ix. p r o x i m i t y
"be my addiction, jimin."
ooo
Música alta.
Batidas abafadas.
Calor humano.
Balada?
Estava escuro.
Luzes coloridas por todos os lados.
Corpos e mais corpos emanando calor.
Eu sorri.
Senti mãos em mim.
Algo encostou em minhas costas.
Jimin?
Seu sorriso. Ah.
Esplêndido.
A escuridão mesclada com as luzes neon.
Jimin estava incrível.
Sorri para o mesmo.
Seu sorriso era aberto.
Seus olhos pouco cerrados.
Seus cílios batiam um no outro.
Ele estava alterado.
Mas feliz.
E eu não me sentia diferente.
Me aproximei.
Uma mão em sua cintura.
Outra em sua nuca.
Jimin fechou os olhos.
Inclinou a cabeça para trás e sorriu.
Me aproximei mais.
Mais.
Mais.
Nossos corpos colados.
Minhas mãos formigavam.
Se apertavam contra sua pele.
Mais aproximação.
Rostos colados.
Testas coladas.
Narizes.
Bocas.
Beijo.
Um calor descomunal.
Beijo.
Lábios.
Línguas.
Jimin parou.
"Vem."
"Para onde?"
"Você faz perguntas demais, Jungkook."
Mesmo a música estando alta, eu ainda ouvia o som de sua risada.
Fui guiado até um corredor.
Estava escuro.
Mas ainda conseguia ver o brilho no sorriso e olhos de Jimin.
"Por que estamos aqui?"
"Shh, só relaxa."
Jimin jogou seus braços pelos meus ombros.
Novamente o beijo.
Eu estava fervendo de novo.
Vício.
Os lábios de Jimin são um vício.
Línguas se entrelaçando.
Seus braços apertando meus ombros.
Minhas mãos em seu quadril.
Apertos.
Lufadas de ar.
Virei as costas de Jimin para a parede.
Mordidas.
Os lábios de Jimin são uma covardia.
Desci minha boca.
Sua pele era tão cheirosa.
Olfato.
Sentir o cheiro de Jimin.
Cheiro doce.
Forte.
Hipnotizante.
Meus lábios não desgrudavam de sua pele.
Nem minhas mãos de seu quadril.
Jimin apertava seus braços em meus ombros.
Seus dedos em meu cabelo.
Eu sentia sua felicidade em mim.
Ele parecia tão bem.
Mordi sua pele.
Chupei sua pele.
Um som.
Tão bom.
Gemido.
Suspiro.
Mais mordidas.
Mais chupadas.
Mais gemidos.
Voltei meu rosto para o seu.
Seus olhos fechados.
Boca entreaberta.
Bochechas vermelhas.
Lábios iguais.
Sorri com a visão.
Encostei meus lábios nos seus levemente.
Selinhos eram distribuídos.
Minhas mãos desceram pela lateral.
Agarraram suas coxas.
Puxei-as para cima.
Pressionei-o mais na parede.
Sua respiração cortou.
Estávamos tão perto.
Tão colados.
Tão bem.
Jimin sorriu.
Apertou seus dedos em meus cabelos e levou meu rosto para o seu.
Novamente seus lábios nos meus.
Desesperado.
Calor demasiado.
Eu estava em êxtase.
Fechei os olhos.
Aproveitei daquele momento.
Me sentia tão leve.
Parecia tão certo.
Mais leve.
Não sentia o chão.
"Apenas me beije até não querer mais, Jungkook."
"Seja o meu vício, Jimin."
. . .
– Eu não vou nem perguntar com quem foi à memória. – senhor Bonhwa pronunciou assim que descolou suas mãos das minhas e se recostou na cadeira. – Leve o tempo que for necessário para absorver tudo.
Eu estava estático.
Sem reação.
O que de fato foi isso?
O que foi essa memória?
O que ela significa?
E por que eu me sentia daquele jeito?
– Ok, nós não temos o dia todo, garoto, diga alguma coisa. – o mais velho estalou os dedos diante dos meus olhos, me fazendo acordar dos meus próprios pensamentos.
Eu não conseguia pronunciar uma palavra. Eu não tinha o que dizer. Estava perdido e confuso.
O que diabos foi tudo isso?
– Já que você não vai falar nada, eu v...
– Era disso que o senhor estava falando quando mencionou sobre "coisas que não fazemos com a família"? – o interrompi.
