𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟓 • Detenção

— VIPERINE, sente-se ao lado de Riven — instruiu o professor Harvey, gesticulando ao vê-la entrar na estufa. — Vocês dois vão catalogar essas ervas nos vidrinhos pelo nome científico e popular, e se tiver advertências.

Viperine passou pelo professor, revirando os olhos ao fugir da vista dele. O que poderia acontecer caso uma professor a visse revirando os olhos para ele? Abuso de autoridade? Ela teria mais uma dia de detenção?

Talvez a detenção não fosse tão ruim. Tinha paz e silêncio, ela poderia estudar em paz ou qualquer coisas... Mas seria melhor se Riven não estivesse ali.

Assim que ele a viu jogar sua mochila no chão e sentar-se no banco alto ao lado dele, ele sorriu convencido, comemorando por dentro ter conseguindo ferrar com o dia de Viperine do mesmo jeito que ela fizera com a dele.

— Etiquetem todos com uma letra legível — enfatizou Harvey, diretamente encarando Riven. — Coloquem de volta na caixa, coloquem na mesa com os outros exemplares e pular para a próxima bandeja.

Visto que não tinha mais o que fazer, ela pegou uma caneta da sua mochila e pegou o primeiro vidrinho, vendo na lista de nomes com fotos até encontrar a planta do primeiro vidrinho, logo puxando a primeira etiqueta do rolo e escrevendo suas informações.

Ela sentiu o olhar de Riven sob ela, como se esperasse com algo. Ele bufou, pegando um dos vidrinhos e o analisando intediadamente. Não deu nem meia-hora, mas Harvey levantou-se da bancada, dizendo ter esquecido de pegar alguma pasta com identificações das plantas medicinais.

Viperine e Riven esperaram ele sair, vendo-o desaparecer e deixar dois jovens problemáticos sozinhos numa estufa com plantas venenosas.

— Parece estar morrendo de vontade de me falar algo — sibilou ela, escrevendo com letras perfeitas. — Desembucha.

— Por que estava no final do corredor na festa de boas vindas? — perguntou. — O corpo petrificado daquele aluno estava lá. Você foi a última pessoa a ser vista lá.

— Só você me viu — corrigiu ela. — Acha que fui eu? Por que não me entregou para a Dowling? Ou a Verena ou o Silva? Até mesmo o Harvey? Por quê?

Riven não respondeu. Não conseguia, nem mesmo sabia o que poderia dizer que fosse uma resposta aceitável. A demora fez Viperine revirar os olhos, o barulho da caneta o acordando.

— Não me responda, acho que não quero ouvir a resposta — disse ela, o dispensando. — Mas, vem cá, ouvi por aí que você era um nerd no ano passado. Agora se rebelou e virou o encrenqueiro perfeito...

— É uma pergunta ou uma afirmação? — retrucou ele, seus olhos se encontrando.

— Depende — sibilou. — Vai me ajudar a invadir o escritório da Dowling?

Viperine sorriu — não felicidade, mas algo como se fosse venenoso. Riven repetiu o ato, duas mentes malignas e problemáticas chegando a uma ponto de equilíbrio.

— De noite — disse ele. — Enquanto todos estão jantando. Me encontra na sala do Callum, aquele idiota nem vai perceber.

— Perfeito.

Duas mentes parecidas que trabalhavam juntas... Não havia nada menos de se esperar do que algo pior que uma tempestade de raios em alto mar.











— ESTÁ ATRASADA — foi a primeira coisa que Riven disse ao vê-la entrar e fechar a porta da sala do Callum. — Vinte minutos.

— Estava alimentando Anakin — justificou, levantando as mãos em redenção. — Ou você queria ser servido como picadinho como prato principal? Se quiser, será bem mais barato do que os ratos que compro para ele.

A simples lembrança do seu sonho onde ele havia mesmo virado o jantar da cobra de Viperine lhe arrepiou até o último fio de cabelo. Ele tentou afastar o pensamento, se concentrando em fechar a porta do escritório da diretora de Alfea assim que Viperine entrou. Com a porta trancada, mesmo que alguém aparecesse, eles ainda tinham uma chance de se esconderem ou escapar pela janela.

