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[...]

Natasha Torres
20:40h - no hospital

— Merda! O que eu fui fazer.

Eu definitivamente sabia onde estava, eu definidamente sabia que havia errado e merecia toda a culpa do mundo neste momento.....mas aqui parecia de certa forma tão realista que me levou a fazer o que menos eu quis na vida.

Apenas havia acordado agora....eu ainda continuava com sono, eu necessitava descansar devo confessar. Eu VIVI noites NEGRAS, imaginando de como tudo podia ter sido diferente, de como ainda poderia ter meu irmão perto de mim.

Eu queria estar com eles...eu queria, mas este não era o momento. Olhei para o lado e logo vi S/n, Ferran e António sentados no sofá....eles nem deram conta que eu acordei, apenas fechei meus olhos novamente. Era o que eu necessitava fazer! Eu ainda precisava recarregar o meu corpo a 100%.

(...)

Em sonho.... (talvez no céu)

Eu estava a sentir uma paz imensa, eu sentia meu corpo relaxar....abri os olhos delicadamente e logo me encontrava num espaço totalmente vazio, um lugar branco e por sua vez um local fresco.

— Anjinho! — a voz de meu pai se fez presente.

Retornei para onde a voz saía e foi nesse momento que vi junto a ele Aurora, Matheus, avô de António e finalmente Humberto bisavô do moreno.....sem nenhum sinal aparente de meu irmão.

— Onde......onde eu estou? — esfreguei meus olhos. —Estou no? Estou no céu?

— A tua mente levou-te onde mais desejavas nesse momento! — a voz de Aurora delicada como sempre. —Precisas descansar querida.

— Meu irmão! Onde ele está? Eu fiz isto.

— Teu cérebro quis, teu cérebro queria de alguma forma repouso.... — Matheus desta vez. —Todos aqui temos orado por todos vocês estes tempo todo.

— As coisas vão melhorar Natasha!

— Eu queria ter ido na vez dele. — lágrimas vieram a meus olhos. —Ele morreu por mim!

— Ah princesa.

É meu pai me abraçou....culpando-me novamente era a pior coisa a se fazer neste momento, eu não desejava isso, porém era o que meu coração queria. Eu queria tirar toda esta MÁGOA toda dentro de mim.

— Hermanita! — a voz de Vitor se fez presente atrás dele.

E com um sorriso no rosto andou até nos acabado assim por o abraçar com todas as forças. Eu merecia um última abraço dele, eu merecia a paz em minha mente e meu coração.

— Desculpa!

— Desculpar?! — me olhou confuso.

— Sim! Eu....eu devia ter ido não tu.

— Ah não digas isso, eu salvei-te agora estarei a proteger-vos aqui de cima.

— Tu prometeste.......

Me debati sobre seu peito, eu havia-me prometido que nunca iria me abandonar e foi exatamente o que ele acabou pro o fazer, mas sinceramente eu acho que ele já suspeitava que lhe iria acontecer alguma coisa meses antes de morrer.

— Eu sei! Eu sei! Eu sinto muito.

— Querida! — Aurora me deu a sua mão. —Vem aqui.....vamos caminhar um pouco.

— Caminhar? Para onde?

Eu estava confusa, primeiramente eu não sei se isto era real e eu estava no céu já morta ou apenas era a minha mente criando algo para me acalmar. Minha ALMA definitivamente merecia um pequeno e enorme descanso.

Caminhar com Aurora como antes fazíamos era maravilhosos, retornei o meu olhar para trás e eles nos seguiam....eu tinha que de alguma forma me manter calma.

— Porquê isto?

— Compreende uma coisa minha querida! Quando percebemos a nossa hora ninguém a pode mudar.....eu a senti, todos aqui sentiram.

— Então eu não estou morta?

— Não! Tu apenas estás a criar uma imaginação enquanto estás a dormir....isso é bom....quer dizer que a tua mente está a trabalhar em conjunto com teu corpo para te manter viva. Isso é importante.

— Então o que eu vi antes de fazer isto em meus pulsos não eras tu? — retornei meu olhar para Vitor após parar.

— Não! Eu jamais falaria isso, eu te amo hermanita.

(...)

