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Some things in life they
just don't wanna see
But if Martín Luther King was livin'
We wouldn't let this be, no, no
Skinhead, deadhead (Yeah, yeah)
Everybody's gone bad
Situation, segregation (Woo-hoo)
All I wanna say is that they
don't really care about us
• They Don't Care About Us -
Michael Jackson •
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Frase do Capítulo:
-Meu corpo começou a morrer e minha alma quer estar fora de meu corpo!
António Torres, 2024
💄💋⚽️
António Torres
07:20H - de casa ao tribunal
Nestes últimos dois dias meu mundo havia virado do avesso num nível que nem mesmo eu entendia de facto o que era para ser. Estava bastante apreensivo e mal conseguia trabalhar. Pensamentos, emoções e culpas vinham á tona. Tentei ao máximo me tranquilizar.....impossível.
Eu era um ser humano horrível e fazia com que todos á minha volta questionassem o que de facto eu faria para remendar a sujeira que eu causei.
Talvez eu estivesse tentando me enganar. Talvez eu estivesse preso no passado e impossibilitado de seguir em frente. Eu era jovem, muitas coisas ainda estavam na minha cabeça e entre elas viver a vida como bem entendia, mas se de facto Sebastian fosse meu filho acho que ninguém mais me perdoaria.
Todos estávamos tomando café da manhã, Natasha e seu irmão tinham vindo com Rebecca e Emma. Droga! Se isto se tornasse algo maior nem sabia bem o que aconteceria com o meu casamento com Natasha. Eu sou um incompetente que não consegue resolver nada sozinho, minha mãe sempre me ajudava, meu avô sempre me ajudava.
Eu sou um ser humano HORRÍVEL.
— Pai! — Ferran em alertou. —PAPAI!!
— Oi?! Falaste?
— Estás no mundo da lua, está tudo bem?!
— Tudo porque não estaria, sei que sou inocente.
— Papai, não se aflija, o senhor é forte. — S/n acarinhou minha mão. —Além do mais provou isso quando nos mudamos para Portugal.
— Ela tem razão Torres, mostraste que em dois anos conseguiste ultrapassar tudo.
— Com ajuda! Minha mãe, ela ajudava.
— Já falamos sobre isso filho. — era meu pai. —Tudo na vida tem um propósito e se agora eles não estão aqui nós estamos.....nós vamos ser a tua força eu prometo-te isso.
— Tudo! Tudo bem.
Me levantei da mesa com aviso prévio a meu pai e fui em direção á cozinha, abri a porta da garagem e fiquei dentro do carro. Eu necessitava de paz urgentemente....eu a queria, mas inevitavelmente minha mente era capaz de me dar esse sossego.
Damn it!
Encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos....recordações daquela noite vinham á tona e consequentemente a asneira que eu havia causado anos mais tarde quando descobri que Veronika engravidou. Eu me sentia tão mal, eu me sentia horrível, eu me sentia destruído. Tudo isto matava-me por dentro cada vez mais.
(...)
António - dezembro de 2002
Perder um negócio era simplesmente terrível. Já estava há mais de meia hora tentando entender o que tinha dado errado e consequentemente a bebida era o único meio de aliviar a minha dor. Isto estava matando-me cada vez mais por dentro.
Tentava e tentava processar o que eu tinha perdido, mas nada. Duas garrafas de uísque e uma de vinho já tinha bebido, bem....sendo neste modo nem para casa podia ir.
Guardei minhas coisas e sempre cambaleando me dirigi para a porta nesse instante Lopez me tira a chave do carro da mão, talvez vendo o meu estado o moreno nem queria que eu conduzisse.
— Me dá a porcaria das chaves Lopez não aviso novamente!
— Me desculpe, mas isso será impossível de ser realizado. Sinto muito!
— Lopez eu sou o teu chefe! Me dá as chaves agora.
— Não!
— LOPEZ! — alteei a voz e logo Veronika sai de seu escritório. —Boa noite.
Eu estava mal, mas apenas eu não queria crer nisso. Talvez se tudo fosse diferente eu a esta hora estaria em casa e não aqui sofrendo.
Eram 23:30h, meu pai já estava em casa á cinco horas. Minha mãe talvez estivesse preocupada por eu ainda não ter chegado e Núria e Ferran já deviam estar a dormir....ela estava grávida, sua gravidez corria algum risco devo admitir, ela ainda estava com 5 semanas.
