Capítulo 5 - Uma descoberta surpreendente
Antes de irmos para o meu apartamento, passamos em um fast-food que ficava no meio do caminho para almoçar hamburger, batata frita e refrigerante.
- Por mim eu comia hamburger todo dia! – O Luís falou após comer o último pedaço do hamburger.
- Todo dia?! – Perguntei desembrulhando o meu hamburger.
- Sim! Não tem nada melhor!
- Eu enjoaria... – Comecei a comer o hamburger.
- Por que você sempre come assim? – Ele perguntou me encarando.
- Assim como? – Questionei surpresa.
- Por partes... É sempre a batata primeiro, aí você bebe bastante refrigerante e depois come o hamburger.
- Eu acho que se comer a batata com o hamburger junto, a batata perde um pouco de sabor... Sei lá... Tipo beber um suco adoçado junto com um pedaço de doce... Depois que come um pedaço do doce, o suco não parece que foi adoçado!
- E isso acontece com a batata e o hamburger?! – Ele perguntou rindo.
- Mais ou menos isso... Mas é bem parecido!
- Entendi... – Ele respondeu sarcástico e continuou pegando no meu pé.
Chegando no nosso prédio, ele passou primeiro no apartamento dele para trocar de roupa e deixar o material e fomos para o meu. Enquanto ele ficou na sala ligando a televisão e já entrando no site em que veríamos os filmes, fui para o meu quarto me trocar também. Estava muito quente, então escolhi uma regata com um short simples e prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo. Antes de ir para a sala, passei no banheiro para escovar os dentes e, claro, jogar uma água no rosto para tirar a oleosidade, ainda mais que eu sempre tive o costume de passar protetor solar antes de sair de casa.
- Nem pense em escolher sem mim! – Me joguei no sofá e quase caí em cima dele. – Desculpa! – Sorri.
- Tudo bem. - Ele estava me olhando, mais precisamente para as minhas pernas.
- O que foi? – Perguntei confusa.
- Como assim? – Ele engoliu em seco e me encarou.
- O que você estava olhando? – Ergui uma sobrancelha.
- Nada. – Ele respondeu tão rápido que quase não deu para entender.
- Ok... – Continuei olhando para ele, mas ele se virou para a televisão. – É só que parecia que você tava olhando pra minha perna...
- Por que eu faria isso? – Ele engoliu em seco de novo, mas não me encarou.
- Não sei! Por isso estranhei...
- Impressão sua. – Ele me olhou, deu um rápido sorriso e voltou a encarar a televisão com o controle na mão. – E aí, vamos escolher juntos ou eu vou escolher o primeiro sozinho?
- Claro que juntos! – Também voltei meu olhar para a televisão.
Como já era de se esperar, demoramos muito tempo para escolher o filme! Nessa plataforma, tem tanto filme disponível, que a gente fica em dúvida até mesmo quando já tem um escolhido. Para sairmos do impasse e começar logo a assistir antes que a tarde toda passasse e não vissemos nada, resolvemos assistir primeiro uma animação que, por incrível que pareça, era um gênero que os dois gostavam. Rimos bastante durante o filme e assim que acabou, fomos para a cozinha preparar pipoca e mais alguns lanches para a gente comer durante o segundo filme.
- Essa pipoca está muito boa! Sei me virar na cozinha também... – Ele estava sentado na cadeira da bancada da cozinha americana comendo a pipoca e eu no fogão.
- Uhum. – Revirei os olho e ele viu.
- Nem vem! Pode vir aqui provar de novo e me dizer se não está mesmo uma delícia! – Ele fingiu estar ofendido.
- Lu... Você só colocou o pacote no microondas! – Continuei revirando os olhos.
- E daí? Tem gente que deixa queimar sabia? Ou que tira cedo demais e continua cheio de milho sem estourar! – Ele continuava argumentando esperando um parabéns pela conquista de ter feito algo comestível.
- Nossa! Isso é carência? – Peguei no pé dele.
- Talvez um pouco... – Ele fez cara triste. – Fiz pipoca pra você e você nem tá dando bola... – Ele me encarou e eu ri. – Vem aqui provar de novo, vem?
- Eu não posso sair daqui! Vai queimar... Ao contrário de você que só precisou colocar um pacote dentro do microondas, esperar a máquina fazer o trabalho todo, abrir o pacote e jogar a pipoca dentro do balde, eu tenho que ficar aqui mexendo pra não queimar!
- Quer que eu leve pipoca aí, então? – Ele piscou o olho.
- Com certeza! Estou ansiosa pra comer mais da pipoca que você fez especialmente pra mim! – Pisquei os dois olhos rapidamente e ele riu.
- Finalmente um reconhecimento! – Ele brincou. – O que você tá fazendo? – Ele chegou perto de mim com o balde de pipoca e aproximou o rosto do meu.
- Beijinho. – Eu falei olhando para a panela enquanto mexia, mas percebi que ele estava me encarando.
- O que você disse? – Ele perguntou sério.
- Como assim? – Ele estava muito sério e eu estranhei.
- O que você acabou de falar? – Ele continuava me encarando.
- Só falei beijinho! – Ele arregalou os olhos. – Qual é o problema?! Você não gosta desse doce?
- Ah! – Ele pareceu surpreso, aliviado e triste ao mesmo tempo. Não sei como foram possíveis tantos sentimentos diferentes juntos, mas eu já o conhecia bem para reconhecer esses três. – Você tava falando do doce...
- Claro! Você achou que eu tava falando do quê? – Perguntei espantada.
