𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒 • Medusas
NA NOITE PASSADA, Viperine e Beatrix haviam saído da e ido atrás do queimado. Foi a ordem que as duas receberam — ir juntas para uma dar apoio a outra caso a situação fosse comprometida por algo ou alguém.
Viperine não estava assustada por encontrar a criatura monstruosa, ela já havia visto coisas piores que ele, já tinha matado e criado pesadelos mais arrepiantes. Mesmo assim, seus braços estavam arrepiados, não pelo frio, mas pela possibilidade de alguém vê-las ali, o que era quase impossível, já que os professores deveriam estar ocupados com o corpo petrificado que Riven achara no corredor.
— Foi uma bela estratégia, tenho que admitir — comentou Beatrix, contornando uma raiz de árvore. — Petrificar aquela fada. Foi coisa sua ou...?
— Minha, é claro — respondeu, avistando o celeiro que procuravam há alguns metros. — Sinceramente, só fiz isso porque aquele cara me viu colocando álcool no ponche.
— Fugindo de uma detenção, hein? — provocou.
— Sempre fugindo — concordou, mas aquilo havia gerado um duplo sentido pessoal. — É aqui. Chegamos.
Com um par de luvas nas mãos, Beatrix puxou a porta do celeiro, seu barulho enferrujado preenchendo o espaço. Mais a frente, amarrado, estava o queimado que procuravam.
Viperine assentiu para Beatrix, incentivando-a a continuar e ela guardaria a entrada, garantindo que ninguém estava ali. Ela olhou de uma lado para o outro, procurando alguma movimentação entre as árvores ou barulho de passos ou vozes, mas estavam num profundo silêncio que sua uma floresta poderia proporcionar.
Raios elétricos saíram das mãos de Beatrix, um sorriso macabro surgindo em seus lábios pintados por um vermelho vivo. Como se eletrocutasse o queimado, ele rugiu, despertando-o de fosse lá o que Dowling tivesse feito com ele.
— Bom dia, alegria — sibilou Beatrix.
Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia...
Aquelas palavras repetiram na mente de Viperine conforme ela acordava do transe em que deveria ter estado pelos últimos minutos. Ela estava tão cansada da noite passada, mal lembrava como conseguira se arrastar da cama para o refeitório onde agora tomava café da manhã. Ela revirou com a colher a tigela de aveia, decidindo que não queria comer aquilo.
Mas não foi isso que realmente a despertou. As palavras que repetiam em sua mente foram realmente ditas. Viperine revirou os olhos ao notar o especialista com cabelos desgrenhados e olheiras profundas sentado na sua frente. Ele exibia um sorriso irônico e venenoso. Se Riven fosse que nem era, o corpo de Viperine já teria virado pedra.
— Parece que não dormiu nada — comentou ele, os olhos semicerrados. — Alguma atividade mais interessante?
— Pergunto o mesmo — retrucou. — Muitos pesadelos? Talvez alguns cadáveres e uma cobra?
Cobra. Aquilo despertou a ira de Riven.
— Acha divertido deixar aquele seu réptil solto por aí? — sibilou ele, irritado. Viperine sorriu. — Ele poderia ter me atacado, porra.
— Anakin não ataca sem que eu mande — alegou. — E quem estava fora da cama quando eu o soltei foi você. Não quer vê-lo? Então siga os horários.
— Deixa aquela droga de animal presa no seu dormitório — mandou.
— Alfea não tem regras contra animais — disse ela. Pelo menos eu espero que não. — Eu não posso manter Anakin só no terrário. Ele precisa caçar.
Riven balançou a cabeça, negando para si mesmo. Ele pensou em retrucar, alegar que aquela cobra era um assassino de ratos, mas Viperine com certeza já teria uma resposta afiada na ponta da língua.
— Esqueça — mandou, dispensando-a com um gesto de mão. — Você aumentou minha detenção, sabia disso?
— Eu? — exclamou, percebendo que alguns alunos os encaravam. — Você já grandinho para saber lidar com as suas próprias merdas, Riven.
— Verena sentiu o cheiro do seu ponche batizado nas minhas roupas — sussurrou ele, algo em seu olhar alarmando Viperine.
— E isso é problema meu? — perguntou ela, desafiando-o. — O que fez aí no braço, aliás? Está roxo e verde. É tão mal especialista assim?
Riven deu de ombros, olhando para a entrada e vendo que Silva havia entrado no refeitório. Esse foi o sinal que precisava. Já pronto em sua mão, ele agarrou o pulso de Viperine e colocou o cigarro acesso entre seus dedos.
