i. o b s e r v i n g
"unbelievably unique and incompatible."
ooo
– Estão animados? – Jimin perguntou entusiasmado, me fazendo relaxar ao som da risada do mesmo.
– Eu acho que não vou conseguir dormir a noite de tão ansioso. – Taehyung disse, esfregando as mãos uma na outra.
Jimin e Taehyung. Meus dois melhores amigos.
Nós éramos o trio inseparável, melhores amigos a anos, confidentes secretos – nem tão secretos assim, afinal, não havia muito o que esconder.
Desde que me lembro, sempre fomos amigos. Nossas casas eram uma ao lado da outra e sempre tivemos uma ligação muito forte uns com os outros, só nunca entendemos o que era, e nem como funcionava. Para nós, era apenas o fato de sabermos que éramos amigos, então uma sensação diferente nos tomava conta, e aproveitávamos disso. Sem questionar, sem querer entender.
Taehyung, com seu jeito carismático, era o piadista do grupo. Sempre com sua aura engraçada e contagiante, fazia todos quererem ser amigos do mesmo.
Jimin era cordial, com seu jeito sereno e cuidadoso. Todos se encantavam com seu jeito nobre e gentil. Não que gentileza já não fosse uma das regras da nossa sociedade, porém Jimin tinha um jeito único de ser gentil, um jeito próprio.
Taehyung era aquele que fazia todos rirem.
Jimin era aquele que fazia todos sorrirem.
– Vocês já fazem alguma ideia dos seus novos cargos? – Jimin perguntou após colocar sua bicicleta no local apropriado, logo sendo imitado por Taehyung e eu, e juntos seguimos para dentro do Centro Maternal.
– Eu não sei exatamente, mas espero que seja algo bem radical. – Taehyung dizia contente. Seus olhos transmitiam algo que, ao meu ver, era indecifrável, mas era bonito.
– Taehyung, precisão de linguagem. – Jimin o repreendeu. – Onde aprende esses termos?
– Eu não sei. Eles apenas aparecem na minha cabeça e eu repito. – Taehyung deu de ombros. – Mas voltando ao assunto, seu cargo já está garantido aqui no Centro, Jimin. Não existe outra coisa que você possa fazer. Nasceu para cuidar dos bebês.
Jimin sorriu para Taehyung, porém sua atenção veio para mim.
– E você Jungkook? Já imagina para qual cargo irão te designar?
– Não faço a menor ideia.
– Não tem nada que você gostaria de fazer? – Taehyung perguntou.
– Não. Eu realmente já pensei sobre isso, mas não consegui extrair nada da minha mente que pudesse esclarecer algo.
Um silêncio foi instalado entre nós três, porém durou apenas alguns segundos.
– Sabe, os superiores vem nos observando desde que nascemos, eles sabem o que é melhor para cada um de nós. Então não se preocupe, amanhã será a Cerimônia e você finalmente saberá o que irá fazer. – Taehyung disse calmamente, avançando porta a dentro, se locomovendo até o interior do Centro, deixando Jimin e eu para trás.
Jimin olhou na direção em que Taehyung se encaminhou antes de olhar para mim, que no momento, pensava em coisas indecifráveis. Vi Jimin dar um passo a frente, se aproximando, mas recuou logo em seguida. Tanto eu quanto ele sabíamos que uma das regras era não se aproximar ou tocar diretamente alguém que não seja de sua família.
– Você ouviu o Taehyung, amanhã você saberá sobre sua designação. Não se preocupe.
Respirei fundo, antes de lançar um sorriso para Jimin e seguir na direção que meu amigo anteriormente foi.
Chegando a sala maternal, encontrei Taehyung conversando com meu pai enquanto ambos tinham bebês no colo. Vi Jimin se aproximar rapidamente de uma encubadora e sorrir para um bebê que ali se encontrava.
Meus olhos varreram o local, até ouvir a voz do meu pai.
– Jungkook, aproxime-se. – meu pai fez um movimento com as mãos, me fazendo chegar perto da encubadora em sua frente. Dentro, tinha um bebê pequenino, ele parecia atento ao lado de fora daquela caixa acrílica, pois seus olhos não paravam de observar cada movimento.