- Achei que você estava carente e queria um beijinho do seu melhor amigo... – Ele brincou, mas percebi que ele estava tentando disfarçar.
- As vezes eu acho que você é doido! – Eu estava rindo.
- Posso ser... Mas você gosta de mim mesmo assim! – Ele me encarou.
- Verdade! – Desliguei o fogo e coloquei as mãos na cintura. – Mas posso deixar de gostar se não me der um pouco de pipoca pra provar!
- É pra já! – Ele me esticou o balde de pipoca e fomos escolher o segundo filme.
- Cadê a panela? – Ele perguntou ao se sentar.
- Tá esfriando um pouco. Quando acabar a pipoca eu pego.
- Qual vai ser então? – Ele apontou o controle para a televisão e me olhou.
- Comédia romântica! – Falei sorrindo para a televisão já imaginando a reação que ele teria.
- Não acredito. – Ele resmungou baixo e começou a procurar o gênero escolhido.
Como a gente estava muito indeciso, optamos por assistir a três filmes: animação que os dois gostavam, comédia romântica que eu gostava e ação que ele gostava. Estava na minha vez de escolher e eu ia escolher um bem meloso, pois tinha certeza de que, na vez dele, ele escolheria um filme extremamente nervoso. Nervosa... Essa é a palavra que me define ao assistir a filmes de ação.
Demorei um pouquinho para escolher e quando fiz a minha escolha, ele apertou o play e eu apoiei a minha cabeça no ombro dele. Quando já se aproximava do final do filme, a pipoca já tinha acabado e estávamos dividindo o beijinho, cada um com a sua colher. Na hora em que o personagem principal pediu a menina em namoro, passou uma pergunta na minha cabeça:
- Você já namorou? – Inacreditavelmente, a pergunta que era para estar apenas na minha cabeça tinha saído pela minha boca.
- O quê? – Ele perguntou desviando os olhos da televisão e me encarando. Apesar da pergunta ter saído, eu tinha falado bem baixo.
- É só uma coisa que passou na minha cabeça e eu acabei perguntando... Deixa pra lá! – Voltei a olhar a televisão.
- Lu? É você mesmo? – Ele brincou e eu revirei os olhos. – Você sempre me faz um monte de perguntas! Pode perguntar... Você sabe que não tem problema!
- Só perguntei se você já namorou... – Perguntei olhando para a televisão.
- Ah... – Ele pareceu surpreso com a pergunta. – Já... Uma vez.
- Quanto tempo? – Me virei para encará-lo.
- Poucos meses...
- O que aconteceu?
- Ela preferiu um popular... – Ele deu de ombros.
- Isso foi há muito tempo?
- No final do nono ano.
- Entendi. – Voltei a prestar atenção ao filme.
- E você? – Ele se ajeitou no sofá e me olhou.
- Se eu já namorei? – Perguntei ainda olhando para a televisão.
- Isso.
- Não. – Respondi após um tempo.
- O quê? – Ele arregalou os olhos. – Tá falando sério?
- Tô! Por que o espanto? – O encarei surpresa por estar tão espantado com a minha resposta.
- Você tem certeza disso? – Ele continuava de olhos arregalados.
- Claro, né?! Acho que eu saberia se alguém tivesse me pedido em namoro! – Já estava começando a ficar irritada.
- Por que você nunca namorou?
- Porque nunca ninguém pediu... – Voltei a encarar a televisão.
- Duvido! – Ele riu.
- Tá falando que eu tô mentindo pra você? – Perguntei chateada. – Por que eu mentiria? Se fosse pra mentir, pode ter certeza de que teria mentido dizendo que já tinha namorado... E não que até hoje nunca ninguém quis namorar comigo!
- Lu! – Ele se aproximou de mim e ficamos com os nossos rostos a poucos centímetros do outro. – Eu não tô duvidando de você! Só é difícil de acreditar que nenhum garoto nunca te pediu em namoro... Você é... – Ele coçou a nuca e eu sabia que estava sem graça. – Você é linda e demais... Quero dizer, se nunca ninguém chegou em você é porque não teve coragem.
- Pode ser... Mas no final dá no mesmo...
- O que você quer dizer com isso?
- Não importa se alguém não chegou em mim por medo ou simplesmente por não ter ninguém... No final das contas o resultado é o mesmo: continuo sem nunca ter namorado! E com um melhor amigo espantado por isso! – Quando falei essa parte final ele afastou o rosto de mim.
- É... – Ele pareceu incomodado e voltou a olhar para a televisão. O filme agora já estava no final.
- Lu? – Ele me chamou, mas continuou encarando a televisão. – Você já beijou?
- Já. – Respondi sem olhar para ele, mas vi que apesar de não abrir mais a boca, ele queria fazer mais uma pergunta. O filme acabou e eu me virei para encará-lo. – Quer perguntar mais alguma coisa?
- Não, mas eu quero falar! – Ele segurou a minha mão e fez carinho com um sorriso nos lábios.
- Luís Felipe... – O chamei e ele me olhou ainda sorrindo. - Você está estranho!
- Não é nada... Só não esquece que você é demais, tá?
- Pode deixar! – Tirei minha mão de baixo da dele e me levantei do sofá. – Obrigada! Mas é agora vamos fazer uma coisa pra comer... Estamos brincando de casinha, lembra? – Pisquei o olho para ele.
- Quem dera... – Ele sussurrou, respirou fundo e me seguiu.
Acho que agora ficou bem claro o sentimento entre os dois, concordam?
Já esperavam por isso?!
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