Capítulo 16
Hannah encerra a ligação e fico olhando para o celular por uns dez minutos, como se de repente fosse sair alguma explicação do aparelho para o que acaba de acontecer. O que essa garota tem na cabeça, minhoca? Isso já está beirando à obsessão, e eu realmente não quero estar no meio dessa confusão toda.
Desbloqueio o celular e ligo para Ariel. Decido fazer o que Becca diz e não me precipitar.
O celular toca umas dez vezes e nada dele atender. Insisto e depois da quarta tentativa ele finalmente atende.
-Alô, ah oi Melissa, eu não posso falar com você agora, estou muito super ocupado e..... Já vou! –Uma voz muito parecida à de uma mulher o chama e ele responde. –Amanhã conversamos na escola, ok? –E desliga.
O que está passando com esse povo? Deito na cama e fecho os olhos. Não vou surtar, não vou surtar! Merda! Eu sabia que namorar ia trazer só problemas para mim! Eu não deveria ter escutado à minha amiga louca, deveria ter dito algo como "se você quer namorar o Ariel, vá em frente, eu não quero problemas! ", dado a volta e ido embora.
Agora estou aqui quase duas horas depois, sem conseguir dormir por um segundo sequer. Se amanhã eu aparecer com cara de zumbi na escola, vou ser obrigada a bater em alguém. Não que eu ligue muito para a aparência, mas tudo tem limites.
Resignada, me levanto e vou até a cozinha para beber um copo de leite quente, vai que assim consigo dormir.
Quando estou quase chegando, escuto vozes. Meus pais estão acordados a essa hora? Vou de fininho até a porta e observo os dois.
Minha mãe encostada no balcão da pia e meu pai pegando algo na geladeira. É um pedaço do que sobrou do bolo que compraram hoje à tarde. Ele coloca uma colherada na boca dela e acaba deixando uma marca de chantili no seu queixo. Os dois começam a rir e ele tampa sua boca, obviamente para não acordar os filhos, ou seja, eu e Max.
Fico maravilhada com a cena, o amor dos dois é tão grande, que eles não deixaram de fazer as coisas que faziam antes de se casar e eu acho tão lindo isso.
Balanço a cabeça e volto para o quarto. Não quero interromper esse momento entre eles. Deito novamente na cama, desligo o celular e começo a cantar algumas músicas, quando era criança isso sempre me fazia dormir rápido.
Depois da terceira música, sinto meus olhos ficando pesados e caio em um sono profundo.
[**********]
Acordo com o barulho do despertador perfurando meus tímpanos. Busco o aparelho e quando o encontro, soco o botão de desativar, sentindo um grande alívio quando a música para de tocar.
Me levanto por obrigação e vou até o banheiro tomar banho e me arrumar.
Alguns minutos depois, fresca e um pouco mais acordada, vou para a cozinha tomar meu café da manhã.
Mamãe prepara o café cantando feliz e papai observa tudo com um olhar apaixonado no rosto. Se me perguntassem quem quero ser quando crescer, diria que eles dois.
Max come seu sanduiche totalmente alheio à situação e eu me sento do seu lado.
-Bom dia garotinho. –Digo bagunçando seu cabelo penteado perfeitamente.
-Um: eu não sou mais um garotinho, e dois: deixa de bagunçar meu cabelo, Melissa, que saco! –Ele me olha com cara de poucos amigos e eu seguro para não soltar uma gargalhada. Mamãe percebe a cena e me lança um olhar estranho.
-Qual é Max, você sempre vai ser meu bebezinho! –Dou um beijo estalado na sua bochecha e ele limpa rapidamente antes de praticamente gritar.
-Mamãe! Diz para ela que eu não sou um bebê!
Mamãe me repreende com o olhar e como se uma lâmpada se acendesse no meu cérebro iluminando tudo, eu entendo o que está acontecendo.
Me levanto e vou até o seu lado e não perco tempo em sussurrar no seu ouvido.
-O Max está apaixonado? –Tento não rir.
-Sim! –Ela sussurra de volta. –E você tem que ver! Ela é uma gracinha! –Seus olhos brilham de emoção.
-Sério? Quem é? –Pergunto curiosa.
-Lembra da filha da diretora do colégio? –Assinto mesmo sem ter ideia de quem ela está falando. –Então, o nome dela é Nicole, ela é tão linda, Mel!
-Que bom, só espero que com a primeira paixonite, não venha junto com a primeira decepção...
Recebo um tapa no braço.
-Ai! Porque isso? –Pergunto esfregando o lugar.
