𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟏 • Aster Dell
RIVEN ESTAVA INQUIETO, ele até mesmo achava que conseguiria correr uma maratona de trinta quilômetros naquele instante. Ao mesmo tempo, ele se sentia exausto, cansado depois de mandar mais de vinte mensagens para Viperine e não obter resposta.
Ele queria tirar as coisas a limpo, perguntar para ela se era verdade o que Sky falou sobre ela tê-lo beijado. Riven não queria acreditar. Viperine era a primeira garota com quem ele realmente teve algo, ela era importante para ele. Não queria acreditar que ela o trairia, mas eram as palavras de seu melhor amigo contra as da fada.
— Cadê ela? — exclamou Sky, estourando para dentro do quarto compartilhado.
— Ela quem? — retrucou, entediado. — Viperine não está ligada a mim. Por que quer saber?
— Estou procurando a Bloom — corrigiu, mas Sky estava em dúvida se suas palavras eram verdadeiras ou não.
Riven tentou ignorá-lo, talvez assim ele fosse embora.
— Mas você viu a Viperine? — insistiu Sky, soando apresado demais. — Não que isso me importe, mas ela estava com a Bloom por último.
— É sério isso?
Aquela pergunta saiu de uma voz feminina. Sky e Riven viraram a cabeça, vendo Stella saindo do banheiro deles... O que ela estava fazendo ali? Ela parecia uma furacão loiro, extremamente irritada.
— Eu te mandei mais de quinze mensagens, e você está correndo procurando a Bloom e quem é Viperine?
Riven se jogou para fora da cama, estalando o pescoço enquanto guardava o celular no bolso da calça e pegava a jaqueta de couro de cima da mesa.
— É isso aí — suspirou, saindo. — Divirtam-se com isso.
◈
VIPERINE ESTAVA JOGADA de qualquer jeito no banco de trás da SUV que Beatrix roubara — ter raios saindo das mãos era até que útil nesses momentos. Ela estava entediada com a longa viagem que fizeram até ali.
Bloom fizera várias perguntas para ela e Beatrix naquelas horas, mas Viperine tinha certeza que acabou cochilando em algum momento. Por mais que dormir tenha ajudado a passar o tempo, ela agora se arrependia, seu pescoço parecia matá-la de dor.
— Aster Dell é uma cidade, não é? — perguntou Bloom, confusa. — Esse é o lugar certo?
Elas tinham acabado de descer, as portas do carro batendo conforme andavam mais para a ponta do penhasco. O vento atingia o rosto delas com força, grãos de areias infelizmente vindo junto.
— Como uma cidade pode ser marcada em um mapa ao lado de uma montanha?
— Do mesmo jeito que as estrelas são mapeadas — resmungou Viperine, bocejando. — Vamos logo com isso?
Viperine cruzou os braços, vendo o momento em que Bloom se arrepiou ao pisar em algo que não estava li mas que parecia ter quebrado.
— Que diabos de lugar é esse?
— O quinto dos infernos — respondeu Viperine, sem pensar, vendo os olhos de Bloom se arregalarem. — Ou era. Esse lugar está em ruínas. Beatrix?
Beatrix estava perto da beirada, as mãos fechadas em punho ao lado do corpo. Invocando sua magia. Ela respirou fundo, os olhos cinzas enquanto eletricidade crepitava das suas mãos. Ela as levantou acima da cabeça, invocando uma tempestade.
— O que está fazendo? — exclamou Bloom, sem entender.
— Você não é a única fada poderosa de Alfea.
Beatrix levantou as mãos, e das nuvens de tempestade desceu um raio estrondoso e poderoso. Bloom se assustou, conjurando fios de fogo, mas já era tarde. Diretamente sobre elas, o mundo ficou branco e brilhante, era neblina.
— Bem-vinda a Aster Dell — sibilou Viperine ironicamente.
Atordoada, onde antes era apenas montanha vazia, agora estava coberta por escombros, paredes desmoronadas e telhados afundados. Era nítido que foram destruídos por alguma força implacável.
— Lembro desse lugar dos livros — disse Viperine. — Era cheio de pessoas. Até que em um inverno, queimados cercaram o assentamento. Uma unidade militar de Alfea decidiu que destruí-los era mais importante do que salvar vidas inocentes.
Bloom negou, sem acreditar.
— Não é real — exclamou. — Vocês duas estão fazendo isso acontecer de alguma forma.
— Perfurei o véu mágico que a rainha Luna colocou para esconder o que aconteceu aqui — disse Beatrix. — É como se o líder do nosso reino tentasse apagar um crime de guerra.
Beatrix olhou para Viperine, um longa troca de olhares acontecendo. Viperine assentiu, como se a incentivasse a continuar.
— Nasci aqui e minha família morreu aqui — revelou. — Em 10 de dezembro de 2004. Dois dias antes do seu aniversário no Primeiro Mundo.
— E você acha que minha família também foi morta aqui — concluiu Bloom.
— Tenho certeza — corrigiu. — Sei porque todos aqui morreram, exceto eu e você.
— E como sabe disso?
— Porque eu vi a morte naquele dia, vi os corpos — respondeu. — Mas alguém me resgatou. Vi enquanto corriam, caminhando pela carnificina como heróis conquistadores.
Bloom parou de explorar, virando-se para Beatrix.
— Quem você viu?
— Dowling, Silva e Harvey.