— Tudo bem por aqui? — falou a morena. —Neste estado não pode ir a casa.
— Vês Lopez alguém consciente aqui disse algo acertivo. Agora me dá a chave do Porshe agora.
— Senhor já falei que não. Quer que aconteça o mesmo que aconteceu ao seu avô?!
— Não fales do meu avô! Ele não.
Andei mais um passos, mas simplesmente cai novamente. Realmente eu precisava ser ajudado, mas mais tarde essa ajuda poderia custar-me muito caro.
— Venha senhor, vamos colocá-lo num hotel até amanhã venha.
— Senhora!
— Tudo bem Lopez, o que pode acontecer de mal?! — ri.
Eu estava visivelmente alterado, entrei no carro e Veronika dirigiu até ao hotel. Realizou o meu check-in enquanto Lopez me mantinha no carro dentro da garagem e logo subimos para o quarto. Eu precisava descansar, eu precisava imenso de descansar.
— Venha! Deite-se aqui, amanhã estará melhor.
— Vou tomar mais um! Talvez melhore.
— Não! — me tirou a garrafa da mão. —O senhor vai dormir, vá. Deite-se na cama.
— Mas....
— Obrigada Lopez! Ficarei com ele até adormecer.
— Tudo bem Lopez, eu fico bem.
Tudo bem? Talvez isto fosse um erro e eu tivesse ido para casa antes de para aqui vir. Me sentei na cama e logo me joguei para trás de um momento para o outro fechei meus olhos e adormeci.
Apenas me lembrava disso. Apenas me lembrava que tinha feito isso.
09:10h - no hotel
Acordei totalmente diferente do que me deitei. Minha cabeça latejava e parecia que ela simplesmente iria explodir a qualquer momento, meus olhos lacrimejavam de tão doloridos que estavam e meu corpo estava pesado demais.
Olhei para o lado e vi Veronika. Droga! Será? Minha cabeça estava confusa, me levantei e apenas vi que estava de boxers. Eu havia cometido um erro, bom...se eu o tivesse cometido. Me levantei, mas impossibilitado pela dor de cabeça me sentei de novo.
— Bom dia! — Veronika veio até mim. —Acordaste melhor hoje?
Me levantei e mesmo que a cabeça me doendo não me importei. Vesti minhas calças, abri a porta e avisei para que Lopez avisasse minha mãe que eu estava neste hotel. Eu precisava dela, talvez todos já tivessem acordado e sentido a minha falta.
— António!
— Nós?! Tu sabes?! Nós?!
— Não te lembras?
Merda! Eu literalmente não me lembrava de absolutamente de nada. A deixei falando sozinha e logo em sentei na poltrona na frente da janela observando cada movimento que lá embaixo existia. A morena foi para a casa de banho e logo minha mãe bate na porta.
A abri e meu único instinto foi chorar e ver a asneira que tinha causado. Neste tempo, a morena saiu da casa de banho já vestida e saiu após ver minha mãe.
Com os braços cruzados, ela entra e senta-se na cama bem em frente do sítio em que estava. Ela estava chateada comigo e se eu a conheço bem ela não dormiu a noite toda esperando por mim, por uma asneira minha.
— Eu sou horrível mãe. O que eu faço, mãe.
— Ei! Ei! Ei! Calma por favor assim não resolveremos nada.
— E se eu trai a Núria? E sei eu a trai?! Ou ainda pior se Veronika ficar grávida?
Minha mãe suspirou. Ela sabia que de facto que eu estaria em um enorme problema se isso acontecesse.
Se levantou, da cama e pediu para que Sérgio, o seu segurança pedisse dez cafés xicaras para o quarto. Bem...eu precisava imenso ou até mais do que isso depois do que tomei ontem.
Por iniciativa própria fui no banheiro me enxaguei com água fria e minha dor de cabeça e meu corpo estavam ficando melhores, mas a minha culpa ainda me corria por dentro todos os minutos.
— E agora? — vejo o funcionário entrando com os cafés. —Obrigada.
— Agora?! — arqueou as sobrancelhas após o funcionário sair. —Agora o senhor vai tomar isso, vamos organizar este quarto minimamente e voltar para casa.
— Casa?