Eu me remexia, eu estava num estado de sono semi-consciente eu tinha de veras percepção das coisas que meu corpo fazia neste momento.... Era isso que eu sentia, eu queria ter ficado mais tempo lá, mas perceber que meu irmão estava em um local mágico era sem dúvida a MELHOR sensação que eu havia recebido.

— VITOR!!! — me sentei assustada.

— Ei! Ei! Amorzinho está tudo bem ei. — António e Ferran e S/n foram ter comigo.

Me abraçaram mais que tudo neste mundo, acariciassem a minha cara e logo distribuíram pequenos e doces beijos pela minha face. Suas delicadezas neste momento era sem dúvida algo majestoso.

— Tudo bem agora? — Ferran me questionou.

— Sim...

Enfim me deitei.

Retornei minha cara para a porta numa tentativa frustada de que meu aparece e sem dúvida alguma fosse uma eterna mentira tudo o que estava a acontecer. Eu sabia que isso NUNCA mais iria acontecer.

— Remexeste-te na cama! Lembraste o que acontecia mamãe?

— Não....

A minha resposta foi sem dúvida alguma a mais vaga possível. Eu estava em um PEDESTAl, eu de alguma maneira tinha que melhorar para poder sair daqui o mais depressa possível.....era a minha única solução para que eu pudesse por minha vez retornar a ver minha pequena filha, Levi, Ella.

Todos talvez sentissem a minha falta.

— Todos sentem a sua falta. — S/n falou novamente.

— Todos foram para casa, mas agora temos que telefonar a dizer que já acordou....

— E estás melhor amorzinho! — sorriu para mim António. —Vais sair daqui logo logo.

— Eu sei.

A sensação de calma se fez sentir no ar, meu corpo relaxou e logo Glória e os psicólogos entraram....bem, Christian e Vitória. Eles eram excelentes, provavelmente eu conjunto eles me ajudariam a ultrapassar tudo isto.

— Estaremos lá fora tudo bem mamãe? — Ferran falou.

— Tudo bem.

Beijei sua mão e logo me coloquei o mais confortável sentada na cama...fecharam a porta e logo ambos puxam duas cadeiras e sentam-se perto de mim.

Olhei para os lençóis que me aqueciam e logo retornei o meu olhar para a ruiva. Eu precisava me acalmar e eles sabiam exatamente o que fazer nestes momentos avassaladores.

— Tudo bem para ti se falarmos?

— Claro!

— Nós conta, nos conta tudo o que sentiste desde que descobriste que teu irmão estava desaparecido. — Christian abriu seu diária em uma nova página.

Reconfortei meu coração, suspirei fundo e logo o olhei nos olhos....neste momento eles estavam pesados, ter que relembrar tudo isto ainda recentemente era um grande DESAFIO.

— Eu senti meu corpo tremer, eu senti uma enorme sensação de incompetência....ele sempre estava comigo a todos os instantes e horas, onde eu ia ele ia sempre foi assim e naquele dia tudo, tudo veio á cabeça. Sequestro, homicídio, suicídio, eu podia simplesmente pensar em tudo e mais alguma coisa.

— Quando o encontra-te? Quando tudo aconteceu? — Vitória relaxou sua voz para me aliviar.

— Eu senti palpitações em meu corpo, quando vi que eles tinham armas e meu irmão não eu sumo mente me desesperei, eu o queria tirar daqui a todo o custo, quando eu soube o que realmente ele fazia foi como uma enorme avalanche caindo em cima de mim.

Eu de certa forma estava a deitar tudo o que vivi para fora, toda a mágoa que havia guardada estava agora a melhorar. Meu corpo estava a aceitar todo o ambiente como um só.

— Quando ouvi o primeiro tiro não me assustou, eu sabia que havia sido para o alto...... — meus olhos lacrimejaram, apertei com todas as forças a coberta. —O segundo, o segundo foi um pesadelo, Vitor, ele me agarrou com todas as forças que tinha naquele momento, eu tentava por tudo, mas tudo estancar o sangue na sua medula.....eu não o conseguia e cada vez mais ele ficava fraco. Não demorou muito para a ambulância chegar e o levar para o hospital.

— Tudo bem! Relaxe um pouco. Conte até dez de trás para a frente e feche os olhos. Seu corpo entrará em relaxamento por si mesmo.

