N/A: Endgame/Ultimato já foi lançado, então quero avisar que os capítulos são spoiler free. Talvez hajam referências no futuro, mas nada que estrague o filme para você, caso não tenha assistido! Se quiser comentar o filme, pode vir na DM <3 

Este capítulo foi escrito antes do lançamento do filme e não tem nenhuma relação direta com os acontecimentos. (sério).

Megan Carter Stark's point of view.

—  Você e Bucky brigaram? Que história é essa, Megan Carter?

—  Calma, Steve. Era para pura proteção dele!

—  A questão é, Carter, —ele me puxou pela cintura, as mãos muito bem firmes nas laterais de meus quadris enquanto falava me olhando nos olhos — pessoas fortes não gostam de ser protegidas. É como se se sentissem fracas, inúteis. Eu admiro seu instinto de proteção para com meu melhor amigo, mas gostaria que você guardasse um pouco disso para si mesma.

—  Vocês são tão melosos que chegam a me dar diabetes. —Tony se manifestou, vestindo uma das armaduras quânticas presentes na minha nave. — Mas, se ouvi bem, você estava protegendo o desmemoriado, certo? —ele me encarava profundamente e eu já percebi que ele... Entendeu.

—  Certo, Anthony.

—  Protegendo do quê, exatamente? —ele se aproximou a passos lentos, dando um ar de suspense e tensão. Eu o odeio.

Steve se distanciou, olhando-me de olhos cerrados, desconfiado.

—  Bem... —cocei minha testa, num ato bem teatral.

—  Megan Carter... Não me diga que você estar aqui... É algo...  —Steve gaguejava, a feição agora aterrorizada.

—  É claro que é perigoso, garotos. Como mais poderia ser? —Natasha já estava com seu uniforme devidamente posicionado, as mãos na cintura como uma mãe histérica.

—  Qual o problema da vez? —Banner também se pronunciou, o olhar desesperado de sempre.

—  Digamos que... Problemas. Plural. O primeiro deles foi chegar até vocês. Basicamente... Essa viagem deveria me matar, se não fosse pelos gloriosos trajes quânticos que Shuri desenvolveu. Porém, tem a questão dos skrulls que querem trazer Thanos de volta para se vingarem da raça Kree e—

—  Thanos? Como assim? Quer dizer, vocês não o mataram? —Thor interviu, o semblante também preocupado mas com um tom mais acusatório.

—  Sim, Thor. Mas, da mesma maneira que estou aqui recuperando um bando de idiotas, eles também podem usar do Reino Quântico para interferir no tempo e trazê-lo de volta. 

—  Certo, mas a coisa do Thanos parece ser o menor dos problemas. Continue, Starkzinha. —Tony agora me analisava atentamente, como se a situação fosse um cálculo matemático.

—  Sim, não haverá Thanos. Eu embarquei sozinha para cá com a ajuda de alguns dos heróis que confio plenamente. A questão é: os skrulls se transformam em pessoas e alguns deles estão se passando por nossos amigos. Detectamos problemas na nave e em algum dos trajes pouco antes do túnel quântico ser ligado, então alguém nos sabotou. Se a nave parar, podemos ser puxados de volta. Porém... Se os trajes estragarem, morreremos por causa da radiação e da viagem que faremos pelo tempo-espaço. Provavelmente ficaríamos jogados em alguma realidade ou período histórico aleatórios sem nunca conseguir voltar para casa.

—  Por isso Bucky não queria deixar você vir. —Steve concluiu.

—  E por isso eu não o deixei vir. —complementei.

—  E você só está nos avisando porque não sabemos qual é o traje danificado. —Tony finalizou, um riso incrédulo ao fim. — Quando é que as coisas vão funcionar para nós? 

—  Nunca, provavelmente. —Natasha deu de ombros, aceitando a situação de bom grado — Como sempre.

—  Basicamente, os Vingadores que sobraram na Terra estão lutando entre si para descobrirem quem é skrull e quem não. Bucky está vigiando, sozinho, a alavanca que nós trará de volta. A Capitã Marvel está testando cada um dos presentes, tentando ent-

—  Capitã quem? —Steve perguntou, arrancando sorrisinhos de cada um de nós pelo tom enciumado.

