70³
[...]
António Torres
09:00h - em casa
Isto está sendo um pesadelo. Eu não estou a conseguir dormir de forma alguma, tantas coisas haviam sucedido, a perda de tudo em tribunal, o desgosto de Natasha, a notícia e a confirmação que ela já não mais vinha para cá e o pior de tudo o que fez meu mundo desabar de um momento para o outro, bater na minha filha, na minha princesa, sinceramente isto foi o colapso para mim.
Eu estava sendo CRUEL para ser GENTIL, porém eu não podia de alguma forma ser assim. Não conseguia mudar e simplesmente isso era auto destrutivo em pensar que talvez e muito acertivamente ela não me perdoaria em nenhum momento futuro.
Eu tinha perdido todas as minhas esperanças de reatar tudo com Natasha. Todos saíram de casa sem olhar para mim, todos nem para mim olharem e mostram que não queriam saber de mim quando se despediram, mas no mínimo, bem no fundo eu sabia que merecia o DESPREZO de todos em meu redor.
(...)
António - treze horas antes
Todos saíram e nem uma só palavra me deram. Subi as escadas e andar pelos corredores que antes eram cheios de vida era a pior coisa que eu podia fazer, entrei numa quarto abrindo levemente a porta e talvez numa tentativa frustada de encontrar Natasha lá dentro. Nada! Eu sabia que ela não pisaria aqui tão cedo, não enquanto não acontecesse algo de mal.
Fui até ao closet e olhei para o meu lado esquerdo e todos os compartimentos, todas as prateleiras estavam vazias. Nada existia e simplesmente meu coração ficou ainda mais partido. Eu iria morrer de desgosto, um desgosto total.
— DROGA!!!
Comecei a jogar tudo o que via pela minha frente ao chão e fui parado por meu pai me abraçando instantaneamente, me acarinhou e eu desabei no chão. Meus olhos reproduziram lágrimas repetitivas, meu rosto estava vermelho, meus punhos igualmente vermelhos e meu corpo quente como o inferno que habitava em mim.
Não queria que ninguém soubesse o que aqui se passou, não queria que ninguém soubesse o que de facto se passava comigo, eu tentei, eu tentava ao máximo ser uma pessoa diferente, mas nada, nada além do fracasso estava presente em mim neste momento.
— Calma! Calma! Calma meu amor. Oh filho. — meu pai acariciava minha cara. —Tudo vai passar.
— Eu as magoei pai, eu magoei quem sempre esteve comigo. Eu magoaei que amava quando não consegui resolver os problemas na maior tranquilidade. — choro mais persistente eu tinha. —Ei bati nela, eu bati na minha filha! Eu sou horrível.
— Tudo vai ficar bem meu amor. Vamos ultrapassar. Vem, vamos dormir um pouquinho.
— Eu não quero. — me levantei com mais raiva de mim. —Nao quero sonhar o que aconteceu.
— LOPEZ!!! — meu pai gritou pelo seu nome. LOPEZ.
Eu era um livro aberto, minha história não tinha acabado e eu ainda estava apenas na página 500 de muitas mais. Eu simplesmente não poderia ser derrotado pelo inimigo que habitava dentro de mim, eu tinha que ultrapassar isto custe o que custasse.
— Qual é o meu problema pai? O que se passa comigo?
— Nada! Nada se passa.
Ele tentava-se enganar, mas eu de facto sabia que existia algo de errado comigo. Eu sabia que tinha sido um homem egoista, maldoso e agressivo com quem menos tinha a ver.
— Chamou senhor.
— Fica um pouco com ele eu já venho aqui.
— Claro.
Tentarem proteger-me não adiantaria em nada neste momento. Eu estava mais perdido do que nunca, isto sem dúvida eram um sinal do fim dos tempos. Me doeu imenso quando bati na minha filha, eu nunca pensei que faria tal coisa, mas a maneira que tentava processar tudo minha mente só sentia mais e mais raiva de mim e do quão inútil eu fui.
Sete minutos depois meu pai estava de volta e dispensou Lopez novamente, com um calmante em sua mão direita e um copo de água na sua mão esquerda me deu para eu tomar. Em algum momento eu teria que me acalmar e ele apenas estava fazendo o seu trabalho de pai me protegendo.
— Amanhã vais pedir-lhe desculpas.
— Ela merecia agora.
— Deixa-a descansar quando tudo estiver mais tranquilo aí falam tudo bem?