– Também. Não existe apenas isso, mas é uma das coisas.
– Eu acho que entendi.
– Como se sentiu com a memória? – senhor Bonhwa se levantou da poltrona e andou até uma das estantes, parecia procurar por algo.
– Não sei muito bem. Na memória parecia tão certo, mas agora eu não sei dizer. – meus olhos estavam perdidos em um ponto qualquer enquanto eu tentava decodificar todos os meus pensamentos. – Eu estava tão próximo do Jimin, tão, tão, tão próximo que me senti conectado a ele. Meu corpo parecia corresponder a ele, parecia necessitar estar perto dele.
Vi o senhor Bonhwa tirar um dos livros da estante e pousar em cima de uma das mesas redondas, voltando para a poltrona onde estava e se acomodando.
– Você recebeu a memória que corresponde ao primeiro desejo carnal. Não sei se percebeu, mas você quase não ouviu a sua mente, ela não dizia nada, você não foi movido por sentimentos, você foi movido por desejo, algo exclusivo do corpo. Você sentiu o seu corpo e como ele responde ao desejo de beijar Jimin. – o mais velho explicava calmamente, parecia ter a maior paciência do mundo para escolher cada palavra que pronunciaria pelo simples fato de não querer se embolar nelas. – Me diga como você sentia seu corpo?
– Quente. Minhas mãos pareciam dormentes, formigavam, e eu só queria cola-las ao Jimin, apertar a sua pele.
– E o beijo em si, o toque de lábios, línguas, o que sentiu?
Pensei um pouco.
– Que aquilo parecia um ato talvez julgados por uns, mas que para mim e para Jimin estava certo. Foi uma coisa inexplicável, eu só não queria mais parar de fazer aquilo, manter Jimin perto de mim até sei lá quando. – minha mente vagava pelas lembranças da memória, de como foi terrivelmente bom ter aquele contato com Jimin. Eu sentia minha boca formigar, o que me fez passar a língua pelos lábios e fechar os olhos por breves momentos.
Mas aquilo não passou despercebido por senhor Bonhwa.
– Você quer experimentar um beijo dele, não quer?
– O que? N-não, e-eu só estava lembrando d-da memória. – me mexi desconfortavelmente na poltrona, cruzando as pernas e passando meus dedos em meu cabelo.
– Quer mentir para mentiroso, Jungkook? – senhor Bonhwa disse divertido, me fazendo revirar os olhos.
– Ah, por favor, senhor Bonhwa.
– Por favor o que? Não custa admitir que quer, meu jovem, nem tenta me enganar que eu já estou conectado à você o suficiente pra saber que você anseia por isso. – senhor Bonhwa proferiu cada palavra olhando em meus olhos, me deixando receoso e intimidado. "Porque os olhos dele precisam ser tão azuis?"
Suspirei e olhei para o meu colo.
– Isso é errado na nossa sociedade.
– E você acha errado?
O encarei. Eu não sabia o que responder.
– Existem muitas coisas na nossa sociedade que são proibidas apenas por capricho dos superiores, Jungkook. Eles tiraram a nossa chance de viver.
– Como assim?
Senhor Bonhwa suspirou e se levantou.
– Vamos, te levarei para casa.
– Senhor Bonhwa, não faça de novo, me diga o que quis dizer com isso.
O mais velho parou e percebi suas costas se movendo em um novo suspiro, e então virou para mim.
– Existem coisas que você nem imagina que acontece, mas acontece. Coisas que disseram a você e que você acredita fielmente, mesmo não sendo o certo. Pessoas manipulam as outras sem qualquer empatia, proíbem coisas e te dizem que aquilo é prejudicial, mesmo não sendo, mas eles insistem e você sede, sem ao menos questionar.
Os olhos do senhor Bonhwa estavam com um brilho diferente. Parecia angústia. Me atentei a sua fala novamente após alguns momentos calado.
– Seja qual for a sua dúvida, Jungkook, a mantenha, é ela que te move, é a sua curiosidade que te faz enxergar. E se algum dia sua questão for respondida com uma nova ordem, uma nova lei, uma nova regra, questione novamente. – senhor Bonhwa se aproximou e pegou uma das minhas mãos. – Você confia em mim, não confia?
– Confio.
– Então faça parte de uma mudança. Não aceite o que os outros te dizem, não seja como os outros, você nasceu diferente, Jungkook, precisa fazer a diferença.
