Capítulo 14

-Eu não acho que seu pai gostaria dessa ideia, princesa. –Decido levar na brincadeira e termino de beber a água que restava no copo.

-Eu não estava brincando Melissa. E porque sempre me chama de princesa? –Ele insiste, mas depois decide mudar de assunto. Não é o lugar nem o momento para ficarmos tão sérios.

-Não me diga que nunca viu "A Pequena Sereia"? –Estou realmente espantada.
-Na verdade não. Nunca vi.
-Uau, estou realmente espantada! Eu era viciada nesse filme e sempre pedia para minha mãe colocar de novo quando terminava, até que um dia o DVD sumiu "misteriosamente". –Relembro aquele tempo com um sorriso no rosto, mas quando olho a expressão de Ariel vejo um pouco de inveja misturado com tristeza e meu sorriso acaba virando uma expressão meio estranha.
Eu começo a suspeitar que ele não teve uma infância igual a minha.
-Minha mãe não queria estar comigo. –Ele solta de repente, desviando o olhar do meu e passando a mão na cabeça como se acabasse de dizer algo que não devia. –Mas ainda não explicou o porquê do apelido.

-Porque a sereia que era a personagem principal, também chama Ariel. –Esclareço e ele faz um muxoxo com a boca. –E pensando bem, você até que é bem parecido com o príncipe sabia!

Dou risada da cara de nojo que ele faz.

-Eu definitivamente não faço parte da realeza, Melissa.

-Adoro quando faz isso. –Penso alto.

-Quando faço o que?

-Me chama de Melissa. Não sei, todos me chamam de Mel, mas quando você me chama assim parece mais.... Sexy. –Confesso e sinto minhas bochechas ficando vermelhas imediatamente. Ariel se aproxima de mim até que não sobra mais espaço entre nós e começa beijando meus olhos, depois meu nariz e por último minha boca.

Estou sedenta por ele. O sabor dos seus lábios e o calor da sua língua brincando com a minha me fazem delirar. Sinto que estou nas alturas e ele é o único que me segura de pé.

Se alguém entrasse agora na casa, poderia confundir a cena com um filme pornô em gravação.

De repente sou levantada do chão e colocada em cima da bancada da cozinha. Ariel se coloca entre minhas pernas e suas mãos sobem pelas minhas pernas e vão parar nos meus seios. Estou tão quente que acho que posso derreter a qualquer momento. Desde quando nossa situação deu esse giro de trezentos e sessenta graus? Em um dia eu odiava esse garoto e agora acabamos de dormir juntos. Ou será que eu nunca realmente o odiei?

Sinto um arrepio por todo o meu corpo quando ele beija o meu pescoço e morde levemente minha orelha e um gemido acaba escapando da minha boca. Esse garoto definitivamente vai me levar à loucura, mas eu sinceramente não me importo desde que possa beijar essa boca sempre que quiser.

-Melissa... melhor pararmos por aqui. Eu não sei se vou aguentar mais e não podemos transar de novo, pelo menos não por hoje já que você tem que se recuperar. –Ele beija meu pescoço uma última vez e se afasta a duas penas de mim.

Eu nunca vou me acostumar com esse jeito dele. Ariel é tão direto as vezes que até me deixa envergonhada. Mas ele tem razão de qualquer maneira.

-Então o que quer fazer princesa?

-Hum, o que você acha de ver um filme no meu quarto? –Acaricia meus cabelos e coloca uma mecha perdida atrás da minha orelha.

-Tudo bem, mas eu escolho. –Advirto e desço do balcão em um pulinho.

Corremos até o quarto disputando para ver quem chega primeiro e quando estou quase ganhando, ele me puxa pela cintura e me gira entrando no quarto e deitando na cama em um salto.

-Ganhei, agora você tem que pagar.

-Você roubou, isso sim! –Pulo na cama e sou puxada para cima dele. –E o que tenho que pagar? –Pergunto curiosa.

