Capítulo XIX - Imprevistos
Megan Carter Stark's point of view
Despersonalização. Um dos sintomas ou consequências da ansiedade. É o momento em que você está em crise, sua mente tão frágil que parece não estar ligada ao corpo. Para a Psicologia, inofensivo. Para mim, a pior sensação possível.
Eu estava parada em frente à poça de sangue, o bilhete em minhas mãos; meus olhos estavam parados naquela caligrafia, mas de modo algum realmente a enxergavam. Meu corpo em um estado de pânico total, inerte, desligado, enquanto minha mente vagava sem me dar indícios de um dia poder voltar ao normal.
Minha visão começou a embaçar, ficar turva. Meus pulmões recebiam oxigênio, eu podia sentir o ar passando pelas minhas narinas desesperadoramente, mas não surtia efeito. Eu estava sufocando. Mal tive tempo de enfiar o bilhete em meu bolso quando simplesmente caí no chão.
— Acorde, Megan. Você está segura aqui.
Aquela voz.
Podia sentir um toque calmo e delicado em minhas bochechas, como se alguém segurasse meu rosto como uma porcelana.
Só uma pessoa fazia aquilo.
Meu Steve.
Abri os olhos em um pulo, já segurando as mãos dele entre as minhas próprias. Busquei seus olhos como se fossem uma ilusão de ótica. Eles estavam ali. Azuis, um fundinho de verde. Calmos, compassivos. Apaixonados.
Meu Steve.
— V-você... Ste... —eu estava ofegante, as palavras não saíam. Ele colocou o dedo indicador em meus lábios, passando a mão esquerda por meus cabelos numa tentativa bem sucedida de me acalmar.
— Eu estou bem aqui, Maggie. Com você.
Eu o abracei. Abracei como se minha vida dependesse dos braços dele ao meu redor para continuar existindo. Quanto mais sentia seu corpo me esquentando, mais força usava para senti-lo. Não podia ser real. Eu estava sentindo... O abraço dele. A pele, o tecido da roupa, o calor. Ele estava ali. Comigo.
Meu Steve.
— C-como? —minha pergunta desconexa era bem pontual. O abraço ainda estava ali enquanto ele sussurrava a resposta em meu ouvido.
— Você precisa de mim agora. Eu nunca abandono minha garota quando ela precisa de mim. —
um risinho soou ao final, obrigando-me a soltar o corpo de Steve para olhá-lo de perto. E, Deus... Como ele era encantador.
— Você está comigo? De verdade? —agarrei seu rosto, passando meus dedos por cada pedaço de pele possível.
— Sim, Maggie. Nós temos uma ligação muito forte. Stark diz que é por causa do soro que ambos temos em nossas veias, mas eu acho que é simplesmente porque somos nós. Você é minha outra metade. Por isso o Reino Quântico torna isso aqui possível. —Steve aproximou seu rosto, selando nossos lábios. Da maneira que eu me lembrava, da maneira que eu sentia falta. Agarrei seus fios de cabelo, agora mais longos, sentindo uma saudade que quase me partia ao meio, mesmo com ele logo ali. Ele se separou, olhando-me nos olhos de uma maneira muito próxima com um sorriso no rosto. — Mas não temos muito tempo, Maggie. Precisamos descobrir quem é o monstro na sala. Dê-me seus palpites e eu vou ajudar.
Pensei por um tempo. Quem seria? Quem estaria, neste exato momento, debaixo de uma cova fingindo ser alguém que eu possivelmente amo?
— Wanda. —meu palpite foi claro, decidido. Ela foi a última a ter contato com Sharon, ela a prendeu na salinha. Podia muito bem ter dado a infortuna chance ao monstro de assassina-la, possibilitando que tivesse seu lugar assumido. Steve assentiu com a cabeça, fechando os olhos. Logo depois pude ver seu corpo tremendo, uma sombra de si mesmo surgindo. Era como se eu estivesse com óculos 3D que faziam uma leve duplicação de seus traços. — O que está acontecendo? —agarrei seus ombros, com medo de o estar perdendo novamente.
— Não. Wanda é Wanda. Ela até brigou com a dupla dinâmica para te defender quando descobriu que eles se alinharam a 'Sharon'. —Steve abriu os olhos novamente, a voz um pouco chiada. — O Reino Quântico não opera pelas leis do tempo e espaço. Eu posso transitar entre eles para ver o que cada um fez recentemente, mas por pouco tempo. Minha energia é sugada, e logo estarei em um coma quântico novamente.
Meus olhos se arregalaram.
— Em coma? Como assim, Steven Rogers? Por que está fazendo isso? —minha voz era afobada. Preocupada. Ele apenas sorriu.
— Porque eu te amo.
Não tive outra reação senão derreter. Ou me derreter em lágrimas. Ele tentava limpar cada uma delas, mas sem efeito algum. Elas continuavam caindo em bicas. Por um pequeno momento, seu corpo sumiu de minha frente. E, nesse exato momento, meu coração quase parou.
— E agora, o que é?
— Estou ficando mais fraco a cada segundo. Vamos, acho que consigo espiar os últimos passos de mais umas duas pessoas.
Assenti, falando o nome que piscou em minha mente desde o início.
— Buck.