— Sim casa! Inventamos alguma desculpa que dormiste na empresa e assim Lopez também dormira e o senhor chegará em casa e vai dormir também.
— Tudo! Tudo bem.
(...)
Essa culpa me corroía todos os instantes e horas. Eu não conseguia viver nesta mentira, eu realmente tinha que contar o que aconteceu.....minha mente pedia isso, já meu coração não...meu coração não conseguia magoar ainda mais as pessoas que amava.
Eu estava num IMPACE enorme. Uma estranha sensação de fazia sentir em mim, voltei para dentro da casa e logo vi Vitor na cozinha. Eu era prisioneiro dos meus próprios PESADELOS.
— Vitor!
— Sim cunhado?!
— Vais no julgamento hoje? — me encostei na bancada. —Se sim, por favor fica com Natasha todos os instantes eu deixarei Rebecca e Emma aqui com seguranças e as crianças.
— Cunhado!
— Não Vitor por favor nem venhas. Se isto foi verdade eu mesmo me jogo da ponte!
— O quê? — Sophia apareceu. —O papai António vai me abandonar?!
— Não! Não princesa eu não vou, isto só foi uma maneira de dizer.
Fui até ela e seus olhos começarem a deixar lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Ela era perfeita demais para chorar. Merda! Eu tinha feito asneiras.................................novamente.
A peguei no colo e a coloquei no cimo da bancada em frente a mim e a Vitor. Nós precisávamos acalmá-la, ela não podia simplesmente sair daqui e dizer a todos o que tinha acabado de ouvir.
— Papai António. — limpa suas lágrimas. —Não me abandone! Não nos abandone por favor.
— Não docinho! Eu não vou eu prometo isso.
— Além do mais pequena Sophia, o papai António está muito sub-carregado com assuntos da empresa isto foi um modo de dizer que parece verdade não é cunhado?
— Exatamente. Agora....por favor não digas nada a ninguém do que falamos e ouviste aqui tudo bem?
— Tá! Tá bom.
— Filho! — meu pai apareceu.
Talvez já estivesse na hora de ir para o tribunal. Eu jamais queria passar por isto, todavia se tudo fosse diferente, se as coisas fossem de outra forma isto jamais estaria a acontecer.
— Está na hora, estão todos indo para os carros. As babás ficam com as crianças e os seguranças estão avisados a fazerem a segurança do quintal de trás.
— Ótimo! Vamos Vitor. Vem pequena Soso, vais brincar muito com a Emma e o Matheus.
— Eba. Se comportem viu.
— Sim!
Ela era perfeita! Despedimos-nos mais uma vez e meu pai dirigiu o carro até ao tribunal, ele sabia que este não era o dia indicado para eu pegar num carro, não era simplesmente o dia indicado para absolutamente nada na minha vida. Eu apenas quereria ficar na cama e me auto destruir nos meus próprios pensamentos.
...
A chegada ao tribunal era bem curta devo admitir, mas os jornalistas e Paparazzis estavam na porta. Seria ainda pior passar para o lado de dentro quando todos me julgavam a cada segundo.
Meu pai colocou sua mão sobre meu ombro e um peso enorme saiu de mim. Suspirei fundo, fechei os olhos por breves instantes e suas primeiras palavras foram proferidas.
— Tudo bem?
— Tudo! Vamos acabar isto o mais rápido possível. Quero sair daqui o mais breve possível.
— Ótimo ouvir isso. A tua mãe e o teu avô estariam orgulhosos.
— É! Eles estariam.
Saímos e logo foram ter connosco, Lopez junto dos seguranças e da polícia tentaram dispersar a imensa multidão, conseguiram. Entramos e o ar fresco se fez presente, logo encontramos Samuel e quando menos queria vi Núria sentada á espera e Veronika e Sebastian com seu advogado e a namorada do moreno mais á frente.
Tudo isto ia por água abaixo. Eu ia desabar a qualquer momento.
— Samuel! — Ferran veio ter connosco e logo veio S/n. —O que ela faz aqui?
— Ferran! — meu pai o corrigiu.
— Tudo bem! O que a nossa mãe faz aqui?
— Ela irá testemunhar. Foi informado hoje pela manhã.
TUDO DESABOU!
— Ela o quê?
Visivelmente zangado o puxei novamente para perto de nós. Eu não queria criar uma confusão com meus filhos e a sua própria mãe em frente do tribunal inteiro.