— Hum hum. O que foste fazer mais afinal?
— Chamei uma pessoa, mas essa pessoa está em outro país e não poderá vir agora, mas quando tiver tempo ela deixará tudo e virá ter contigo.
— Outro país? A Natasha? A Emma? Elas?!
— O quê? Não não. Outra pessoa.
— O Ethan? Mas...
— Calma. Vá descansa eu já venho para ver como estás.
(...)
Perdão!
Eu precisava de um perdão totalmente eterno. Eu precisa disso mais que tudo neste mundo eu necessitava descarregar os meus perdões a todos que de alguma forma tentavam me ajudar.
Me levantei, tomei meu banho, vesti uma roupa confortável e acho que nem hoje nem nos próximos dias iria trabalhar para qualquer lado. Isso seria totalmente errado.
Sai de meu quarto e me deparei com Rute subindo para os arrumar. Eu não podia deixar que ela visse o estado de meu quarto por isso avisei para não mexer nele, me despedi dela e logo vi meu pai tomando o pequeno almoço sozinho.
Esta cena me magoava imenso, antigamente a mesa estava cheia, agora nada além de uma pessoa aqui estava ou até nem isso por vezes. As fotografias guardavam tempos maravilhosos.
— António! António!
— Sim pai?
Eu iria mudar a partir deste momento! Eu iria ou não me chamo António Oliveira Torres. Eu tinha que o fazer se queria a confiança das pessoas de volta na minha vida.
— Onde vais?
— Falar com a S/n. Talvez ela esteja em casa ou na empresa.
— Vai com calma com ela amorzinho.
— Eu vou pai. Até mais.
— Até.
Outro lado me separava do verdadeiro homem que eu alguma vez fui. Eu com toda a certeza parti o coração do velho António que já fui, eu tinha noção disso.
Peguei no carro e logo dirigi pela cidade fora. Tentava de alguma forma reformular a minha cabeça para não acabar explodindo novamente, meu coração pedia um pedido de desculpas e meu corpo de alguma forma precisava disso.
— António! — me assustei quando ouvi a voz do antigo eu do meu lado. —Tudo bem?
— Isso é uma pergunta retórica? Porque se for já sabes a resposta antigo António.
— Sê humilde como sempre foste, descarregar a energia com quem menos querias não te levou a nada. Reparei que hoje acordaste uma nova pessoa....eu sempre estarei aqui para te ajudar em tudo.
— Como se faz para mudar o passado? Maldita a hora que tudo isto aconteceu, maldita a hora que Veronika apareceu na nossa vida.
— Quem é ela comparada a nós?
Ele tinha feito uma pergunta pertinente devo confessar. Ele sabia que eu tinha que mudar e no meu interior ele sabia que existia ainda uma parte de mim que ainda queria isso.
— Vamos fazer o seguinte! Vamos resolver e superar os problemas como sempre fazemos juntos, como sempre o fizemos, sei que perder a nossa mãe foi um colapso enorme na nossa vida, mas jamais isso nos poderá abalar. Vamos em frente e sê a pessoa que consegue ultrapassar os problemas.
Olhei novamente para o lado e já não mais o vi. Vagamente tudo isto fazia sentido. Minha mente simplesmente estava um caos total e indiscutivelmente me fazendo ainda piorar o meu senso crítico e comum de resolver os problemas.
Logo cheguei a casa dela. Sai e logo dei de caras com Pedri saindo da porta indo passear com Matheus, Mavie e Cyrius. Sem nenhum sinal dela, talvez ela estivesse fechada no quarto ou resolveu encarar o mundo algo que eu devia também tentar fazer.
— Pedri. — o alertei e o moreno nem se incomodou um pouco. —A S/n! Ela está?
— Foi trabalhar para a empresa.
— Me desculpa sério ontem a notícia me abalou demais eu jamais queria ter feito isso com ela.
— Compreendo. — respondeu de forma seca. —Mas, nem nos meus piores pesadelos imaginei que o senhor meu sogro fosse capaz de tal ato.
— Eu sei! Agi com imprudência e de muita má fé, mas neste momento eu quero me desculpar com ela. Tem como?
— Ela foi na empresa assinar uns papéis essênciais e logo logo estar de volta a casa acho melhor o senhor se apressar.
— Tudo bem! Obrigada novamente Pedri. — fiz carinho em Matheus. —Xau pequeno, vovô te ama muito.