É claro que os olhos de Steve exibiram tristeza, assim como os meus. A ideia de tê-lo perdido era ridícula. Sem me despedir, então, pior ainda. Sem dizer que o amo e que o perdoo... Insuportável.
Os segundos que Steve usou para verificar se meu palpite estava certo foram quase mortíferos. Assim que ele abriu os olhos e negou com a cabeça, um suspiro aliviado escapou de nós dois. Buck ainda era Buck.
Pensei por alguns instantes, vendo que, agora, Steve mal se aguentava ali. Seu corpo estremecia como um canal chiado na televisão. Estávamos sem tempo.
— Fury.
— Acho que esse é o palpite final. Depois disso, vou me desfazer novamente, Maggie. Tem certeza?
Acenei afirmativamente com a cabeça. Se alguém tinha capacidade suficiente de me enganar ali, esse alguém era Fury. Mas eu não podia tê-lo perdido também.
Steve fechou os olhos. Franziu o cenho, como se se esforçasse ainda mais. Começou a se desestabilizar, seu corpo já sumindo aos poucos da minha frente enquanto eu agarrava seus braços para tentar segurá-lo ali. Quando suas pálpebras se abriram novamente, pude ver apenas um leve acenar negativo de cabeça antes de ele realmente se desfazer no ar.
Droga. Três chances de descobrir quem era o assassino completamente desperdiçadas. Não era nenhum deles.
Minha última reação enquanto uma tristeza arrebatadora me atingia ao vê-lo indo embora foi gritar três palavras:
— EU TE AMO!
Meu tronco se levantou em um reflexo, já anunciando uma dor no pescoço. Olhei à minha volta, perdida, encontrando vários pares de olhos me encarando. Eu estava acordada.
Segurando minha mão ao meu lado esquerdo estava Loki. Ao lado direito, os olhos esverdeados e preocupados de Bucky. Todos os outros ao redor, encarando-me com total estranheza e, alguns, preocupação.
— É muito cedo para dizer "eu te amo", Megan. Esse é nosso segundo encontro. —Fury respondeu ironicamente, estendendo a mão para me ajudar a levantar do chão ensanguentado.
— Você pode nos dizer o que aconteceu aqui? —Sam questionou, os olhos espertos faiscando. Ele pensava que eu havia matado Sharon, mas desconfiava por não ver nenhum corpo.
— E-eu... Só estava... —comecei a gaguejar enquanto olhava Loki nos olhos com ao sentir sua proximidade anormal.
A preocupação. Sua mão na minha.
Os flertes.
"O irmão que eu estou tentando salvar há cinco anos."
"Filho de Odin. Herdeiro de Laufey."
"Tentei chegar ao Reino Quântico."
Ah, desgraçado.
Você já está morto.
Levantei-me em um pulo, ainda o olhando nos olhos fixamente.
— Saiam da sala. Eu tenho negócios a tratar com Loki.
No mesmo instante, um sorriso maléfico e completamente obcecado surgiu em seus lábios.
Demorou até que todos acatassem minha ordem, estranhando meu comportamento enquanto saíam da sala ensanguentada.
— Sua reputação me fez pensar que você seria um pouco mais rápida, Carter.
— O que você quer aqui?
Ele apenas esticou o braço, empurrando a porta para que ela se fechasse. Começou a dar passos lentos e decididos em minha direção.
— O que me entregou? Eu devia ser mais ríspido ou irônico? —seu olhar era tão profundo que parecia poder ver minha alma. — Diga, Carter! O que não passou despercebido por seu intelecto tão genial?
— Loki não ficaria tentando salvar Thor nem por dez minutos, imagine cinco anos. —um sorriso maldoso também surgiu em meus lábios enquanto eu me aproximava. — Ele só se chamaria de filho de Odin eu seu próprio leito de morte. Só eu tenho ligações ao Reino Quântico. E, o mais óbvio: Loki não era hétero.
Assim que terminei a última palavra, meu braço cruzou o ar. Meu punho fechado, rígido, não conseguiu acertar a cara do skrull. Ele apenas me pegou pelo pulso, empurrando-me contra a parede atrás de meu corpo. Seu cotovelo foi ao meu pescoço, me deixando sem ar aos poucos.
— Posso não ter te enganado, Megan, mas essa brincadeira foi ótima para saber como você é. Cada detalhe de seu rosto, cada frase pronta e rude. Cada palavra atravessada e cada estratégia de luta. Que a melhor Megan vença!
E, aos poucos, o rosto de Loki foi sumindo.
No lugar dele, outro se formava.
O meu.
N/A: QUEM AÍ ACERTOU QUEM ERA O SKRULL???????
Sei que não ficou 100% óbvio que seria Loki, mas né gente esse comportamento dele eu achei bem nada a ver com Loki?????? Ícone LGBT
E agora com DUAS MEGANS a jiripoca vai piar tanto que vai queimar
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Ontem eu fui na pré estreia de Cap Marvel... QUE MULHER MINHA GENTEEEEEE!!!!! Alguém aí já assistiu?
E já está no ar a obra de IMAGINES E ONESHOTS!!!! É para vocês fazerem pedidos do que querem ver lá: de histórias, universos paralelos, histórias com atores... Qualquer coisa mesmo! <3 Aguardo a imaginação de vcs a todo vapor
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