Extra: 51th Birthday of António
Autora Narrando
17:00h - da festa ao hospital
Sabem quando todos nós temos aquela sensação de que algo ruim está prestes a acontecer? Pois é, António estava assim já á 20 minutos e não sabia explicar para ele mesmo o que de facto se tratava, se era apenas nervosismo por sua mãe não estar mais perto dele em seus aniversários ou até pela falta de sono que levava ultimamente.
Todos estavam a divertir-se imenso e daqui a 3 dias o Barcelona jogaria o próximo jogo por isso António estabeleceu um limite de bebida alcoólica para cada pessoa. Assim seria possível que o próximo jogo fosse o melhor possível e não com tantas polémicas.
— Tudo bem papai? — S/n senta-se perto do moreno. —A festa está linda, não quer vir dançar comigo? Á tanto tempo que não dançamos juntos. Vai ser lindo!
— Não estou com muita disposição hoje filha, pede para o teu irmão ou para o Pedri. Eles gostariam disso.
— Papaizinho, eles disseram para vir dançar consigo. Por favor.
— Filha! — fazendo olhinhos de gatinho António acabou cedendo.
Sua filha era a sua maior preocupação ainda mais grávida do seu primeiro neto dele. S/n foi sempre uma enorme alegria na vida dele e com os anos essa felicidade sempre aumentaria. Pegando na mão da morena os dois se dirigem para o meio do salão e começam a dançar sua música favorita.
— Sabes que eu te amo imenso pequena!
— Ah papai eu também te amo.
— Se me acontecer algo, eu quero que saibas que sempre estarás protegida por mim quando eu estiver longe. Eu prometo-te isso! Princesa do papai.
— Ainda és jovem papai, vais ver todos os meus netos crescerem! Vá não digas isso, viverás imenso.
— Nunca se sabe o que acontecerá, nunca se sabe o dia de amanhã.
— É! Eu sei.
When we are young, de Adele era uma música que eles sentiam uma conexão enorme. Colocando sua cabeça no ombro de António os dois ficaram ainda mais próximos, seus ritmos cardíacos se equilibraram e suas emoções se transformaram. Momentos como estes jamais seriam esquecidos.
— Venha papai, tenho uma surpresa para si no carro! Vai adorar.
— Agora? — com medo António puxou seu braço. —Agora mesmo?
— Sim papai, tudo bem venha! Vai adorar.
— Tudo bem.
O seu receio começou a aumentar e hoje especificamente estava absolutamente um absurdo. Se dirigiram ao estacionamento e S/n começou a procurar o seu carro que a morena havia colocado longe que com sequentemente estava bastante difícil de o encontrar.
— Filha!
António parou poucos metros atrás dela.
— O que foi papai? Está tudo bem! Nada de mal vai acontecer venha.
E num momento para o outro pontos vermelhos de uma arma de longo alcance são dirigidos para a barriga, peito e cabeça da morena e o único instinto de seu pai foi apenas correr em direção a ela e levar todos os tiros por sua filha.
Num momento de alegria se transformou num momento de verdadeiro terror, os seguranças vieram todos a correr enquanto S/n estava com seu pai caído em seus braços, o único instinto da morena era apenas chorar e chorar cada vez mais. Todos dentro do grande salão largaram o que estavam a fazer e vieram verificar o que de facto havia acontecido, a cena era terrível.
— António! António! — Natasha caí de joelhos no chão e logo é abraçada por Ferran. —Não ele não, ele não pode! Thomas por favor salva ele.
— S/n! - Thomas assentiu. —Ei! S/n por favor posso o ajudar? Prima!!!! — acrescentou gritando um pouco alto.
— Thomas, salva ele por favor. Salva meu pai. Por favor!
Tudo era um pesadelo sem fim, em uma hora estava tudo alegre e noutra estava apenas a tristeza. Thomas com ajuda de Gabriela, Felipe e Hector ajudaram António a estabilizar e manter seu coração batendo enquanto os meios de socorro não chegavam. Estavam todos lutando contra o tempo.
— Quem vem na ambulância!
— Thomas, Natasha.
— Eu também quero ir! Por favor. — S/n queria se soltar de Pedri. —Me larga Pedri.
— Querida, ouve! Vai com teu irmão. Por favor encontramo-nos no hospital privado. Por favor.