Pedri ficou tenso, não era para menos, depois do que ele presenciou ontem ele tinha receio que a mesma coisa acontecesse com Matheus, todavia se eu em algum momento pensasse em bater num bebé ou até chegasse a fazê-lo eu tinha perdido totalmente o rumo da minha vida e até de ficar em sociedade.
Sai apressadamente de carro para a empresa e não demorou muito para chegar, a empresa da morena ficava extremamente perto da sua casa.
10:34h - na empresa da S/n
Em sete minutos me coloquei aqui, entrei na garagem com confirmação prévia e logo subi de elevador para o andar em que estavam situados os escritórios da direção, especialmente o dela.
— Marta. — me apresentei em frente da sua secretária. —Minha filha! Ela está?
— Está sim senhor, acabou á cinco minutos de chegar quer que avise que o senhor aqui está?
— Não! Não precisa eu quero fazer-lhe uma surpresa.
Andei mais um pouco, bati na sua porta e a morena após um pouco tempo olhando para mim me autoriza a entrar. Não vou mentir, ela estava com medo que tudo acontecesse novamente, ela estava com medo que eu descarregasse a minhas frustração nela novamente.
Eu tinha que mudar a minha MENTE!
— Poderei falar contigo?
— Se for para discutir novamente podes dar meia volta. — em nenhum momento ela voltava a olhar para mim. —Fala e vai.
— Filha!
— Filha? Ainda tens coragem? Depois de tudo o que passamos juntos, depois dos momentos felizes e depois de me defenderes ainda tiveste a coragem de me bater só porque eu disse a verdade!
— Eu sei....eu errei ok tudo bem. Odeia-me, não fales mais comigo desde que sair desta porta para fora mas jamais digas que eu não te amo porque isso não é verdade. Eu daria a minha vida por ti, bom...eu já o dei! Foi uma estupidez agir daquela forma contigo, foi, eu sinto muito.
— Se soubesses o que mais doeu nem tinhas imaginação suficiente para tal coisa. Não foi o estalo em si que doeu, foi ver o homem que no fundo tu te tornaste, o homem feliz que antigamente era agora está desabando em tristeza e tornou-se num homem que não quer ajuda.
— Eu quero! Eu quero ajuda.
— Neste momento nem sei se acredito nisso.
É! Talvez ela não acredite! Mas eu a partir deste momento iria mudar, iria mudar não só por mim mas por todos nós. Eu jamais voltaria a proceder do mesmo modo, mas saber que Sebastian testa o meu limite no máximo é horrível.
Fogo no fogo, normalmente isso me mataria.
Ele colocou-se na frente da sua secretária enquanto falava para mim, todavia termina no momento eu que os nossos olhos se encontraram novamente.
— O que foi?
— Nada! — me aproximei dela e seu corpo apenas queria fugir para trás, mas era impedida pela secretária. —Calma! Tudo vai ficar bem.
Ela tinha medo que eu descarregasse nela novamente. Merda!
— Não hajas assim. Não hajas como uma pessoa maluca e depois os outros que sofram.
— Não mais.....ouve-me minha princesa eu jamais farei novamente. Eu prometo isso, quando alguma vez eu faltei com uma promessa nossa?
— Nunca! Nunca pai.
— Então?
— Tudo bem.
E num enorme abraço apertado fui envolvido. S/n era aquele tipo de menina e de mulher que com poucos palavras eu a conseguia conversar e ela sabia que palavras minhas valiam mais que tudo neste momento.
— Não faça mais nada por impulso pai. Por favor. Não me faça perder a confiança que depositei em si.
— Não! Isso não será necessário. Eu irei honrar a nossa palavra.
— Ótimo.
Um peso enorme saiu de seus ombros. Ela estava aliviada e consequentemente eu também. Me propôs que eu ficasse aqui até ela resolver tudo e assim eu o fiz, vir aqui ter com ela era um dos meus passatempos favoritos devo admitir, não minto, estar com minha filha era um dos meus melhores momentos.
Me sentei e observei cada movimento seu, seu semblante e seu brilho jamais eu deixaria que alguém o apagasse, depois de tudo o que ela passou eu morreria de desgosto se fizessem com ela o que fizeram com Ella. Eu acabaria no mesmo minuto com a pessoa, nem que isso levasse ao limite do impossível. A prisão.