-Hum.... Acho que um boquete seria suficiente.

-O que? Claro que não seu pervertido! –Dou um tapa no seu peito.

-Eu nunca faria algo assim. Acho tão nojenta eca.

-Você diz isso porque nunca fez, mas quando fizer vai mudar esse pensamento.

-Olha quem fala, alguns minutos atrás era virgem! –Zombo.

-Sim, mas quem disse que nunca recebi um boquete? –Pisca os olhos e eu fico com ciúme no mesmo instante.

-Hum. –Resmungo e saio de cima dele incomodada. Sei que estou sendo imatura, mas não consigo evitar, sou possessiva.

Ariel me puxa para cima dele novamente e depois de muita resistência cedo ao seu aperto.

-Melissa, não precisa ficar assim, transar com você foi tão... merda foi tão bom que eu não consigo nem encontrar palavras! Você praticamente anulou a todas as garotas que fiquei antes e isso que só foram beijos e alguns toques...O que eu disse foi só uma brincadeira, nunca te obrigaria a fazer nada que não se sinta confortável, me desculpa.

Vejo a sinceridade nos seus olhos e me arrependo quase imediatamente. Droga.

-Okay. Então, vamos ver esse filme ou não?

-Claro! Você pode escolher, estão na primeira gaveta da cômoda.

-O que? Você não tem Netflix? De que planeta você vem, alienígena?

-Na verdade não gosto dessa plataforma, quase nunca atualizam e prefiro comprar os Dvd's assim posso ver sem internet. Agora escolha logo que eu vou ligar os aparelhos. –Dá um tapa na minha bunda e dou um sorriso bobo.

Abro a primeira gaveta e encontro alguns filmes antigos e a maioria de ação. Procuro por alguns minutos, mas nenhum me interessa. Tento puxar mais a gaveta para ter mais acesso aos filmes que estão no fundo, mas ela emperra. Volto a fechar e a abrir de novo e ela volta a emperrar, alguma coisa a deve estar trancando. Enfio minha mão pelo espaço que consegui abrir e consigo tocar algo redondo como se fosse um frasco redondo. Empurro novamente e com um pouco de força consigo mover o objeto e abrir completamente a gaveta. Quanto tiro minha mão de dentro, o que estou segurando me traz curiosidade. O frasco branco sem nenhuma etiqueta nem adesivo pesa na minha palma. Balanço um pouquinho e ele faz um barulho como se estivesse cheio, parecem remédios. Giro a tampa e vejo várias pílulas brancas e redondas dentro.

-Ariel? –Pergunto sem me virar.

-Hum? –Ele responde distraído.

-O que é isso?

-Isso o que?

Me viro e levanto minha mão na altura do seu rosto que empalidece levemente. Estranho.

-Ahh, i-isso é só.... aspirina. –Ele tira da minha mão o frasco e coloca em outra gaveta. –Então, hum, escolheu o filme? -Sua voz sai meio nervosa.

-Tem certeza que é "só" aspirina, Ariel? –Insisto.

-Qual é Melissa, vai querer investigar minha vida agora? Já disse o que é, agora escolhe logo o maldito filme!

Ele grita e eu dou um salto de susto. Sua mudança repentina de humor não me passa batida, mas eu prefiro não insistir, Ariel parece ser bem fechado com suas coisas, vai ver estou entrando na sua privacidade e ele não gosta disso.

-Okay fica calmo! Só peguei o frasco porque queria ver os outros filmes que você tinha e ele estava trancando a gaveta! –Levanto minhas mãos como se estivesse me rendendo.

Ele passa as próprias mãos no rosto e me olha arrependido.

-Me desculpa, eu só não gosto que se metam nas minhas coisas.

-Tudo bem, mas se voltar a gritar desse jeito, não vou ficar para escutar suas desculpas. –Deixo bem claro que não vou aceitar esse comportamento novamente. Eu sei que ele já gritou comigo quando estávamos brigando na escola ou por implicância mesmo, mas hoje eu só fiz uma pergunta e ele partiu para o ataque sem nenhuma razão aparente. E isso eu não vou permitir.