— Quando chegarmos ao hospital Vitor já estava no bloco operatório, a cirurgia tinha corrido bastante bem......mas duas horas depois, ele, ele faleceu...um vestígio da bala estava na artéria do seu coração, talvez quando fizeram a massagem cardíaca ela o perfurou. Eu não sei, era apara ele sobreviver.

— Compreendemos! — ambos olharam-se mutuamente após Christian falar.

— Tenta descansar mais um pouco. Amanhã visitaremos-te novamente.

— Tudo bem! Obrigada.

Thomas entrou no quarto após dar duas batidas na porta e logo tanto Christian e Vitória lhe deram receitas de algum medicamento. Eu realmente necessitava para ultrapassar isto o mais rápido possível.

Se despediram mais uma vez e logo o moreno veio ter comigo novamente. Acariciou minha cara e logo beijou minha testa.....acho que agora era o momento dele falar tudo e simplesmente tudo o que ele sentia neste momento.

— Como se sente tia?

— Não!!...............como tu te sentes. Thomas, vá.

— Recuperando. Tive que me afastar do mundo, fui para a quinta no Algarve e minha mãe veio comigo para que eu simplesmente não fizesse nada tolo.

— Não digas isso, já ultrapassaste os vícios.

— Mas com tudo o que aconteceu eu as olhei.....sinceramente era o que eu merecia depois do erro que cometi.

— Não cometeste erro querido. Fizeste o teu trabalho, deste o teu melhor. Não te culpo!

— Eu sim.......era para ele neste momento estar em casa com todos nós. Era hoje a sua alta médica, eu já tinha preparado todos os papéis.

Acariciei a sua doce e delicada cara e logo fechou os olhos, uma pequena lágrima saiu de seu olho, talvez tentando esconder a dor que sentia. Ele também precisa de AJUDA, ninguém aqui teria vergonha de a pedir ainda mais neste momento, nem imagino a dor que Levi e Sophia devem estar a sentir.....eles são apenas crianças.

Ligou novamente o meu soro e vi António entrando no quarto com comida. Eu estava faminta devo confessar, estes medicamentos que Thomas me havia dado me fizeram agora faminta.

O cheiro por sua vez estava maravilhoso!

— Sinto o cheiro a quilómetros, pena que estava distraída. — sorri. —Ja comeram?

— Já!! Quando falavas com Christian e Vitória eu e os nossos filhos comemos na cantina. Eles regressaram a casa para se trocar e saber como tudo estava lá, mas já já estarem de volta.

— Conhecendo os meus primos eles irão trazer mudas de roupa isso sim!

— Não dúvida querido. — falei.

António me ajudou a deitar sumo de laranja da garrafa no copo, meus pulsos doíam....mesmo com medicamentos eu sentia de certa forma uma sensação estranha. Espero que nada estivesse mal.

— Thomas!

— Sim.

— Meus pulsos ficaram bem? — António o olhou também curioso. —Eu necessito das minhas belas mãos!

— Ficaram sim, se fizer tudo direito estará boa em menos de uma semana e tira os pontos em menos de quinze dias....os fortes foram pequenos.

— Pequenos? Ah se visses o....

— Torres! Ei, quero comer ok.

— Desculpa depois falamos sobre isso.

Ambos se sentaram na cama e começamos a falar, acho que neste preciso momento eu necessitava de conexão e amor, mas eu simplesmente os ouvia, a comida estava maravilhosa e o meu apetite era monstruoso.

Eu comeria mais dois pratos desta comida para compensar todos os dias que não comi direito....eu merecia ainda mais quando muito provavelmente teria emagrecido alguns quilos.

— Tem mais? Estou com fome.

— Mais? Assim acabará com o estoque todo o hospital.

— Mas....

— Amanhã! Por hoje já está bem, ainda mais com o soro que está a a receber.....ele irá alimentá-la!

— Tudo bem então.

— Quer caminhar?

— Eu posso? Não irá nenhum doente interferir nem nenhum visitante?!

— Não existe ninguém nesta ala do hospital a não seres tu tia. Vá! Venha, irá fazer-lhe bem ir até ao jardim um pouco.

— Jardim! Ah o jardim....o maravilhoso jardim.

— É! O maravilhoso jardim.