💄💋⚽️
Natasha Torres
11:11h - em casa
Horas iguais era um sinal de boas novas, bom, não para mim, acho que neste momento tudo o que eu menos queria era ter que estar sempre a ver horas iguais e procurar significados onde eles não existiam e onde eu não sabia se eles eram reais ou não.
Cada pessoa vive o seu dia de uma forma diferente, cada pessoa faz com que sua vida mude, não são os outros que pensamos que estão nos ajudando que o farão.
Eu tinha dormido muito mal esta noite e quando aqui cheguei pedi para que meu irmão e Rebecca cuidassem de Emma e de Kero por mim, não tinha cabeça e até este momento não tenho cabeça para absolutamente nada.
Deitada na cama observo o teto, eu no meu íntimo ouvia meus pensamentos tentando sobreviver dentro da minha cabeça. Minha cabeça, minha mente, meu coração, meu corpo estava um desastre.
Meu pensamento falou mais alto. Entrelacei minhas mãos sobre meu peito é mais uma vez fechei os olhos me tranquilizando pela milésima vez ainda hoje.
— Este não é o final. — a antiga Natasha apareceu novamente. —Não agora e nem nunca.
— Que te saibam bem essas palavras.
— O céu, a terra, o mundo todo pode desmoronar, mas o que Deus união jamais pode ser separado. António e tu, bem António e nós, somos um só, almas destinadas a estar juntas para sempre. Todos temos os nossos altos e baixos, todos temos momentos difíceis.
— António não quer saber de mim.
— Certeza? Um passarinho me contou que sim, ele sente a nossa falta Natasha. — acariciou minha mão. —Ele nos ama, todos tentam em ter-nos, mas jamais, jamais terão o nosso coração pois ele pertence ao amor da nossa vida, ao nosso marido.
Lágrimas caíram de meu rosto. Ela estava certa, mas ver por esse prisma ainda estava distante, distante até demais eu diria.
— Vamos fazer o seguinte! Vamos não tranquilizar estes dias e com o passar do tempo vamos tentar resolver os problemas...um passarinho muito inteligente me contou.
— O passageiro inteligente ou o António de antigamente? Porque o António de agora nem dá a mínima para o que eu sinto.
— Dá sim. Tem fé.
Uma batida na porta foi liberada. Era meu irmão do outro lado da parede, fechei meus olhos e os abri novamente e apenas estava eu novamente sozinha no quarto. Sozinha! Totalmente sozinha...novamente.
— Hermanita! — meu irmão abriu a porta ligeiramente. —Tudo bem? Ouvi vozes?! Estavas a falar com alguém?
— Se te contasse não irias acreditar!
— Sou testado constantemente, vá estou de ouvidos. Estarei sempre aqui para ti.
— Bom....vamos lá então.
Contar ao meu irmão foi como tirar algum do peso que carregava sobre mim em meus ombros. Ele nem ficou um pouco espantado quando acabei, pois lá no fundo eu sabia que todos nós numa tentativa de nos reconfortarmos tentávamos buscar paz em palavras honestas.
— Eu fico feliz que consigas perceber que tudo irá ficar bem. Mas agora.....
— Nem venhas, não vou lá para baixo e muito menos eu vou ter que ver a Emma a rir enquanto eu estou totalmente destruída.
— Quem sabe ela não te solta um pequeno sorriso?
— Vitor!!!
— Hermanita! Vá vamos lá. Faz isso pelo teu querido irmãozinho! — implorou para mim se ajoelhando.
— Vitor pelo amor de Deus levanta esses joelhos.
Me levantei atrás dele e me segurando pela mão enquanto a acarinhava gentilmente o moreno me levou para o andar de baixo, Emma e Rebecca estavam na sala. Era o horário da pequena comer e ver o amor que eles estavam com ela enquanto eu morrida sozinha era gratificante em todos os níveis imagináveis.
— Olha quem é pequena! A mamãe veio para ti. — Rebecca fez com que Emma sorrisse para mim.
O sorriso dela era perfeito, melhorava o meu dia instantaneamente, mas neste momento isso ainda não acontecia. Eu tinha uma sorte enorme em tê-la na vida, sem dúvida foi o melhor presente que uma pessoa me podia ter dado, o meu melhor presente de 2023 foi ela.
Emma Costa Torres, minha pequena e adorável bebé. Sempre a minha bebé para sempre, oito meses, todavia para sempre bebé.
— Como foram as coisas quando estive ausente?
— Ausente? — declarou Rebecca. —Ausente não, descansando.