Encarei seus olhos cristalinos e balancei a cabeça afirmadamente.
– E por último: faça o que tiver vontade de fazer, não se prenda às regras desse lugar, faça aquilo que sua mente e seu coração pedir. Você promete que fará isso?
Afirmei novamente.
– Ótimo. Então espero que tire um bom proveito do tempo que passar com Jimin, eu sei que você está doido para beija-lo. – arregalei os olhos e abaixei a cabeça, sentindo meu rosto esquentar fazendo o senhor Bonhwa rir descontraído.
– Aish, senhor Bonhwa. – ralhei.
– – –
A noite se mantinha estrelada, me hipnotizando a cada vez que eu erguia meus olhos para minha janela.
Por algum motivo, eu não conseguia dormir, o que de fato era estranho; nunca havia tido algo parecido.
Mesmo sabendo que era contra as regras, não conseguia me manter parado, andava de um lado para o outro do meu quarto, agoniado.
Ouvi um choro de bebê de longe, e então percebi que Young poderia ter acordado.
E eu não fazia a menor ideia do que se passava pela minha cabeça, eu apenas sai do quarto e, em passos lentos, segui para o quarto da minha irmã, ao qual Young também estava.
Vi um pequeno espaço aberto na porta e, sorrateiramente, espiei pela mesma. Mesmo estando escuro, eu conseguia observar perfeitamente a silhueta dele.
Jimin se mexia suavemente para os lados, às vezes dando alguns passos aleatórios, no intuito de embalar o bebê em uma sacudida gostosa, a fim de fazê-lo dormir novamente.
Observar o quanto Jimin tinha o dom com crianças era uma dádiva, ele havia nascido para aquilo e negar a conexão que ele tinha com os seres menores era um equívoco. Jimin era cuidadoso e carinhoso, sempre fazendo de tudo pela saúde dos bebês.
Eu não sei quanto tempo passei ali, espiando, mas pareceu tempo suficiente pra Jimin parar de se balançar de súbito e dizer:
– Eu sei que está ai, Jungkook. – disse em um quase sussurro.
Meus olhos se arregalaram a sua fala e, quando ele se virou para a porta e me encarou junto de um sorriso, eu me senti envergonhado ao extremo, e eu tinha certeza que meu rosto estaria vermelho.
Abri a porta lentamente e me pus para dentro do cômodo. Olhei em volta e senti a calmaria que o ambiente exalava – inclusive o cheiro, algo como flores e talco. Minha irmã dormia calmamente sob a cama, e ao lado da pequena encubadora de Young havia uma poltrona branca, ao qual havia um lençol azul embolado por cima, supus que era onde Jimin descansava enquanto cuidava de Young quando meu pai fazia plantão e não ia para casa a noite. Os médicos e enfermeiros maternais, além dos guardas noturnos, eram os únicos que trabalhavam a noite.
– O que faz acordado? – Jimin sussurrou, voltando a se mexer para ninar Young.
– Não consigo dormir.
– Não consegue dormir? – Jimin parecia confuso, juntando as sobrancelhas em sinal de dúvida. – Por que não?
– Eu não sei, só não consigo. – suspirei cansado e me aproximei, olhando para Young que mantinha os olhos curiosos olhando para todos os lados. Sorri ao ver que ele percebeu minha presença e fixou os olhos em mim.
Seus olhos.
Eram tão azuis.
Tanto quanto os do senhor Bonhwa.
Aquilo era deveras estranho. Ambos tinham olhos semelhantes, tão vivos e chamativos, como se conseguissem ver nossa alma.
Seus olhos deixaram os meus e se fixaram em Jimin, que o olhava com ternura, e se mantiveram nele.
– Às vezes ele me encara por tanto tempo que eu fico pensando que ele dormiu de olhos abertos. – Jimin pronunciou.
– Ele deve gostar muito de você.
– Ele me encara como você faz às vezes. – Jimin me olhou por segundos antes de voltar seus olhos para Young.
"É porque eu também gosto muito de você." Foi o que pensei em dizer, mas não disse.
Continuei encarando Jimin, até que me lembrei da memória que eu havia recebido.
Os beijos. Os toques. Os sorrisos e olhares. As palavras.
Tudo mexeu comigo de uma forma arrebatadora.