—  Sim, Rogers. Você não está mais sozinho nessa hierarquia. —respondi, recebendo um sorriso tímido como resposta. —  Ok, chega de falatório. Eles precisam de vocês para acabarem com alguns skrulls.

—  Vingadores... Vamos para casa. —Tony disse, sorrindo, olhando para cada um deles.

Enquanto eles terminavam de se arrumarem em seus trajes metálicos que impediriam qualquer arranhão durante nossa volta, mesmo que a nave parasse, eu os olhava ao longe. Olhava suas interações, como estavam leves. Como sorriam, como se alfinetavam.

Nem percebi quando Thor parou ao meu lado, ainda sem o traje no corpo.

—  O que está esperando para se arrumar, deus do trovão? —virei-me para ele, forçando um sorriso.

—  Você está mentindo, agente. Você sabe qual é o uniforme. —assim que ele desvendou minha mentira, gelei. Continuei encarando seu rosto de uma maneira impassível. — E, pior, ele é exatamente o que você está usando agora. 

Engoli em seco.

Eu havia inventado a coisa do uniforme ser aleatório porque sabia muito bem que haveria uma discussão infinita sobre quem o usaria. Eu não aguentava mais vê-los se sacrificando.

—  Thor, você não pod-

—  Está tudo bem, Megan. —ele me interrompeu, colocando sua mão em meu ombro. — Eu não estou aqui para te dizer se isso é nobreza ou burrice. Eu estou aqui porque quero ser quem usará o traje danificado. 

Minha feição de negação surgiu no mesmo momento, mas não tive nem tempo de me manifestar. Ele continuou falando.

—  Não adianta, Megan. Você tem Rogers, Tony, Nat... Toda uma família formada para cuidar. Eu não posso deixar que você cause tanta dor para cada um deles se sacrificando assim. E, principalmente... Eu não posso deixar que a Terra perca sua melhor defensora. 

Ele carregou um leve sorriso ao fim.

E aquilo me fez chorar.

—  Eu não posso deixar que isso aconteça, Thor. Desculpe.

—  É claro, eu sabia que você não abriria mão de morrer por nós tão facilmente. —o sorriso continuava ali, mas, agora, descombinava de suas palavras secas. — É por isso que eu vim com uma ameaça: deixe-me usar o traje ou eu conto para todos que você o tem. Veja bem, Rogers é o líder do grupo que não pensa duas vezes antes de dar sua vida por alguém. Tony usa todas as formas possíveis de se redimir pela culpa que carrega de seus tempos de fabricar armas até hoje. Banner carrega um monstro dentro de si e vem tentando se matar há anos. Nem preciso falar sobre o passado de Natasha... Imagine quantas horas perderíamos tendo essa discussão. Agora, imagine todos vocês chegando à Terra, juntos. Pense bem no que quer, Carter.

—  Eu sei muito bem o que eu quero, Thor. E sei muito bem também o que eu não quero, que é te perder. —minhas palavras também saíram em um tom rude, mas não passaram nem próximas de serem alguma ameaça.

—  Eu já perdi tudo, Megan. Meus pais, meus amigos, meu povo... Meu irmão. Bem diante de meus olhos.

—  Gostaria de ter tido essa informação antes. —cochichei para mim mesma entre um suspiro pesado. — Digo, sinto muito por tudo. Mas... Você ainda é amado, Thor. Há tantas coisas que você ainda pode fazer e-

—  Megan. —ele me parou, colocando seu dedo indicador em meu queixo para que o olhasse diretamente em seus olhos azuis como o céu da primavera. — Eu quero fazer isso. Eu não posso ver nenhum de vocês se machucando. Se é para um se perder na volta... Eu sinto que tem que ser eu. Por favor... Deixe-me fazer isso por vocês, como forma de agradecer pela vida extraordinária que me proporcionaram. 

E, ainda não desviando de seus olhos, eu acenei positivamente com a cabeça. Algumas lágrimas escorriam indiscretamente, e ele me abraçou. Dois metros de músculos e coragem me dando um abraço apertado e intenso como nunca havia recebido.

