- Capítulo I -
Segunda-feira, 23 de julho de 2017
Manhã, 07h42
Tons de cinza dominavam os céus daquela manhã. Chovia em Castle Combe, o que tornava as calçadas tortas um atrativo a idiotas, bêbados em seu próprio orgulho que se colocavam em situações humilhantes para conseguir algumas risadas.
Harley Cleanwater caminhava com um sobretudo batendo na altura de seus tornozelos, seus cabelos curtos acabaram de ser enrolados preguiçosamente, o que os deixava desalinhados. Como de praxe, um cigarro na mão ia em direção aos lábios quase sempre vestidos de um vermelho vívido. Uma tragada. A fumaça invade seus pulmões e os aquece. Seu guarda-chuva pesa na mão esquerda e, por alguns segundos, pensa em deixar os pingos lhe molharem as roupas. Não. Ela pagou muito caro naquele casaco. Doze libras, para ser exato.
Cruzando o Market Place, a mulher chegou à West Street, o andar sempre alinhado, atribuindo-lhe mais dois centímetros. As casinhas de pedra que circundavam a rua estavam decadentes, pó tomando conta de suas fachadas. Havia um novo hotel ali, no meio das velhices. Irá falir, ela pensou. Ao virar seu rosto para a esquerda, o portão de uma seção de condomínios surgiu. Ela o abriu, apagando seu cigarro e jogando-o no chão, ouvindo um estalido. Com o ranger do portão, seus ouvidos estremeceram.
Ela voltou a caminhar, mas antes que pudesse ir para longe, seu sobretudo enroscou-se no portão. Em meio ao praguejo, ela arrancou o tecido macio das grades decoradas com os gordos pingos da chuva límpida que corria das nuvens cinzentas.
Harley não fora recebida com bom-dias afáveis e muito menos sorrisos gentis. A todos aqueles que passavam, somente um olhar duro e frio permanecia, como se seus glóbulos oculares fossem saltar de suas órbitas de tão descaradamente encararem a detetive. Ela bufou ao continuar caminhando, ignorando o olhar de uma mulher gorda que acabara de passar. Provável que aquela mulher passasse a noite com seus gatos. Não porque os bichentos quisessem, mas sim porque, numa sátira do destino, eles acabaram por serem condenados a ficar naquela casa, onde a refeição lhes era gordurosa, assim como sua dona.
Os pingos tornaram-se mais fortes conforme ela caminhava. Merda! Ela tinha que trabalhar na última casa do condomínio? Seu escritório permanecia aberto constantemente, afinal, a única outra pessoa que ocupava o local era uma idosa chamada Margeory. Divorciada. Ou melhor, viúva. Duas vezes. Nunca teve filhos por escolha própria. Dizia ela que não suportava o choro de crianças. Bom, isso elas tinham em comum.
Conhecida por vadia, prostitua, desgraçada, mal-amada, mulher do diabo e entre outros inúmeros carinhosos apelidos, Harley sabia que não havia mais lugar para ela naquela cidade. Talvez nunca, de fato, tivesse tido um lugar para uma mulher como ela. Já há algum tempo, a procura por escapatórias rápidas se tornou ainda mais frequente em seu histórico, superou até mesmo as quantidades de acesso em sites pornôs. Às vezes, ela imaginava casos que poderiam tirá-la dali: por azar, alguém teria sido morto em território francês, o que a forçaria a ir numa investigação em outro território. Ela adoraria conhecer a França, embora detestasse a língua francesa. Ou então, quem sabe, se tivesse sorte, um rico milionário seria morto e ela seria contrata para resolver o caso. Não. A fantasia era incrível, mas a realidade era previsivelmente tediosa e cruel, expondo de forma nua toda a desgraça da vida de Harley Cleanwater.
Com um baque surdo, ela abriu a porta da frente e se surpreendeu pelo fato da velha do andar de baixo não a receber. A falta dos olhares de peixe da idosa talvez indicassem que o canal de tricô estava passando algo interessante. Tirando seu sobretudo e largando-o sobre o corrimão da escada, ela procurou pelas chaves. Com um estalo em sua mente, ela lembrou-se que a porta estava aberta. Idiota!
O local estava escuro e abafado, os pingos de chuva bloqueados pelas janelas de vidro embaçadas. Algo estava diferente, ela pode sentir. O piso forrado de um veludo marrom tocou as solas de seus sapatos enquanto ela guiava sua mão até o interruptor, acendendo-o enquanto erguia uma sobrancelha.
- Era para eu me surpreender? – Indagou, a voz carregada de desprezo.
Havia um homem na sua frente. Alto. Ombros largos e maxilar quadrado, os olhos fixos nos dela enquanto lançava um copo de vidro de uma mão para a outra. Ele estava sentado atrás de uma mesa de mogno escuro, atolada de papeis de arquivos mortos que estavam sendo descartados.