Encarei os lábios de Jimin que mantinham um sorriso mínimo enquanto seus dedos passavam na bochecha de Young que já tinha os olhos pesados de sono. Jimin era, sem sombra de dúvidas, uma pessoa que fazia minha cabeça rodar para todos os lados, me desnorteava, me deixava confuso, com sentimentos que eu não sabia explicar, com sensações que eu não sabia descrever, vontades que eu não devia ter.
Encarar aqueles lábios depois da memória que estava cravada em minha mente e não querer experimentar dessa memória era um absurdo.
Eu me sentia fraco perto dele, me sentia rendido, de uma maneira surreal e incompreensível.
O vi se aproximar da encubadora e depositar Young com todo o cuidado na mesma, logo acomodando-o melhor, cobrindo seu corpinho frágil e fechando o acrílico que revestia a parte de cima, logo me encarando.
– Por que você sempre faz isso?
– Isso o que? – perguntei confuso.
– Me encara. Eu me sinto um pouco estranho. – sua voz sussurrada me causava arrepios.
– Me desculpa, eu nã... – me calei ao ver minha irmã se movimentando e voltando a dormir. Me aproximei de Jimin para falar mais baixo, me mantendo diante dele. – Eu não queria te incomodar. Eu faço sem querer, mas se quiser que eu pare, pode dizer.
Jimin pareceu sentir a aproximação e colocou suas mãos na cômoda de gavetas atrás de si, se apoiando para trás. E eu não fazia a menor ideia do que havia acontecido comigo, mas esse ato de Jimin só me fez ter mais vontade de me aproximar, e foi o que eu fiz, dei mais um passo para frente, me aproximando dele, fazendo seu corpo ficar tenso.
– Não é isso, é só que... – suspirou. – Muitas vezes, eu não sei como reagir.
– Não precisa reagir, Jimin. – me aproximei mais de seu corpo, perigosamente próximos. Jimin olhou para baixo e suspirou novamente. Apoiei minhas mãos na cômoda atrás de si, mantendo seu corpo entre meus braços. – Só não me impeça de te observar.
Jimin levantou os olhos e olhou nos meus. Nossos corpos estavam próximos demais, o que ia contra as regras da sociedade. Se alguém soubesse o que estava acontecendo, seríamos advertidos ou punidos, e isso parecia incomodar Jimin, mas eu não estava nenhum pouco a fim de me prender as regras. Depois que tive contato com as memórias e vi o quanto proximidade era bom, era prazeroso e que isso nos torna um pouco mais humanos, eu estava deixando de me importar com as regras, e estava disposto a mostrar o quão bom todas essas coisas podiam ser.
Dei mais um pequeno passo para frente, firmando mais as minhas mãos na cômoda e apertando mais meus braços, finalmente tocando nos braços de Jimin, que logo ficou tenso e desviou seus olhos dos meus, olhando para baixo.
– O que está fazendo? – seu sussurro era mínimo, mas suficiente para eu ouvir, por estar bem perto de seu corpo e o ambiente estar em um silêncio absoluto.
– Te mostrando o quanto proximidade é bom. – ditei em um sussurro e fechando os olhos quando Jimin encostou sua testa em meu peito. Um suspiro saiu, agora de seus lábios entreabertos quando seu corpo relaxou e seus braços caíram para as laterais do seu corpo.
Senti sua cabeça movimentar e abri os olhos, vendo Jimin, ainda com a testa colada em meu peito, passar seu nariz em minha roupa. Seus punhos estavam fechados com força, como se estivesse se prendendo a algo, ou se punindo por fazer aquilo.
Na verdade, parecia que Jimin queria tanto aquilo quanto eu.
Abaixei minha cabeça para o lado, seguindo com meus lábios em direção ao seu ouvido, vendo-o ficar tenso novamente.
– Não se prenda. – foi o que sussurrei em seu ouvido antes de prensa-lo mais contra a cômoda. Seus braços instantaneamente se moveram e fizeram algo que eu não esperava.
Ele me abraçou.
Ele envolveu minha cintura com seus braços e me abraçou.
Me abraçou apertado, como se sua vida dependesse daquilo.
Eu não consegui fazer outra coisa a não ser abraça-lo igualmente, tão forte quanto ele. Meus braços se cruzaram atrás de seu tronco e apertaram seu corpo contra o meu. Sua cabeça virou de lado, apoiando a parte lateral de seu rosto em meu peito. Meus olhos se fecharam e minha cabeça tombou para baixo, fazendo meu nariz e boca se inundarem na imensidão vermelha que compunha a cabeça de Jimin. Suspirei forte e pude sentir o cheiro de seu cabelo.
