Capítulo 9

-O que você quer agora, princesa? –Tento parecer o mais indiferente possível. Ariel não merece uma gota de sentimentos vindos de mim.

O garoto começa a dizer algo, mas percebe que estamos no meio do corredor da escola, então de repente sou arrastada e empurrada para uma sala vazia enquanto ele tranca a porta por dentro como uma cadeira. –Era só o que me faltava! Já não basta me atazanar o resto do dia, agora tenho que ficar aqui sozinha com você?

Posso sentir minhas bochechas ficando quentes de raiva. Ariel ainda não diz nada, mas se aproxima cada vez mais de mim, o que me deixa apreensiva.

-Você gostou do beijo dele, mais do que do meu? –Alguém me explica o que está acontecendo aqui?

-Do que diabos você está falando, garoto?

Solto em um grito, mas me controlo quando lembro que estamos trancados em uma sala e qualquer um pode nos escutar do lado de fora.

-Responde, Melissa!

-Eu realmente não entendo o que você está falando seu louco!

-Ricardo. –Ele rosna e seu rosto adquire aquela expressão tempestuosa de mais cedo. Depois de alguns segundos finalmente entendo o que ele está dizendo.

-Ah, mas eu não consigo acreditar nisso! Primeiro você me beija daquele jeito, depois sai correndo e dizendo que foi um erro e agora vem querer tirar satisfações sobre meu beijo com Ricardo? Você realmente tem que se tratar, porque está louco garoto. -Ariel me olha e olha e minha raiva vai crescendo cada vez mais. Quem esse idiota pensa que é? –E se você quer saber mesmo, o beijo de Ricardo foi mil vezes melhor que o seu! –Praticamente cuspo a frase na sua cara e recebo um olhar totalmente diferente do de antes. Seus olhos agora adquirem um ar de desafio. Merda.

-É mesmo? Será que você sentiu seu corpo se incendiar enquanto o beijava? –Dá um passo na minha direção. –Ou será que sentiu como se estivesse prestes a voar e não estava nem aí para a queda? –Outro passo. –Ou talvez, sentiu que estava aonde deveria exatamente estar? –Agora ele está bem na minha frente. Tento dar um passo para trás, mas o garoto conseguiu me encurralar contra a parede. Tento me mover, mas ele coloca os dois braços um de cada lado do meu rosto.

-Não se atreva! –É o único que consigo dizer antes dele colar sua boca na minha.

No começo resisto e não me entrego para ele. Minha boca permanece fechada o que o faz ficar mais bravo. Ariel segura meu rosto com as duas mãos e morde levemente meu lábio inferior, roubando um gemido meu e aproveitando essa brecha para me invadir com sua língua experiente.

Aquela explosão no estômago volta com tudo e a única coisa que passa pela minha cabeça é: como você pode mentir desse jeito dizendo que o beijo de Ricardo foi melhor do que isso?

Agora suas mãos estão na minha cintura, me explorando, me descobrindo, me marcando. De repente sou puxada para cima e automaticamente enrosco minhas pernas na sua cintura sentindo o volume da sua deliciosa ereção. Mas que merda estou pensando? Desde quando virei tão.... Promíscua? Como sei que sua ereção é deliciosa? Eu nunca dormi com ninguém, por Deus!

Se alguém me dissesse a algumas semanas atrás que eu estaria beijando alguém desse jeito tão indecente dentro de uma sala de aula, com o risco de ser descobertos a qualquer momento, eu daria risada na cara dessa pessoa.

Ariel traz à tona esse meu lado selvagem e inconsequente e o pior de tudo isso, é que eu estou gostando. E muito.

Como se não estivesse perto o suficiente, ele me puxa e sou capaz de sentir as batidas desenfreadas do seu coração.

Em um minuto sua boca está sobre a minha e no segundo depois, ele beija meu pescoço e sinto que o faz de uma forma bastante rude.

-Você acaba de deixar um chupão no meu pescoço? –Ofego. Ainda não consigo respirar normalmente depois da seção de amassos.

-Eu acho que sim. –Responde sem nenhum arrependimento na voz.

-Por que você fez isso? –Pergunto calma até demais.

-Não sei... foi no calor do momento.

Posso ver que o babaca está mentindo. Quero brigar com ele, dizer para nunca mais fazer isso, mas suas mãos começam a subir por baixo da minha blusa enquanto sua boca volta para o meu pescoço e eu esqueço até do meu nome. Seus dedos se encaixam em um dos meus seios e até parece que foram feitos um para o outro. Ele brinca com meu mamilo inchado por alguns minutos enquanto sua boca devora a minha e eu sinto que estou prestes a explodir.

Uma sensação estranha se constrói no meu estômago e eu não consigo identificar o que é, o único que sei, é que é deliciosa, intensa, é.... maravilhoso.

Choramingo algumas vezes e Ariel engole cada gemido. Posso sentir que ele está tão no limite quanto eu e sei que é hora de que alguém nessa sala seja responsável.

-Ariel, precisamos parar. –Suspiro. –Podemos ser descobertos.... oh por Deus. –Ele morde minha orelha, fazendo caso omisso do que estou dizendo. –Ariel, temos que voltar para a aula, vamos levar falta!

