9 - Verdade

Pete parecia confortável demais, como sempre.

Sentado na cadeira perto da janela, a luz suave do fim da tarde batendo em seu rosto.

Ele me observava em silêncio, com aquele olhar que parecia saber mais do que deveria.

- Não tem nada melhor pra fazer? - Perguntei, irritado, ainda com os olhos fechados.

- Você sabe que eu não tenho. - A voz dele era calma, quase divertida.

- Então, por que você não cala a boca e fica aí quieto?

- Porque, Vegas, você fica ainda mais insuportável quando tenta ignorar o que tá sentindo.

Abri os olhos, encarando o teto.

- Não começa com essa merda de conversa de psicólogo.

- Não é conversa de psicólogo. É o óbvio. - Pete apoiou o queixo na mão, os cotovelos sobre os braços da cadeira. - Você tá remoendo alguma coisa, e não é só o sonho que teve comigo.

- Eu não tô remoendo nada.

- Claro que tá. Você acha que eu não percebo? Essa raiva que você tem, Vegas... não é só comigo. É com você mesmo.

Levantei da cama de repente, sentindo o sangue ferver.

- Você não sabe de nada. Não tenta me analisar como se fosse melhor que eu.

Ele levantou as mãos em rendição, mas o sorriso tranquilo continuava lá.

- Eu não sou melhor que você, Vegas. Só tô tentando te ajudar a enxergar o que você insiste em esconder.

Me aproximei, parando na frente dele.

- Quer saber o que eu vejo, Pete? Vejo alguém que não sabe quando é hora de parar.

- E eu vejo alguém que não sabe quando é hora de deixar as coisas irem. - A voz dele ficou mais baixa, quase um sussurro. - Você tá preso, Vegas. Preso em algo que não consegue soltar.

Engoli seco, mas mantive a expressão dura.

- Sai do meu quarto.

Pete levantou devagar, sem desviar o olhar.

- Tudo bem. Mas, Vegas, a gente pode fugir de tudo, menos da verdade.

Ele saiu antes que eu pudesse responder, me deixando sozinho com um peso que parecia aumentar a cada segundo.

Voltei para a cama, os pensamentos correndo mais rápido do que eu conseguia controlar.

Pete era uma droga de fantasma, mas tinha uma habilidade irritante de dizer coisas que ficavam na minha cabeça.

A verdade.

O que isso significava, afinal?

Estava sozinho no quarto, mas a sensação de
vazio não era tranquilizadora.

Era como se as paredes ao meu redor fossem feitas de gelo, sufocantes e opressoras.

Fechei os olhos, tentando me afastar da presença de Pete que, mesmo ausente, parecia pairar no ar.

Foi aí que veio mais uma lembrança, uma daquelas que eu evitava encarar.

O som da porta batendo ecoava pela casa. Meu
corpo encolhido automaticamente, já prevendo o que viria a seguir.

Eu tinha 10 anos, e cada vez que ele voltava para casa parecia pior que a anterior.

- Vegas! - A voz grave cortou o silêncio como
um chicote.

Corri para a sala, como era esperado. Meu pai
odiava ser ignorado,

Ele estava de pé, no centro do cômodo, com uma garrafa na mão e o olhar carregado de fúria.

- Onde tá o relatório que eu pedi? - Ele levantou
a garrafa, apontando-a para mim como se fosse
uma arma

- Eu... eu não sabia que era pra hoje..
voz saiu tremida, quase inaudível.

- Não sabia? Não sabia? - Ele deu um passo à
frente, e meu instinto me mandou recuar, mas
minhas pernas estavam paralisadas. - Eu não
aceito desculpas de fracassados, Vegas!

Antes que eu pudesse reagir, senti o impacto.

Sua mão forte acertou meu rosto com tanta
força que caí no chão.

A garrafa voou de sua mão e se espatifou no chão ao meu lado.

- Levanta! - Ele disse, com desprezo.

Minhas mãos tremiam enquanto tentava me
erguer. Minha visão estava turva, mas eu sabia que não podia desobedecer.