Era o mesmo cheiro que eu senti na memória, quando cheirei seu pescoço. Cheiro doce e viciante.
E ao lembrar da memória, meu corpo se arrepiou, me fazendo aperta-lo mais ainda. Minhas mãos se movimentaram pelas suas costas, contornando-as, sentindo-as.
Aquilo estava sendo a melhor coisa que eu já pude fazer e sentir.
E quanto mais eu apertava Jimin, mais eu queria mantê-lo em meus braços.
Minha mão subiu pelas suas costas, passando meus dedos por sua nuca até chegar em seus fios vermelhos, e um carinho foi iniciado ali. Percebi que o corpo de Jimin relaxou e ele deixou de me apertar tão forte, mas ainda mantinha seus braços firmes em meu corpo.
– Nós não devíamos estar fazendo isso. – ele sussurrou lentamente e com a voz quase nula.
– Você quer que eu me afaste? – perguntei parando de mexer meus dedos em seus cabelos, esperando uma resposta.
– Não. – Jimin disse igualmente baixo, me apertando uma vez para que eu voltasse a mexer em seu cabelo.
Eu não sei por quanto tempo ficamos ali, mas eu sentia que era muito. Minhas pernas começaram a doer por ficar tanto tempo em pé, mas eu não ligava, aquilo estava bom de uma forma surreal.Ter Jimin tão perto e perceber que não era apenas algo da minha cabeça, uma memória, uma coisa criada por mim mesmo era maravilhoso demais. Tê-lo daquela forma parecia um tipo de vida paralela, onde eu ainda vivia, ainda era eu, mas minha vida era diferente, uma vida onde abraçar Jimin era rotina, onde tê-lo agarrado a mim a qualquer momento era normal.
Eu queria tanto essa vida.
Queria tanto quanto Jimin parecia querer.
– Jimin? – sussurrei perto de seu ouvido quando reparei na calmaria de sua respiração em meu peito. Olhei para seus olhos e os mesmos estavam fechados, sua boca levemente entreaberta e sua bochecha amassada por conta do peso de sua cabeça.
Sorri com a cena, ele havia dormido em pé enquanto me abraçava.
Segurei firmemente seu corpo, segurando mais forte apenas para tirar seu pé do chão e dar dois passos para o lado até ficar de frente para a poltrona. Desenrolei seus braços calmamente de meu corpo e o depositei delicadamente sentado na poltrona, apoiando sua cabeça no estofado atrás. Senti um vazio enorme por tira-lo de perto de mim, mas eu não poderia manter-nos daquele jeito por muito tempo.
O quarto se mantinha escuro e reparei no quanto Jimin parecia dormir calmo e relaxadamente, seu sono parecia profundo. Cobri seu corpo com o lençol azul e, antes de sair do quarto, fiz algo que eu senti necessidade de fazer:
Dei um beijo em sua testa.
E após isso, me permiti sair do quarto, mas percebendo que parte de mim ainda se mantinha lá, com Jimin, presa a ele.
– – –
– E não é prejudicial mantê-lo aqui quando o lugar dele é lá no Centro Maternal? – ouvi a voz da minha mãe assim que desci rapidamente o último degrau da escada.
– Não senhora, ele está sendo bem alimentado e fica bastante tempo na encubadora, toma banho de luz e todas essas coisas necessárias, além de estar sempre em observação. – a voz de Jimin foi ouvida por mim, o que fez meu corpo tencionar e meus olhos seguirem até a cabeleira avermelhada enquanto o mesmo se mantinha na mesa de jantar junto com minha mãe e minha irmã.
– É que eu acho tão incomum o Hyanwoo se preocupar demasiado com essa criança, quer dizer, ele deveria trata-la como trata todas as outras, não? – minha mãe disse enquanto passava o creme em uma torrada e levava a boca.
Vi Jimin levar seus olhos até as mãos cruzadas em seu colo e suspirar, olhando novamente para minha mãe e lançando-lhe um sorriso simpático.
– Acredito que seu marido saiba o que está fazendo, Jinsoon, não se preocupe. – foi o que Jimin pronunciou antes de olhar para mim, que estava parado ao pé da escada, sem qualquer motivo aparente, eu só senti vontade de me manter ali, observando.