— Aham. Tudo.....tudo.....tudo bem.
Não demorou muito para todos entrarem em seus carros e seguirem a ambulância o caminho todo, era simplesmente um pesadelo. S/n sentia-se culpada por ter insistido em levar seu pai para o estacionamento, sentia-se culpada por não o obedecer e não o ouvir enquanto ele tentava alertá-lo.
O ambiente era pesado em todos os contextos.
O caminho do hospital foi bem curto e logo saíram de seus carros, todos aflitos foram correndo para o corredor que dava de acesso as salas de cirurgia de emergência. Thomas se vestiu, mas em um hipótese alguma podia entrar.
Corações batendo a mil por hora, mentes a pensar no pior e corpos a tremer era um autêntico campo minado de tristezas.
— A culpa é minha! — após se sentar a morena se pronuncia. —Eu não devia ter o levado lá.
— Ah querida. Tudo bem, não tiveste culpa do que aconteceu, ninguém tem culpa que o mundo seja mão.
— Ele, ele vai morrer por minha causa. Minha causa!
— Não vai morrer, os médicos não vão deixar isso acontecer. Por favor querida vem cá!! Me abraça.
— Mamãe.
— Maninha! Olha para mim, papai é forte, ele é o homem mais forte que nós conhecemos ele vai sair desta como se nada fosse vais ver ele vai viver muitos anos.
— Vai?
Uma questão pertinente!!
Ninguém sabia se de facto ele já estava em morte cerebral, não sabiam do estado que tinha saído do estacionamento e muito menos do estado dele a caminho do hospital. Essas dúvidas os colocavam numa situação duvidosa, numa situação que ninguém naquele local queria estar a passar.
— Senhores. — Lopez diz, mas com preocupação em sua voz. —Natasha, Thomas, Ferran, Pedri podemos falar a sós?
— Porque eu não posso ir também?
— Querida, estás abalada, fica aqui um pouquinho, as meninas e os meninos tomaram conta de ti.
— Tudo bem amorzinho, nós já vimos. — um beijo Pedri lhe deu.
Com dificuldades em iniciar um diálogo concreto e dizer a verdade sobre o ataque ele também estava ciente de que devia falar apenas a verdade e não esconder para quem de facto devia ter recebido os tiros. Era uma decisão difícil a tomar, porém ele não podia esconder um assuntos destes de nenhum deles.
— Fala logo Lopez! Nunca foste assim. — Natasha é consolada por Ferran.
— Por favor Lopez, precisamos de saber.
— Bem....os tiros que António recebeu não eram para ele..
— Não eram? — Pedri descruzou os braços. —Não! Não me digas que eram para ela.
— Sim! Infelizmente sim.
— Que eu saiba meu pai recebeu também na barriga! Eles queriam matar o meu sobrinho?
— Não temos como saber disso, mas sim todas as provas estão sendo plausíveis para esse local.
— DROGA!
Frustado e chateado Pedri joga uma lata de lixo ao chão. Ele não acreditava que queriam matar a sua mulher e muito menos o seu pequeno filho, nunca imaginou que passaria por algo deste género e muito menos ter que esconder isto de sua mulher até tudo isto acabar.
— Tudo bem aí? — S/n mais uma vez.
— Tudo prima! Pedri só ficou tenso aqui.
— Não podemos contar Pedri! Ela não pode saber, não hoje.
— Eu sei Natasha. — a abraça chorando. —Meu filho! Minha mulher, eles a queriam morta.
— Eu sei querido! Eu sei.
— Obrigada pela informação Lopez. — é Ferran.
— De nada, bem vou deixar-vos a sós.
Os segundos, os minutos e as horas iam passando e sem nenhum sinal de que António tinha saído de cirurgia, Glória sua irmã e Jonnas seu cunhado estavam a vir de um voo de enérgica do Canadá para cá, Duarte estava preso na Índia por causa de uma tempestade e não podia decolar. Tudo estava piorando a cada minuto.
Thomas estava estritamente proibido de entrar e os seguranças já o haviam barrado umas cinco vezes após tanta existência do mesmo.
S/n já tinha bebido umas três garrafas de água e comigo bastante para tentar esquecer, nada, era impossível e enquanto ela não soubesse de notícias de seu pai era incapaz de fazer isso. Seu coração estava a ponto de sair pela boca, Thomas a queria examinar numa sala á parte, todavia a morena tinha recusado todas essas vezes.