— Beca tem razão hermanita, além do amei tudo sobre controlo Emma nem me mordeu um dedo.
— Ainda bem. Ainda bem. — conseguiu me soltar um sorriso ligeiro.
— Consegui! — me abraçou pela cadeira. —Finalmente consegui! Que notícia maravilhosa.
Meu irmão era aquele tipo de pessoa que tentava de tudo para me fazer sorrir novamente. Digamos que ele era fascinado no meu sorriso e na minha felicidade.
— Eu atento! — Rebecca se levantou. —Natasha acho que é para ti.
— Não quero receber ninguém Beca manda para casa.
— Acho que quererás saber quem é!! — era meu irmão.
Me apresentei na porta e logo Rebecca voltou para perto de Emma enquanto meu irmão ficava comigo. Eu não estava com cabeça para falar com ninguém externamente a esta casa, não sei como Veronika havia-me achado, mas com toda a certeza moveu metade da cidade para saber o meu paradeiro.
— Temos que falar sobre ontem Natasha.
— Minha irmã não quer falar nada absolutamente nada e muito menos sobre ontem!
— Meu filho tem um temperamento muito forte, não sei de onde ele o tirou, de mim não o foi, mas ver que ele falando daquela forma magoou o meu coração também. Eu nunca o eduquei para ser assim.
Dei as costas para ela a mais uma vez a morena fala.
— Eu venho pedir desculpas em nome da família. Sei que estás magoada eu entendo e não queiras falar com ninguém, mas por favor entende a nossa parte de querer reivindicar os nossos direitos.
— Acabaste? Ótimo. Vai embora agora Veronika.
Gentilmente meu irmão a agradeceu e logo fechou a porta enquanto eu me sentava no sofá tentando novamente esquecer o passado. Era impossibilitada pela minha mente, ela estava-me matando aos poucos.
— Vai pequena! Vai ali na mamãe vai.
Emma engatinhando a mim magoava demais meu coração, novamente, ela tinha traços de António. Eu a amava, mas ver que tudo isto estava me matando era irredutível.
Me levantei e sai de casa, não queria ninguém atrás de mim por isso ordenei Enrique e Franco a não virem, porém minhas palavras para eles não valiam mais nada eles queriam por tudo me proteger..
Peguei no carro e dirigi sem rumo algum. O que eu mais queria neste exato momento era esquecer os problemas, deixar tudo para trás e começar uma nova vida.
Sem dúvida era a coisa acertada a fazer, todavia em via que por outro prisma eu tinha pessoas que não mereciam ser abandonadas, tinha pessoas que dariam de tudo para eu estar feliz novamente.
E num momento para o outro me vi na praia, antigamente era o último lugar em que eu viria, mas perceber quanto o tempo mudou sem dúvida foi até uma conquista realizada no futuro para mim.
Minhas lágrimas eram pesadas, meu rosto doía, meu corpo doía e minha voz quase não mais queria sair. Cruzei meus braços e olhar para o imenso oceano na minha frente era a melhor coisa que eu poderia fazer neste momento.
— Amiga? — era a voz de Vitória. —Ei?! Tudo bem? Duarte ontem ligou ao Ethan, ele deve estar com António agora vim com as crianças na praia um pouco.
— Eu sou um erro. — minha voz permanecia em falhar em cada palavra.
Isto doía!
— Não és amiga! Não o és.
Me abraçou e acariciando levemente minhas costas a ruiva conseguia por fim deixar os meus pensamentos longínquos, ela era treinada para tal coisa. Ela era terapeuta e psicóloga infantil, bem com uma simples exceção, ela ainda continuava acompanhando a Ella. Eu pedi isso na altura e ela fazia isso com imenso prazer.
— Eu sei o que se passou. Vai tudo passar, estamos contigo agora....estamos com vocês.
— Ai estás tu! — era meu irmão gritando no fundo. —Hermanita, não me mates de coração antes do tempo.
— Eu estou bem ok! Eu estou bem.
Inclinaram a cabeça para mim e logo seus olhares se voltaram um para o outro. Eles sabiam o que diziam um ao outro apenas com o olhar, de facto eu já nem sabia se estava bem ou se tudo isto era um pesadelo que nunca mais acabava. Se todos estes anos fossem uma invenção da minha cabeça eu morreria no mesmo instante.
Eu tinha um poder sobre meu irmão que nem mesmo eu sabia.
— Vem vamos para casa.