— Como pode ter tanta certeza? — insistiu.
— Porque a mulher que me salvou usou sua magia para gravar a memória em minha mente — disse Beatrix com intensidade.
— Rosalind — exclamou Viperine. — É, ela teve uma crise de consciência, não conseguiu destruir uma aldeia, mesmo quando seus supostos aliados se voltaram contra ela.
Viperine viu a luz se ascender nos olhos de Bloom. Isso era bom, significava que estavam concluindo aquela missão e vendo-a crer no que era a Dowling de verdade por dentro.
— Ele mentiram para mim — sussurrou Bloom, ainda com certa dúvida. — Mas eles não são monstros.
— Não são? — rebateu Viperine. — Então por que estão encobrindo isso?
Bloom não tinha resposta para aquela pergunta. O véu mágico lentamente começou a retornar. Beatrix era poderosa, mas não o bastante para quebrar um encantamento da rainha Luna.
Bloom ainda não conseguia acreditar e Viperine teve quase certeza de que viu lágrimas saindo dos olhos dela, ou quase caindo. Elas caminharam de volta para o SUV roubado, voltando para Alfea. Bloom parecia ansiosa, provavelmente queria perguntar aquilo para a Dowling ela mesma.
— Não temos motivo para inventar uma história sobre nossos professores serem assassinos — alegou Beatrix, quando já estavam há vários quilômetros de Aster Dell. Ela tinha dado tempo para Bloom se acalmar.
— Entendemos que você não poderia confiar em nós até que provássemos sermos confiáveis — sibilou Viperine, se jogando entre os meios do banco da frente. — Sabe que não somos como os professores. E você precisa das respostas que nós temos.
— De uma mulher que morreu e não deixou nada além de mensagens enigmáticas e meias verdades, preciso de mais — respondeu Bloom, cansada.
— Rosalind está viva — revelou Viperine. — Nós viemos para Alfea com a missão de libertá-la.
— Dowling me disse que ela está morta! — gritou Bloom, histérica.
— Dowling não é quem você pensa ser, mas nós apenas seguimos ordens.
— Ordens de quem? — perguntou Bloom.
Mas Viperine bem Beatrix responderam, não quando Viperine assustou Beatrix e mandou-a parar o carro. Sob os protestos das duas, Viperine as ignorou e caminhou lentamente para dentro da floresta aos arredores de Alfea.
As intermináveis mensagens que Riven mandou nas últimas horas teriam que valer a pena.
◈
VIPERINE SABIA QUE ERA fácil encontrar Riven quando nenhum deles estava tendo aula. Riven era quase um viciado em cigarros, principalmente quando estava irritado e fugia para dentro da floresta.
Entretanto, essa sua forma de liberar energia também era fatal, tanto que da última vez ele encontrou um cadáver.
Viperine pulou, sentando-se na enorme pedra e tirando o cigarro dos dedos deles, levando-o aos próprios lábios rosados e tragando. Ela o devolveu em seguida, percebendo que ele estava com a mandíbula tencionada. Aquilo era raiva?
— Mandei mais de vinte mensagens — sibilou ele. — Onde esteve?
— Por aí — ela deu de ombros. — O que queria? Disse que precisávamos conversar.
— Eu e Sky brigamos — disse Riven, apagando o cigarro na pedra.
— E o bebê Riven precisa de um ombro para chorar? — Viperine provocou, mas Riven não riu. — O quê?
Riven balançou a cabeça em negação, como se não acreditasse nas suas próximas palavras.
— No dia da festa da Ala Leste — começou, evidentemente raivoso. — Beijou o Sky? Porque ele afirma que sim e vou você quem começou tudo. Vocês dois parecem já ter tido alguma coisa antes.
— Tá brincando? — ela tentou rir, ligeiramente afetada. — Eu nunca pegaria seu melhor amigo, Riven. Você é o meu namorado e eu nunca te trairia. Duvida de mim?
Viperine mudou de posição, sentando-se no colo dele com as mãos em torno do pescoço. Ela o puxou pela gola do moletom, trilhando beijos pelo pescoço e mandíbula dele, distraindo-o.
— Se o Skyzinho sente algo por mim, o coração partido será apenas dele — afirmou ela. — Eu só tenho olhos para você, Riven. É você quem eu quero.
— Viperine — sibilou ele, em aviso.
— Me machuca ouvir que você realmente acha que eu beijaria seu melhor amigo — disse ela, fingida. Mentira. — Como planeja pedir desculpas?
Riven não respondeu, mas puxou os lábios dela para os seus enquanto a beijava com dominância e urgência. Viperine saboreou o momento, a memória de Sky invadindo sua mente.
— Hein? — insistiu ela. — O que faria? Se ajoelharia e pediria perdão? Se submeteria a mais árdua tortura já criada? Mataria por mim?
— O que você quer? — perguntou ele, sem parar de adorá-la.
Viperine respirou fundo, contendo um gemido que sairia do fundo da sua garganta. As mãos de Riven entraram por mais de sua camiseta, pele contra pele, cravando por mais e mais e mais...
— Quero que minta por mim.
━━━━━━
06.11.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Vocês não tem noção do quanto eu gostei de escrever esse capítulo! O que acharam?
A gente tem novidades chegando e eu queria tanto já poder contar para vocês... mas vão ter que esperar mais um pouquinho ainda!
♛
VOTEM e COMENTEM
[atualizações aos sábados]
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top