𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟎 • Coração esfaqueado
SE TINHA UMA COISA que Viperine odiava mais do que lição de casa, eram assembleias, principalmente aquelas dada por aquela mulher — a Rainha Luna.
Assembleias convencionais já eram um pesadelo, mas aquelas sobre desgraça e tristeza ministradas pela Rainha de Solaria eram as piores. Eram chatas, sem sentido, e tediosas. O que realmente incomodava Viperine era a presença daquela mulher que ela não conseguia olhar no olhos.
Viperine olhou novamente para a mensagem de Beatrix, rodeando o pátio o vendo a movimentação suspeita dos adultos. Harvey, Silva, Dowling... Todos eles estavam procurando por algo ou alguém.
Ela sabia que, a essa hora, eles já deveriam ter visto os rastros de Callum e a estátua que ela e Viperine deixaram no corredor. Ah, foi um escândalo quando a acharam. Viperine queria tanto ter visto a cara deles.
Ela sentiu sendo cutucada na costela, Riven ao seu lado chamando sua atenção discretamente. Eles estavam sentados na última fileira, quase escondidos no canto, longe dos olhos de todos.
Viperine agarrou sua mão, sinalizando para saírem de fininho sem chamar atenção.
— Para onde nós vamos?
— Assembleia obrigatória é assembleia abandonada.
O olhar de Riven vacilou. Ele não queria admitir, mas de um tempo para cá, sua namorada — talvez namorada — tinha criado uma leve expressão hostil. Ele não achava que era direcionada a ele, nem que planejasse fazer algo desagradável... Era apenas estranho.
— Você vem ou não?
Riven não perdeu tempo em despistar os olhares de Silva em cima deles.
◈
— PARECE QUE NÃO SOMOS os únicos a fazer bobagem — murmurou Viperine, um sorriso malicioso em seus lábios.
Riven não conseguia parar no quão bom aquele momento era. Ele e sua garota, seu melhor amigo e a amiga do seu melhor amigo, além da amiga sua sua garota... Era complicado ser amigo de uma Trocada.
Trocada. Algo que Riven deixara escapar de sua língua durante a festa dos especialistas. Ele achava que aquilo não deveria ser nada, mas a própria Viperine alegara que elas eram perigosas. Fadas confundidas com humanos poderiam causar a extinção de um estado inteiro caso seus poderes saíssem do controle.
Agora, estavam vasculhando a Ala Leste. Nem deveriam estar ali, caso fossem vistos poderiam tomar outra detenção. Mas quem se importava? Riven queria aventura, e era isso o que ele procurava ali.
Mas provocar seu melhor amigo sobre sua relação com Bloom, ou futura relação, era bem melhor.
— Um caso emocional — murmurou Viperine antes que ele pudesse falar algo. — Isso é muito pior.
— Amo uma porta trancada — exclamou Beatrix, achando o que procuravam.
— Como vamos entrar? — perguntou Bloom.
— Não vamos — declarou Sky, fazendo o trio maligno revirar os olhos. — O Silva é quem tem a chave. Vou perguntar a ele da próxima vez que o vir.
Riven bufou, cutucando Viperine como se ele soubesse que aquela resposta não era o bastante e só servira para despertar mais sua curiosidade.
— Quanto mais você diz não, mais ela quer — sibilou Riven para Sky. — Desista.
— Vamos conversar sobre consentimento? — provocou Beatrix.
— Por que isso parece uma sessão com um psicólogo? — continuou Viperine. — Ou psiquiatra, que seja.
— Por que é que vocês estão aqui, afinal? — perguntou Sky para ela, Riven e Beatrix, como se os culpasse. — O vídeo já não foi o suficiente.
Ah, o vídeo. Viperine ficara sabendo dele no dia seguinte de quando fora postado. Aparentemente, fora algum vídeo entre Beatrix e Dane onde ele claramente estava bêbado e falando certas coisas sobre Terra.
Não que Viperine se importasse — porque ela realmente não ligava — mas aparentemente Bloom ficara chateada e Sky também já que quem o postaram foi Riven. Era apenas uma brincadeira, mas eles levaram isso a sério demais.
— Eu sei que o vídeo talvez tenha sido demais, mas eu não falei nada, fui apenas uma espectadora disse Beatrix. Mas foi ela, com certeza, que embebedara Dane. — Se querem ficar bravos com alguém, fiquem com o idiota que estpa dizendo a todos que você, Bloom, é uma Trocada.
Riven congelou no lugar, sem se atrever a falar algo.
— Esse não era o jeito que eu esperava ser ferrado hoje — murmurou ele, suspirando.
Ele caminhou para o terreno aberto sob o céu nublado. Ah, ele nunca esperava ser pego daquela maneira por Beatrix. Ele queria xingá-la e esganá-la conta a parede... Ele sabia que naquele momento Viperine já deveria estar tentando abrir a fechadura e não seria mais necessário ali.
— Está fugindo de mim? — cobrou Sky, seguindo-o.
— Pode falar logo que sou um idiota...
— Você é — concordou. — Sempre foi.
