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António Torres
10:20h - de casa ao CT do Barça
O que eu preferiria neste mundo era simplesmente morrer ainda mais depois de tudo o que causei ontem. Eu tentava, do fundo do meu coração tentava ser uma pessoa melhor e ajudar-me, mas minha mente era ainda mais poderosa do que todo o meu corpo junto. Era ela quem comandava e isso estava-me simplesmente matando-me por dentro.
Estava acabando de me arrumar até que meu pai bate á porta. Depois de tudo ele nem falou mais comigo, mas convenhamos que o estalo que eu recebi pro sua parte foi bem merecido.
— Porque fazes isto?
— ...
— Porque tens sempre que magoar as outras pessoas agindo dessa forma. Magoou-me imenso bater-te, eu nunca bati nem na tua irmã e muito menos na vossa mãe, porém tu não me deste escolhas nenhumas agindo dessa forma! Eu me sinto horrível.
— Desculpa.
Sentou-se na cama. Ele estava acabado, sua cara não era a mesma de antes, não depois da minha mãe morrer. Era ela quem o sustentava, bom....digamos que era ela que sustentava tudo.
— Os meninos querem sair com as meninas e as crianças e querem levar Natasha, todavia pelo que sei ela já não pode sair de casa.
— Não! Não mesmo, depois de tudo.
— António!
— O quê? Natasha?! Claro que ela pode sair não sei de onde veio isso, mas ela pode, porém com os seguranças atrás.
— Os habituais?
— ...
— António!!!!
— Tá, tá! Os habituais sim.
— Bom! Ela ficará feliz em saber.
Eu sinceramente não sabia o que de facto se estava acontecendo comigo, eu tentava ser outra pessoa, eu tinha que o ser.....agora eu precisava de ajuda. Geralmente não pediria isto a mim mesmo, mas se eu não conseguisse controlar a minha mente eu não conseguiria controlar absolutamente mais nada.
— Agora vem! Samuel está cá para falar contigo.
— Samuel?! O que ele faz aqui?
— É sobre o clube pelo que sei. Agora vem e não o façamos mais esperar!!
— Claro.
Com tantas coisas a acontecerem nem tempo tive para pensar em uma forma de ter o clube de volta, eu sabia que os meninos não estavam indo bem nos jogos e isso era simplesmente doloroso, eu queria que eles ficassem felizes e vencessem por mim, mas tal coisa não acontecia.
As meninas estavam no jardim e Samuel perto da sala de jantar com a sua habitual pasta que continha os documentos mais importantes. Depois de tudo, ele teve que tomar essa iniciativa.
— Bom dia Samuel! Não o esperava aqui, o que veio trazer aqui com tanto ânimo no olhar?
— O clube senhor! Ele é seu novamente.
— O quê? Como assim meu? Taylor está no comando!
— Não mais, naquela época como eu e Dean lhe dissemos não encontramos nada. Mas nesta última semana que passou nós nos juntamos novamente e pesquisamos mais a fundo e vimos que ele está falido, bem, está bem escondido e quem fez o trabalho merece um prémio, mas ele está falido e não pode estar com o clube.
— Mentira! Isso é verdade mesmo?!
Meu pai estava com um sorriso no rosto. As meninas logo vieram para dentro.
— Eu consegui! Eu finalmente consegui.
— Eu sou meio lerda aqui, alguém me explica? — Isabella questiona.
— Acho que o que meu pai está a querer dizer é que o clube será dele novamente.
— Mentira! É sério mesmo Torres?! — Natasha desta vez.
— É sim! Á que enorme alegria.....venha Samuel me acompanhe até lá. Por favor.
— Vamos todos que tal!
— Eu vou ficar fiquem bem.
— Venha querida! Vamos acompanhá-lo.
Eu estava tão feliz que logo liguei o carro e dirigi até ao CT do Barcelona, minha felicidade finalmente tinha voltado á vida. O clube era o AMOR da minha vida, ele agora ESTAVA COMIGO finalmente, depois de meses sem ele eu acabei por o reaver sem o mínimo esforço.
— Tem calma António! Respira fundo vá. Tu consegues homem.
Eu não me controlava de forma alguma, o antigo António e o pequeno António deviam nesta altura estar saltitantes dentro de mim. Minha maior conquista da vida profissional foi sempre o clube e o ter de volta era simplesmente a melhor coisa da vida.
