28

Winter's pov:

"Você está escutando isso? Sim, essa é a melodia dos nossos corações."

As semanas seguintes são cheias de agitação por conta dos últimos preparativos para a performance de conclusão de curso. Jimin e eu conversamos principalmente sobre nossa composição. Mas por vezes ela me pede para ficar um pouco mais depois da aula para roubar alguns beijos. Gosto do relacionamento que estamos construindo. Eu me sinto completa pela primeira vez na vida.

Quando saio da sala numa sexta-feira encontro Ningning me esperando no corredor.

— Precisei montar acampamento aqui para conseguir um pouco de atenção da minha melhor amiga.

Sorrio e jogo a mochila sobre o ombro enquanto a acompanho.

— Você sabe que tenho andado ocupada com a faculdade.

Ela ri e desliza o braço sobre meu ombro.

— Não estamos todos? De qualquer forma, Aeri me contou da sua composição. — Não fico surpresa. Já que Aeri e Jimin são amigas, minha namorada deve ter comentado com ela. Ningning continua. — E pelo que sei te conhecendo como conheço... o trabalho de vocês deve estar perfeito.

Sorrio com seu comentário.

— Você é suspeita para falar, Ningning — Faço uma careta de brincadeira. — Mas Jimin e eu realmente nos dedicamos durante o último semestre para entregar algo a altura.

— E você por acaso já entregou algo mal elaborado nesses anos de faculdade?

— Não.

— Então é claro que dessa vez não seria diferente. Além disso sua namorada parece compartilhar dessa mesma dedicação para com a música.

Rindo, balanço a cabeça indicando que ela tem razão.

— E como está o andamento do seu projeto?

— Ah, você pode ter certeza de que vai ser o melhor da nossa turma. Aeri e eu estamos nos dedicando ao máximo para isso.

— Você sempre foi dedicada, Ningning.

— Ah, adoro quando você diz isso. Fala de novo...

Arqueio uma sobrancelha.

— Dizer o quê? Dedicada? — Ela estremece de alegria, adorando as minhas palavras. Baixo a voz e chego mais perto dela. — Você é realmente dedicada, Ningning — sussurro.

Ela fecha os olhos e passa a mão para cima e para baixo por seu peito como se estivesse extremamente excitada.

— Humm! É assim que eu gosto.

— Você é mesmo uma idiota. — Digo, sorrindo.

— E você me ama. — Eu amo. — Mas, de volta às coisas importantes. Advinha quem vai para uma das maiores exposições de arte de Seul esse fim de semana? — Ela abre um sorriso largo e enfia a mão no bolso de trás. Tira dele uma entrada e seu sorriso aumenta. — Você está olhando para essa pessoa.

Pego-a de suas mãos e sorrio.

— Onde você conseguiu isso?!

Seus olhos se voltam para Aeri, que está logo a frente conversando com uma garota.

— Tenho a melhor namorada que já existiu.

— Humm... Tenho lá minhas dúvidas — Digo, sorrindo. Ela pega e entrada de volta e a enfia no bolso.

— Eu já sei o quanto a Jimin é perfeita, mas você não vai conseguir me fazer mudar de ideia. — Ela me puxa em um abraço e eu sorrio.

Ningning tem o talento de sempre fazer as pessoas sorrirem. É um dom natural. Eu me sinto sortuda por tê-la na minha vida. Não sei se teria conseguido se não fosse por minha amiga.

Então me lembro de como fui dura com Jimin quando a conheci. O quanto nem queria estar com ela. Não tinha considerado que ela poderia ser meu porto seguro, meu lugar para chamar de lar. Porque talvez um lar não fosse um local específico.

Talvez as pessoas com quem estamos é que nos façam sentir como se pudéssemos ser quem quiséssemos.

Talvez o conceito de lar fosse sinônimo de amor.

\[...]

Depois que a aula de prática instrumental termina, sorrio para Jimin, que está um pouco a frente. Minha Jimin. Bonita, carinhosa, de olhos castanhos. Ela sorri também. A turma se retira e guardo minhas partituras na minha mochila. Jogando a bolsa nas costas, vou até ela.

— Adoro quando você se veste assim — Jimin diz, vindo ao meu encontro. Seus olhos observam meu corpo até que ela encontra o meu olhar, e me sinto aquecida. Eu amo o jeito como ela olha para mim. Como se cada parte do meu ser fosse perfeita.

— Está falando sério? — Eu estou de calça jeans e um suéter largo que deixa meu ombro esquerdo à mostra.