O santo Sky estava preocupado em prejudicar os sentimentos de Riven, aparentemente. Fora necessário todo o seu autocontrole para continuar agindo normalmente quando viu Viperine aparecer na Ala Leste. Ele estava tentando se mantes afastado, mas estava sendo cada vez mais difícil, principalmente porque seu melhor amigo namorava ela. Mas ela o havia beijado na festa? Aquilo significava que...
— Dá para levar isso a sério? — exclamou Sky, ao vê-lo sorrindo zombeiro. — Você elevou seus níveis desde que começou a transar com a Viperine!
— Esse é o problema? — perguntou Riven. — Eu gosto da Viperine. E ela é a primeira pessoa nesta maldita escola que gosta de mim como eu sou.
— Você mal a conhece — zombou, mexendo os ombros. — Se eu fosse você, eu abria bem os meus olhos com ela, Riven. Viperine não é quem você acha que é.
— E o que você sabe dela, hein? — instigou, irritado. — Você, Sky, que mal a conhece.
— Ah, é? — provocou, sem controle de si mesmo. — Pergunta para a sua namora então porquê ela me beijou na festa? Ela te falou isso?
Riven tinha certeza que sentiu seu coração ser esfaqueado.
◈
VIPERINE CRIOU vigas de pedra que entraram pela fechadura, balançando-a numa tentativa de abrir a porta trancada;
— Então — começou Beatrix —, Rosalind. Deixe-me adivinhar: acha que vou ela quem te trocou no Primeiro Mundo.
— Você me disse que não sabia quem ela era — reclamou Bloom, estranhando.
— Sabemos quem Rosalind é — disse Viperine, dando de ombros.
— Você foi cautelosa sobre o porquê, eu fui cautelosa sobre o quem — defendeu Beatrix, logo virando para Viperine. — Vai demorar?
— Quer abrir você? — reclamou de volta. Merecido. — Parece com medo, Bloom. Está tudo bem?
Bloom assentiu, cruzando e descruzando os braços em ansiedade.
— Só não quero colocar Sky numa situação difícil — explicou ela.
— Mas você quer respostas — sibilou ela. Clic. — Vamos achar essas respostas.
Assim que entraram, viram mapas espalhados por toda parte. Relíquias militares estavam pelos cantos, empoeiradas e esquecidas. Muitas caixas de arquivos estavam empilhadas uma em cima da outra. No centro do chão, um círculo coberto com areia. Bizarro.
— Eu sabia que Alfea tinha um passado militar, mas ainda é uma escola — disse Bloom, explorando. — Que lugar é esse?
— Sala de guerra — respondeu Beatrix. — É aqui que pessoas poderosas e obscuras decidem quem vive e quem morre.
Viperine vasculhou com os olhos pelas caixas, sem a menor vontade de mexer naquela poeira toda, temendo sua rinite atacar. Bloom explorou os arquivos, enquanto Beatrix apenas a observava.
— Parece que Rosalind mal estava ma escola em 2004.
— Ah, não diga? — zombou Viperine, rindo. — Ela estava liderando a cruzada contra os queimados.
— E onde ela estava em dezembro? — perguntou Bloom. — Foi quando eu nasci.
Mas a pergunta de Bloom foi cortado por seu celular apitando, várias notificações chegando.
— É da suíte, do nosso grupo — explicou, sem precisar. — Depois eu vejo.
— Parece um tanto chato — comentou Beatrix.
— Dezembro — sibilou Viperine, sentando-se em cima de caixas cobertas por um pano creme. — Se não me engano, Rosalind estava em Aster Dell.
Bloom e Beatrix pararam tudo que estavam fazendo, encarando-a:
— Como sabe disso? — perguntou Beatrix.
— Sabendo — deu de ombros, sem se importar. — Aster Dell fica a algumas horas daqui.
Beatrix pegou a insegurança de Bloom, provocando:
— Abandonou a assembleia, mentiu para Sky, e invadiu uma sala de guerra secreta — listou. — Vai mesmo desistir?
De qualquer maneira, Bloom tinha que admitir que Beatrix e Viperine tinha razão. Ela estava tão perto de descobrir a verdade... Mas quem era realmente Viperine? Bloom não a conhecia, mas Beatrix parecia saber bem quem era ela e vice e versa.
— Está ficando tarde, Bloom — resmungou Viperine, elevando o tom. — Não te culpo, você mal nos conhece. Mas a Dowling já vai arrancar nossas tripas se descobrir que encontramos a sala secreta guardada à chave. Faz mesmo diferença?
Novamente, Viperine estava certa. A essa altura, Bloom já sabia que Dowling mantinha muitos segredos e que a diretora de Alfea nunca lhe contaria eles. Ela respirou fundo e deu um salto de boa-fé:
— Como vamos conseguir chegar até lá?
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30.10.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
O que acharam do capítulo?
Grandes emoções chegando nos próximos, porque como prometido, MEDUSA e Mind Soldier não seriam em nada com FATE, ICE ou RAIN.
Teorias?
Pra quem viu os últimos avisos no meu quadro de mensagens já sabem o que está chegando, não é?
Agora, eu correria para o capítulo 11 de Mind Soldier já que no último a Donatumblr viu meu quase ataque cardíaco que ela conseguiu me dar #surtei
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