— Eu não quero! Por favor.
— Amiga! Ei, me escuta por favor.
— ...
— Ninguém consegue abalar-te verdadeira a menos que tu o queiras, a tua barreira de auto proteção que teu corpo criou antigamente está agora quebrada, todos estão por ela! Ela era a vossa barreira de auto proteção.
É! Ela tinha razão Aurora sempre foi a minha barreira de auto proteção, acho que de todos em geral. Era ela que nos cuidava e era ela que mantinha o único bom senso crítico e barreira entre a nossa sanidade emocional e mental afastadas. Agora tudo estava baralhado.
— Ótimo! Perfeito se minha barreira de auto proteção morreu agora não já será mais ninguém que a tenha. Parabéns.
— Se sentaram comigo na areia.
— Olha para mim hermanita! — Vitor delicadamente pegou a minha face. —Vamos criar uma. O que achas Vitória?
— Ótimo! Ela pode ser essa barreira.
— Ótimo? Ela? De quem vocês estão para aí a falar?
— Emma é claro.
— E se eu a perder. Não quero.
— Natasha! Olha para mim vai.
— Emma é uma bebé com saúde, Emma é a única pessoa neste mundo que consegue transparecer quem tu és verdadeiramente é por ela que cuidas. É pro elas que queimarias o mundo se algo lhe acontecesse. Criando essa barreira ambas estarão interligadas mais ainda.
— Hum!
— Hermanita! Vá.
— Tudo bem.
...
Casa neste momento era o meu único meio de refúgio. Vitória e seus filhos tinham vindo connosco e entramos em casa vejo a pequena brincando com seus brinquedos junto a Rebecca. Aquela cena de repetia novamente, não com Levi, mas sim com Emma.
— Emma! Se nós dás licença aqui um pouquinho princesa. — meu irmão a pegou. —Vamos nos sentar aqui vem bebé.
— Parabéns novos papais! Já me ia esquecendo disso.
— Obrigada. — ambos lhe agradeceram.
— Pega nela.
— Eu? Sério isso! Eu vejo António nela.
— Amiga.....isto faz parte do processo. — se sentou. —Vá por favor faz um esforço.
— Tudo bem.
— Olha para ela me diz o que que mais te cativa nela.
— Tudo! Absolutamente tudo.
— Acho que não foi nesse sentido que Vitória se quis referir.
— Não mesmo hermanita!
— Chatos vocês. — observei delicadamente a pequena e pequenas projeções vinham sob a minha mente.
— Sua delicadeza, seus olhos cor de amêndoa, seus delicados lábios....
— Dentes também. — Vitor interveio.
— Seu pequeno nariz, seu rosto, seu cabelo. Tudo é delicado, tudo está intacto como deve ser.
Uma flash em minha mente foi criado, Emma tinha muitas parecenças com meu irmão quando tinha 8 meses de idade.
— Agora vamos fazer o seguinte! A abraça. O que sentes nesse abraço?
— Amor! Compaixão, felicidade, carinho, generosidade e uma aura angelical.
— La no fundo consegues ver quem é? Quem está por trás dela a sustentando?
Minha visão era turva neste tipo de exercícios, mas tinha que fazer se de alguma forma queria melhorar e estar pronta para encarar a felicidade.
— Meu pai! Eu vejo meu pai, ele e cuida! Ele a cuida com mais alguém.....um homem! É um homem isso mesmo.
— Consegues descrever esse homem?
— Tu consegues hermanita.
Fechei com tranquilidade meus olhos e imagens das suas feições vinham na minha mente. Eu já tinha visto aquela pessoa, mas em nenhum momento ao certo sabia onde tinha sido. Aprofundei mais meu íntimo e me lembrei, em Portugal, na quinta eu me lembro de ver retratos dele pela casa. Eu sei quem era era o.....
— É Matheus! É! É ele é o pai do Duarte é ele mesmo.
— Ambos cuidam dela certo?
— Sim!
— Bem agora iram cuidar de ti também.
— Será que isso dará resultado.
— Eu tenho a certeza que sim!!! — soltou um sorriso e logo me abraçaram.
Não pude evitar e lágrimas desceram de meus olhos, Emma se apercebeu e chegou-se mais perto com seu corpo. Colocou suas pequenas mãos em meu rosto fazendo uma força angelical transparecendo a dela vindo ter comigo.
Ás vezes a luta tem algum significado até que algo se prove o contrário.
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