Entramos no CT e logo desci do carro apressadamente, eu precisava de ver com os meus próprios olhos a desgraça de Taylor quando ele fosse destituído do cargo. As meninas foram para o campo de treino e apenas fiquei eu, meu pai e Samuel juntos. Eu iria vencer mais uma guerra!
Este lugar era novamente uma CASA FELIZ!
— Lopez! Miguel! Comprem Champanhe para daqui a pouco quando falar com ao jogadores e a equipa técnica.
— Claro! Quantas senhores?!
— Quantas desejares, sabes muito bem quantas pessoas trabalham aqui e como eu sei que és bom em matemática tu irás sair-te bem. Vá, vão! Levem o meu cartão.
— Estaremos aqui em quinze minutos senhor.
Eu estava alegre.
Bati na porta do meu escritório, mas nada talvez ele estivesse fazendo uma reunião e era mais um pretexto para eu dar essa notícia eu mesmo. Eu estava queimando de alegria.
Abri a porta da sala de reuniões e a cara de surpresos quando me viram foi a minha quando disseram que eu não faria mais parte do clube. Nunca desejei mal a ninguém, todavia depois de tudo o que eles me fizeram passar isto era um troço merecido.
— Pensei que te tinha proibido a entrada aqui?! Parece que terei que despedir mais pessoal.
— Não irás despedir mais ninguém aqui dentro porque quem manda aqui novamente sou eu!
Taylor e todo o concelho se assustou.
— Não podes! Eu já te disse que não tens nada contra mim.
— Será? — ri ironicamente enquanto Samuel lhe colocava o documento na sua frente.
— Isto é tudo referente a quinze anos! Que ótimo, o mundo ficaria desejoso de saber que levaria o clube á falência também.
— Era esse o teu desejo não era seu desgraçado?!
— Filho! — meu pai me puxou. —Em relação a tudo, acho melhor o senhor e o concelho todo sair daqui não queremos que a polícia cá venha vos buscar fazendo um teatro totalmente pois não?
— Eu um dia...
Se colocou a pé frente a mim.
— Tu um dia o quê? Vá! Fala! O gato comeu-te a língua agora Taylor Jonnes?!
— Venham! Vamos embora.
— Antes irás buscar as tuas coisa na minha sala.
Olhou com um olhar reprovativo e logo o deixei pegando em tudo o que era seu. Passaram-se cinco minutos e logo me sentei novamente na cadeira, a mais confortável que eu alguma vez me sentei, este era o meu cantinho. Era o cantinho que eu mais amava!
...
Quinze minutos se passaram e Lopez e Miguel estavam de volta com os Champanhes. Eu estava animado para dizer a todos que estava de volta, por isso pedi para que um membro do clube levasse todas estas garrafas e dizendo que foi Taylor que pediu.
Digamos que eu os queria assustar por breves segundos, mas ver a cara deles de felizes quando me vissem seria uma meta de vida atingida.
O caminho era curto, mas não tão curto como todas as outras vezes que pensava em falar algo com eles. Eu estava desejoso de os ver todos juntos novamente.
— Agora Taylor vai nos embebedar também? Já não basta os treinos cansativos que ele nos faz querer fazer. — Frenkie falou.
— Daqui a pouco nem jogamos.
— Um! Dois! Três! — a minha voz foi liberada. —Surpresa meninos.
Todos se assustaram devo admitir, ver todos eles ainda processando quem estava de volta e na frente deles demoraria algum tempo, mas neste caso eu tinha todo o tempo do mundo quando a questão era a felicidade deles.
— Nós vencemos é isso mesmo? — Eric falou.
— Eu acho que sim!
Todo em abraçaram e começaram a jogar champanhe por todo o balneário, muitos deles estavam já com lágrimas nos olhos por me ver. Eu tinha saudades de todos eles devo ressaltar, eles eram tudo de bom para este clube.
— Eu voltei! Quem aí ficou contente?
— Todos né sogro. — Pedri em deu a garrafa de champanhe. —Beba um golo também não lhe fará mal.
— Eu estou tão feliz de vos ver a todos juntos! Nem acredito que estou de volta.
— As nossas asneiras tinham de dar certo!! — Gavi soltou uma frase. —Digamos que fizemos imensas coisas para ele sair fora, foi isso mesmo não foi?
— Foi sim Gavi! Bom se arrumem amanhã terá mais treino e podemos festejar.
Minha alegria estava á flor da pele. As emoções estavam todas alternadas, meus olhos brilhavam mais que diamantes e meu sorriso finalmente tinha voltado á minha vida.