Thomas colocou o soro devidamente arranjado e logo me levantei, eu já estava com o meu pijama desde que vim para o quarto. Sai do quarto e meu corpo simplesmente parou.....eu tinha medo, eu tinha medo que alguém me julgasse pelo que fiz.

— Está tudo bem amorzinho. Vem connosco....confia vá.

— Tá!!!

Caminhei bem devagar. Eu estava fraca, quanto mais caminhava mais cansada ficava....mas isto fazia parte da minha recuperação. Descemos pelo elevador até ao piso 0 e logo entramos no jardim. O elevador ficava mesmo em frente à porta de acesso. Estava poucas pessoas no hospital esta noite....não havia muitos doentes.

Me sentei no primeiro banco eu fiquei totalmente exausta e logo riram para mim.....eles queriam que eu de alguma forma continuasse, isso seria estritamente proibido neste momento, eu não deixaria isso acontecer.

— Nem venham! Estou cansada.

— Podia ter pedido uma cadeira de rodas.....não faz isso!

— Ah eu podia? Que bom sabor senhor Thomas Torres Lopez!!!

António riu da situação.....ele amava rir por tudo o que vinha da minha boca quando falava ironicamente com as pessoas. Era o meu jeitinho peculiar de me acalmar e tentar de certa forma esquecer de tudo e do mundo ao meu redor.

— Hoje está uma noite fresca. Já já estará com forças novamente.

— Não! — ele brincou comigo e António riu ainda mais. —Pensei que quisesse recuperar rápido.

— Talvez amanhã. Agora quero aproveitar o que a vida ainda não me tirou....a vivência de meu corpo.

— Poderia virar doutora agora tia.

— Ela irá pensar com cuidado não é amorzinho? — António se sentou por fim.

— Exatamente isso.

💄💋⚽️
• 1 semana depois •

António Torres
14:00h - de volta a casa

— Pronta para ir para casa?

Natasha finalmente ia sair do hospital. Eu estava animado para que isso finalmente pudesse acontecer.....nada lá em casa era a mesma coisa sem ela. Todos estavam animadíssimos para que voltássemos. Pedi para não fazer uma surpresa ainda mais pela morte de Vitor ser ainda bastante recente.

Natasha estava no banheiro com S/n. Depois de tudo a morena simplesmente não a deixa sozinha para mais lugar nenhum, conhecendo minha filha ela até dormiria com ela durante o dia. Natasha ainda estava bastante cansada. Tudo era muito recente!

— Papai! Soso quer comer donuts. Podemos passar no Starbucks antes?

— Por mim, mas isso tens que falar com a tua mãe.

— Tudo bem! — finaliza a sua mala. —Prontas?

Elas finalmente saíram da casa de banho, nos abraçaram e logo pegamos em tudo e saímos do quarto. Descemos pelo elevador e logo entramos no carro......o que o meu filho mais amava fazer neste mundo a seguir ao futebol era conduzir, não abriria mão da sua felicidade por nada neste mundo.

— Mamãe! Perguntei ao papai se podias passar no Starbucks para comprar caixas de donuts para a Sophia! Ele mandou eu perguntar a ti.

— Por mim, desde que não saía do carro tudo bem para mim.

— Ótimo! Ótimo!! Não fica longe daqui. É rapidinho.

— Um dia ainda vais falir com o tanto de donuts que compras.

— Nossa irmã merece sua chata!

— E eu também mereço a nova bolsa da tua nova coleção e nada.....eu sem quem é a rua favorita. Adeus!! — S/n amuou e logo cruzou os braços.

— Ah, tadinha da tua irmã querido, ainda não lhe deste a bolsa?

— Esquecimento!

Todos rimos.

Estes eram aqueles momentos PRAZEROSOS e após o SUFOCO que passamos foi simplesmente um alívio tal harmoniosa. Eles sabiam bastante bem como nos alegrar....Ferran estacionou o seu carro e logo saiu, abriu os vidros com o controle e logo entrou na loja.

Demorou algum tempo, ele sempre amava também comprar o seu milkshake favorito. Ele era fanático nisso, nunca vi ninguém tão apaixonado como ele....quando o queria encontrar era aqui que eu vinha.

— Aceitam?

— Compraste o Starbucks foi irmãozinho? — S/n riu após pegar na bebida. —É rico é senhor Ferran! Me dá um pouco também.