— Pessoal! Os médicos e as enfermeiras estão saindo. — Hannah falou. —Priminha vem cá.
— Então doutor como meu pai está.
— Não vou mentir!
— NÃOOO! NÃOOO! — S/n caiu no chão chorando. —Ele não, Deus ele não por favor.
Tristeza de verão.
Ninguém estava preparado para o que o médico iria dizer, todos se sentiam mal por dias e com a tristeza S/n até podia perder seu bebé. S/n apenas queria sentir seu pai uma última vez, o abraçar como o fez e.......
— Então doutor! Fale logo.
— António sofreu três ferimentos de bala um na cabeça de raspão, um perto do coração e um na sua barriga que atingiu seu rim. E ele.....
— Ele? Fale logo.
— O que ele está a querer dizer é que tiveram que tirar o rim, o tio António estará para o resto de sua vida apenas com um, o estrago da bala foi enorme que desfez o rim por inteiro, os restantes dos órgãos foram restaurados e o sangranento interno foi controlado porém, ele ficou em coma.
— Coma? Coma?! Ele não meu pai não, doutor diga que é mentira.
— Infelizmente não, tivemos que o fazer, além de ele ter tido uma parada cardíaco ao chegar ao bloco tivemos que estabilizar seu ritmo cardíaco antes de começar a operar.
— Podemos ir vê-lo? — Ferran falou. —Por favor.
— Terão que o ver atrás do vidro. Infelizmente terá que ser assim o protocolo. Thomas os acompanhará até lá.
— Obrigada doutor. — Natasha desta vez.
Ninguém queria ter que estar nesta situação, todavia a vida nunca foi fácil para ninguém, sempre altos e baixos e quando menos esperam algo de ruim acontecesse. Este era um desses dias!
Vendo António pelo vidro foi doloroso, porém era o único meio de se conectarem a ele por enquanto. Ele estava bastante debilitado e ver que tantas máquinas o rodeavam para ele receber oxigénio e estar vivo era doloroso demais.
Apreensão!
— Samuel? — Natasha o avista ao longe. —O que! O que fazes aqui?
— Bem....António deixou uma carta quando Ferran completou 18 anos de idade que caso António sofresse algo, o primogénito dele tomaria conta da família e das empresas até Duarte chegar. Eu sinto muito Ferran!
— Eu não vou fazer isso. Não vou, meu pai vai acordar eu sei que sim!
— Priminho! Como ele está eu diria que ele tem 20% de chances de sobrevivência.
— Então vamos agarrar-nos nesses 20%, Thomas!! — S/n e Ferran falam juntos.
— Eu não o vou perder Samuel! Obrigada pela informação.
— De nada! Aqui tem a carta, que ressalta também que se ele estiver assim até lá, terás que assinar tudo de importante nas empresas e jogar todos os jogos de futebol, por ele!
— Não tenho cabeça para jogar.
— Mano! Papai ficaria orgulhoso, não chateado. Sei que é difícil tudo isto, mas sabes o quanto ele lutou por nós na infância. Está na hora de lutar por ele.
Correta.
Mesmo tudo estando a desabar ao redor deles, tanto Ferran como S/n tinham que ser os mais fortes para mostrar que conseguiam ultrapassar tudo. Suas almas estavam em pedaços e seu coração partido, seu pai estava por um fio entre a vida e a morte.
— Papai vai ultrapassar isto! Eu sei que sim. — Ferran abraça a irmã. —Ele vai sair maninha. — acrescentou murmurando para ela.
— Sim maninho! Eu te amo.
Thomas finalmente teve autorização para ver o estado clínico do tio e com ajuda de duas enfermeiras o observaram tanto o seu ritmo cardíaco como também a sua pressão, mas o pior estaria por vir quando num abrir e fechar de olhos ele começa a ter uma parada cardíaca.
— Enfermeiras me dêem a máquina! Agora.
— Thomas não podes.
— Eu não o vou deixar morrer, façam o que eu mando agora! Ele não vai. — ofegante o moreno não parava de tentar reanimá-lo. —Eu prometi isso a eles.
— Tudo bem.
Ele sabia que não podia atender ninguém da família, porém se ele não estivesse ali seu tio podia ter morrido e sentir-se-ia culpado por tal coisa.