- Você acha que o mundo vai ter pena de você,
Vegas? - Ele se agachou, segurando meu queixo
com força e me obrigando a encará-lo. - Não. O
mundo vai te esmagar. E se você não for forte,
vai acabar como sua mãe.

A menção a ela me fez sentir algo entre raiva e
desespero, mas eu sabia que não podia
responder.

Ele me soltou com um empurrão e se levantou,
voltando a pegar outra garrafa na prateleira.

- Lembre-se disso, garoto. No meu império, só
os fortes sobrevivem.

E então, como se nada tivesse acontecido, ele foi
para o escritório, me deixando no chão, machucado e quebrado.

Acordei com o coração disparado, o suor frio
escorrendo pela testa.

As imagens ainda estavam frescas na minha mente, como se tivessem acabado de acontecer.

Minha mão instintivamente foi até meu rosto,
agora adulto, como se esperasse sentir a dor que
já não existia fisicamente, mas que nunca foi
embora de verdade.

Levantei da cama, irritado comigo mesmo por
deixar essas memórias voltarem.

Fui até o espelho do banheiro e encarei meu reflexo.

Os curativos na testa, os hematomas visíveis..
parecia que o passado e o presente estavam
entrelaçados, como uma maldição.

Eu era apenas uma criança quando prometi a mim mesmo que nunca seria como ele. Mas, olhando meu próprio reflexo, às vezes me questionava até onde isso era verdade.

Agarrei a borda da pia com força, respirando
fundo para afastar o desespero.

- Você não é ele. - Murmurei, como um mantra.

Mas as palavras soaram vazias, como uma
mentira que eu contava para me manter inteiro.

Saí do banheiro ainda com os punhos cerrados. Não sabia o que era pior: as memórias que insistiam em voltar ou a sensação de que, de alguma forma, eu estava me tornando aquilo que mais odiava.

Quando voltei ao quarto, Pete estava lá, sentado na poltrona ao lado da janela.

Ele segurava um livro, mas parecia mais interessado em me observar do que em ler.

- Você realmente não tem outra coisa para fazer além de me irritar? - Perguntei, cruzando os braços.

Ele ergueu o olhar, calmo como sempre.

- Eu estava te esperando.

- Esperando o quê? Eu perder a cabeça de vez? - Resmunguei, indo até a cama e me jogando nela, sentindo o peso das lembranças.

- Você já esteve pior, Vegas. - Ele fechou o livro e se levantou. - Mas está aqui. Isso é o que importa.

Revirei os olhos. A calma dele era exasperante.

- Você fala como se soubesse de tudo.

- Talvez eu saiba mais do que você imagina. - Ele deu de ombros e caminhou até mim, parando ao lado da cama. - E eu sei que você não quer admitir, mas precisa conversar sobre o que está acontecendo.

- Com você? - Ri, sem humor. - Nem pensar.

Pete apenas sorriu, sem se abalar pela minha grosseria.

- Então talvez com a psicóloga?

Meus músculos ficaram tensos no mesmo instante.

- Não.

- Vegas... - Ele se agachou ao meu lado, os olhos nos meus. - Você está se afundando, e sabe disso.

Fiquei em silêncio, incapaz de encarar a sinceridade naqueles olhos.

- Você não entende nada. - Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, quase como um sussurro.

Pete não respondeu, apenas ficou ali, presente.

Sua quietude era quase tão irritante quanto suas palavras, mas havia algo reconfortante naquilo também.

Depois de um momento, ele se levantou e foi até a porta.

- Eu vou dar um tempo pra você pensar. Mas saiba que eu não vou a lugar nenhum.

Ele saiu, fechando a porta atrás de si. Fiquei ali, sozinho, tentando ignorar o nó na garganta que parecia ficar mais apertado a cada minuto.

A consulta de volta com a psicóloga veio logo depois.

Eu estava relutante, mas Nop tinha me convencido de que era melhor comparecer do que ouvir mais sermões.

