir aqui em cima? – meu pai chamou do alto da escada.

– Com licença. – Jimin disse baixo e se distanciou de mim, indo em direção à escada e sumindo.

– O que estavam fazendo? – novamente a voz da minha mãe fora ouvida, um pouco rude.

– Estava mostrando uma coisa que aprendi no meu cargo ao Jimin.

– Você anda aprendendo muitas coisas estranhas no seu cargo. – minha mãe direcionou seus olhos para a janela da sala.

– Não são estranhas, são legais.

– Pode ser legal para você, mas para mim parece badernoso, e você sabe que baderna é extremamente proibido. – minha mãe ditava, seu tom de voz era rígido e sua postura tão rígida quanto.

– Não é baderna, é apenas dança.

– Não importa, Jungkook, ainda sim é proibido.

– Mas por que é proibido?

– Não questione, apenas aceite.

"Não questione, apenas aceite." Aquilo soou tão doloroso aos meus ouvidos que por um momento senti a necessidade de tampa-los. Não se encaixava, não estava certo, de jeito nenhum.

– Peço desculpa. – disse de cabeça baixa e em um tom bem mais baixo do que o que eu usava antes.

– Aceito sua desculpa. – minha mãe disse apenas, antes de sair pela porta da frente, me deixando sozinho, perdido em pensamentos confusos e questionadores.

xxx

opaaaa

como vocês estão?

é a primeira vez que trago um negocinho diferente pra vocês. sinceramente, eu não gosto de ouvir música enquanto leio, me confunde um pouco, preciso de silêncio pra ler, mas ajudou muito a entrar no clima da cena ouvir essa sinfonia de chopin, é uma das minhas favoritas ((((:

memoriae ta chegando a 1k de leituras e eu to TÃO FELIZ, obrigada por todos vocês estarem aqui, espero que estejam gostando da história e que ela esteja tocando vocês de alguma forma.

eu sei que já passou e eu já dei diversos parabéns pra ele no meu twitter, mas preciso fazer isso aqui também, então parabéns pro nosso lindo, incrível, perfeito, dono do rosto mais bonito do mundo, do coração mais puro que eu já conheci e gênio da arte senhor kim taehyung uhuuulll *tiro pro alto*

e nesse clima de aniversário cuja época é do melhor signo do zodíaco, o meu ta chegando, dia 3 de janeiro faço 20 anos (mesmo que ninguém acredite), então parabéns pra mim também!!!!!!

o que foi promise do jimin? confesso que to ouvindo até agora desde quando foi lançada, e ela é tão apaixonante, a voz do jimin está mais linda do que nunca e eu morro de orgulho dele. a letra é tão profunda, parece uma conversa dele com ele mesmo, tão genuína e sincera, fiquei extremamente tocada.

e pra finalizar, quero desejar um ótimo ano novo pra vocês, que tenham uma ótima virada de ano, que pulem as 7 ondinhas, que seus bichinhos estejam protegidos dos fogos, que o champanhe esteja gostoso e que iemanjá realize todos os seus desejos (não sei se iemanjá realiza desejos, mas é isto, respeitem as religiões).

desculpem os erros.

beijos *:

lola.

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