— Sim. Este é o meu look preferido — ela diz. Olho para minha roupa e sorrio.

— O meu também.

— Minha tia vai passar o final de semana fora.

Sorrio.

— Obrigada pela informação aleatória.

— Quero fazer um jantar para você.

Arqueando uma sobrancelha, sorrio de novo.

— Não sabia que você cozinhava.

— Tá, eu não sou uma expert como a minha tia, mas cozinho sim. — Uma frase simples, mas tão mágica, e percebo que eu posso comer qualquer coisa que ela prepare. — Faço muito mais que cozinhar... — Meus olhos descem para sua boca. Adoro essa boca. Amo tudo nela.

Mordo o lábio inferior e olho para a porta da sala de aula para ver se há alguém passando.

— Você está tentando me seduzir, Jimin?

Seu polegar roça seu lábio inferior e ela me olha de cima a baixo.

— Acho que vai ter de esperar para descobrir, Kim Minjeong.

— Você me encontra na frente da faculdade depois da aula? — Sugiro já que nossas próximas aulas seriam diferentes.

— Estarei lá.

A maneira como seus olhos dançam sobre meu corpo me deixam à vontade e confortável. Mas o que mais gosto é a forma como seus lábios e olhos sorriem para mim.

\[...]

Quando as aulas do dia acabam, eu vou para a entrada da faculdade. Estou olhando algumas notificações no celular quando escuto passos atrás de mim. Ao me virar, sorrio ao ver o All Star de sempre chutando pedras invisíveis.

Começo a chutar pedras invisíveis também.

Meus olhos encontram os de Jimin, e ela abre aquele sorriso bobo que sempre me alegra.

— Me desculpe por ter demorado — ela diz, chegando perto de mim. — Eu precisei atender uma ligação antes de sair.

Ela estende o dedo mindinho para mim. Eu o enrosco no meu.

— Era algo importante? — Pergunto.

— Minha mãe chega em duas semanas. Ao que parece ela vai passar uma temporada aqui em Seul e quer que eu vá ficar com ela. Minha tia está cuidando das questões relacionadas à moradia. Fiquei surpresa com o comunicado, mas confesso que estou achando isso uma ideia agradável.

Sinto um aperto no peito e me aproximo dela. Estamos tão próximas que nossos lábios quase se encostam. Sinto sua respiração quente na minha pele, na minha alma.

— Você está mesmo bem com isso? — Pergunto.

— Estou — ela responde.

Jimin coloca meu cabelo para trás da orelha.

— Agora vamos?

\[...]

Fazia um bom tempo desde a última vez em que estive na casa de Jimin. Ela sorri quando abre a porta, pega minha mão e a beija. Meus olhos se voltam para o chão e sorrio levemente.

— O que foi? — Ela pergunta.

Levanto a cabeça e a balanço de um lado para o outro.

— Nada. É só... há tanta coisa a esperar entre nós duas, né?

— É, acho que sim. — Ela não solta minha mão depois que a beija. Segura-a enquanto me guia para dentro de casa.

— Vocês tem uma incrível coleção literária aqui — digo, enquanto passamos pelo escritório de Joohyun, que está com a porta aberta. É notável a quantidade de livros que estão disposição.

— Minha tia adora ler. Temos algumas das obras de Shakespeare a disposição se você gostar de clássicos — Ela sorri. Eu fico de queixo caído.

— Você gosta desse tipo de leitura?

— Gosto.

— Por que nunca comentou antes?

— Ah, isso é fácil. Você nunca me perguntou nada sobre isso. — Ela contorna meu rosto com um dos dedos.

— Eu acho garotas que lêem fascinantes.

— Então acho que eu sou fascinante.

Jimin enlaça minha cintura e me levanta no colo.

— Que sorte a sua, não? — Ela pega meu lábio inferior entre os dentes e o puxa de leve. Meu corpo responde de forma imediata ao seu toque. Minhas mãos pousam em seu peito, e quando ela solta meu lábio, dou-lhe um beijo suave.

— Bem, você não leu para mim ainda.

Ela sorri, me colocando na bancada da cozinha.

— Vamos fazer o jantar.

Balanço a cabeça.

— Eu não vou fazer o jantar. Você é quem vai.

Sorrindo, fico observando enquanto ela anda pela cozinha, pegando os ingredientes para o “jantar do século”, como o chamou.