Seu sorriso se abriu instantaneamente, era gracioso demais contemplar sua beleza ao amanhecer, me deu um animo diferente. Suas bochechas ficaram rubras, mas seus olhos continuaram em meu rosto.
Minha mãe olhou para mim e cruzou os braços.
– Isso são horas de acordar, Jungkook? Sabe que é contra as regras. – meus olhos nem vacilaram de desviar dos olhos de Jimin e as palavras da minha mãe foram ouvidas longe, baixas. – Espero que a líder Sook não fique sabendo dessa sua irresponsabilidade. Vamos, tome café, rápido.
Desviei meus olhos de Jimin e olhei para minha mãe, que havia voltado a comer.
– Eu vou apenas pegar uma maçã e já estou indo, o senhor Bonhwa não tolera atrasos. – finalmente me movi, indo em direção à mesa, pegando uma fruta do grande prato de vidro que ficava em cima da mesma. – Meu pai ainda não chegou?
– Não. – disse apenas, continuando a tomar seu café da manhã.
Direcionei meus olhos para Jimin novamente, este mantinha seus olhos baixos, mas eu percebia suas bochechas ainda infladas e avermelhadas. Adorável.
Ouvimos um riso baixo ecoar e olhei em direção a minha irmã, que mantinha os olhos comprimidos e tampava a boca com as duas mãos, tentando inutilmente conter a risada.
– O que houve, Daehwon? – perguntei a fitando, confuso.
– O que? Ah, nada não, Jungkook. – minha irmã sorriu simpática, voltando a comer sua torrada.
– Ela está rindo muito hoje, na verdade, anda risonha demais ultimamente. – minha mãe falava séria, encarando minha irmã enquanto a mesma continuava comendo calmamente com os lábios repuxados em um pequeno sorriso.
Encarei minha irmã novamente, tentando buscar um motivo plausível para essas atitudes, não encontrando nada.
Talvez eu converse com ela depois.
– Bem, eu já vou. Até mais e um bom dia para vocês. – falei e lancei um sorriso para cada um presente, me encaminhando até o aparelho de medicação matinal que precisávamos tomar todos os dias antes de começar nossa rotina.
Empurrei levemente meu pulso direito no local indicado, sentindo uma pequena pontada da agulha em minha pele. Antes de receber as memórias, eu não sentia nenhum tipo de dor, porém após eu recebê-las, meu corpo se modificou também e eu passei a sentir mais as coisas, e uma das coisas que eu passei a sentir foi o pequeno incômodo que esse aparelho nos proporcionava. Meu pulso ardia minimamente e eu sentia um incomodo por alguns minutos, porém passava após isso.
E enquanto eu observava meu pulso e o minúsculo furo que a agulha fazia, mastigando um pedaço de maçã na boca, ouvi uma voz me chamando.
Virei para trás e vi Jimin, com uma bolsa nos ombros. Ele andava um pouco mais rápido para me alcançar sob olhares tortos das pessoas que passavam por ele ter gritado, mas Jimin parecia não ligar para isso, o que me fez sorrir.
– Oi, é... Então... V-você conseguiu dormir? – Jimin perguntou com seu tom de voz manso e vacilante, me fazendo abrir mais o sorriso.
– Consegui sim, e você, pelo o que vi conseguiu dormir bem, não foi? – mastiguei outro pedaço da maçã que estava em minha mão, sorrindo de lado ao ver a timidez clara exalar do corpo pequeno e delicado de Jimin.
Seu corpo.
Como queria tê-lo junto ao meu.
Cenas da noite passada inundaram minha mente e eu suspirei ao pensar nas sensações que senti no momento em que tive Jimin colado a mim.
Tão bom.
Ouvi o suspirar de Jimin e sua cabeça balançar, ele parecia estar tão perdido em pensamentos quanto eu.
– Aquilo que você fez a noite... – Jimin começou, suspirando audivelmente e falando baixo. Tive que inclinar meu corpo para ouvir o que o mesmo estava dizendo. Seus dedos se encontraram na frente de seu corpo e seus olhos se levantaram, conectando-se aos meus. – Foi algo muito bom, eu me senti muito bem.
Sorri com seu pronunciamento.
– Sim, foi. – vi Jimin sorrir. – Aquilo é uma das coisas que eu faço no meu cargo.
– Tocar nas pessoas? – Jimin perguntou, tombando a cabeça para o lado.