- Queria te fazer uma surpresa. – Ele sorriu, os lábios ainda colados.
- Me consiga algum cliente, então. – Ironizou a mulher, jogando seu sobretudo sobre uma cadeira estofada na frente da mesa. – Pode tirar os pés da minha mesa?
- Não vai pedir por favor?
- O meu por favor será a minha mão na sua cara. Tira logo a porra dos seus pés da minha mesa!
Provocando-a, ele girou o corpo, os pés tocando o chão enquanto o corpo se erguia. O homem colocou as mãos nos bolsos da calça jeans que usava, comprada numa promoção de dois por um.
- O que foi?
Harley repousou o olhar sobre o copo de vidro que ele abandonara na mesa.
- Se você tiver bebido da minha vodca, eu juro que te mato. – Ela virou, as mãos apoiadas na mesa enquanto ele a cercava, seus braços musculosos encurralando-a no próprio escritório.
- Quer saber se eu bebi? – Ele se aproximou dos lábios dela, sua respiração tornando-se um atrativo para a mulher.
- Cala a boca. – Dizendo isso, ela agarrou-lhe a nuca, puxando-o para perto, tocando seus lábios, mordiscando-os com voracidade, sentindo um gosto rápido de sangue. Ele recuou de forma instintiva, apenas para, em seguida, agarrar-lhe a cintura, erguendo-a, fazendo a mulher se sentar sobre a mesa, empurrando as pilhas de papeis para o chão. Ela curvou as costas enquanto sentia-o retirando suas calças pretas, sua calcinha azul agora completamente livre.
- Faz tempo que não nos divertimos aqui, Cleanwater.
Ouvi-lo dizer seu sobrenome fez um arrepio percorrer seu corpo.
- Espero que não tenha perdido a prática.
O homem deu-lhe um tranco, puxando suas cochas para perto. Sua ereção é evidente.
Eldric Heartland sabia provocá-la. Com os lábios, descera uma trilha meticulosamente traçada pelo colo dos seios da mulher, expostos pelo decote de sua regata preta, colada em suas curvas, as coxas largas ainda submetidas ao total controle das mãos dele. Enquanto ela se deliciava com o toque dos lábios finos de seu amante por todo o seu corpo, seu celular vibrou dentro do casaco.
- Eldric... – Ela o chamou por entre um gemido baixo. Ele começava a contornar seu umbigo com sua língua, aproximando-se cada vez mais das intimidades da mulher. – Eldric...meu celular...
- Deixe tocar. – Ele pediu, as mãos começando a baixar a calcinha azulada.
- Não, Eldric. – Num movimento rápido, Harley endireitou-se. O desapontamento no olhar do homem era evidente, explicito mesmo nos tons mais escuros do azul de seus olhos. – Pegue meu celular.
Obedecendo-a a contragosto, ele apanhou o aparelho, entregando-o a ela.
- Harley. – A mulher anunciou de forma curta e rápida, seu nome flutuando até o outro lado da linha.
...
07h47
Uma garota fora encontrada morta na frente do colégio White Hills, ao sul da pequena cidadezinha de Castle Combe. Alguém cortou as orelhas da menina, meu Deus, a voz de seu assistente, Branner, saiu abafada por vozes que gritavam desesperadas do outro lado enquanto a polícia da pequena cidade passava pelo local, cercando a área do corpo da vítima. Venha rápido, ele finalizou.
Agora, cinco minutos depois, ela caminhava com as pernas rígidas até o pequeno amontoado de gente, a maioria de cabeça branca, típico daquela cidade. Alguns jovens se reuniam no canto, celulares em suas mãos numa tentativa fútil de conseguir uma fotografia daquele espetáculo de horror, apenas para tentar crescer num ambiente social quase inexistente. Uma menina de cabelos tão escuros quanto os de Harley chorava, desolada, a maquiagem barata escorrendo pelo rosto, a palidez da manhã tornara-se ainda mais alva com todos aqueles murmúrios na atmosfera.
Por cima de todas as cabeças brancas, ela avistou uma de cabelos castanhos e bufou, os ombros relaxando de forma displicente. O couro cabeludo que entrava em seu campo visual era o de Edgar Jenkis. Alto. Magrelo. Rosto tão patético quanto suas tentativas de resolver casos posteriores àquele. Uma vez, ele fora contratado para acabar com um pequeno grupo de traficantes que estava dominando os jovens de mente fraca daquela cidade. Edgar tentava interrogar a todos, como um ratinho frenético que acabara de comprar um terno que o deixava curvado. No fim, ele conseguiu apanhar um rapaz que estava indo para a universidade. Parabéns, Edgar, conseguiu deter um gênio do crime que queria estudar.
Seus olhos se cruzaram. Faíscas imaginárias arderam em ambos.