— O que aconteceu aqui? Não o avisei que não pode tratar seus familiares? — o médico furioso entra no quarto.
— Ele ia morrer, não ia deixar isso acontecer.
— Ele vai ficar bem? — é S/n.
— Por agora sim prima! Agora o senhor pense bem se não quer ficar aqui por perto coloque alguém competente para o fazer.
— E esse alguém competente és tu? — em tom irónico o médico se pronuncia. —Faz-me rir.
— Sou! Se não gosta se despeça.
— Thomas querido, chega por favor. — Natasha o abraçou. —Por favor vem me examinar a mim e á tua prima. Vem, este estresse não está a fazer bem aos bebés.
— Eu não quero mamãe.
— Vai maninha! Eu tomo conta dele, vai tu e Matheus são importantes para o papai, sabes o quanto ele sempre se sente orgulho em dizer.
— Vem querida! Vamos, Pedri e Gavi vem connosco.
— Tudo bem! — limpando suas lágrimas S/n começa a dar seus primeiros passos. —Mas pode ser rápido?
— Claro! Vem prima, venha tia.
Este estresse todo não faria nada bem aos bebés que ainda estavam na barriga e com tudo isto podiam perdê-los sem nem reparar. Natasha não aguentaria mais uma dor dessas, S/n, bem S/n culpar-se-ia ainda mais por deixar seu filho morrer.
💄💋⚽️
S/n Torres
7 dias depois
Hoje em dia tenho um novo medo que antes não tinha, foi neste mês que me disseram que te perdia e eu só pedia a Deus para que isso não acontecesse, pelo menos não por agora. Eu preciso de ti pai, eu preciso do teu carinho, do teu amor, do teu abraço e de teus conselhos. Eu preciso de ti na minha vida.
Foi difícil olhar para ti desacordado naquela noite, foi difícil para mim pensar que já te tivesse perdido, fiquei a saber que Matheus podia ter morrido se eu não me acalmasse, eu pedi a Deus para não acabar assim.
Todos me perguntam como eu estou, todavia me sinto culpada pelo que te causei, me sinto culpada pela situação em que estás. Devia ter sido eu a ficar aí, não tu. Só ontem de noite podes-te receber visitas. Sempre foste o melhor de mim, ensinaste-me a palavra amar, amando-me a mim e eu não podia aceitar que acabasse desta forma, não agora.
Teu ritmo cardíaco estabilizou e meu medo abaixou, ainda estás em coma, mas sempre que seguro tua mão uma esperança nova em mim nasce.
Meu choro foi novamente liberado, me coloco em pé e logo me ajoelhei perante a cama segurando a tua mão, começo a rezar por ti e a pedir para que não fosses embora tão cedo da minha vida.
Eu não merecia isso, não merecia isso tão cedo, não depois de perder a vovó este ano.
— Eu te amo papai, se forte por ti, por mim, por Matheus, pelo Ferran, pela Natasha e por todos nós. Ninguém aqui queria sair de perto de ti, ninguém aqui queria te abandonar e não o fizeram apenas foram comer um pouquinho e logo voltam. Todos te amamos papai.
— Senhora! — a enfermeira se fez presente na porta. —Posso? Vim verificar o seu pai!
— Claro! Esteja á vontade.
Eu queria que me salvassem neste momento e acima de tudo queria que meu pai acordasse para lhe dizer o quão culpada eu me sentia por ele estar neste estado. Ele daria a sua vida por nós e de facto foi exatamente isso que ele acabou por fazer, ele era o meu anjo da guarda.
Me levanto novamente e me sento na cama perto de seus pés, ver ele neste estado me partia o coração. Eu queria morrer aqui, eu queria estar com ele onde ele estava. Eu me sentia numa escuridão imensurável, eu precisava que alguém me trouxesse de novo à vida.
— Amor! — Pedri veio com uma bandeja pelo quarto dentro. —A tua tia autorizou trazer comer para ti, tenta comer um pouquinho. Já desde ontem á noite que não comes.
— Não tenho fome.
— Bem irei indo. Fiquem bem. — a enfermeira guardou uma injeção em seu bolso.
Depois de tudo eu tinha medo de todas as pessoas, pessoas essas que queriam meu pai morto, pessoas que fariam de tudo para o ver num túmulo, eu não ia deixar isso acontecer. Enquanto eu estivesse aqui nada iria acontecer.