-Eu estou me fodendo para a aula, Melissa. –É sua resposta, seguida de mais beijos.

Continuamos por mais alguns minutos, até que alguém começa a girar a maçaneta da porta.

-Oh por Deus, vão nos descobrir! –Sussurro me desvencilhando do seu aperto e arrumando minhas roupas o máximo que posso para não parecer que estava aos beijos com alguém nessa sala.

Ariel se senta em uma cadeira e observa enquanto eu fico louca tentando parecer o mais normal possível. Posso ver a diversão nos seus olhos.

-Você vai ficar aí parado babaca? –Grito em um sussurro e ganho um sorriso maroto. Olho torto para ele e o sorriso aumenta ainda mais. Idiota.

A maçaneta continua girando e eu entro cada vez mais em desespero.

De repente, o garoto se levanta, e como se nada estivesse acontecendo, tira a cadeira da porta e gira ele mesmo a maçaneta.

Eu sinto que vou desmaiar. Se formos parar na direção novamente, eu tenho certeza que a diretora não vai deixar passar batido dessa vez. Merda no que diabos eu fui me meter? Eu deveria ter exigido que ele me deixasse sair, ou eu mesma ter aberto a maldita porta, por acaso sou alguma garotinha indefesa? Você é uma garota muito burra, Melissa, isso sim!

Me preparo psicologicamente para receber uma bronca daquelas, mas os minutos passam e ela não vem. Na verdade, Ariel está conversando tranquilamente com a pessoa do outro lado da porta.

Minha curiosidade me vence e caminho até ele.

Quase dou pulos de felicidade quando vejo quem é a pessoa enxerida.

-Becca? O que está fazendo aqui? –Digo entre sorrisos e percebo que posso ter soado um pouco incomodada.

Minha amiga olha de mim para Ariel e dá uma risadinha antes de responder.

-O professor pediu para ver onde os pombinhos estavam e como vi que vocês tinham entrado aqui, me ofereci para vir busca-los, antes que outra pessoa os descobrisse.

É oficial, amo essa garota. Espera, pombinhos?

-Becca, nós estávamos discutindo, uh, algumas coisas do stand para a feira. O Ariel trancou a porta para não sermos incomodados....

Tento soar o mais verídico possível, mas o olhar que recebo é um de descrença total, e para ajudar, Ariel dá uma piscadela para minha amiga, tirando total credibilidade do que acabei de dizer. Mas que idiota esse garoto, senhor!

-Bom, então é isso Ariel, acabamos de ver os últimos detalhes depois.

Puxo minha amiga pelo braço e praticamente a arrasto até a sala de aula.

Alguns minutos depois, Ariel passa pela porta como se fosse o dono do lugar, e senta na sua cadeira.

O resto das aulas passam normalmente, mas eu não consigo tirar aquele beijo da minha cabeça. Caramba, como um garoto tão idiota pode beijar tão bem?

-Mel! –Becca me sacode.

-O que foi, criatura!

-O Ariel não deixa de olhar para você! Ele está caidinho! E você tem que dar um jeito nesse chupão amiga.

-O que? –Automaticamente levo minha mão ao lugar que o babaca deixou o maldito chupão. Eu vou mata-lo!

O procuro pela sala, e quando o encontro, lanço um olhar furioso. Espero que ele desenvolva magicamente o poder da telepatia para poder saber todas as coisas que estou pensando fazer com ele nesse exato momento. Demônios.

Peço licença para ir ao banheiro e levo uma base de Becca emprestada. Isso vai ter que bastar por agora.

Tento cobrir o máximo que posso a marca vermelha arroxeada, mas infelizmente, o garoto sabia o que estava fazendo.

O que mais me preocupa agora, é como vou explicar para os meus pais, o aparecimento de um roxo no meu pescoço. Dá vontade de levar Ariel até a minha casa e deixar que ele se explique. Quem sabe tenho sorte e ele recebe uma boa lição do meu pai.

Dou os últimos retoques e volto para a sala, meus olhos caem direto no garoto que agora conversa animadamente com uma loira de olhos azuis. Ela dá risada de qualquer besteira que ele diz e coloca a mão no seu bíceps. Argh, que oferecida. Como se soubesse que está sendo observado, Ariel olha de volta para mim, e sua expressão risonha se transforma em uma carranca. Esse menino só pode ser bipolar. Não há outra explicação.

Faço uma careta para ele e me sento do lado de Becca novamente.

-Uau, você fez um bom trabalho! Não dá para perceber nada. –Minha amiga elogia.

-Sim, se meus pais virem esse chupão, pode buscar outra melhor amiga, porque eu vou estar mortinha.

-Vamos Mel, não exagera! Eles também foram adolescentes, o máximo que vão fazer é te colocar de castigo, ou pelo menos tentar! –Ela dá risada, lembrando da última vez que meus pais me colocaram de castigo por culpa de quem? Ariel.

Finalmente o sinal toca e vamos para nossa última aula. Caminhamos até a sala e fico apreensiva. Daqui exatamente quarenta e cinco minutos, terei que ficar sozinha novamente com Ariel. Eu não sei se aguento outro beijo daqueles, hoje não.