Era fato que Dowling mantinha uma boa variedade de bebidas alcoólicas para si mesma. Enquanto Viperine se direcionou para as prateleiras cheiras de objetos, artefatos e livros velhos, ele se serviu um copo, recostando-se na cadeira da diretora.

Riven checou as horas em seu celular. Dowling sempre levava mais tempo durante o jantar, mas Callum costumava ser rápido. Ainda com o atraso de Viperine, estavam com o tempo apertado.

Callum era sorrateiro, ele poderia se aproximar do escritório sem eles notarem. Mas de sorrateiro para sorrateiro, Riven ainda ganhava.

— O que é que está procurando, afinal? — perguntou ele, levantando-se, abandonando o copo já sem conteúdo de volta na mesinha no canto. — Respostas das provas sobre runas?

— As provas daqui são como livros de colorir infantis — sibilou Viperine, revirando os olhos. — Ouvi boatos de passagens secretas escondidas pelas salas dos professores, principalmente no escritório da Dowling.

— E você quer saber se é verdade — concluiu ele.

— Você não? — retrucou.

Ele não respondeu, mas prensou o corpo de Viperine na parede contra o seu. Ele queria algo, sim, mas com certeza não era saber se as passagens existiam ou não — pelo menos ainda não.

Viperine ofegou com o contato do corpo dele no seu, com a coisa dura e grandiosa prensada em seu abdômem. Riven era consideravelmente mais alto que ela, mas isso só tornava o momento mais excitante.

— E vem cá, como tem certeza de que não vou falar nada? — sibilou ele contra o pescoço dela, fazendo-a se arrepiar. — Eu poderia muito bem contar para o Silva ou para a Verena.

— Qual o preço do seu silêncio? — instigou ela, passando os braços pelo pescoço dele, trazendo-o para perto. — Hein, Riven? O que você quer?

Ele respondeu levando seus lábios até os dela. Viperine se derreteu, deixando ser levadas pelos lábios, língua e o toque de Riven vagando pelo seu corpo. Borboletas invadiram seu estômago, algo quente e pecaminoso subindo pelas suas veias.

Riven sorriu contra os lábios dela, sentindo cada pedaço do corpo que, infelizmente, estava cobertos pelas roupas que ela usava. Ah, ele faria de tudo para que pudesse jogá-la na cadeira de Dowling e a possuísse ali mesmo...

— Temos tempo? — perguntou ela, a respiração falha.

Riven não respondeu, apenas a levantou para que Viperine passasse as pernas pela sua cintura e a carregou em direção a mesa bem organizada da diretora de Alfea.











— ELA NÃO VAI chegar nunca? — perguntou Beatrix, quase entediada.

Bem a tempo, Viperine abriu as portas empoeiradas da sala abandonada da Ala Leste. Não era como se aquele lugar fosse frequentemente usado, então as chances de serem vistas ou ouvidas ali eram quase inexistentes.

— Olá, Viperine — saudou Verena, um sorriso relaxado em seus lábios. — Estava quase achando que foi pega...

Mas para para ver bem, Viperine estava esbaforida, como se tivesse corrido para chegar ali. Não fazia sentido correr, o escritório de Dowling não era assim tão longe. Seu cabelo loiro estava bagunçado, os lábios inchados e a respiração ofegante. E aquele cheiro de perfume não era o dela, pelo menos não totalmente.

— E eu não estava totalmente errada — disse Verena, sorrindo maliciosa. — Alguém realmente te pegou.

Verena riu, fazendo Beatrix fazer o mesmo, provocando a garota que mal chegara.

— É o que dizem, todos os meios são válidos no amor e na guerra — sibilou Viperine, tentando fingir que aquilo não era nada.

— Conseguiu achar a passagem? Abriu ela? — perguntou Beatrix, impaciente, assim que Viperine sentou-se na frente delas.

— Achei onde ela fica, mas não consegui abrir — bufou, cruzando os braços. — Uma fada precisa ativá-la, e também tem a armadilha.

— Isso é melhor do que nada — comentou Verena, mordendo o lábio, mostrando estar pensativa. — Vamos mudar as coisas. Viperine, você se concentra em fazer estátuas. Beatrix, você tenta abrir a passagem. E peça ao Callum para te ajudar, aquele inítul precisa fazer alguma coisa.