Ele balança a cabeça e coloca uma serie sobre alienígenas e naves espaciais para rodar no DVD.

Me sento praticamente do outro lado da cama, ainda chateada por ele ter gritado comigo. Ficamos assim por alguns minutos até que sinto o colchão se afundar e sou puxada para baixo enquanto seus braços se enroscam na minha cintura me trazendo para mais perto do seu corpo quente.

Suspiro resignada e recebo um beijo na cabeça. Me acomodo até ficar confortável e assim sem dizer nenhuma palavra aceito suas desculpas.

Até que a serie não é tão chata como pensei que seria, o enredo é interessante e a personagem principal além de ser uma mulher, é cheia dos poderes o que acho super legal.

Cada vez que acaba um episódio, Ariel já coloca outro para rodar, e assim vamos acabando a primeira temporada. Quando estamos quase na metade da segunda, meus olhos começam a ficar pesados e sem perceber acabo pegando no sono.

[**********]

Abro os olhos e sinto um pouco de frio. Dou uma revisada no quarto e não vejo Ariel em lugar nenhum. A televisão continua ligada em um episódio qualquer e o volume está mais baixo do que quando começamos a ver.

Me levanto e vou até o banheiro. Minha bexiga ficou cheia com tanta agua que bebi. Antes de sair, olho meu reflexo no grande espelho decorado com cobre e a imagem que vejo é de uma pessoa totalmente diferente. Meus olhos estão mais brilhantes, minha pele mais corada e inclusive tenho um sorriso que parece não querer desaparecer da minha boca.

Balanço a cabeça, como cheguei nesse ponto? Estar sorrindo como uma boba por um garoto que conheço a menos de um mês?

De volta ao quarto, deito na cama e espero mais alguns minutos para ver se Ariel volta, mas nada dele aparecer. Coloco meus sapatos e desço pela escada para ver se ele não está na cozinha ou no jardim, mas escuto vozes vindas de um dos cômodos da casa.

"-O que diabos você pensa que está fazendo, Ariel?

Parece ser a voz do pai dele.

-O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta, papai. –Ariel responde, ele parece estar com raiva.

-Meu filho, você não entende, essa garota não é a certa para você! Ela é...

-Ela é a garota com quem eu quero estar! E você não vai me impedir, eu nunca te obedeci e não vai ser agora que vou começar! "

Escuto um barulho e porta sendo fechada com muita força então corro como uma condenada até o quarto e deito na cama como se tivesse acabado de acordar e espero Ariel aparecer.

O que diabos o pai dele estava querendo dizer com aquilo?

Alguns minutos depois, ele entra no quarto ainda com a expressão furiosa e finjo que não acabei de escutar os dois discutindo.

-Oh, você acordou! –Diz desconfiado.

-Sim, acabei de acordar! –Finjo que bocejo e ergo os braços como se estivesse esticando o corpo. Eu realmente deveria ser atriz.

-Você é linda, sabia? –Ariel solta, me pegando totalmente de surpresa.

-Hum, na verdade, sabia sim! –Brinco e ele mostra seus dentes brancos em um lindo sorriso enquanto caminha até ficar na minha frente. Me levanto automaticamente e roubo um beijo da sua boca carnuda. Suas mãos vão imediatamente para minha cintura e vão descendo até a bunda.

-Ei! Você está muito assanhado em!

-Assanhado? Que palavra é essa? –Zomba.

-É uma palavra que te descreve bem, seu safado! –Mordo levemente sua boca e ele geme em resposta, comprovando totalmente minha teoria. –Para ser virgem, você até que é bem safadinho em? –Não penso perder nenhuma chance de encher o saco dele.

-Para começo de conversa, não sou mais virgem, e será que dá para não tocar mais nesse assunto? –Seu rosto está vermelho, obviamente envergonhado, então decido dar uma trégua ao garoto.