— Meninos! — murmurei perto de Gavi, Pedri e Ferran. —Quando acabarem de se trocar apareçam na minha sala por favor.
— Claro!
Retornei para o trabalho e digamos que teria imenso a fazer nestas primeiras duas semanas, Taylor tinha deixado tudo isto um caos. Pastas no computador que não era para estarem assim, documentos fora do lugar e pesquisas inacabadas que nem mesmo eu sabia para que tal serviria.
Meu pai se encontrava tomando o seu café no sofá em frente á secretária enquanto mexia no seu telemóvel. Ele percebia que eu precisava de mais um tempo ainda para processar tudo que ainda tinha acontecido. Eu estava digerindo tudo aos poucos.
— Podemos? — Ferran falou.
— Claro! Sentem-se. — sorri ligeiramente para eles. —Se despacharam hoje! A alegria é assim tanta.
— Nem tem noção, eu quase ganhava cabelos braços com aquele desgraçado e filho da mãe nem diga nada.
— Gavi para de ser chato. Diga pai! O que queria falar connosco?
— Bom.....o assunto que eu tenho a tratar com vocês é sobre ontem. É eu sei, não querem ouvir isso, mas de alguma forma eu terei que me desculpar com vocês pelo que vos fiz ver e passar. Para mim não está a ser fácil, mas com as coisas voltando ao normal aos pouco eu irei me tranquilizar ainda mais.
— Não gostamos, mas de facto quem não erra.
— Além do mais todos nós temos os nossos altos e baixos, eu também tenho! Bem, não muitos baixos, mas perceber os próprios erros já é um bom caminho andado. — Gavi falou palavras sinceras.
Eles estavam sendo os mais compreensíveis comigo. Eu de facto merecia tal tratamento.
— Obrigada por compreenderem meninos!
— A família não está mais unida como antes! — Ferran se sentou enfim. —Terás que mudar ou mais vezes estas situações iram ocorrer.
— O motivo da nossa família não estar mais unida é porque enterramos a pessoa que mais unia ela.
Minha mãe sempre foi um enorme pilar em nossas vidas. Era ela quem sustentava todas as paredes e os desafios que vinham contra nós, era ela que sempre resolvia tudo e qualquer coisa sem nós sabermos. Ela foi uma guerreira quando aqui esteve e mesmo que todos sentíssemos falta dela no nosso dia á dia nós sabíamos que ela estava em um lugar melhor agora.
— Filho!
Todos olhando para meu pai. Ele não queria de alguma forma que ainda falássemos da minha mãe e da sua falecida mulher perto dele, ainda era doloroso, ele todas as noites sentia a falta dele. Minha irmã e eu éramos os únicos que o sustentávamos.
— Bom! Espero que compreendam e que de alguma forma me ajudem.
— Claro!
— Conte connosco sogro.
— Fazer o quê né! — Ferran revirou os olhos.
Meu filho tinha um feitio muito difícil.
— Podemos ir agora?
— Claro! Bom....se divirtam.
— Obrigada!
Me tranquilizei novamente, a porta foi fechada novamente e logo me inclinei na cadeira pensando no passado e instantaneamente no futuro para que uma nova pessoa tomasse conta do meu ser. Eu agora precisava disso mais do que nunca.
— Será que conseguirei ultrapassar tudo?!
— Eu conto contigo! Todos contamos contigo, mas terás que voltar com as consultas no psicológico pois eu fiquei a saber que o senhor já não vai a mais de cinco sessões.
— Não tinha tempo!
Bom....eu de facto tinha tempo sim, mas era errado pensar que precisaria de alguém a mais para me ajudar e controlar tudo isto....agora tudo isso fazia sentido. Eu precisava urgentemente de uma consulta no psicólogo.
— Mas assim que puder eu irei começar sim pai, quem sabe não descarregue toda a minha frustração em palavras quando lá tiver.
— Eu espero bem que sim. Não quero ter que te bater novamente para aprenderes.
— Não será necessário eu prometo isso.
Promessas? António não coloques isso em ti mesmo! Será catastrófico para todos se essa promessa não se cumprir.
💄💋⚽️
• Quatro dias depois •
Autora Narrando
15:55h - do parque á empresa
Natasha estava novamente feliz por voltar a fazer o que ela mais amava, interagir com as meninas era uma sensação maravilhosa. Todos a amavam e o mínimo que ela podia oferecer era simplesmente amar cada um do seu jeitinho.