— Vai catar peixes S/n! Falas com uma vantagem....tu é que és rica. Beijinho no ombro.

— Ei! Ei! Ei! Vamos parando aí os dois vamos para casa. Quero ver todos.

— Ele tem razão. Vá! Daqui a pouco não teremos tempo!!

— Tudo bem.

O tempo em Barcelona estava maravilhoso. Natasha fechou um pouco seu vidro e logo encostou sua cabeça....neste momento ela precisava ao máximo relaxar. Ela necessitava o ENORME apoio que daríamos a ela.

Não demorou muito e logo chegamos a casa. Não havia sinal de balões na entrada....ótimo, eles obedeceram ao que eu disse. Não queria ter que me chatear, eles já são bem crescidos para ter juízo.
Pelo menos eu acho!

— Boa tarde! — Levi e Sophia abraçaram Natasha.

— Sentimos muito, muito, muito a sua falta mamãe.

— Eu também meus bebés. Eu também!

Abraçou-os novamente e logo Emma veio no colo de Rebecca, pegou nela gentilmente e logo Levi a conduziu para o sofá. Bem, não fizeram uma festa....mas compraram um bolo para comemorar a sua chegada. Algo me dizia que tinham sido as crianças a pedir isso.

Não sou homem para julgar as atitudes deles, eles amavam encher meu coração com as suas risadas. Eles eram todos especiais, Matheus por sua vez estava dormindo....murmurou que ouvi de Pedri com minha filha.  Meu neto amava dormir, era bastante comovente isso.

Queria ser jovem novamente.

— Fizemos estes desenhos para a senhora e pedimos para comprar este bolo. Gostou? — Levi olhou em seus olhos.

— Eu amei pequeno. E tu Soso? Já estou pronta para pintar as unhas, o que achas?! Qual cor?!

— Branco mamãe. A senhora fica bem de branco não é papai?

— Sim! — eu e Ferran falamos mutuamente e todos riram.

Bem, teríamos sempre aqui um pequeno empasse já que quando a pequena falava em mãe ela olhava para ela, já quando falava para o pai ela sempre dizia o nome a seguir. Desta vez não sucedeu isso.

— Vai ficar bonita! — Levi começou a ter dificuldades na fala e fraqueza.

— Levi? THOMAS!!!! — gritei e todos nos aproximamos do pequeno a amparando. —Ei! Ei! Ei! Tudo vai ficar bem.

— Levi! Ah pequeno de novo? — Thomas segurou sua cabeça. —Vá! Tem calma, respira fundo vá. Conta até dez mentalmente vá.

— Novamente? — Natasha olhou para Ella e Mason. —Alguma coisa nos escapou?

— Nada demais, ele tem por vezes mini AVCs, o primeiro foi um dia depois de Vitor falecer. — Mason respondeu se sentando. —Será normal nos primeiros três meses.

— Podiam ter-nos contado. — Gabi falou.

— Não queríamos incomodar ninguém com isso. Vem....Levi já está melhor. — o pequeno correu para os braços da irmã. —Tudo ficará bem. — acariciou suas costas.

Depois de uma linda e enorme conversa enfim nos sentamos e começamos a ver um filme de animação. Neste momento ninguém pedia para ver "Diveridamente 2" ainda mais depois de tudo. O filme escolhido foi "A procura de Nemo", era também perfeito

As crianças amanham e sempre ficavam fascinadas ao olhar para a televisão....Matheus também tinha descido e estava agora entretido em rasgar todas as roupas velhas que via pela frente. Alguém o havia ensinado mal....tinha impressão que fosse de Pedri ou até de Gavi essa mania.

Me levantei, eu simplesmente detestava ficar muito tempo sentado, havia exceções ainda mais quando tinha reuniões ou até que ir a tribunal. Algo que não queria passar novamente.

Abri a porta da cozinha e logo vi Rute começando a preparar os alimentos para o jantar. Eu amava as duas comidas, o cheiro e o gosto eram sempre DIVINOS. Ela foi um enorme achado na nossa vida....tudo de minha mãe. Ela gostava que alguém sempre a ajudasse, ela escolheu certo. 

— Farás o comer favorito de Natasha? — perguntei indiscretamente.

— Claro! Ela regressou hoje, melhor surpresa não poderia ter.