-Mel! –Alguém grita e dou a volta para ver quem é.

-Ah, oi Ricardo! Tudo bem com você? –Cumprimento o garoto da forma mais casual possível.

-Sim, sim. E aí, o que vão fazer depois das aulas? –Ele inclui Becca na pergunta. Garoto inteligente.

-Uh, eu tenho que fazer o stand para a feira de jovens empreendedores... tenho que ficar todos os dias depois das aulas até sexta feira na verdade. –Faço uma cara triste.

-Que pena, Mel! Eu ia convidá-las para dar uma volta com Jonathan e as meninas, mas se não pode ir, tudo bem.

-Ei, eu não preciso ficar até depois das aulas! –Becca protesta, provavelmente se sentindo excluída da conversa.

-Oh, claro! Então você vai querer ir, Becca? –Ricardo pergunta, mas ele olha para algo atrás de mim.

-Claro que sim! Se Jonathan vai estar, eu também vou.

Minha amiga dá risada.

Percebo que Ricardo começa a ficar com o rosto vermelho e no começo não entendo se ele está tendo alguma reação alérgica ou o que diabos está acontecendo, até que uma sombra paira do meu lado.

-Se vocês não quiserem chegar tarde e ganhar uma falta, é melhor irem logo para a aula. –Ariel diz olhando diretamente para Ricardo.

-Uh, e desde quando você se preocupa com isso, Ariel? –Pergunto seca e se ele tivesse olhos laser, eu poderia ter morrido queimada com o olhar que recebo dele.

-Que seja, façam o que quiserem então.

Somos deixados a sós novamente e Becca olha para mim levantando uma sobrancelha.

-Ele tem razão amiga, e eu não posso mais levar faltas nessa matéria, vamos!

-Tudo bem, até mais então, Ricardo! Nos vemos qualquer dia desses.

-Até. –Ele responde simplesmente e se vai.

-Ai, amiga, só você para ter o anjo e o demônio aos seus pés! –Becca brinca e não consigo deixar de rir.

-Na verdade só o anjo né, porque o demônio me odeia! –Pisco.

-Se é isso que você quer acreditar, tudo bem, mas não finja que não sabe que Ariel só foi falar conosco, porque estávamos conversando com Ricardo.

Não respondo nada. Becca é uma romântica incurável, ela vê coisas onde realmente não existem e para ajudar, é uma cabeça-dura.

Para quando eu conseguir faze-la entender que eu e Ariel não temos nada, já seremos duas idosas banguelas.

Entramos na sala dando risadas e conversando sobre qualquer coisa sem sentido. Nos sentamos no nosso lugar de sempre, mas dessa vez, Ariel senta bem do meu lado.

-O que está fazendo aqui? Vá para o seu lugar! –Sussurro para o garoto.

-Por acaso é proibido sentar aqui? –Debocha.

-Não, mas eu pensei que gostasse de se sentar no fundo e ter toda a atenção das cabeça-ocas.

-Está com ciúmes, gata?

-EU? Com ciúmes de você? Jamais! –Olho dramaticamente o garoto de cima a baixo.

Me viro e o deixo com a boca aberta. Isso mesmo, é bom começar a aprender que comigo o buraco é mais embaixo.

Converso com Becca como se não tivesse um moleque que me tira do sério bem do meu lado e alguns minutos depois, o professor chega já nos enchendo de trabalhos e perguntas.

A aula de matemática é a que mais odeio. Não porque não goste da matéria, mas porque o professor é um doido.

Depois de quase meia hora, fecho os olhos e tudo o que vejo são números.

Quase pulo de alegria quando o sinal toca indicando que a aula finalmente acabou, mas quando lembro o que me espera, essa felicidade vai toda pelo ralo.

Saímos da sala e acompanho Becca até o estacionamento. Deixo meus materiais no porta malas do carro e me despeço da minha amiga.

-Vê se faz alguma coisa e trate de não ficar aos beijos com o gato do Ariel.

-Becca, ele me beijou e eu tentei resistir, mas ele me agarrou, aquele babaca, e eu tenho que fazer esse stand, senão vamos ficar sem notas e levar uma suspensão.

-Amiga, quando um não quer, dois não brigam!

Ela pisca o olho e me manda um beijo ao mesmo tempo e sai disparada pelo estacionamento na enorme motocicleta fazendo um barulho infernal.

Balanço a cabeça e volto a entrar na escola. Ariel está me esperando na frente da sala onde vamos fazer todo o trabalho e com um floreio abre a porta de madeira vermelha.

-Primeiro as damas! –Ele diz e faz sinal para que eu entre.

-Ah, agora você é um cavalheiro? –Brinco.

Sua risada rouca me arrepia e me faz lembrar do beijo que compartilhamos horas atrás.

Ele fica serio de repente, e se aproxima de mim, me fazendo suspirar em antecipação. Quando penso que vou receber outro beijo daqueles, Ariel me contorna e começa a mexer em algumas madeiras espalhadas pelo chão.

-Babaca. –Sussurro e escuto outra risadinha. 

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