Aproximei meu rosto da encubadora, vendo meu pai abri-la na parte superior, deixando agora o bebê respirar o ar puro da sala. Me aproximei mais ainda do pequeno ser, sussurrando um "ei" e sorrindo em seguida, vendo como o bebê, de repente, se vidrou em meu rosto. Analisei seu corpo pequeno, reparando em como parecia frágil, indefeso.
– Ele está com alguns problemas de saúde. – meu pai se pronunciou tendo a atenção da minha audição, porém meus olhos não desgrudavam da face do pequeno na encubadora. – Mas você vai melhorar, não é garotão?
Meu pai mexeu levemente na sola do pezinho do bebê, tendo um mexer de pernas descordenado como resposta. Aproximei minha mão da sua pequena face, passando meus dígitos delicadamente por suas bochechas avantajadas, indo em direção a sua pequena mão direita, logo tendo meu indicador agarrado pelos dedinhos finos e fracos do pequeno. Sacudi sutilmente meu dedo, brincando com sua mão, até reparar em seu pulso: uma mancha familiar se encontrava ali, clara, quase imperceptível, mas bem visível aos meus olhos.
Juntei minhas sobrancelhas e levemente levei minha mão livre para a manga que cobria meu pulso direito, puxando-a e me surpreendendo ao perceber que eu também tinha a mesma mancha, em formato de triângulo, porém muito mais escura e definida, quase como se alguém tivesse desenhado em meu braço.
Meus olhos seguiram para a face do bebê, porém esse já se encontrava de olhos fechados, embrulhado em um sono relaxante. Senti a presença de alguém ao meu lado e, ao olhar para a esquerda, tive a visão de Jimin se aproximando, passando as costas de seu indicador pela bochecha do bebê adormecido.
Mas algo estava diferente.
Seu cabelo estava diferente, de um jeito que eu nunca havia visto antes.
Eu não sabia explicar, mas ele parecia mais aceso, mais vivo, inacreditavelmente único e incompatível com todos os outros cabelos.
Porém, logo tudo voltou ao normal. O cabelo de Jimin voltou a ser como era antes e naquele momento, eu tinha a atenção de Jimin, que me olhava com certa dúvida.
– O que foi? – Jimin pronunciou baixo. – Por que está me olhando assim?
– N-nada. – eu sacudi minha cabeça, abaixando o olhar e me afastando da encubadora.
Eu poderia não saber o que estava acontecendo, mas sabia que, a partir daquele momento, meus olhos passariam a ver o que jamais ninguém naquela sociedade acharia possível: o mundo como ele verdadeiramente é.
– – –
– E então, ansioso para amanhã? – meu pai iniciou o diálogo assim que a pequena sinalização que vinha dos altos falantes dentro da casa foi soada, dando início ao horário do jantar.
– Sim. – a verdade era que eu estava tremendamente nervoso, com um peso irreconhecível em minha cabeça.
– Eu estou tão ansiosa para ganhar minha bicicleta. Vou poder passear com ela por ai, não vou mãe? – Daehwon, minha irmã mais nova, se pronunciou, batendo palmas animadamente.
– Claro, filha. Mas agora coma. – minha mãe disse, olhando para minha irmã e em seguida, para mim. – Já sabe para onde podem te designar?
– Ainda não.
– Mas filho, na altura em que está, você já deveria estar ciente de seu futuro aqui na sociedade. – minha mãe disse, levando o copo com o líquido acompanhador aos lábios. – Você tem certeza de que não faz ideia do que quer fazer?
– Não pressione o garoto, Jinsoon. Os superiores sabem o que é melhor para ele. Jungkook pode estar apenas confuso. – meu pai dizia enquanto alimentava-se calmamente.
– Hyanwoo, você sabe que Jungkook não pode se sentir confuso, é contra as regras. Qualquer sensação que possa causar instabilidade é proibido.
Um silêncio pairou no ambiente, e então, voltamos a comer.
Após terminar minha refeição, esperar todos da mesa terminarem e o toque de fim do momento do jantar soar, todos nós seguimos para seus cômodos de descanso.