— Mas pai!
— Ferran o teu pai tem razão, gerar uma confusão a poucos minutos de entrar para a sala de audiências seria catastrófico.
Catastrófico era mesmo o momento e o pesadelo que eu vivia neste momento. Se eu tivesse dado ouvido a Lopez na altura não estaria aqui, eu realmente pensei que estava agindo bem....mas afinal era apenas a bebida a fazer efeito em meu corpo.
— Tudo bem! Mas...não me façam querer zangar quando ela falar. Não me façam isso.
— Eu me irrito junto a ti maninho.
— Ei! — os puni tranquilamente. —Chega.
Fui buscar uma garrafa de água na máquina e logo Natasha aparece atrás de mim. Ela não era obrigada a estar aqui, mas isso demostrava pela parte dela que ela me amava e só queria o meu bem. Ela queria resolver as coisas comigo mesmo eu nem sabendo mais como o fazer.
— Torres! — ela estava apreensiva. —Eu.
— Sim amorzinho, tudo bem?
— Se tudo desabar e for confirmado?!
Droga! Ela tinha razão, a verdadeira prova que Samuel tinha em seu escritório já não mais existia. Tudo tinha sido perdido no fogo, talvez atearam fogo para queimar essa evidência o que me fazia querer que tinha mais alguém atrás de tudo isto. Alguém no qual me queria imenso mal.
Existiam tantas pessoas, existiam tantos processos contra mim que as pessoas não ganharam ou não havia provas o suficiente. Aquela era a verdadeira prova, Samuel sabia do resultado e talvez esperou até agora para dizer na frente do juiz, mas ele não acreditaria nisso. Eu sabia disso.
Dr. Sr. Juiz Dominguez Motta era o melhor juiz da Espanha e consecutiva com mais casos de sucesso a favor da vítima. Eu iria perder na maior tranquilidade possível, eu estava a par de tudo isso.
— Amorzinho! Eu...
— Deixaremos para o final. Por favor.
— Senhor! — Samuel apareceu. —Venha irá começar.
— Já?
— Sim! Venha vamos.
— Claro.
Não estava preparado pra a tal coisa. Não mesmo!
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António Torres
09:45h - na sala de julgamento ao átrio principal
A derradeira HORA da VERDADE estava prestes a dar início. Meu coração disparou de 80 batimentos por minutos para 120 batimentos cardíacos por minuto. Eu tinha que me acalmar de um jeito ou outro, eu de alguma forma tinha que colocar um fim a este sofrimento que me deixou todos estes anos estagnado no passado ainda mais quando os reencontrei novamente.
Todos estávamos sentados á espera que o senhor doutor juiz entrasse. Samuel falava comigo, mas em nenhum momento quis saber de absolutamente. Eu sabia que ele apenas queria o meu bem e tentava me ajudar para eu dizer as palavras e não dizer mentiras. Eu tinha de facto certas dúvidas quanto ao que de facto era real ou não.
Thomas chegou mais tarde junto de sua mãe e Isabella, Jonnas já cá estava. Eles tiveram que atrasar o trabalho para aqui estar, família é importante família é a minha que deixa tudo e encoraja e cuida dos outros. Minha irmã ainda estava zangada comigo, mas mesmo assim não deixava de cá vir, ela era importante para mim. Sempre o foi e não deixará de ser.
— Todos em pé! O senhor doutor Juiz Dominguez Motta entrará.
A hora haveria de começar em menos de menos de um minuto. Meu corpo tranquilizou e de um instante para o outro ficou frio, eu tentava de alguma forma espalhar a minha mente com outras coisas. Droga! Inevitável.
— Bom dia a todos! Vamos começar esta sessão. Senhor Torres o senhor hoje foi convocado por Sebastian Montenegro e por Veronika Montenegro para comparecer aqui para a meu ver o julgar por Negligência e não pagamento de Pensão Alimentar ao jovem Sebastian Montenegro. Confirma isto senhor Torres??
— Senhor doutro Juiz! — Samuel falou convicto.
— Senhor advogado! Deixe o seu cliente responder. Por favor. — o juiz já estava irritado desde o começo. —Senhor Torres, confirma o que acabei de falar anteriormente?!
— Não confirmo e nem discordo.
— Então isso é um não estou a querer perceber.
