Capítulo 22 - Pedido de namoro

Quarta-feira, quando chegamos na escola, o Diego e a Fabiana estavam na porta de entrada nos olhando com expectativa. Para qualquer outro aluno do colégio, nada estava diferente, mas para os nossos amigos, eu e o Luís Felipe andando lado a lado de mãos dadas significava uma coisa. Olhei para o Luís ao meu lado que estava balançando a cabeça e rimos juntos ao ver o Diego cutucando a Fabiana com o braço, enquanto ela abria um sorriso de orelha a orelha. Quando conversei com ela no sábado, só contei que tínhamos nos beijado, mas que ainda iríamos conversar. Nos aproximamos deles como se nada tivesse acontecido.

- Bom dia! – Nós dois dissemos e eu dei dois beijinhos na Fabiana.

- Bom dia! – A Fabiana continuava sorrindo e nos encarou esperando que contássemos logo.

- E aí? Vocês não têm nada pra falar? – O Diego perguntou para o Luís.

- Sobre o quê? – O Luís se fez de desentendido.

- Fala sério! – O Diego reclamou. – Um fica enrolando o outro o ano inteiro, a gente – ele aponta para ele e para a Fabiana – faz de tudo para dar um empurrão e vocês nem para ter a consideração de contar?

- Calma, cara! – O Luís estava rindo muito.

- Calma nada! Fala logo! Estão juntos ou não?!

- Di, assim fica sem graça de contar... – Eu também não consegui segurar o riso.

- Contassem então assim que chegaram! – Ele retrucou.

- Ele tem razão, gente! – A Fabiana disse. – Nós estamos curiosos!

- Sim! – Respondi envergonhada! A Fabiana bateu palmas e me abraçou.

- Poxa, Luciana! Dava pra ter enrolado mais! – O Luís fingiu que estava chateado.

- Dava, né? Vai ver só quando você vier conversar comigo sobre ela de novo! – O Diego reclamou.

- Você vai ouvir seu amigo, como sempre! – O Luís empurrou o ombro dele de brincadeira.

- Vai esperando...

- Você procurava o Diego pra conversar sobre mim? – Perguntei para o Luís o deixando um pouco envergonhado.

- Não exatamente assim... – Ele tentou desconversar.

- Era exatamente assim! – O Diego pegou no pé dele.

- Que fofo! – Eu disse abraçando o Luís.

- Lu! Era pra gente pegar no pé deles! E não você no meu! – Ele deu um beijo na minha testa.

- Viu como é bom? – Foi a vez do Diego empurrar o ombro do amigo.

- É! Mas nessa história só quem se livrou foi a Luciana! – O Luís debochou.

- Não seja por isso. – A Fabiana disse. – Ela também conversava muito comigo sobre o Luís Felipe!

- Fabi! – A encarei incrédula.

- Desculpa, amiga! Mas você não podia sair ilesa! – Todos riram.

- Ok! – Levantei os braços me rendendo.

- A gente tem que entrar! – A Fabiana andou na frente e nós a seguimos.

Os dias foram passando e, aos poucos, alguns alunos começaram a perceber que a minha relação com o Luís Felipe havia mudado. Como a gente sempre vivia juntos, chegávamos e íamos embora juntos, andávamos abraçados, era difícil de notar a leve diferença com que passamos a nos tratar. Agora a gente ia e voltava da escola de mãos dadas, os abraços tinham carinho, nos intervalos ele beijava minha testa várias vezes e eu sentava entre suas pernas, me recostando nele, enquanto ele apoiava a cabeça no meu ombro e assim ficávamos conversando com o Diego e a Fabiana. Para quem vivia grudado, esses gestos diferentes demoraram a serem percebidos, mas, quando foram, não demorou para o nosso namoro ser "descoberto".