— Amanhã temos jogo, mas vai ser difícil.
— Hum! Meu irmão vai, ele me disse.
— Ele não queria, mas pensou na carta que seu pai deixou. Nós todos estaremos com o pensamento em vocês enquanto estivermos em Madrid.
— Eu sei. — o beijo. —Fui fazer um exame hoje de manhã, Matheus está bem.
— Ainda bem princesa. Fico feliz que sim.
Pedri era um apoio enorme para mim, era raro o dia que ele não estava aqui e quando não estava era para ir a casa ver como estava Mavie e ir para os treinos. Pedri para mim era mais que um marido, era mais que um companheiro, era a minha alma gémea.
Me sentei no sofá e logo comecei a comer enquanto o moreno estava lendo o seu livro favorito, eu avisei que se ele quisesse mexer no telemóvel para não o fazer perto de mim, eu não queria saber de nada que acontecia no mundo exterior, seria muito pior para mim.
— Querida! — é Natasha. —Ethan e Vitória vieram e ela quer falar um pouquinho contigo pode ser?
— Pode ser aqui?
— Amor!
— Não em façam estar longe dele! Por favor, isso não.
— Tudo bem. Iremos esperar que comas á vontade.
— Obrigada.
Todos eram bastante simpáticos comigo, mas ao mesmo tempo em ocultavam algo que eu não sabia. Eu era a única que não sabia de algo grave daquela noite, eu tinha o direito de saber, além disso fui eu que o deixou neste estado.
— É bom né? — Pedri sorriu para mim. —Essa sobremesa é deliciosa.
— Sim! Queres um pouquinho, não a vou querer comer toda.
— Come o que desejares. Depois logo veremos isso tudo bem?
— Aham Aham. Vitória, como está a Eva?
— Bem, deixamos ela com a babá. Tudo sob controle.
— Que ótimo.
Minha dor aumentava toda a vez que olhava pessoas rodeadas na cama de meu pai, não desejo isto a ninguém, não desejo o que estou a passar a nenhuma mulher ainda mais grávida. Meu pai sempre foi aquele tipo de homem que podia estar doente, mas nunca deixou de dar amor e carinho aos filhos, ele largaria tudo por nós.
Natasha por outro lado sentia-se destruída, ela estava grávida como eu estava e digamos que quem engravida sente uma conexão enorme com outras mulheres grávidas que parecia até um absurdo. Eu me sentia culpada, todavia Natasha não em culpava. Ela era a melhor pessoa do mundo, uma mão excelente.
— Podemos começar Vitória.
— Ótimo. — senta-se perto de mim. —Me conta! Como estás?
— Mal! Péssima!! Acabada!!!
— Normal minha querida, sei que é complicado esta situação, todavia sabes que teu pai não gostaria que tivesses neste estado. Não gostaria que tu sofresses ainda mais grávida.
— É! Eu sei, mas meu coração não aguenta isso Vitória! Entende.
— Claro que sim querida! Claro que sim.
— Sei que vai ser difícil o que vou perguntar agora, mas terá que ser sincera comigo.
— ...
Olhei para ela e logo viro minha cabeça para a janela observando o dia lá fora. O sol que se fazia não estava dentro de mim, eu não estava nos meus melhores dias.
— O que aconteceu antes e depois de seu pai ser atingido por balas?
— Antes! Bem.....normal, meu pai estava um pouco esquecido e não queria ir para o estacionamento, eu não dei ouvidos e fiz exatamente o contrário. Eu o obriguei a ir, eu o coloquei assim.
— Não tens culpa maninha! — Ferran entra com um ursinho. —Pega para ti.
— Obrigada maninho. — um beijo na testa é recebido.
— E depois?
— Depois! Bom......ver meu pai correr na minha direção e apenas segundos depois ouvir som de três tiros e balas o atingindo em diferentes partes do corpo em doeu demasiado e meu único instinto foi apenas proteger meu filho. Eu fui uma idiota, eu o deixei levá-los por mim. Ver ele nos meus braços desacordado me destruiu por dentro, eu queria não ter essa imagem na minha cabeça, todavia parece que a terei pelo menos por algum tempo.
Será que ficaria tudo bem? PARAÍSO SOMBRIO!!!