Ela não teve tempo de reagir para soltá-lo. Silva já havia gritado seu nome e caminhava em passos apresados e pesados até ele. Como ele sabia o nome dela? Viperine encarou Riven, morte prometida em seus olhos castanhos.
Ele conteve um pulo de susto, não acreditado que vira as pupilas dos olhos dela dilatarem e tomarem outra forma, como a de...
— Fumando dentro da propriedade de Alfea, Viperine Górgona — não foi uma pergunta. Silva cruzou os braços, encarando-a com seriedade.
— Não é o que parece, Diretor Silva — ela tentou justificar, desesperada. — Eu posso explicar.
— Explique-se para o professor Harvey na detenção depois das aulas de hoje — decretou ele, por fim. — Riven, espero que não tenha esquecido.
— Como eu poderia? — sibilou ele, irritado pela detenção mas feliz por ver o desgosto de Viperine.
Silva assentiu, se retirando. Viperine trincou o maxilar, largando o cigarro e deixando-o apagar enquanto era consumido pela aveia do mingau nem um pouco apetitoso.
Riven soltou uma gargalhada, vendo-a com puro sangue e raiva nos olhos. Ele se levantou, olhando para ela de cima.
— Nos vemos na detenção, loirinha.
Enquanto ele saia, os alunos observavam seus movimentos. Apenas pelo olhar, ela viu quando alguns se encolheram. Viperine bufou, pensando na oportunidade perfeita para um novo corpo petrificador ser encontrado por ninguém mais, ninguém menos do que Riven. Isso se ele sobrevivesse sua ira até lá.
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ANTES DA DETENÇÃO, Viperine ainda tinha várias aulas que deveria comparecer. Surpreendentemente, ela até estava animada para tê-las. Seria uma boa e nova experiências que poderia fingir fazer parte.
Aquela aula em si estava sendo realizada num antigo círculo de pedras que contavam a história de gerações de fadas. O Vaso ficava sobre um pedestal no meio do círculo. Cada fada ali estava esperando ser chamada para demonstrar o que podiam fazer.
A Diretora Dowling estava bem no meio, ao lado do Vaso, entoando as palavras da aula:
— A magia vive na própria estrutura da natureza, e é ampliada aqui no círculo de pedras. O Vaso testa a sua capacidade de canalizar essa magia. Uma base segura para iniciar seu treinamento. Mais adiante, vão aprender a se conetar com outros elementos, mas durante o primeiro ano, seu foco é no elemento com o qual você nasceu.
Viperine assistiu atentamente conforme Dowling foi chamando nomes de fadas para demonstrar seus poderes, explicando seus elementos e o que faziam. Naquele primeiro dia, nem todos foram chamados, mas aproveitaram os intervalos entre um fada e outra para tirar duvidas.
Não ter que se demonstrar aliviou Viperine ao ouvir a pergunta que Aisha fez poucos segundos antes de acabar a aula:
— Tem alguma criatura que pode se disfarçar como uma fada?
Dowling colocou as mãos no bolso, varrendo os olhos entro todos os alunos, como se buscasse por algo.
— Haviam as medusas — respondeu. — Mas a última que tivemos registro foi vista há mais de vinte anos.
— Medusa? — repetiu Musa. — Como a figura mitológica com cobras na cabeça? Que petrifica qualquer um que olhar nos olhos dela?
— Algo parecido com isso — disse Dowling, não entrando no assunto. — Seus poderes são muito parecidos com de fadas da terra, uma certa variação. Conversaremos sobre isso na próxima aula.
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17.09.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Bem diferente de FATE e RAIN, estou tentando criar mais cenas e trazer mais diálogos entre o Riven e a Viperine.
Não esqueçam de passar no capítulo da Donatumblr que conta com uma cena especial entre Verena e Riven!
Mais uma vez, em relação aos pets répteis, tomem muito cuidado com eles agora no frio!
Eles precisam de uma lâmpada de aquecimento para metabolizar o alimento, caso contrário eles tem risco de morte.
Lembrando que ter um réptil como animal de estimação não é algo barato e fácil, eles precisam de muitos cuidados e atenção, remédios e veterinário, tanto que daqui a pouco eu preciso ir para o outro lado da cidade arrumar uma lâmpada de aquecimento nova porque a dele não vai aguentar a frente fria que está vindo.
Mas se alguém aí está pensando em comprar um, lembre-se que ele deve ser legalizado pelo IBAMA e eu estou sempre a disposição se tiverem alguma dúvida!
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