Vitor e Rebecca voltariam hoje de Madrid e a morena estava simplesmente morrendo de felicidades quando soube que eles viriam, ela sentia imensa falta das piadas e do jeitinho carinhoso do seu irmão todos os dias.
Matheus também já havia liberado os seus pequenos passos á dias. Parecia que foi ontem que ele e Emma tinham acabado de nascer e agora estavam a andar e a liberar pequenas palavras. Eles eram alegria, eles eram tudo de bom na vida de suas mãe.
Todas as meninas estavam brincando com as crianças no parquinho enquanto Natasha e S/n as observavam, estes momentos era os que nunca morriam.
— Nós construímos uma linda família!
Natasha a olhou com os seus olhos brilhantes.
— Eles são tudo de bons, Matheus por sua vez disse a sua primeira palavra ontem.
— Aposto que foi Mavie!!!
— Como adivinhaste isso?
— Eles simplesmente não param de brincar juntos e quando lá estou na tua casa tu e o Pedri estão sempre a dizer o nome dela.
— É isso é verdade mesmo, mas eu ás vezes paro e penso em voltar a trás no tempo!
— Eles crescem tão rápido não é?
— É eu sinto tantas saudades dele bem pequenininho!!!!
— Quando tiveres outro vais achar estranho confia em mim, o tamanho pequeno.
— Não vou dizer nada sobre isso.
Riram. S/n e Natasha desfrutavam de uma relação incrível, mesmo não sendo mãe e filha biológicas, elas se comunicavam de forma excepcional. Cada momento compartilhado parecia passar ainda mais rápido a cada instante que passavam juntas.
Em Barcelona, o clima estava ameno, com sol brilhante e uma brisa refrescante que era simplesmente maravilhosa. O parque se mostrou como a escolha perfeita para descontrair e afastar todos os pensamentos negativos, cada instante era precioso, único.
— Alguém aqui quer a mamãe! — Ella trouxe o pequeno pela mão. —Já estava ficar um pouco irritado ali.
— É o sol amorzinho? Nós já vamos embora.
— Veio agora á lembrança de quando vocês foram visitar Aurora a Sevilha disseram que sentiste uma dor na barriga quando a tua irmã se sentou! O que me tens a dizer sobre isso?
— Nada!! Tudo bem comigo.
— S/n, S/n não me mintas diz a verdade vá.
— Eles achavam que eu estava grávida, mas não eu não estava e supondo que eles não me deixariam em paz sem fazer o teste eu o fiz e deu negativo, apenas foi um desconforto no útero.
— Aham Aham.
— É verdade mamãe, confia!!
— Tudo bem então.
O sol começou a apertar e todas resolveram sair do parque e acompanhar Natasha e Emma até á empresa, o segundo lugar que a morena se sentia FELIZ e AMADA por todos era a empresa. Cada minuto que ali passava era maravilhoso.
Não demorou muito para lá chegarem e logo viram Vitor e Rebecca na sala. A animação foi uma só, as crianças os abraçaram e Natasha fez o mesmo logo a seguir, as saudades tinham acabado.
Natasha e Vitor sempre foram bastante LIGADOS desde pequenos e sempre prometeram a seu pai que fariam de tudo para nunca se separar por definitivo, era exatamente isso que eles estavam a fazer.
— Bom nós vamos indo! Só nos quisemos certificar que estavas bem.
— Obrigada pela vossa companhia meninas!
— Mamã! Mamã!! — Matheus interagiu.
— Isso bebé, mamãe. Ah quando eu contar ao Pedri!! Isso Matheus mamã.
— Mamã.
— Gente só fofura aqui. Não vou estar preparado quando o meu Arthurzinho disser as primeiras palavras.
— Em primeiro lugar Vitor tens que deixar de ser ansioso, ele ainda nem nasceu. Vamos com calma!!
— Calma é o que o meu irmão não tem Gabi!
— Hermanita!!! — fala envergonhado tentando se esconder.
— Sabemos Vitor. Bom....até mais, logo nos vemos novamente.
— Novamente? — Rebecca estranhou.
Natasha ainda não havia contado a Rebecca e muito menos a seu irmão que tinha mudado de casa drasticamente. António também não lhe tinham dado alternativas era ficarem juntos e ter a Emma com eles ou nunca mais ver a pequena, a segunda opção PARTIRIA o coração de Vitor.
Enfim se sentou em frente ao computador, o ligou e a morena estava numa TENTATIVA de não lhes contar, mas pela cara de ambos eles não sairiam dali até terem a verdadeira resposta.