Todas as vezes que eu fechava meus olhos via a escuridão, todas as vezes que tentava dormir meu medo aumentava, eu tinha que descansar principalmente por Matheus. Não o podia deixar, não podia perder mais pessoas na minha vida. Ninguém se comparava á minha tristeza.
— Vamos fazer o seguinte! Fecha os olhos, respira fundo e conta até dez. Irás sentir o teu corpo relaxar, teu coração acalmará e conseguirás ouvir o teu pensamento acalmar regressivamente. Irás conseguir por ti, pelo teu filho e pelo teu pai.
Vitória era uma excelente profissional, umas das melhores que eu já tinha visto na vida. Além de ter melhorado a Ella em 95% em dois anos e meio me fez também ver que meus pesadelos acabariam por passar quando em controlasse. Isso resultava sempre!
— Vocês viram as notícias! Dizem que estão a deixar flores e cartas na entrada do estádio e do CT! — Gavi apareceu no quarto e logo leva um peteleco de Pedri. —Ups!
— Idiotas.
— Calma querida! Tudo vai passar.
— Ele não morreu! Quem eles pensam que são para fazer isso. Ele não morreu.
Ferran me segura e me abraça liberando pequenas lágrimas em meu rosto. As pessoas não tinham o direito de imaginar uma coisa destas, além do mais meu pai estava a lutar pela sua vida mais do que podia, ele era um homem forte. O homem mais forte que eu alguma vez conheci, ele era o melhor pai do mundo. Ele era um SUPER PAI.
Eu deixaria o mundo arder para provar o contrário para todos eles, nunca pensei passar por nada disto na minha vida, todavia sempre e disseram que sempre haverá uma primeira vez para tudo. Se eu não o visse acordado mais uma vez eu morreria com ele, nada mais me importaria.
— Licença! — o médico bateu na porta. —Teremos que começar alguns novos exames.
— Posso ir?
— Prima, estás grávida. Um desses exames é uma ressonância! Mesmo ficando do outro lado correrás riscos, melhor tu e Natasha ficarem no quarto. Voltaremos o mais rápido possível tudo bem?
— Querida, vem vamos conversar sobre as gravidezes ali no sofá, o tempo passará rápido confia em mim.
— Tomaram conta dele?
— Claro que sim! Daqui a quarenta minutos estaremos aqui, Lopez e Miguel irão connosco para te sentires melhor tudo bem?
— Sim!
— Ótimo, então até já.
Eu não queria deixar meu pai, mas estando grávidas eu estava proibida de fazer inúmeras coisas entre elas assistir a raio-x e entre outras coisas aqui no hospital. Uma angústia crescia dentro de mim e um aperto no coração ficava sempre mais e mais forte.
Me sentei e logo Natasha pega em minhas mãos, rezar nestas horas eram o único meio de esquecer tudo de ruim que estava acontecendo na minha mente. Sabia que Deus não nos abandonaria ainda mais a meu pai que sempre foi a pessoa mais calma e angelical que eu conheci.
Os minutos foram passando e sem nenhum sinal de meu pai, já tinham passado 40 minutos e nada. Fui á porta, mas nada sem nenhum sinal dele. Pedri, Ferran e Gavi tinham saído para o treino nos deixado sozinhas á 10 minutos, talvez se a vida fosse diferente eu estaria um pouco melhor do que estou agora.
— Querida chegaram! — Natasha me fez sinal e logo olho para a porta. —Tudo bem?
— Finalmente, porque demoraram tanto? Disseram que eram apenas 40 minutos, passou uma hora.
— A tinha uma pessoa a fazer ressonância de ultima hora, logo que ele terminou nós entramos. Fica tranquila, ele está inteiro.
— Podemos falar afastados dele?
— Porquê afastados? Ele não ouve...
— Pessoas em coma, estudos dizem que eles ouvem tudo, até tem alguns reflexos como chorar sabes, natural.
Um fogo interno atearam em mim.
— Aqui na ressonância nota-se que o cérebro está a receber oxigênio para sobreviver, já o coração como sabem está a ser suportado para que ele bombeie sangue para o restante do corpo.
Eu preferia deixar ele partir do que o ver sofrer, era pesado para mim fazer isto. Mas, pelo que eles explicaram era impossíveis as chances dele sobreviver. Ele me havia roubado o coração e nada mais existia, preferia perder mil vezes para a morte do que o ver neste estado.