-Porque você é muito malvada! Eles vão namorar, quando crescer é claro, e vão se casar e ter lindos filhos e....
-Uau! Você acaba de entrar para o grupo de mães casamenteiras! Felicitações! –Brinco e recebo outro tapa no braço.
-É melhor eu ir para a escola logo, antes que não consiga dirigir de tanto que estou levando tapas! –Dou risada e pego uma maçã e roubo um suco de caixinha de Max enquanto ele está distraído. Mamãe dá risada enquanto substitui o suco sem ele nem perceber.
Jogo um beijo para ela e digo que amo a todos enquanto espero o elevador chegar.
Dirijo até a escola olhando o caminho sem realmente prestar atenção.
Estou aérea e o motivo tem nome e sobrenome. Ariel Albuquerque.
Quando chego no estacionamento, sua moto está estacionada do mesmo jeito que ontem e ele está encostado nela mexendo no celular.
Ele teve a decência de me deixar espaço.
Desligo o carro, saio e fecho a porta ruidosamente chamando sua atenção.
Passo por ele sem nem dizer bom dia e caminho em direção ao colégio.
Ele me chama algumas vezes mas finjo que fiquei surda de repente, porém como estamos falando de Ariel, ele me alcança em segundos e me puxa pelo braço me fazendo parar derrapando.
-Vamos Melissa, eu disse que íamos conversar hoje, mas fica difícil se você não quiser me ouvir! –Sua voz frustrada me faz olhar para o seu rosto e o que vejo me preocupa. Seus olhos profundos e sua expressão cansada indicam que ele não deve ter dormido muito.
-Será que podemos conversar no recreio? Estamos atrasados para a aula. –Digo, meu orgulho dando as caras como sempre.
-Eu não estou nem aí para a aula, Mel. –Me puxa para dentro da escola e me leva até a sala onde fizemos os trabalhos para a feira de amanhã. Quando estamos lá dentro, ele tranca a porta com a cadeira e eu me encosto na mesa, já que é a única coisa na sala além do nosso stand e dos armários cheios de tralhas.
Ariel se aproxima e se coloca entre as minhas pernas. Suas mãos vão parar na minha cintura e ele dá um beijo demorado no meu pescoço.
-Eu adoro o seu cheiro, sabia? –Suspira profundo e suas mãos sobem pelas laterais do meu corpo me fazendo arrepiar.
Se eu não parar isso agora, vamos acabar fazendo alguma besteira como da última vez.
Saio do seu agarre e ando até o outro lado da sala, preciso do tanto de distância dele que puder.
O garoto balança a cabeça e se vira ficando na mesma posição que eu estava a minutos atrás.
Seu olhar preocupado quase me faz recuar. Quase.
-Então, você disse que queria conversar, estou escutando. –Minha voz sai mais seca do pretendia e Ariel arregala um pouco os olhos e começa a falar.
-Melissa, olha você já sabe que Hannah é filha de uma amiga do meu pai, a parte que acho que não te contei, é que sua mãe é sócia do meu pai no The Pub, ontem ela tinha que buscar uns livros de vendas que estavam no escritório dele lá em casa, só que ela deveria passar só mais tarde, eu não entendi porque ela foi mais cedo...
Ele para de falar e respira fundo enquanto tenta entender minha reação.
-Eu entendo, mas o que não entra na minha cabeça, é porque você praticamente me enxotou da sua casa quando ela apareceu, nem disse que estávamos juntos e depois recebo uma ligação à meia noite da garota dizendo que você só me usou para perder a virgindade e que estava com ela agora.
Enquanto estou dizendo tudo isso, vejo que os olhos do garoto vão ficando cada vez maiores.
-Ela disse o que? –Ele grita e em segundos vem parar na minha frente. –Melissa, eu nunca faria isso com você nem com ninguém!
-Olha Ariel, eu não sei até onde você diz a verdade, afinal como ela sabia que você era virgem?
-E-eu não sei! Eu devo ter contado a ela quando conversávamos pela internet, eu não lembro! Melissa, você precisa acreditar quando te digo que eu não estou te usando, senão como você explica o fato de que eu acordo pensando em você e nos seus beijos? Quero passar o máximo de tempo possível ao seu lado, sentindo seu calor... eu... merda. –Ele passa as mãos no rosto e vejo que está desesperado para que eu acredite nele. No começo não digo nada, fico em silencio pensando e absorvendo suas palavras.
Devem passar uns dez minutos até que suspiro e balanço a cabeça.
-Vou te dar esse voto de confiança, princesa, -um sorriso escapa da sua boca ao escutar o apelido –mas saiba que eu não tolero mentiras.