- O que está fazendo aqui, Cleanwater? – Ele indagou enquanto Harley abria caminho pela multidão, empurrando um velho que se recusava a sair da sua frente. Ele cambaleou, mas não caiu.
- Eu moro aqui. – Retrucou a mulher, os lábios vermelhos articulando calma e pausadamente. A resposta cínica fez o rosto do detetive tornar-se rubro, suas sobrancelhas finas pareciam ter acabado de sair do salão de beleza.
Um policial chamou por Edgar, que apoiou as mãos na cintura, demonstrando-se importante.
- Não atrapalhe meu trabalho, Cleanwater.
- Tente não atrapalhar a si mesmo. – Ela apanhou um cigarro, colocando-o no meio dos lábios. – Não deveria deixar que os policiais chegassem tão perto do corpo...eles podem acabar interferindo na cena do crime.
- Sei como fazer o meu trabalho.
- Sabe mesmo? – Ela riu debochadamente enquanto dava a primeira tragada, logo após guardar seu isqueiro vermelho. Já era o segundo cigarro naquela manhã. – Bom, tem sorte que parou de chover.
- Por quê? – A raiva estava explicita em sua voz.
- Assim não sujará o seu terninho de sangue.
Ele sacudiu a cabeça e desistiu da conversa, caminhando até um policial parrudo, de pele escura e sem cabelos, apenas uma bola gigantesca e dourada que mais se assemelhava a um ovo de dragão do que a uma careca.
O corpo da garota estava ali, pálido, sem vida, os braços endurecidos que nem galhos, que se partiriam quando o legista fosse preparar o corpo para a autópsia. Causa da morte? Perda notável de sangue. O lugar aonde as orelhas deveriam estar, agora, eram apenas buracos negros, que de vez enquanto deixavam escorrer uma fina faixa de um líquido esbranquiçado que se assemelhava a um pus grosseiro e pútrido. Os cabelos loiros estavam secos e quebradiços, manchados de sangue seco. As roupas, uma blusa rosa e uma saia preta que ia até suas coxas, haviam grudado em seu corpo. Ao deduzir de Harley, aquela menina deveria ter por volta dos dezesseis anos.
- Não! – Um grito cortou o ar, fazendo todos se virarem. – Não! Minha menina... – Uma mulher gritava com a voz esganiçada de dor, a garganta cortando-se conforme as lágrimas partiam-lhe o coração enfraquecido. – Não... – A mulher tinha os cabelos tão loiros quanto os da garota, o que não era impressionante, já que assumia tons de um amarelo medicinal naquela luz pálida da manhã de segunda-feira. Ela estava com um robe roxo e um par de calças jeans pretas. Um homem tentava consolá-la, apertando seu rosto contra seu peito protegido por um pulôver azul-marinho, seus cabelos iam até a altura de suas orelhas, de resto era tão careca quanto um daqueles policiais.
- Senhora Freemont... – A menina de cabelos pretos se aproximou da mulher, agachando-se ao lado dela. A mãe, em frangalhos, agarrou as mãos da garota, colocando-as no asfalto enquanto baixava sua cabeça, um berro destruindo as nuvens cinzentas.
Tarde, 12h47
Harley voltou ao seu escritório apenas quando terminou de beber a pequena garrafa de vodca que carregava dentro de seu carro. Eldric ainda estava lá, sentado na cadeira na frente da mesa, o celular em suas mãos sendo vítima dos dedos ágeis do homem.
- Clary Freemont... – Ele disse ao senti-la entrar, a porta batendo atrás do corpo da mulher, que correu até sua mesa, jogando-se sobre a cadeira. – Garota de dezessete anos da escola White Hills, aluna média sete e sem advertências ou suspensões, filha de Jay e Winson Freemont. Emily Granier era a melhor amiga e filha de Anthony e Cynthia Granier. – Ele fez uma descrição da garota para a mulher, que permanecia sentada, os olhos fitando a janela fechada, o ar abafado fazendo sua nuca suar enquanto sua visão focalizava-se na prateleira de suas bebidas, acima de sua mesa. Uma garrafa de Grey Goose brilhou aos olhos dela. – Nem pense em beber numa hora dessas.
- E por que eu não deveria fazer isso?
- Pode ser o primeiro caso que teremos a meses, Harley. – Ele olhou para ela, algumas dobras apareceram em sua testa conforme ele erguia as sobrancelhas. – Você sabe que precisamos ajudar...
Agora, ela riu, a voz embargada de orgulho barato.
- Você vai precisar de dinheiro para continuar comprando suas bebidas.
Gesticulando, a mulher disse:
- Este sim é um bom motivo.
Ignorando-a, Eldric desceu a tela de seu celular.
- Conseguiu essas informações na ficha da polícia? – Ela indagou, os olhos ainda fixos na garrafa de vodca importada.
