capítulo 01
Meu nome é Megan Stern, tenho dezessete anos, sou uma garota tímida, perfeitamente apaixonada por livros de aventura, e muito pontual. Minha vida é tranquila, embora eu more com meu pai, John, minha madrasta, Irina, e meus dois irmãos: Alan, que tem oito anos, e Letícia, de quinze. Não, Irina não é como a madrasta má da Cinderela. Na verdade, somos grandes amigas, e ela sempre esteve ao meu lado.
Acordo ao som irritante do meu despertador. O barulho ecoa pelo quarto escuro, preenchido apenas pela luz fraca e cinzenta que vem da janela, enquanto a chuva fina batia no vidro, criando uma melodia monótona. Espreguiço-me lentamente, sentindo o frio cortar minha pele exposta. O vento do Canadá, mesmo no começo do dia, já era gelado. Puxo as cobertas e caminho preguiçosamente até o banheiro, onde faço minha higiene pessoal e, em seguida, escolho uma roupa bem quente: uma blusa de lã azul e meu casaco de sempre. Deixo meu cabelo ruivo solto, caindo em ondas desordenadas pelos ombros.
Descendo para a cozinha, sou recebida pelo cheiro irresistível de panquecas quentes. Irina estava lá, como sempre, terminando de preparar o café da manhã. O cheiro de baunilha e canela parecia aquecer todo o ambiente.
Ao chegar na cozinha, senti o aroma delicioso das panquecas que Irina estava preparando.
— Bom dia, Irina! — disse, com um sorriso de orelha a orelha, enquanto me acomodava na mesa.
— Bom dia, minha querida! — respondeu Irina, colocando as panquecas fumegantes em cima da mesa.
Olhei para elas e não pude evitar o sorriso satisfeito.
— Estão incríveis, como sempre! — exclamava, enquanto começava a servir meu prato. — Você sabe que poderia comer mais umas mil, não é?
Irina soltou uma risada suave.
— Você tem que deixar espaço para a escola, Megan! — disse, repleta de carinho.
— Irina, sabe me dizer se Letícia já está pronta? — perguntei, um pouco ansiosa.
— Megan, acho que ela deve estar se arrumando ainda. — Irina respondeu, tentando esconder um sorriso.
— Mas ainda?! — exagerei, tentando dramatizar a situação.
— Megan, falta muito tempo ainda. — Irina disse, tentando acalmar minha inquietude.
— É melhor ela se apressar, porque temos que pegar dois ônibus até a escola! — argumentei, já me levantando da mesa.
— Então vai chamá-la! — Irina sugeriu, sabendo que eu não iria desistir.
Subi as escadas correndo, empolgada. Quando cheguei ao quarto de Letícia, a encontrei ainda arrumando a mochila.
— Vamos logo! — gritei, abrindo a porta do quarto com um movimento rápido.
— Estou indo! — Letícia respondeu, já apressando os passos, mas ainda focada em organizar tudo.
Pegamos o primeiro ônibus sem problemas, mas no caminho para pegar o próximo, Letícia parou de andar, com uma expressão de desespero.
— Espere! Acho que esqueci alguma coisa! — disse, revirando sua mochila.
— Anda, Letícia! Assim vamos perder o ônibus! — exigi, olhando para o relógio e sentindo o tempo se esgotar.
— Estou tentando! — ela respondeu, ainda fuçando na mochila.
Mas quando eu gritei para apressar, acabei me distraindo e fiquei no meio da rua. Ouvi Letícia gritar:
— Cuidado!
Meu coração disparou. Olhei para frente e escutei as rodas do carro freando muito perto. Antes que pudesse processar, alguém me puxou rapidamente e me levou ao chão. Senti uma onda de borboletas no estômago quando olhei para os olhos azuis daquele garoto, tão profundos que parecia que podia me ver em seu reflexo.
— Você está bem? — ele perguntou, com um sorriso meio de lado que fez meu coração acelerar ainda mais.
Antes que eu pudesse responder, Letícia apareceu, nervosa e ofegante.