Seria mais DOLOROSO para Natasha dizer-lhes a verdade do que para eles ouvir o que de facto se passava.
— Vais nos contar ou será que terei que pedir explicações á S/n?
— Não é nada demais fiquem tranquilos!
— Tranquilos? Hermanita, poxa me fala é a Emma e António não é?
— Bem....por um lado sim. No dia em que vocês saíram para viajar para Madrid eu iria sair de casa e vi que tinha seis seguranças comigo, António os colocou....eu não queria e eu fiquei extremamente chateada. Bom quando estava no carro com a Emma para dirigir para a empresa eu os despistei e acabei na casa da Ella.
— Ele descobriu não foi?
— Bem....foi sim! Ele brigou comigo e disse se eu não voltasse para casa com ele, ele faria de tudo para que eu não tivesse mais contacto com ela. Eu não queria isso, eu quero a Emma na minha vida, na vossa vida. Eu sinceramente não queria voltar para lá mas ele não em deu escolhas.
— Ele agora vai ver!!!
— VITOR NÃO!!! — Natasha assustou Emma. —Para não.
Natasha simplesmente mais confusões em sua vida. Vitor se sentou na cadeira e se acalmou aos poucos. Rebecca já tinha ido para a sua sala colocar Emma a dormir no berço enquanto trataria de todo o trabalho destes últimos dias.
— Senhora, está uma senhora aqui fora. — era Abigail, a recepcionista. —Veronika o nome dela.
— O que será que ela quer?
— Não sei, manda-a entrar.
Veronika e seu filho tinham mudado a vida de todos numa forma drástica e devastadora, ninguém foi preparado para o que tudo isto gerou e simplesmente foi a gota de água para que tudo desmoronasse consecutivamente.
— Boa tarde! Sei que eu era a última pessoa que querias ver neste momento mas...
— Era mesmo.
— Fale o que a trás aqui tão repentinamente?
O som do telefone foi liberado, era o chefe de produção na linha. Natasha atendeu e tinha que resolver um assunto urgente...alguém estava discutindo com os funcionários e apenas a morena conseguia tranquilizar os ânimos exaltados.
— Podes esperar um pouco Veronika? Tenho que resolver um assunto urgente lá em baixo.
— Claro.
A morena estava apreensiva, suas mãos tremiam o que confirmava por sua vez que existia algo bastante mau que a afligia, algo não a deixava tranquila e Natasha já estava a par que algo de maior ocorreria.
Dirigiu-se ao pavimento inferior e deparou imediatamente com uma grande quantidade de peças espalhadas em desordem por toda parte, evidenciando confusão. Natasha sentia repulsa por essa negligência e repreenderia tal comportamento imediatamente.
Maya e Flor voltaram a discutir, mostrando discordância em relação às peças a serem utilizadas, o que começava a afetar negativamente a harmonia existente na empresa e a reputação das duas modelos
Natasha deixou cada uma explicar e logo voltou para cima após as acalmar. Neste momento era a única forma de manter uma estabilidade enorme dentro da empresa. Entrou na sala e já lá não encontrou Veronika, com tanto tempo que a morena havia passado lá em baixo talvez ela tenha cansado de se esperar e ido embora.
— Veronika foi embora sem falar?
— Parece que sim, eu fui buscar um café para mim e ela já não se encontrava aqui. Talvez tenha tido uma emergência como tu lá em baixo. — o moreno sorriu. —O que de facto se passou lá em baixo?
— Maya e Flor novamente não concordando com o que cada uma veste! Simplesmente elas acham errado uma vestir a peça que a outra queria para a foto. Não as percebo sinceramente.
— Quem sabe eu não apareça lá em baixo e as animo um pouco.
— Sarcástico a estas horas irmão? Cuidado, calha da Rebecca ir ao teu encontro elas não iram gostar.
— Rebecca não é ciumenta hermanita!!!!
— Todos nós temos um nível de ciúmes escondido dentro de nós.
— Que calúnia. Eu não sou ciumento.
— Aham e eu acredito muito nisso por acaso.
...
19:59h - em casa
Vitor havia insistido e sua irmã tinha que ceder, ela não queria de forma alguma que ele falasse com António, mas era o que acabaria por acontecer hoje.
Vitor tinha uma personalidade extremamente forte, nunca foi fácil de ligar e muitas das vezes era a morena quem lhe puxava as orelhas quando ele fazia algo de errado.