Eu estava nervoso, mas parecia que aquela palavra não era suficiente para expressar o que realmente se passava por meu corpo.
Desde muito pequeno, sempre percebi que eu era realmente diferente dos outros. Meu corpo parecia algo estranho no meio de todo mundo tão tremendamente igual. Eu também deveria ser igual, deveria fazer parte daquela justiça de igualdade onde todos nós éramos semelhantes.
Mas eu sabia, sabia que eu não era igual aos outros. Eu me perdia olhando para as coisas ao meu redor, tentando decifrar cada coisa que via. Sempre soube que eu me perguntava coisas demais, queria saber de coisas demais. Coisas que não faziam sentido saber, coisas que não tinham respostas.
Olhei para a janela, vendo o ambiente bonito do lado de fora e o topo de algumas casas, porém, meus olhos foram em direção à casa da frente, a qual pertencia à família de Jimin. Por coincidência, o mesmo passava em sua janela parando de costas enquanto mexia em algo em sua cômoda. Me aproximei da minha janela, sentando-me no suporte que servia como banco para observar melhor Jimin.
O mesmo, dentro de seu quarto, esticou seus braços para cima, alongando seu corpo – mais uma das rotinas da nossa sociedade, todos nós fazíamos isso antes de dormir e assim que acordávamos.
Ainda de costas, Jimin levou sua mão em direção ao cabelo, jogando os fios para trás, os desordenando e passou suas mãos por seus braços. Então, lentamente, virou seu rosto para trás, encarando a janela do outro lado da rua e, consequentemente, olhou para mim, que naquele momento não conseguia distinguir nada, nem decidir nada, muito menos me mover. Vi Jimin se aproximando da janela e sentando no mesmo suporte que havia em meu cômodo de descanso, ainda sem tirar os olhos de mim.
Ficamos por um momento assim, apenas olhando um para o outro, sem se mexer, sem nem ao menos respirar bruscamente. Eu não sabia o que estava se passando comigo, com o meu corpo. Não entendia por que, de repente, eu não conseguia desgrudar meus olhos do meu melhor amigo, não compreendia de onde vinha a súbita vontade de observa-lo, aquilo era anormal demais para mim.
Fui tirado dos meus próprios pensamentos quando os altos falantes da rua foram soados:
"Atenção, moradores da sociedade, o toque de recolher foi iniciado. Dentro de cinco minutos, todos deverão estar em suas casas. Repetindo: o toque de recolher foi iniciado. Dentro de cinco minutos, todos deverão estar em suas casas."
Aquela foi à deixa para que finalmente desgrudasse meus olhos de Jimin e olhasse para todos os lados da rua. Meu olhos novamente seguiram para a janela de Jimin, e o mesmo sorriu gentilmente, sinalizando com a mão em despedida, se levantou do suporte e desceu a persiana, logo tendo a luz de seu cômodo apagada.
Suspirei audivelmente e decidi fazer o mesmo. Minhas luzes já estavam apagadas, então apenas desci a persiana e me locomovi até o local de descanso, deitando e finalmente fechando os olhos, pronto para o outro dia.
Talvez, nem tão pronto assim.
xxx
oiiiii (:
então, há algo que gostaria de avisar. se vocês que conheciam essa história antes de ser postada (por justamente eu ter deixado o prólogo aqui por um longo período) não perceberam, eu mudei o nome da fic de "memories" para "memoriae" que é um termo em latim, como visto no prólogo. a explicação para isso é que como o latim foi uma língua universal, remete ao início, a terminologia das palavras, achei adequada utiliza-la. poderia usar algo do grego já que é tão antiga quanto, mas preferi utilizar o latim porque é dela que originaram-se muitas palavras que utilizamos hoje em dia.
então é isso, se quiserem conversar comigo pelo twitter, ele está lá na minha bio, fiquem a vontade para me chamar, eu iria amar.
p.s. se aparecer alguma atualização ai desse mesmo capítulo, foi porque eu coloquei uma mídia, to com dificuldades pra por o gif que eu quero, vou ir tentando de outras formas.
p.s.2. odeio quando o wattpad tira os travessões e coloca traços, vou cometer um crime de ódio.
beijos *:
lola.
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