- Então, Vegas... - A psicóloga começou, a voz suave, mas firme. - Vamos falar sobre os seus sonhos.

Revirei os olhos, me recostando na cadeira.

- Já disse que não têm nada demais.

Ela me encarou, o olhar firme, mas sem julgamento.

- Você mencionou na última consulta que sonhou que estava machucando alguém.

Desviei o olhar, irritado por ela insistir naquele assunto.

- Não foi nada.

- Vegas. - Ela inclinou o corpo levemente para frente. - Esse "nada" parece estar te perturbando mais do que você quer admitir.

Fiquei em silêncio, meu maxilar travado.

- Quem era no sonho? - Ela perguntou, calma.

- Não sei. - Respondi rapidamente, tentando encerrar o assunto.

Ela não pareceu satisfeita com a resposta.

- Tudo bem. Talvez não saiba quem era. Mas como se sentiu durante o sonho?

Engoli em seco, a lembrança do pesadelo voltando à minha mente.

A sensação de raiva, de poder, misturada com culpa... era insuportável.

- Eu... - Comecei, mas a palavra ficou presa na garganta.

- Vegas, é importante falar sobre isso. - A psicóloga insistiu.

Respirei fundo, tentando controlar a raiva que começava a borbulhar.

- Eu me senti... como ele. - Admiti, finalmente.

- Como quem?

Meus punhos se fecharam involuntariamente, o sangue pulsando em minhas têmporas.

- Como meu pai.

As palavras saíram antes que eu pudesse contê-las, e a sala pareceu ficar em silêncio absoluto.

A psicóloga não demonstrou surpresa, apenas assentiu, como se esperasse por aquela resposta.

- Isso é significativo, Vegas. Talvez seja o começo para entender o que está realmente acontecendo com você.

Não respondi. Apenas encarei o chão, sentindo a mistura de raiva e vulnerabilidade me consumir.

Depois de alguns minutos, ela continuou.

- Vegas, eu quero que você reflita sobre uma coisa: e se esses sonhos não forem apenas sobre o seu pai? E se eles também forem sobre você?

Levantei o olhar, confuso e desconfiado.

- O que quer dizer com isso?

Ela sorriu levemente, mas não respondeu de imediato.

- Pense nisso até nossa próxima sessão.

Saí do consultório com a cabeça a mil.

As palavras dela ecoavam na minha mente, me perseguindo como uma sombra que eu não conseguia afastar.

Voltei para o quarto, o silêncio me cercando como uma parede intransponível.

Cada passo parecia ecoar mais alto do que o normal, e a imagem do consultório ainda estava gravada na minha mente.

A psicóloga havia mexido em algo que eu tentava enterrar há anos.

Quando entrei, Pete estava lá novamente.

Ele estava mexendo em alguma coisa na pequena mesa ao lado da poltrona, provavelmente remexendo em algum livro ou objeto sem importância.

Não precisei nem dizer nada; ele percebeu a tensão no meu rosto assim que levantei o olhar.

- Ela te deixou bravo de novo, não foi? - perguntou, casualmente, sem nem levantar os olhos do que fazia.

- Por que você sempre acha que tem as respostas? - soltei, irritado, jogando-me na cama.

- Porque você sempre age do mesmo jeito. - Ele se levantou e se aproximou, a expressão calma, mas não indiferente.

- O que foi dessa vez?

- Nada que te interesse.

Ele soltou um suspiro e cruzou os braços, me olhando de cima.

- Você sabe que pode falar comigo, né?

- Falar o quê? Sobre o quanto minha cabeça está ferrada? Sobre como todo mundo quer que eu me abra, como se isso fosse consertar alguma coisa? - Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, mas não me importei.

Pete não recuou. Apenas se sentou na beirada da cama, me olhando de perto.

- Talvez não conserte nada, mas pode ajudar.

Revirei os olhos.

- Você sempre tem uma resposta para tudo, não é?

- Só para o que importa. - Ele deu um pequeno sorriso, mas havia algo diferente nele dessa vez.