Meu sorriso se alarga quando vejo a praticidade com que ela aquece um wok e despeja óleo e alguns ingredientes em seu interior. É impossível não sentir fome quando o aroma de especiarias invade o ambiente.

— E você disse que não era nenhuma especialista na cozinha?

— E eu não sou. Mas conviver todos esses meses com Joohyun tem lá suas vantagens. A gente acaba aprendendo uma coisinha ou outra. — Ela ri. — Eu sempre pensei que ela fosse seguir carreira culinária.

Jimin para por um momento.

— O que houve? — sussurro, olhando-a encher uma panela de água. Ela coloca a panela no fogão e acende o fogo.

Andando até onde me deixou, ela afasta minhas pernas e para entre elas.

— Não é nada. Não quero trazer nenhuma conversa mais pesada para a hora do jantar.

— Nós ainda não estamos comendo.

O ambiente fica em silêncio. Jimin olha para mim, e eu, para ela. Ela coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu estava pensando no meu amigo. A mãe dele ainda reluta bastante, mas ao menos está tentando entender e aceitar o filho como ele é — Ela olha pela janela da cozinha, em direção ao quintal. Sua voz é cortante como uma faca. — Se a mãe do meu irmão tivesse agido da mesma forma, talvez as coisas hoje fossem diferentes. — Levo minhas mãos até seu rosto e o puxo para perto. — Talvez Insoo estivesse vivo.

Meus olhos se enchem de tristeza por ela, e os seus se enchem de remorso. Beijo-a intensamente, indicando o quanto eu lamento pelo pior dia da sua vida, desejando que eu possa dissipar a dor.

Uma mecha de seu cabelo castanho cai em seu rosto e eu a coloco de volta para trás. Quando nossos lábios se separam, sinto falta de seu gosto. Penso que ela sente falta do meu, também, com base na forma como ela me beija de novo.

— Como se supera algo assim? — Pergunto. Ela muda de posição e dá de ombros.

— Fácil. Não se supera. A gente apenas aprende a conviver com isso.

— Você sabe como seu pai e a mãe dele estão? — Pergunto, lembrando que conheci Eun durante nossa viagem a Busan.

— Tenho conversado com meu pai, ele me disse que eles estão levando a vida como podem. Mas a verdade é que nunca vão conseguir superar o que aconteceu. Principalmente as circunstâncias que levaram a isso.

Os ombros de Jimin caem e seus olhos se contraem.

— Aquilo foi uma tragédia — ela murmura. — Mas eu não quero mais falar sobre o acidente. Quero lembrar do meu irmão e dos momentos bons que compartilhamos. Quero seguir em frente por nós dois. — Não falo nada, mas a puxo para mais perto. — Podemos falar de você em vez de mim? — Ela pergunta em voz baixa.

Depois que assinto, ela continua.

— Como estão as coisas com seu pai? — Ela sussurra, colocando as mãos nos meus quadris.

— Distantes.

É apenas uma palavra. Mas é poderosa. Uma palavra que colocou um limite para meu relacionamento com meu pai. Uma palavra com a qual eu tenho que aprender a conviver. Uma lágrima rola pelo meu rosto e ela a beija. Jimin me dá o mesmo beijo intenso que recebeu de mim. Seus beijos tem gosto de eternidade.

— E como você está lidando com isso? — Ela questiona.

Levanto a palma da minha mão, e ela levanta a dela, juntando-as.

— Não vou negar, ainda sinto falta dele — sussurro, olhando para nossas mãos. — Mas não posso deixar que isso seja um mártir em minha vida. Eu preciso seguir em frente e fazer cada dia valer a pena.

Sua outra mão se levanta e desta vez eu coloco a minha na dela. Entrelaçamos nossos dedos.

— E você acha que isso vale a pena?

— Eu tenho certeza.

Ela sorri.

Chego meus quadris mais para perto dela, e ela começa a beijar meu pescoço lentamente, amorosamente.

— Jimin. — Fecho os olhos enquanto seus beijos percorrem meu ombro.

— Sim? — Ela murmura.

— Isso é bom — suspiro enquanto sua língua corre para cima e para baixo no meu ombro.

— Eu sempre quero que você se sinta bem. — Seus olhos castanhos se fixam em mim e ela sorri, pousando os lábios na minha testa. — Eu te amo, Kim Minjeong.

Respiro fundo e solto o ar.

— Eu também te amo, Yoo Jimin. — Olhamos uma para a outra, rindo da loucura da nossa situação. Esse pode ter sido meu detalhe favorito dessa noite. Nós duas nos amamos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top