Sim! A gente estava namorando! Na sexta, quando saímos da escola mais tarde após mais um ensaio para a peça que apresentaríamos no final do mês, convidei o Luís para assistir a um filme no meu apartamento. Minha mãe já tinha conversado comigo que nós poderíamos continuar nos vendo como fazíamos quando ainda éramos apenas amigos, mas me fez prometer que agiríamos com responsabilidade e, é claro, teve aquela conversa comigo. Conversa que, devo confessar, foi bastante constrangedora! Ainda mais porque o Luís Felipe estava junto! Principalmente porque as nossas mães (isso mesmo! No plural! Bete e Raquel) resolveram que seria produtivo (palavras delas) que tivéssemos essa conversa nós quatro juntos! Quanto ao produtivo, duvido muito. Talvez tenha sido para elas! Para mim e o Luís Felipe, em contrapartida, foi totalmente constrangedor e traumatizante! Se elas nunca tiverem netos, a culpa será exclusivamente delas e da vergonha que nos fez passar!

Voltando ao pedido de namoro... O Luís aceitou assistir a um filme, só que estava muito calor, então cada um foi para o seu apartamento tomar um banho e vestir uma roupa confortável e ele me encontraria depois. Eu aproveitei para lavar o cabelo e fui para o meu quarto enrolada na toalha. Escolhi um short e uma camiseta bem soltinha e fresquinha e tinha tirado a toalha da minha cabeça para pentear o cabelo, quando a campainha tocou. No automático, como sempre fiz quando sabia que era ele quem estava do outro lado da porta, eu me dirigi para abri-la, sem nem pensar, nem mesmo lembrar, que eu estava despenteada! Nada próprio para receber o ficante em casa.

- O que foi? – Eu estava com a porta aberta, mas ele continuava parado do lado de fora apenas me encarando.

- Uau! Como você consegue ser tão linda? – Ele continuava surpreso.

- Luís Felipe, o que deu em você? – Nesse momento eu joguei minha cabeça para o lado e meu cabelo molhado apareceu no meu campo de visão, me lembrando que eu estava despenteada.

- Ai! Eu ainda não penteei o cabelo! – Disse na mesma hora. – Espera aqui que eu já volto! – Soltei a porta e me virei em direção ao corredor, mas tinha dado só três passos quando ouço a porta de casa batendo e a mão dele me segurando pelo pulso.

- Onde você pensa que vai? – Ele me puxou lentamente para ele.

- Pentear o cabelo para ficar apresentável!

- Eu acabei de dizer que você tá linda! – Ele me puxou mais um pouco, me aproximando dele.

- Eu não penteei o cabelo ainda! – Revirei os olhos como se ainda não estivesse óbvio o suficiente.

- E mesmo assim você tá linda! – Ele me encarou um pouco nos olhos, desviando depois para analisar cada parte do meu rosto.

- Luís, é sério! Eu preciso pentear o cabelo! – Murmurei, pois ele tinha voltado a me encarar com aqueles olhos azuis maravilhosos.

- Você já vai, mas antes eu preciso muito te beijar! – Ele segurou meus cabelos molhados e levou a minha cabeça na direção da dele.

Seus olhos azuis continuavam a me encarar e eu já não sabia mais até quando conseguiria suportar encará-los sem me perder. Quando nossos lábios se tocaram, eu esqueci que estava provavelmente perdida naquela imensidão azul, esqueci que estava em casa, esqueci que estava despenteada. Talvez, inconscientemente, ainda existisse alguma parte em mim consciente de que eu estava despenteada e, para pelo menos igualar a situação, as minhas duas mãos subiram rapidamente para os cabelos dele desfazendo o pequeno rabo e começando a bagunçá-los de tal forma que seria difícil de alguém acreditar que foi apenas um beijo. Nos afastamos para recuperar o fôlego e eu olhei para a bagunça que tinha feito no cabelo dele.

- Eu tô gostando muito do seu cabelo assim. – Passei as mãos tentando ajeitar a bagunça que eu tinha feito, mas não tive muito sucesso.

- Que bom! – Ele sorriu um pouco tímido. – E pelo visto gostou de bagunçar também! – Ele piscou travesso.