— Tens razão. Ficará maravilhoso. Bem...irei deixar-te novamente concentrada. Fica bem!!!

— O senhor também.

Sai da cozinha e logo vi S/n atendendo à porta. Eu era curioso....caminhei até ela e logo vi Dean e Hector com a mão dois agentes. Mais confusões sempre chegavam, era incrível tamanha coincidência.

Quando tudo estava a melhorar sempre tinha
algo para estragar o harmonioso AMBIENTE.

Fechei encostei a porta e logo S/n ficou perto da mesma. Desci alguns degraus e perguntei qual a razão para virem aqui............novamente. Não queria que minha filha simplesmente ouvisse que tínhamos encontrado as pessoas que mataram Vitor.

Seria do pior.

— Eles foram hoje libertados do hospital e estão agora na esquadra para prestar depoimento! Quer não dizer algo senhor Torres? — Dean falou convicto.

— Nada!

— Senhor Torres?

Ele sabia de algo, eu nunca escondi o que de facto fazia com quem fazia mal à minha família, porém ele nunca sabia ao certo o que no final eles esperavam encontrar. Lopez avisou-me que os deixou vivos e a sofrer antes da ambulância chegar.

— Algum dos seus homens tem algo a dizer? — Hector olhou ao redor. —Senhor Torres?

— Papai está tudo bem aí?

— Está sim princesa, chama o teu avô por favor.

— Claro! Tudo bem.

— Não sabemos de nada.

— Eles nos informaram que dois homens os sequestraram, eram parecidos com dois dos seus.

— Não sei do que fala! Dean por favor minha mulher chegou hoje do hospital, por favor.

— Teremos que fazer conforme as ordens.

Eu detestava isso. Eu presumia que eles não teriam coragem de tal coisa, porém nunca é como sempre desejamos. Meu pai logo saiu da porta e logo Natasha veio atrás dele com a Emma a dormir em seu colo.

Ela não devia ter visto isto!

— Tudo bem senhores? — meu pai os cumprimentou.

— Viemos aqui informar que as duas pessoas que estiveram envolvidas na morte de Vitor foram encontradas e estão sobre a nossa custódia.

— Já presas?

A voz de Natasha se fez suas assustada. Pedi que a morena fosse para dentro, acho que isso não iria acontecer por isso subi as escadas e pedi para que ela se tranquilizasse e ficasse com todos até eu e meu pai voltarmos.

Ela tinha que estar calma.

E finalmente apesara algum tempo foi para dentro após ver Levi ter connosco. Fechou a porta e logo retornei para perto de todos eles....Lopez era o único que não estava tenso neste momento. Ele amava uma ADRENALINA a mais.

— Podem nos acompanhar senhores? — Dean nos questionou.

— Claro! Não temos nada a esconder.

— Tudo bem então.

Lopez entrou na garagem e logo tirou o carro que nos transportaria até à esquadra, porém vendo pro outro prisma isto tinha sem dúvida mão de Valverde. Isso era mais que notório, ele nunca gostou de mim e muito menos de Natasha.....nós éramos os únicos que o desafiávamos. Nossa família sempre lhe fazia frente.

— E agora?

— Eles não falaram. — Lopez falou. —Confie em mim.

Eu confiava bastante nele, já em Valverde nunca. Ele sempre arranjava pretextos para nos colocar em tribunal eu tinha enorme quantidade de processos que foram ganhos contra ele. Acho que era por isso que ele não gostava de nós.

...

15:30h - na esquadra

A esquadra era sempre o lugar mais longe para chegar ainda mais quando já tínhamos programados plenos para o dia todo. Era terrível.

Saímos do carro e logo Dean não fez acompanhar mais uma vez. Valverde por sua vez não esperava á porta da esquadra. Ele amava me PROVOCAR a todos os minutos.

— Natasha está melhor? — riu sarcásticamente.

Lopez e meu pai me travaram, ele testava a minha paciência ao limite. Eu era tranquilo, porém todos nós tínhamos sempre o nosso limite, o moreno sabia onde ele ficava.

— Eles estão nas celas? Querem fazer-lhes uma visita antes de falar?

— Claro! — meu ali falou convicto.

— Nada temos a esconder. — retribui na mesma moeda.

— Acho bom mesmo.