Sério, odeio que mintam para mim.
Ele assente com a cabeça e se aproxima de mim devagar, quiçá com medo da minha reação. O que ele não sabe, é que eu também vou dormir e acordo pensando nos seus beijos.
-Será que posso te dar um beijo agora? –Olha para minha boca e eu sinto um leve poder nas minhas mãos.
-Só depois de dizer o que aconteceu ontem que você não podia conversar. –Eu sei, estou sendo tão infantil, mas minha curiosidade está me vencendo e eu não consigo me segurar.
-Ah, isso. Houve um problema no bar, e como sempre me chamam para resolver, mas está tudo bem agora.
-Okay. –Digo e coloco minhas mãos no seu pescoço enquanto colo minha boca na sua. Mordo seu lábio inferior e ele geme em resposta.
Suas mãos apertam minha bunda e sou levada até a mesa e em questão de segundos enquanto seu toque invade minha pela por baixo da blusa até chegar nos meus seios cobertos pelo sutiã de renda branca.
-Ariel.... –Ele beija meu pescoço e me leva à loucura. –Ariel! –Digo mais forte e ele para imediatamente. –Vamos para a sala logo antes que alguém sinta a nossa falta! Não quero levar uma suspensão nessa altura do campeonato.
Abaixo minha blusa e ajeito o meu cabelo bagunçado antes de tirar a cadeira da porta. Vejo Ariel lutando para arrumar a ereção e dou risada enquanto decido ajuda-lo. Coitado.
-Hum, calcinhas marrons, velha de biquíni, peito peludo...
-O que você está dizendo, Melissa? –Sua expressão nervosa vai se desfazendo à medida que ele percebe minha jogada. –Garota inteligente! –Beija meu nariz e abre a porta, mas estanca na mesma hora.
-Hannah? O que está fazendo aqui? –Me escondo atrás da porta aberta enquanto ele fala com o projeto de Lúcifer não diz nada.
-Oh, Ariel, eu escutei algumas vozes e vim ver se estava tudo bem, não quero que destruam o stand, você sabe como tem gente doida nessa escola né? –Mas que cínica!
-Hum, não era só eu mesmo, estava falando no telefone. Mas agora preciso ir para aula, então.... Você me acompanha até lá? –Ele sai e fecha a porta e eu solto a respiração devagar. Droga.
Espero alguns minutos para sair e ir direto para a sala. Quando entro todos me olham com aquela famosa cara de julgamento e eu balanço a cabeça sem nem me importar. Sento do lado de Becca e ela quase pula em cima de mim para saber o que estava acontecendo.
Conto tudo para minha amiga em sussurros e recebo uma chamada de atenção do professor. Paro de falar e prometo continuar a conversa no intervalo.
Arrisco uma olhada para Ariel, mas ele está concentrado no seu maldito caderno então volto a olhar com a cara amarrada para o quadro cheio de fórmulas matemáticas.
"Você fica tão gata quando está brava. " -O meu telefone vibra com a chegada da mensagem.
"Quem te disse que estou brava? " –Respondo com cuidado para não ser descoberta.
"Vi como você olhava para mim. "
"Eu nem estava olhando para você, convencido. "
"Estava sim, deixa de negar. "
"Como você sabe, se estava concentrado nesse caderno idiota? "
"Ei, não culpe meu caderno por isso, e eu sei porque não consigo deixar de olhar para você, ainda quando parece que não o estou fazendo. "
Fico olhando igual uma boba para a tela do celular e acabo sorrindo sem nem perceber.
-Melissa! Deixa o celular e presta atenção na aula ou vou ter que confiscar o aparelho! –O senhor Meireles ameaça e eu o guardo rapidamente na bolsa. Becca ri do meu lado.
-Aí, você está caidinha, isso é tão fofo! –Sussurra e dou uma cotovelada na sua costela e ela solta uma gargalhada.
-Se as duas não pararem de conversar, vou manda-las para a direção! –Levamos outra bronca e Becca faz um sinal de fechar a boca com um zíper e leva um olhar raivoso do professor. Eu seguro uma risada para não cutucar ainda mais a fera.
As aulas passam rápido e quando percebemos estamos saindo da escola e indo para nossas casas. Contei o resto da história para Becca no intervalo e ela quase me bate em defesa de Ariel.
Caminhamos rindo pelo estacionamento e o encontramos sentado no capô do meu carro.
Olho por alguns segundos e como se ele percebesse que está sendo observado, levanta a vista e abre um sorriso sincero quando me vê.
Paro bem na sua frente e suas mãos vão parar quase imediatamente na minha cintura.