Por um momento, fiquei tentado responder, mas a verdade é que eu não sabia o que dizer. Em vez disso, me levantei da cama e caminhei até a janela.

- Eu preciso de ar.

- Vegas... - Pete começou, mas parei de ouvir.

Fiquei ali, olhando para fora, tentando acalmar os pensamentos.

O céu estava escuro, e as poucas luzes do hospital refletiam no vidro.

Por um instante, vi meu reflexo misturado com o de Pete, que ainda estava sentado atrás de mim.

Parecia simbólico demais para o meu gosto.

- Por que você está aqui? - Perguntei, finalmente, sem olhar para ele.

- Porque você precisa de mim.

Virei o rosto para ele, meu olhar carregado de incredulidade.

- Eu não preciso de ninguém.

Ele sorriu, um sorriso suave e cheio de algo que eu não conseguia identificar.

- Você pode repetir isso quantas vezes quiser, Vegas. Mas não vai tornar verdade.

Aquilo ficou ecoando na minha cabeça, mesmo depois que Pete saiu do quarto.

Mais tarde, Nop apareceu depois de um tempo, trazendo consigo uma expressão que oscilava entre preocupação e exaustão.

- Fiquei sabendo que a consulta foi intensa hoje. - Ele começou, se apoiando no batente da porta.

- E quem te contou isso? - Perguntei, estreitando os olhos.

- Sou eu quem mantém tudo funcionando aqui. É meu trabalho saber das coisas. - Ele deu de ombros e entrou no quarto.

- Você está exagerando. Não foi nada.

- Vegas... - Nop me olhou com firmeza. - Você não precisa esconder tudo de mim. Eu estou aqui. Sempre estive.

Por um momento, as palavras dele ficaram pairando no ar.

Não eram agressivas, nem condescendentes. Apenas reais.

- Ela quer que eu pense sobre os sonhos. - Admiti, finalmente.

- E isso te incomoda?

- É claro que incomoda! - Soltei, quase gritando. - Ela está cutucando coisas que eu não quero lembrar.

Nop cruzou os braços e ficou em silêncio, como se estivesse ponderando algo.

- Talvez seja disso que você precisa.

- Você também? - Suspirei, passando a mão pelos cabelos.

- Não estou dizendo que vai ser fácil, mas fugir disso não está te ajudando.

- Eu não estou fugindo!

Nop apenas levantou uma sobrancelha, o que foi suficiente para me irritar ainda mais.

- Eu não estou. - Reforcei, mas minha voz soou menos convicta.

Ele se aproximou e colocou uma mão firme no meu ombro.

- Você pode não estar fugindo, Vegas, mas também não está enfrentando.

O silêncio que seguiu foi pesado. Nop tinha razão, e eu odiava isso.

Ele se afastou depois de um momento, indo até a porta.

- Pense nisso. E tente não se afogar na sua própria teimosia.

Fiquei sozinho novamente, o peso das conversas do dia inteiro me puxando para baixo.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando afastar o caos na minha mente.

Mas sabia que, eventualmente, teria que enfrentá-lo. E, de alguma forma, Pete sempre parecia estar no centro de tudo.

A noite estava carregada de um silêncio inquietante. As horas pareciam se arrastar, e cada segundo fazia questão de me lembrar da confusão que minha vida havia se tornado.

Estava deitado, encarando o teto escuro do quarto, tentando organizar o caos que insistia em se infiltrar nos meus pensamentos.

Então veio o sonho.

Era diferente dos outros. Não havia o som das minhas mãos batendo no Pete, nem a culpa ardente logo depois. Dessa vez, era outra coisa.

Eu estava sentado no chão, pequeno demais para o espaço ao meu redor.

Meus olhos fitavam o piso enquanto minha respiração acelerava.

O som de passos pesados ecoava pela sala, cada batida um lembrete do que estava por vir.

- Você não vale nada! - A voz dele era um trovão. Meu corpo reagiu antes mesmo que eu pudesse entender, encolhendo-se instintivamente.