Um abraço de despedida.

—  Está tudo bem? —ouvi a voz de Steve ao longe, sentindo Thor se separando abruptamente. 

—  Sim, Capitão Escudinho. Só estava agradecendo Megan por ter vindo. —Thor respondeu, sorrindo para mim.

Meu coração se quebrou.

Ele me fez tirar o traje que eu usava, posicionando cada uma das placas de metal em seu próprio corpo o mais rápido possível para que não existisse a possibilidade de eu desistir. 

E, conforme eu colocava a outra armadura quântica... Eu sentia um pedacinho de mim morrer por dentro.

Nos posicionamos, cada um em seu lugar na nave. O clima tenso e pesado entre nós. Eles, por não saberem quem seria o próximo a encarar a morte. Entre mim e Thor... O próprio velório se iniciando.

Liguei cada um dos botões necessários, já emitindo um sinal para Bucky.

—  Fechem suas armaduras. Os capacetes são uma das partes principais. 

Todos me obedeceram no mesmo minuto. Mas, assim que Thor fechou a sua, pude ver uma grande rachadura. Assim que ele a notou também, virou-se para um lado que impossibilitasse que qualquer um dos outros ocupantes a visse.

Decolamos. Eu, com lágrimas nos olhos.

Assim que a nave começou a se expandir, podia sentir o nosso ar sendo tirado de nós de uma maneira violenta. Nós estávamos voltando. 

Faltam dois mil saltos.

Steve estava ao meu lado, segurando minha mão. Podia senti-lo empregando cada vez mais força em seu aperto à medida que o retorno ficava mais difícil.

E nós saltávamos, de uma realidade para outra. Continuaríamos saltando até chegarmos na correta, nossa casa.

Faltam mil e setecentos saltos.

Cerca de três minutos haviam se passado quando Thor caiu no chão.

Todos foram à sua volta, tentando entender o que acontecia. O rosto dele, principalmente onde a rachadura se destacava, se desfigurava. Tony colocou a mão no ombro do deus, como se o forçasse a permanecer conosco. Eu apenas chorava, observando a cena ao longe.

Faltam mil e cem saltos.

—  Thor está com a maldita armadura! —Steve gritou depois de analisar atentamente os fios desconectados e queimados, assim como a rachadura no capacete que Thor usava.

Em um piscar de olhos, todos estavam com Thor, segurando seu corpo e vasculhando cada parte de metal que o envolvia em busca de algum reparo.

Faltam setecentos e cinquenta saltos. Mais cinco minutos e todos estaremos vivos.

Thor posicionou suas mãos ao redor do capacete, como se estivesse sendo sufocado. Todos continuavam gritando, desesperados, buscando qualquer maneira de salvá-lo.

Faltando duzentos e noventa saltos.

—  Nós temos que fazer alguma coisa! Megan, o que podemos fazer? —Banner também gritou, desesperado, enquanto Thor sufocava no chão. Eu apenas olhava para frente, pilotando a nave, enquanto lágrimas escorriam indiscriminadamente em meu rosto.

—  Megan!? Megan, o que podemos fazer? —Tony agora gritava com ainda mais acidez, provocando-me. Eu apenas abaixei o rosto, agora soluçando.

—  Eu sei o que eu posso fazer. —Steve disse da maneira que eu sempre temia. Como se um plano diabólico e genial estivesse em sua mente.

Virei-me para trás no mesmo momento, já temendo o que ele faria. Já sentindo uma perda.

E, sim, era mais um plano de sacrifício.

Droga... Steve tentava abrir seu próprio capacete. Assim que entendi, meus olhos arregalaram, comecei a arfar mesmo com pleno oxigênio em meus pulmões. Ele não pode se sacrificar de novo. Ele não pode me deixar de novo.

Rogers dedilhava cada parte que prendia o capacete ao resto da armadura, finalmente encontrando o pequeno botãozinho que, em tese, o soltaria. Felizmente (ou infelizmente, dependendo do ponto de vista) o traje não se abriu.

Faltam cento e vinte e cinco saltos.