- Não. Eles não arquivaram nada ainda, o assassinato ainda é muito recente.
- Então de onde?
- Fiz pesquisa nas redes sociais básicas e acessei os dados da escola. Posso não ser um hacker tão bom, mas consigo acessar algumas páginas privadas.
- Você é ótimo, Eldric. – Afirmou a mulher, erguendo-se enquanto colocava a mão nas cinturas.
- Viu o corpo, não viu? – Ele indagou, analisando as marcas faciais da mulher: lábios franzidos, olhos arregalados e respiração calma, como se uma pedra pressionasse seus pulmões, porém não causasse incômodo algum.
- Pior...encontrei Edgar.
Eldric riu e um pequeno sorriso permaneceu no canto de seus lábios. Eles compartilhavam da mesma opinião a respeito do homem.
- O que vai querer fazer com esse caso? – O homem desligou o celular.
- Para que possamos realmente fazer alguma coisa, precisaremos primeiro que nos contratem. – Ela contornou a mesa, abaixando-se e beijando-lhe os lábios finos apenas para apanhar sua bolsa, bloqueada pelos ombros largos de Eldric. – E, se quisermos ser contratados, precisaremos de alguma informação prévia, só para servir como uma espécie de isca.
- Aonde vai?
- Para a casa dos Grenier, preciso começar por algum lugar.
14h29
Ela teve de esperar pelo silêncio das ruas. Seu carro estava estacionado na frente de uma casinha de pedra, com uma janela que dava de cara com inúmeros vasos de flores de diversas cores, todas bem hidratadas, espalhando suas cores vibrantes num ambiente predestinado a ser pálido. Harley apenas saiu do carro ao ter certeza de que ninguém a impediria, ao ter certeza de que nenhuma das casas a encarava com olhares taciturnos, assim como sempre faziam.
A detetive caminhou por um caminho estreito e curto assim que bateu a porta do carro, desviando de pequenas plantas que tentavam se enroscar em suas pernas; a grama verde ansiava por ser tocada, um anão de jardim com chapéu vermelho olhava para ela, seu rosto de porcelana endurecida fitando-a descaradamente. Ao tocar a pequena campainha da casa, um som de piar de pássaros dominou seus ouvidos. Ela arregalou os olhos, surpreendida pelo som estridente. Olhos curiosos abriram a cortina da janela florida. Cabelos pretos brotaram por uma pequena fresta segundos antes dele gritar:
- Mamãe, é uma mulher de casaco!
Harley ergueu uma sobrancelha. Que informação útil ele havia dado à mãe. Em instantes, a porta de madeira da casa se abriu, revelando o corpo baixo e atarracado de Cynthia Grenier, seus cabelos pretos presos num rabo de cavalo improvisado enquanto as mãos estavam cobertas por luvas de borracha fulva. Naquele dia, os tons pasteis de suas roupas destoavam de sua casa tão sempre encantadora.
- Por que não estou surpresa em te ver aqui, Harley? – Indagou ela, a voz afiada como uma faca e a falta de hospitalidade sendo banhada por um amargo suco de um ressentimento que se baseava em fatos imaginativos.
- Talvez porque uma garota tenha sido morta.
Cynthia maneou a cabeça de um lado para o outro, seu queixo protuberante carregava uma pinta clara, que quase tocava em seus lábios inferiores. Seus grandes olhos cor-de-ébano estavam cercados de profundas olheiras.
- Minha filha não matou ninguém, Cleanwater. – O ódio em sua voz fez a detetive respirar profundamente.
- Está mais do que claro que sua filha nunca cometeria um ato imoral.
- Eu sei o que você faz com as pessoas...
- O que eu faço? – Indagou ela, satírica.
- Você as engana e as faz de idiotas.
- Apenas revelo o interior delas. – Retrucou a detetive.
A mulher fechou a porta num baque súbito e feroz, o que fez as flores tremerem em suas bases. O menininho ainda olhava pela janela, a curiosidade fazendo com que um fio de baba escorresse pelo canto de sua boca. Harley parou por alguns minutos antes de virar-se para ir embora. Para começar aquele caso, não haveria escolha, teria de falar com os pais de Clary. Apenas assim ela começaria a ter acesso ao fã clube das mães-orgulhosas-de-mais daquela cidade. A ideia da isca não iria funcionar naquela situação.
Passando pelo caminho estreito que a guiara até a campainha, Harley apanhou um dos vasos da janela, com flores brancas, e se dirigiu ao seu carro, mas não antes de chutar o rosto do anão de jardim, mantendo-se inexpressiva enquanto os cacos do rosto dele repousavam sobre a grama.
*Heeeeey. E aí pessoal, como foi a sua primeira impressão com Harley Cleanwater? Rs rs. Se gostou, não deixe de clicar na estrelinha lá em cima para deixar um voto :D
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