Eu me lembrava dessa sensação. Da dor antes mesmo de ela começar.

- Vegas, olha para mim! - A voz dele era uma ordem, dura e cruel.

Levantei os olhos apenas o suficiente para vê-lo. Meu pai. Ele estava parado, o rosto marcado pela raiva.

- Por que você sempre tem que ser tão inútil? - Ele avançou, a mão levantada.

E então veio o impacto.

A dor foi real, tão real que senti o peito apertar, mesmo sonhando.

Meu corpo tremia, e a visão borrada de lágrimas era familiar.

Ele gritava algo, mas não conseguia ouvir direito. Era como se o som estivesse abafado, mas a dor... essa era clara.

Acordei com um sobressalto, o corpo coberto de suor e a respiração irregular. Olhei ao redor, confuso, até que percebi onde estava.

- Vegas? - A voz de Pete me chamou, suave e preocupada.

Ele estava sentado na cadeira perto da janela, o rosto iluminado apenas pela luz fraca do luar.

- Você está bem?

- Estou ótimo. - Respondi, ríspido, tentando esconder o pânico que ainda latejava em mim.

Ele se levantou, caminhando até mim.

- Não parece.

- E quem é você para dizer como eu me sinto? - Rebati, cruzando os braços enquanto o encarava.

Pete se sentou na beirada da cama, seus olhos fixos nos meus. Não havia julgamento ali, apenas algo que parecia... compreensão.

- Você sonhou com ele, não foi?

Franzi o cenho, a garganta apertando.

- O que você quer dizer?

- Seu pai. - Ele murmurou, e minha respiração falhou.

Não respondi. Não conseguia.

Pete suspirou, inclinando-se um pouco mais para perto.

- Vegas, você não precisa fingir que está bem o tempo todo. Esse era o jeito dele de agir, mas não precisa ser o seu.

- Eu não estou fingindo. - Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, quase um sussurro.

Ele sorriu, um sorriso pequeno e quase imperceptível.

- Tudo bem. Você não precisa dizer nada. Só... não se feche para mim.

Havia algo na maneira como ele disse isso, algo que desarmou a raiva constante dentro de mim.

Não respondi, mas também não o afastei.

Pete permaneceu ali, quieto, mas próximo o suficiente para que sua presença fosse um lembrete de que, talvez, eu não estivesse completamente sozinho.

Depois de uma tentativa frustrada de voltar a dormir, acabei me levantando e caminhando até o banheiro. Quando liguei a luz, o reflexo no espelho me pegou de surpresa.

Os cortes e hematomas estavam lá, assim como o cansaço evidente nos meus olhos.

Mas havia algo mais. Algo que eu não conseguia identificar.

Fiquei ali por um tempo, observando meu próprio reflexo, como se pudesse encontrar alguma resposta na imagem desgastada que me encarava de volta.

Então, algo surgiu na minha mente.

Um flash do meu pai, de seus gritos, de suas mãos. E de mim, pequeno e indefeso, tentando encontrar um jeito de escapar.

Meus punhos se cerraram involuntariamente, e o peso daquelas memórias me atingiu como um soco no estômago.

"Você não vale nada!"

O eco da voz dele reverberou na minha mente, e, por um momento, senti como se fosse verdade.

Mas então, lembrei de Pete. De como ele havia permanecido ao meu lado, mesmo quando eu fazia questão de afastá-lo.

Voltei ao quarto e o encontrei ainda lá, sentado na cadeira e me observando com uma paciência que me irritava e confortava ao mesmo tempo.

- Você não tem mais o que fazer? - Perguntei, tentando soar irritado, mas minha voz saiu mais cansada do que qualquer outra coisa.

- Não. Estou exatamente onde deveria estar.

Revirei os olhos, mas, dessa vez, não consegui evitar um leve suspiro.

- Você é irritante, sabia?

- Já me disseram isso antes.

- Não é um elogio.

- Nunca achei que fosse.

E, pela primeira vez em muito tempo, senti algo diferente. Uma fagulha de calma no meio do caos.





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