-Então, já está tarde, acho melhor ir embora, seu pai já deve estar por chegar. –Jogo a isca no ar para ver se ele morde e recebo um olhar cético. Ele também sabe fingir bem pelo visto.

-Na verdade, ele já chegou, mas está trabalhando no seu escritório então não tem problema.

-Hum e se ele me ver saindo?

-O que tem?

-Não sei, só não quero que ele me veja, ok?

-Ok. –Me olha desconfiado. Eu realmente não quero que o seu pai me veja, ficou bem claro que ele não gosta de mim, ter que o tratar com educação seria uma verdadeira tortura. Infelizmente não consigo ser tão cínica.

Descemos em silencio e consigo sair da casa sem ser vista. Paramos ao lado do meu carro e uma sensação de vazio começa a tomar conta de mim. Preciso ir embora, mas não quero ir. Droga!

Ariel parece sentir o mesmo, porque me abraça e me beija acaloradamente.

-Queria que você dormisse aqui comigo...

-Eu também, mas seu fizer isso meus pais me matam e o seu também, então, nos vemos amanhã na escola e....

Minha voz começa a sumir. Como vai ser na escola? Somos namorados ou estamos apenas ficando um com o outro?

-O que foi? –O garoto de olhos incrivelmente azuis me pergunta ao perceber que fiquei meio triste de repente.

-Nada, é só que, o que nós somos a partir de agora, Ariel? –Decido soltar de uma vez, ficar jogando indiretas nunca foi minha praia. Se quero saber, simplesmente pergunto, odeio aquelas garotas que esperam que os garotos adivinhem seus pensamentos.

-Eu acho que somos algo assim como namorados? –Pergunta coçando a cabeça.

-Hum, bom, acho que sim. Então nos vemos amanhã! –Dou um beijo rápido na sua boca e saio derrapando da sua casa.

Eu sei, eu escapei e não tenho vergonha de admitir. Eu realmente não consigo segurar o sorriso que insiste em aparecer na minha boca. Eu estou malditamente namorando, oh por Deus, a Becca precisa saber disso!

Dirijo rápido até a sua casa e desço do carro antes mesmo de terminar de estacionar. Aperto o botão do alarme e corro até a porta que se abre em um rompante e minha amiga aparece com o maior sorriso que vi na vida.

-Estou namorando! –Dizemos em uníssono.

-O que? –Falamos ao mesmo tempo novamente.

-Diz você primeiro! –Becca me diz sem deixar de sorrir.

-Eu e Ariel estamos namorando! –Solto tudo de uma vez e minha amiga me abraça enquanto pulamos e gritamos como duas loucas.

-Eu e Jonathan também! Ele disse hoje que queria ser mais que um "amigo que beija a amiga". Ele foi tão fofo e.... oh meu Deus, você não para de sorrir, tem muito mais por trás de tudo isso, não é? –Ela praticamente grita me arrastando para dentro da casa.

-Sua mãe já chegou? –Me certifico antes de começar a contar minha pequena aventura.

-Não, pode falar.

-Eu e Ariel, hã, nós....

-Solta logo Melissa, você está me deixando louca aqui!

-Nós meio que transamos. –Suspiro e espero por sua reação.

Becca fica seria de repente e depois de alguns minutos chego até a ficar assustada, até que...

-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Eu não acredito! Você transou com o gato maravilhoso e delicioso do Ariel! Como foi? Ele é grande? Ele te tratou bem?

-Mas que diabos de perguntas são essas, Becca? –Dou risada.

-Ué, preciso saber se ainda tenho que chutar alguns traseiros.

-Não, pode ficar tranquila, foi ótimo, sim ele é grande e sim me tratou super bem.

Becca arregala os olhos e respira fundo como se minhas respostas fossem suficientes e depois começamos a pular e a gritar novamente como duas adolescentes que estão vendo os ídolos pela primeira vez.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top