— O que estão a querer dizer com isso?
— Apenas as máquinas o mantem vivo, se ele não acordar nas próximas horas ou nos próximos dois dias no máximo terão que desligar as máquinas.
— Minha tia sabe?
— Ela viu!
— DROGA! — voltei para perto dele o abracei e automaticamente lágrimas foram liberadas de meus olhos. —Acorda papai, por favor tu consegues, és um homem forte eu sei. Me ajuda por favor!
— Querida.
— Não quero saber do que digam, eu não vou autorizar isso. Não vou, não vou deixar vocês desistirem dele não comigo presente. Não me façam isso. Por favor.......
Com pânico e ansiedade na mistura apenas pressinto-me perdendo os sentidos e caindo no chão e acordo logo em seguida num quarto totalmente diferente. Eu queria sair deste PESADELO, não era justo para ninguém que isto estivesse a acontecer especialmente para o meu pai.
— Maninha!
— Amor! — Pedri completou ao lado de Ferran. —Tudo bem agora?
— Que? Vocês não estavam no treino?
— Saímos á pouco, tia Natasha nos avisou e viemos correndo! Ela está com o papai, ela está tomando conta dele.
— Quero ver ele, Ferran quero ver ele! Eles querem desligar as máquinas, eles querem eu não vou deixar isso acontecer.
— Amor acalma-te por favor, teu batimento cardíaco está a subir. — Pedri ajuda Ferran a segurar-me. —THOMAS!!!!
— Ei S/n te acalma agora é uma ordem.
Thomas nunca tinha falado assim para mim antes, porém eu estava sendo uma completa idiota reagindo desta maneira ainda mais com o meu filho dentro de mim.
— Estás a entrar em estresse e a prejudicar o teu filho! Queres que algo lhe acontece? — assenti com a cabeça que não. —Bom.....agora acalma-te já falei. Daqui a pouco o vais ver, eu prometo. Agora relaxa.
— Mas.
— Mas nada! Matheus podia ter morrido pelas tuas atitudes.
— Ei Thomas, calma ai também.
— Não é calma Pedri, S/n tem que entender que este trabalho não é fácil, eu o faço de coração eu o faço por ADN, mas ver que pessoas prejudicam outras me enerva. Agora ela vai acalmar e descansar um pouco.
— Tudo bem!!
Acalmar era a única coisa correta a fazer e mesmo sendo difícil de o fazer eu tinha que o obedecer. Além de ele estar a ser desta maneira comigo eu no fundo do meu coração sabia que ele fazia as coisas corretas, apenas eu não queria ver isso.
— Meninos posso falar com ela um pouco?
— Claro Thomas! Estaremos na porta.
— Obrigada meninos.
Eu sabia que Thomas se importava comigo e sempre se importou, mas com tudo isto é difícil para mim raciocinar ainda mais quando o presenciei em primeira pessoa tudo o que vi.
— Prima! — sentou-se perto de mim e me segurou a mão. —Compreendo que não querias ouvir o que eu vou falar eu entendo, mas tens que ser forte, ser forte por ti, pelo teu filho.
— Thomas!!
— Eu sempre presencio isto quase todos os meses do ano, não é fácil para as famílias ainda mais quando 90% das vezes as vítimas morrem. Agora quando é connosco tudo muda, a sensação muda, as emoções mudam e a vida muda. Eu vou dizer-te por experiência, tio António vai conseguir ultrapassar, o teu pai é forte prima.
— E se ele morrer, tudo mesmo o dizes-te que tinha mais chances de ele falecer do que viver.
— É eu disse e continua sendo uma verdade, mas temos que ser fortes, temos que continuar lutando e mantendo a fé. Só o senhor consegue livrar-lo deste sofrimento, mas agora terás que lutar por vocês os dois princesa.
Minha única forma de o agradecer por me fazer ver que eu estive errada este tempo todo ainda mais nos primeiros cinco dias e hoje pelo dia, mas foi apenas o meu sofrimento a falar. Eu nunca quis falar daquela maneira com ele, ainda mais meu primo. O abraçar era tudo na vida!
— Poderás ir vê-lo assim que acabares de comer tudo bem para ti? Ferran e Pedri ficaram contigo, mandarei comer para vocês os três e para Natasha tudo bem.
— Obrigada. — limpo minhas lágrimas.
[...]
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