Eles nunca discutiram, porém acho que hoje era uma exceção. António ainda não havia regressado a casa e penas estava cá Duarte, o moreno neste tempo estava a ser um enorme apoio para o filho.
— A que horas António sai do clube?
— Já devia ter saído, quem sabe não esteja chegando em casa.
— Ele deve estar é a beber isso sim. — intervei Natasha pegando em Emma.
— Meu filho prometeu que não seria mais assim.
— Hum!
António deixou a bebida á bastante tempo. Do final de 2018 ao início de 2019 não foi uma época fácil para nenhum dos dois e o ver afundando com a bebida era simplesmente doloroso, todos tiveram que pedir uma ajuda extra para que tal batalha fosse travada.
— Falando nele! Filho, Vitor e Rebecca chegaram de viajem.
— Que bom. Gostaram de Madrid? O jato serviu-vos bem?
— Obrigada pela atenção. — Rebecca o agradeceu com um sorriso.
— É! Obrigada.
— Irmão.
— Podemos falar? — Vitor falou rispidamente. —É urgente.
— Bom vou levar a Emma para dormir no quarto. Vamos nos divertir imenso né fofinha?!
Rebecca era um amor de pessoa.
— E eu vou buscar algo para beber. — é Duarte.
— Está tudo bem? Estão bem?!
— O assunto não é esse. — a morena expliquei. —Melhor sentares-te!!!
— Porque fizeste isto?
— Isto?!
— Não te faças de desentendido cunhado, sabes muito bem do que eu estou a falar!!!
Vitor confortava todos com unhas e dentes, ele era aquele tipo de pessoa que se não estivesse de acordo ele levaria até praticamente o julgamento final para saber a verdade por trás de tudo.
— Sei? Claro que sei. Bem....eu tive que tomar uma decisão, tu entendes muito bem isso. Ela é minha mulher e nós temos uma filha em conjunto e como nós os dois não conseguirmos estar longe dela esta foi a nossa solução.
— Nossa solução? Que eu saiba eu não queria vir para cá. Tu de certa forma não me deste escolha!
— Não podia deixar-te longe de mim. Seria autodestrutivo!
— Nem foi assim tanto! Eu não te obriguei eu apenas avisei, tu viste porque quiseste.
— Então farei novamente as malas!!
— NÃO!!
— Estás a ver Vitor? É disto que eu falo, ele não confia em mim.
— Muda! Muda porque se continuais assim não só perderás o amor da minha irmã como também a minha consideração.
Se levantou do sofá e prestes a sair de casa Rebecca chamou pelo seu nome. Vitor não iria embora sem ela e com um sorriso no rosto se virou para trás e esperou pela morena, pegou na sua mão e logo se despediu. Ele ficou triste, não ter a sua irmã o incomodando todos os instantes e horas era doloroso para ele.
Natasha por sua vez se dirigiu para o andar de cima, passou pelo quarto de Emma e logo foi para o quarto de hóspedes onde ela dormia, a morena nem conseguia simplesmente olhar para António, era terrível a sensação de que talvez ele só quisesse chamar a atenção para ele mesmo.
Estava a conseguir!
— Posso?
— Claro!
— Me desculpa.
Desculpas?
— Eu tenho sido um idiota tudo bem eu mereço, mas eu simplesmente não estou a conseguir controlar a minha mente ultimamente.
Natasha apenas se limitava a dobrar o restante de sua roupa no closet.
— Por favor amorzinho, fala comigo! Não faças greve de silêncio agora. Natasha vá.
— Natasha o cacete!!! Eu nunca mereci do teu amor, sinceramente eu achava que sim, uma época eu pensei que talvez todo esse amor fosse perfeito e durasse para sempre, mas ele simplesmente se perdeu pelo tempo.
— ...
— Irónico não é? Lembranças felizes deixam-te triste. — a morena retornou o seu olhar para ele e logo se dirigiu para a mesinha de cabeceira. —Vai embora! Vai António, a nossa conversa já terminou.
— Eu vou..... — se aproximou dela. —Eu vou melhor e mostrar-te que eu consigo me conter e controlar a minha mente, eu te garanto que sim. Eu te amo e é contigo que quero passar o resto dos meus dias. Eu prometo não te magoar mais. Eu juro!!!
— Não jures. — o afastou. —Vai!!
Natasha talvez estivesse agindo por impulso, mas está era a única forma de António entender que a morena queria o seu espaço e entender onde ela ficaria no meio de toda esta terrível história.
Eles não sabem sobre nós.
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