- Você quis me beijar despenteada! Nada mais justo que você também estivesse... – Argumento.

- Você estava, e ainda está, muito linda!

- E quem disse que você não tá?! – Pisquei e me soltei dos seus braços molhando os lábios. – Vou finalmente me pentear!

- Vou junto! – Ele ergueu as sobrancelhas ao me vir parar e o olhar confusa. – O quê? Você agora vai ficar penteada e eu não? Já imaginou se alguém chega aqui e pega o meu cabelo assim?

- Pode usar o meu pente que eu pego o da minha mãe!

- Tô tão despenteado assim? – Ele perguntou com um sorriso de lado e se encarou no espelho. – Fez um bom trabalho. – Ele me encarou pelo espelho e piscou. Eu não consegui deixar de sorrir.

- Pode contar comigo sempre que precisar! – Pisquei de volta e ele ficou me encarando sem dizer mais nada.

Terminamos de nos pentear e sentamos no sofá da sala para assistir a um filme. Encontrei uma comédia que era nova catálogo e perguntei se ele aceitava. Como ele não me respondeu, olhei para o lado e ele estava encarando a minha perna, que nem aconteceu na outra vez.

- O que você tem com a minha perna que você fica olhando toda vez que eu estou de short?

- Você quer mesmo que eu diga? – Ele perguntou em um tom de voz neutro, ainda olhando para a minha perna.

- Quero. – O encarei. Ele sabia que estava desafiando ele.

- Você não sabe mesmo? – Ele me olhou e esboçou um sorriso.

- Não. – Me fiz de desentendida.

- Você vai se arrepender por isso... – Ele balançou a cabeça sorrindo.

- Ah, é? – Sorri, o desafiando ainda mais. – O que você vai fazer?

- Vou te mostrar. – Ele se jogou em cima de mim e caímos deitados no sofá.

Os cabelos dele, ainda soltos, caíram pelos lados de seu rosto nos escondendo quando ele se aproximou de mim. Seu olhar passou rapidamente pelo meu para se fixar na minha boca até ele começar a me beijar. Eu retribuí o beijo que estendemos o máximo possível até precisarmos nos separar para pegar fôlego. Ele sorriu travesso para mim e eu me preparei para sentir de novo seus lábios nos meus, só que ele parou faltando uns dois centímetros, ergueu uma sobrancelha dando o sorriso de quando estava prestes a aprontar alguma coisa e começou a fazer cócegas em mim. Eu não estava preparada para esse golpe baixo, então praticamente não consegui fazer nada para me defender. Pedi várias vezes por entre os risos para ele parar, na maioria das vezes risos bem histéricos. Ele continuou nessa tortura mais um pouco até parar e voltar a me encarar.

- Eu amo o seu sorriso.

- Não precisa fazer cócegas pra eu sorrir. Quando quiser é só pedir!

- As cócegas não foram por isso. Você mesma diz que eu sempre sei como te fazer sorrir! – Ele falou convencido.

- Foi por que, então? – Perguntei tentando ainda me recuperar.

- Eu falei que você ia se arrepender por ter me provocado!

- Não te provoco mais, então.

- Nem pense em fazer isso. – Ele me encarou sério e eu retribui o seu olhar. – Eu te amo! – Minha boca abriu de surpresa com a confissão dele. – Pode parecer loucura eu falar isso agora, pode parecer que tá cedo demais, mas eu sei! É a verdade! Eu te amo, Lu!

- Shhh! – Fiz o som e coloquei dois dedos na boca dele para ele parar de falar. – A minha mãe me ensinou esses dias que têm coisas que não conseguimos explicar, só sentir. Eu acredito em você, Lu! E eu te entendo perfeitamente bem porque... Luís Felipe, eu também te amo!

- Luciana, - ele deu um leve sorriso que me derreteu por completo – quer namorar comigo?

- Quero! – Nós dois sorrimos e nos beijamos, mais uma vez.

O que acharam desse pedido de namoro?

Felizes com o casal LuLu?

Deixem seus comentários e estrelinhas!

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