— Vocês estão bem? Desculpe, eu... eu não consegui sentir! — ela disse, o olhar desesperado.
— Tudo bem, Letícia — falei, confusa, sem entender o que havia acontecido. Foi tudo tão rápido.
— Papai vai me matar! Eu preciso te levar para o hospital! — Letícia andava de um lado para o outro, visivelmente angustiada.
— Eu não preciso ir ao hospital, estou bem! — respondi, tentando acalmá-la.
— Você está maluca, Megan? Você quase morreu! Papai vai me matar por eu não ter cuidado de você! — a raiva de Letícia era palpável.
— Como assim "cuidar"? Não é ela que deve cuidar de você, já que é mais velha? — o garoto perguntou, curioso.
— Não é da sua conta! — Letícia respondeu, com raiva, mas eu a interrompi antes que ela pudesse se descontrolar.
— Você é um vampiro, né? — perguntei, já sabendo a resposta.
Letícia ficou preocupada com minha pergunta, e seus olhos se fixaram no garoto, esperando sua resposta.
— Interessante — ele disse, parecendo divertido.
— O que é interessante? — perguntei, intrigada, enquanto Letícia pegava o celular e ligava para alguém, provavelmente para nosso pai. O garoto continuou.
— Você ainda pergunta? Ela é a vampira e não sentiu minha presença; já você sentiu. Isso é, sem dúvida, interessante. Sabe o que é mais interessante? Uma humana ser irmã de uma vampira. — Ele olhou para mim com um sorriso malicioso.
— Letícia estava distraída. Um vampiro pode ter uma filha humana e uma vampira. — respondi rapidamente, tentando manter a conversa.
— Mas não com a mesma mulher. — ele disse, com um tom sarcástico, provocando um leve rubor nas minhas bochechas.
— Mas isso não é da sua conta! — eu disse, irritada.
— Papai está vindo nos buscar. — Letícia anunciou, finalmente voltando ao foco.
— Você acha que eu tenho medo de você? — perguntei, cheia de curiosidade, esperando sua resposta.
— Nunca disse que você tinha. — respondeu o garoto, olhando nos meus olhos de uma forma que me deixava com borboletas no estômago, e dando uma risadinha que me deixou ainda mais intrigada.
— Qual é seu nome? — insisti.
— Você não precisa saber. Eu já sei o seu; isso é o que importa. — disse ele, afastando-se, e eu fiquei ali, sem saber se sentia raiva ou atração por ele.
De repente, escutei uma voz grossa chamando meu nome:
— Megan!
Era, sem dúvida, a voz do meu pai.
— Estão bem? — ele perguntou, olhando para nós com preocupação.
— Sim, estamos! — Letícia respondeu rapidamente.
Enquanto meu pai nos examinava, não pude deixar de olhar pela janela do carro, perdida em meus pensamentos. A imagem do garoto de olhos azuis ainda estava fresca na minha mente, e não conseguia esquecer como ele me fazia sentir.
— Megan, você está bem mesmo? — perguntou meu pai, interrompendo meus devaneios.
— Sim, estou ótima. — respondi, tentando soar convincente.
— Que bom! Então vou deixar as duas com Irina. — ele disse, aliviado.
— Onde mamãe está? — perguntou Letícia, curiosa.
— Ela está em uma loja comprando os vestidos de vocês duas para amanhã à noite. — meu pai respondeu, enquanto dirigia.
Mergulhei nos meus pensamentos novamente. O nome do meu pai era John; antigamente, ele pertencia a uma grande e poderosa família de vampiros, até ser banido. Ninguém nunca comentou o porquê disso, e eu não tinha coragem de perguntar. Amanhã, eu iria para um baile de vampiros, onde conheceria o vampiro com quem me casaria. Eu era prometida a um vampiro que nunca vi, como parte de um tratado de paz entre minha família e a poderosa família que banira meu pai há muitos anos.
Quando chegamos à loja, Irina já tinha comprado os vestidos. O meu parecia uma sacanagem, era vermelho, e eu não pude deixar de pensar que parecia um lanche para eles.
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