Valverde me mirou novamente tentando encontrar uma fraqueza em mim e logo caminhamos até às celas....aqui dentro Lopez nunca saía da minha beira, ainda mais com Valverde por perto.

Entramos e logo ambos nos olharam.....Valverde os questionou se tinham sido os nossos seguranças a fazer isso neles.....a demora a responder era matadora devo confessar. Meu pai segurou meu braço numa tentativa de aclamar o meu confuso coração.

— Irei perguntar mais uma vez! Foram os homens deles que vos fizeram isso?

— Não! — Ortega respondeu.

—Nos enganos senhor. — Igor completou.

— Tem a certeza?

— Chefe!! — Dean apareceu. —Chega, já está respondido, quer mais algo?!?!

— Depoimentos. Irá darmos António? — veio ter comigo.

— Não tenho que o fazer ainda mais sem o meu advogado presente.

— Meu filho tem razão. — meu pai me afastou. —Temos direitos e o senhor sabe muito bem disso.

— Podem discutir noutro lugar? — Hector apareceu. —Por favor.

LIMITES!

Limites estavam a ser testados a todos os segundos que passava, era até algo terrível quando o assunto era Valverde enchendo-me a cabeça a todos os minutos por algo que não nos convinha mais.

Esperamos durante trinta minutos por Samuel na sala de Valverde junto a Dean e Hector e logo o moreno chegou. Lopez não sairia de perto de mim por nada.....e digamos que o moreno já não estava a gostar disso.

— Irá ficar aqui dentro? — Valverde o provocou.

— Fui eu que pedi! Algum problema? Não tenho nada a esconder.

— Tudo bem então. — respondeu amargamente. —Vamos começar então.

Meu pai se colocou em pé e logo veio para trás de mim perto do meu ombro esquerdo. Talvez numa tentativa de me puxar caso Valverde me irrita-se até ao limite.

— O que fez dia 14 de agosto deste ano pela manhã?

— Não precisa responder.

— Caro senhor advogado, seu cliente pode ser um criminoso como os que mataram Vitor Vieira Costa, vai deixá-lo assim? Sem falar?!

— ...

— Vai falar senhor António?

Me irritava imenso ele não me tratar pelo sobrenome.

— Senhor Torres responda vá.

— Fomos ao crematório, de seguida a mulher de meu chefe não estava bem e fomos até ao parque mais afastado da cidade para ela puder relaxar. Mais alguma coisa?

— Agora tem pessoas a falar por si António? — olhou para mim ironicamente. —Não sabia que tinha cães mandados.

Dean e Hector travaram o moreno enquanto meu pai me travava. Ele era impossível de se lidar, Valverde era sem dúvida o pior chefe que estás esquadra em Barcelona podia ter. Ele estava cá desde 2009. Tinha pena de todos.

— E quando aos GPS de todos os quatro carros? Alguma informação?

— Falharam. Algum problema nisso? — respondi com raiva. Logo cruzei minhas mãos. —Mais alguma pergunta?

— Porque seu segurança tem a mão machucada? Andou em alguma confusão ultimamente?

— ...

— Não é obrigado a responder Lopez! E muito menos o senhor.

— Não vai dizer? Ótimo, iremos correr a outros métodos. Agora podem se retirar....sem mais perguntas por hoje.

Suspirei fundo e logo fui o primeiro a sair da esquadra. Neste momento eu queria estar o máximo longe de Valverde........não queria ter que partir para a confusão. Não queria colocar mais dores de cabeça em meu pai e muito menos em todos que nos esperavam em casa.

— Obrigado! — falei para Lopez que logo se colocou a poucos metros de mim.

— Meu trabalho senhor. Valverde pode sempre ter colocado algo.....terei que revistá-lo!

— Compreendo.

Eu DETESTAVA Valverde com todas as forças.

Entrei no carro após um longo período de tempo e também de ser revistado por Lopez e logo meu pai entrou pouco depois também. Tanto Lopez e Miguel não deixaram sozinhos neste momento.

— Mais tranquilo agora?

— Melhor agora que não vejo Valverde na minha frente.

— Ele ama provocar...tudo ficará bem agora. Vamos para casa.

— Claro.

Bati no vidro e logo ambos entraram no carro.

Enfim me tranquilizei.........de novo!

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