Quando os outros entenderam o que Steve havia tentado fazer, todos o imitaram. Eu podia ver os dedos desesperados de cada um deles dedilhando as armaduras, buscando qualquer trava que os ajudasse a salvar o deus do trovão. Quando me lembrei de olhar para Thor novamente, ele estava desacordado. Sem cor. Pálido como as armaduras esbranquiçadas que usávamos. 

Ele estava quase sem vida.

Só então eu entendi que Thor era um mortal. Sempre o vi com tamanha admiração e grandeza, que apenas não conseguia perceber que ele também poderia realmente me deixar. Ele é um deus, droga! 

Isso não devia estar acontecendo. Ele não pode morrer.

Faltam sessenta e dois saltos.

Enquanto meu olhar horrorizado ia dos Vingadores ainda tentando se sacrificar para um Thor semi-morto, eu tentei. Dedilhei meus dedos na trava do traje, os olhos fechados e os ouvidos completamente alheios ao meu redor. Eu só esperava ouvir um "click" que indicasse que eu estava livre. Livre do instrumento que assegurava minha vida.

Encontrei a trava. Apertei o botão. 

Nada.

Faltam quarenta saltos.

Os trajes devem ter algum tipo de medida de segurança que não se abrem em situações de risco do ocupante. Definitivamente esperto, obrigada, Shuri.

Eu já não tinha mais esperança de salvar Thor quando pude ver, de relance, alguém se libertando de seu capacete.

Virei o rosto para trás, já não ligando para o contador de saltos no painel.

Droga... Natasha.

Assim que todos vimos quem era, tentamos a mesma coisa. Natasha não poderia fazer aquilo.

Eu saltei para cima dela, as mãos já esticadas para obrigá-la a se manter segura. Tony também segurava o capacete de Nat, assim como Steve puxava as mãos dela para longe. Ela não iria se sacrificar.

Não em nossa vigília.

Mas Natasha... Ela tinha vontade própria. Droga de mulher forte.

Ela empurrou Tony, chutou a mão de Steve. Eu ainda não estava perto o suficiente do fundo da nave ocupado por todos eles. Seu pé novamente agiu, atingindo a peça quebrada que envolvia a cabeça de Thor. Ela a tirou com um simples toque.

E, então, ela o tirou. Tirou seu capacete, colocando-o no deus em um movimento tão rápido que nem em câmera lenta eu o teria entendido.

Minha única reação ao ver Natasha sufocando, suas feições pálidas sumindo a cada segundo, Banner desesperado tentando salvá-la... Foi olhar para o contador.

Só mais cinco saltos.

Só mais cinco.

Natasha olhou de relance para o monitor, vendo que era a etapa final.

—  Vocês precisam mais dele do que de mim. —sua voz sussurrada, desgastada e arfante soou. Pela última vez.

Natasha abriu a porta da nave, saltando para fora. 

No último momento.

Natasha se jogou logo quando estávamos chegando em casa. 

Natasha se matou segundos antes de retornarmos.

N/A: oi! Escrevi esse capítulo há duas semanas mas não tinha certeza sobre ele. Reescrevi, mudei, reescrevi... E é isso. Natasha se foi.

QUEM AÍ JÁ ASSISTIU ENDGAME? *sem spoilers!!!!!!!!!*

Eu fui na pré-estrei ontem, fiquei com dor de cabeça de tanto chorar e acabei entendendo junto com o filme qual seria o final da minha fanfic. Ou seja... O fim de Megan Carter Stark já está programado (talvez próximo, ainda não sei, mas deixarei vcs preparadxs!).

Inclusive, eu não esqueci vocês! Minha rotina está tão desorganizada que eu não consigo ter tempo para meus compromissos fixos, por isso estou sumida em absolutamente todas as minhas obras :( porém, agora, quero dar um tempinho para que todos tenham assistido A4 para trazer algumas referências, já que a ideia da fanfic era cruzar a vida da Megan com o plot do MCU. 

Espero poder fechar essa obra de uma maneira tão incrível como no filme! Garanto nada sobre todos saírem ilesos aqui rsrsrsrs brinks

Discurpa as notas enormes, mas amo ver vcs interagindo, com todo o meu coração. Obrigada por tudo <3