-Vamos para minha casa? –Diz enquanto morde minha orelha.
-Não posso, combinei de ir ao cinema com Becca, estamos indo depois do almoço, ela vai comer na minha casa.
-Tudo bem, nos vemos amanhã então na feira! Vê se não se atrasa gata! –Dá um tapa na minha bunda, se levanta do capô e caminha até a sua moto. Becca observa tudo com os olhos arregalados e tenho que arrastá-la até o carro porque acho que se esqueceu de como caminhar.
-Caramba! Esse garoto é perfeito para você! –Solta de repente quando estamos quase chegando na minha casa.
-Isso eu não sei, mas eu até que gosto de sair com ele. –Dou risada enquanto minha amiga engasga com o suco que estava tomando. –É bom não contar a ninguém que te disse isso ou vou trocar sua tinta rosa choque por verde limão. –Ameaço e ganho um tapa no braço. Parece que todos adoram fazer isso comigo, só pode.
Estaciono na garagem e subimos pelo elevador conversando sobre o filme que vamos ver. Quando entramos no apartamento, somos recebidas pelo cheiro maravilhoso de comida.
Almoçamos e rimos com as palhaçadas de Max. Ele e Becca se dão muito bem, ele ama o cabelo dela sempre faz questão de dizer que ela fica muito bonita com essa cor. São as únicas vezes que a vejo ficar ruborizada. Minha amiga não é muito boa com elogios.
Depois de ajudar a lavar a louça suja, nos despedimos dos meus pais e de Max e vamos até o cinema.
Compramos pipocas, refrigerantes e guloseimas e entramos na sala preparadas para morrer de medo. Ambas gostamos de terror e escolhemos um filme que estávamos esperando a muito tempo pela estreia.
Quase duas horas depois, saímos com medo de qualquer coisa que passe pela nossa frente e quase morremos de susto quando alguém toca meu ombro pedindo licença, depois quase nos dobramos de tanto rir.
Deixo Becca na casa dela e vou direto para a minha me preparar para a feira de amanhã.
Encontro a casa sozinha e lembro que papai comentou algo sobre ir passear com Max. Vou direto para o meu quarto tomar um banho demorado e colocar um pijama. Preciso recuperar a noite de sono perdida ou não vou aguentar amanhã.
Quando estou quase dormindo, recebo uma mensagem de Ariel.
"Estou com saudades, sabe o que seria perfeito agora? " –Sorrio quando leio as palavras.
"Hum, na verdade não. "
"Você aqui na minha cama, bem embaixo de mim. " –Manda uma foto do peitoral para baixo e posso ver o volume na sua cueca. Acho que vou precisar de um tubo de oxigênio aqui.
"Porque você é tão safado? " –Brinco um pouco.
"Você provoca isso em mim garota, é um caminho sem volta. "
Dou risada da sua ousadia, e me acomodo mais na cama, isso está ficando divertido.
"Ah, a culpa agora é minha? "
"Com certeza ;)"
"Bem nesse caso, com grandes poderes, temos grandes responsabilidades. " Mando uma foto das minhas pernas e a resposta vem quase dois segundos depois.
"Você quer me matar só pode! Mal posso esperar para que seja amanhã! "
Solto outra gargalhada e assim ficamos conversado até quase meia noite, quando percebo que estou caindo de sono e se continuar assim, vou acabar dormindo no stand!
"Bom dom Juan, preciso dormir, nos vemos amanhã no colégio! "
"O que? Não! Você não pode fazer isso comigo Melissa, ou vou contar para os nossos filhos do futuro que você me deixou a meio caminho de um orgasmo fenomenal. "
"Eca seu nojento! Até amanhã princesa. " –Não consigo responder à outra parte da mensagem. Isso foi totalmente covarde.
"Até amanhã Melissa, eu realmente estou contando as horas. "
Depois de quase meia hora, recebo outra mensagem e pego rapidamente o aparelho, quase caindo da cama no processo, pensando ser Ariel, mas o nome que aparece na tela chega me dar um gosto amargo na boca.
"É só questão de tempo até ele se cansar de você, sua puta. " –Mas que merda é essa?
O telefone vibra e toca com a chegada de outra mensagem.
"Aí ele virá correndo atrás de mim, como sempre fazia quando conversávamos pelo computador. " –Essa garota está doida!
Outra mensagem.
"Eu o conheço muito mais que você, e sei coisas sobre ele que você nem imagina. Ele confia em mim, não vai achando que você é especial, porque quanto mais alto chegar, mais alta vai ser a queda sua biscate.
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