– Não, eu recebo memórias que mostram essas coisas. – comentei baixo, capturando a dúvida aparente nos olhos de Jimin, que se perderam por um momento tentando entender o que eu falava. Sorri com seu ato. – Algum dia eu te explico, eu preciso ir agora.
– Ah, tudo bem então. – Jimin acordou de seus pensamentos e passou a mão pelos seus fios, bagunçando-os de uma forma bonita. – Eu também preciso ir para o Centro daqui a pouco. Bom... É... Então está bom... E-eu te vejo depois.
– Até logo. – acenei com uma mão e esperei Jimin acenar e se virar, caminhando para o outro lado da rua, entrando em sua casa, mas sem antes me olhar uma última vez e acenar, logo entrando.
Sorri grandemente, tanto que meus olhos se fecharam, me fazendo ter segundos de escuridão. Passei minha mão pelo meu cabelo e caminhei até uma das lixeiras de lixo orgânico, depositando a maçã na mesma e passando a caminhar rapidamente até a casa do senhor Bonhwa, ainda sorrindo bobo.
xxx
olaaaaaaa
o capítulo de hoje foi bem grandinho, né? a partir desse, os próximos serão um tico grandes também, talvez menor que esse ou até maior, vai depender.
*spouting in jikook language* eu fico tão animada com essas interações deles na fanfic, as coisas vão caminhar agora mais rápido do que vocês imaginam rsrs
pra quem quiser saber, sim, essa história tem conteúdo adulto, tanto que lá na sinopse tem dizendo isso, então todos estão cientes disso, certo?
e gente, queria falar duas coisinhas que vem me deixando chateadas dentro do nosso fandomship e fandom também, e acho que eu tenho liberdade pra falar disso aqui nas notas: eu venho notando que existem algumas jikookas que estão demonstrando um desespero tremendo quando se diz respeito a provar que um moment não é tão grandioso quanto as pessoas acham que é. eu falo isso porque eu já cansei de ser chamada de anti ou "jikooka com pensamento de anti" por desmentir moments que vocês, jikookas, enaltecem como sendo algo de jikook, quando na verdade não é. sinceramente galera, nós não precisamos disso, não precisamos mesmo, jikook vive nos dando diversos motivos pra continuarmos shippando, diversas interações extremamente significativas, não custa nada vocês desmentirem moments que claramente não são deles, e por favor, não chamem outras jikookas de antis só porque elas não vêem o que vocês vêem ou acham tão importantes coisas que vocês acham. o fandomship vem ficando extremamente maduro e isso eu não posso negar, essa coisa de traduzir certas citações para o certo afim de desmentir boatos sobre jikook, não sexualiza-los e nem enfiar ship em tudo é ótimo, jikookas não são delulus e todas nós sabemos disso, não precisamos criar trocentas teorias, menosprezar a história do próprio bts pra tentar provar nosso ship e muito menos praticar algum tipo de conduta errada (pesado demais pra citar aqui), mas ainda sim, existem muitas coisas que devemos consertar.
outra coisa que me incomoda (e isso mais por parte de outros fandomships e/ou das próprias armys) é essa questão de querer saber mais sobre uma cultura do que as pessoas que vivem nessa cultura. nosso caso é a cultura coreana, então vamos falar disso. se algumas coreanas surtarem por qualquer coisa que os meninos fizerem dizendo que é algo significativo dentro da cultura delas, NÃO ACHEM QUE VOCÊS SABEM MAIS DO QUE ELAS. elas vivem essa cultura 24/7, ninguém nunca saberá mais sobre isso que as próprias, então por favor, se coloquem nos seus lugares de ocidentais e parem de querer explicar pras pessoas sobre o que elas vivem. isso tem mais peso social do que vocês pensam e, fazendo isso, vocês estarão praticando a opressão, a mesma opressão que brancos praticam com negros, que homens praticam com mulheres, que héteros praticam com pessoas do meio lgbtq+, e também ocidentais praticam com orientais. por favor, já sofremos muito com todas essas questões, não façam parte direta dessa opressão.
uma nota bem militante pra mostrar um pouquinho do que eu sou de verdade, esse poço de discursos sociais baseadas em ética, cidadania e justiça. e sempre que eu precisar militar, eu vou fazer isso, então acostumem-se.
espero que vocês tenham gostado do capítulo. desculpem-me por qualquer erro e me sigam no twitter, ta lá na minha bio.
beijos *:
lola.
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