Estátuas. A palavra estalou na cabeça de Viperine. Seu rosto de contorceu, a ofensa reverberando pelo seu corpo, ofendida.

— Eu não chamaria o que eu faço com aquelas pessoas de estátuas.

— E como você chamaria? — perguntou Verena, levantando uma sobrancelha.

— Eu chamaria de "arte viva" — respondeu, um sorriso convencido.

Beatrix revirou os olhos, contando-as:

— E quando vou fazer isso? Precisamos que todos os professores e alunos estejam distraídos.

— Precisamos de algo grande — concordou Verena. — Eu vou pensar em algo.

— E o que, supostamente, você espera que a gente faça até lá? — perguntou Viperine, estranhando,

— Mas e o queimado do celeiro? O que vai fazer com ele?

A pergunta de Beatrix certamente serviu para que Viperine fosse ignorada. Ela tentou não levar para o lado pessoal, mas sempre existiria a diferença entre ela e aquelas duas mulheres, afinal ela era diferente.

— Silva quer transferir ele para longe — respondeu Verena.

— E o que é longe para vocês? — resmungou Viperine. — Dimensão Ômega?

— Vamos soltá-lo, então — sugeriu Beatrix. — Será uma boa distração.

Viperine novamente ignorada com sucesso.
— Não! Não vamos arriscar alguém sair machucado — negou Verena, prontamente. — Vou pensar em alguma coisa que não envolva o queimado. Vocês duas se concentrem nas aulas e no que eu mandei.

— Tá de brincadeira? — exclamou Viperine, finalmente sem ser ignorada. — Soltando ou não o queimado, alguém sempre acaba machucado. Faz diferença no final?

— Faz diferença quando um deles é um brinquedo meu — estourou Verena.

Ah, não, ela não deveria ter dito aquilo. Com um sorriso malicioso, Viperine e Beatrix trocaram olhares cúmplices.

— E se a Dowling encontrar o antídoto? — perguntou Beatrix, tentando contornar o assunto. — Não vai adiantar nada ficar petrificando os alunos.

— É claro que adianta petrificar eles! — exclamou Viperine, novamente como se estivesse ofendida. — Eu escolho eles a dedo, sãos os que eu não gosto e acho que não vão fazer diferença vivos ou mortos.

Verena se levantou, cruzando os braços se forma brusca e fazendo seus olhos brilharem vermelho. Viperine engoliu em seco, tentando manter a calma.

— É melhor você tomar cuidado, garota — ameaçou. — A última coisa que queremos é que alguém veja você e espalhe. Se eu tiver que fazer uma limpa nessa escola porque você foi descuidada, vai se arrepender.

Viperine trincou o maxilar, mexendo-se desconfortável na cadeira. Ela bufou, revirando os olhos e cruzando os braços. Parece uma criança, pensou Verena.

— E a Dowling não está atrás do antídoto — continuou Verenam respondendo Beatrix. — Eu disse para deixar isso comigo junto com informar os pais.

— Então você está atrás do antídoto e vai ficar gastando a energia da Viperine para petrificar os alunos. — perguntou Beatrix, sem entender.

— E eu tenho mais alguma coisa para fazer aqui? — questionou Viperine, ligeiramente irritada. — As ordens que eu recebi foram para que eu me certificasse que não nos vissem. De que forma eu faria isso senão garantindo que nunca mais vão falar?

Os mortos não falam, pensou ela, maligna.

Verena jogou a cabeça para traz, bufando uma risada ao não acreditar no que as duas ainda não entenderam.

— Ninguém fora dessa escola sabe o que aconteceu — garantiu Verena. — E não tem ninguém atrás do antídoto. Por que correr atrás de algo que eu já tenho?

Ela sorriu maldosamente, se encostando na mesa.

— Enquanto Rosalind não estiver solta, ninguém vai receber nem sequer uma gota dele.


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24.09.21

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Capítulo longo para vocês!
E, nossa, eu tenho que admitir o quanto eu amei escrever esse capítulo com a Donatumblr . A gente já aproveitou para discutir algumas cenas e detalhes futuro e eu só digo para vocês: preparem-se!

Algo que eu comentei e concordamos que sentimos falta na sério foram alguns detalhes que tinham no desenho, como as dimensões mágicas e os outros vilões.
E você? Concordam?

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