— Sim!
— Ótimo! Senhora Montenegro me conte, me conte o que de facto aconteceu.
— Bom dia senhor meritíssimo. O que António acabou de responder foi uma confissão por sua parte de que de facto possa ter se deitado comigo o que de facto acabou por acontecer. Jamais me passou pela cabeça que ele não o assumisse, mas foi o que acabou por acontecer. Aquele dia, aquela noite, aquele momento foi consentido por nós os dois.
— MENTIRA. — Samuel me acalmou.
— Senhor Torres. Se acalme agora.
— Tudo bem.
— Senhor Torres! O senhor confirma esta história?
— ...
Eu não conseguia responder. Momentos daquela noite eram vagos em minha mente naquele momento, olhei para todos que se importaram em estar aqui comigo e foi nesse momento que vi Natasha totalmente triste com toda esta situação. Eu fiz isto, eu causei isto, eu agi por impulso e agora todos se questionavam o que de facto eu iria responder.
— ...
— Senhor Torres! Estamos esperando uma resposta.
Retornei o meu olhar para o dele.
— Não! Senhor meritíssimo eu não me lembro eu juro.
— Não te lembras ou apenas não te convém dizer a verdade? — Sebastian me provocou.
— Não realmente eu não me lembro e agora se estás mais interessado em manchar a minha imagem, parabéns. Tu conseguiste!
— Vais morder a tua língua por dizer asneiras e não admitires os teus erros.
— Eu aqui não cometi erro nenhum, por favor para de ser cínico e diz a verdade. Isto por outro lado está a ser ridículo.
Os nossos advogados tentavam nos acalmar.
— Não? Sério mesmo Pai, quando decidiste ir para a cama com a minha mãe, quando a decidiste a engravidar.
— Eu não me lembro de nada! Eu não me lembro.
— Filhos não se fazem com os dedos António!!! — era Veronika desta vez. —Pensei que fosses diferente.
— Parece que meu pai não sabe assumir os erros que comete! Nem mesmo quando tu estás absolutamente errado nesta história.
— Não estou! Nunca estive e vou provar a minha inocência e saíras como primeiro da plateia a assistir.
Todos estavam ficando tensos e consecutivamente o juiz já estava perdendo a paciência. Bateu seu martelo e ordenou na mesma hora que parássemos com o espetáculo que estávamos a fazer.
Depois disto eu precisava de uma garrafa de UÍSQUE PURO, ou, ou talvez não, mesmo erro não voltaria a acontecer.
— Acabou! Chega! Se ambos os lados não se comportarem em manter-se tranquilos esta sessão está terminada e suspensa até segunda ordem.
— Seu babaca! Falas com uma língua de como fosses o maior, mas não és. No final vamos.... — Ferran interrompeu o silêncio.
— Chega! Se acalme o senhor também. Como isto não está indo pra ao caminho desejado chamarei a primeira testemunha. Senhora Núria Fonseca!!!
Merda! Minha vida começaria a ir por água abaixo no mesmo instante que ela começasse a falar e como eu a conheço tão bem ela inventaria desculpas para que o juiz ficasse do lado deles.
Núria me detestava desde o momento em que eu fui a casa dela em Las Vegas e falei verdades, não só a ela, mas também a Nick, mesmo ela sendo mãe de Sophia não lhe dava ao direito de escolher onde ela queria estudar ainda mais quando ela tinha pedido a guarda dela.
— Vais falar a verdade "mãe"? — S/n desta vez.
Surpreendeu até o juiz quando se referiu a mãe com aspas. Eles já não consideravam mais a loira como mãe deles, depois do que ela tinha causado a eles na infância, na adolescência e agora até eu mordia a língua a relembrar de como tive coragem de me casar com ela.
— Aspas quando se refere á sua mãe porque razão?
— Minha mãe. Nossa mãe deixou de ser mãe quando resolveu colocar o amor dos filhos abaixo do seu ego e do seu poder. Se aproveitou de nós na infância por sermos filhos dele e dela para ganhar ainda mais fama. Minha mãe traiu meu pai! Minha mãe traiu a confiança de todos quando resolveu fazer as coisas sem pensar prejudicando a todos.....especialmente a pequena filha dela que agora tem a guarda com meu irmão.
— Nossa "mãe" nunca foi uma boa mãe.
— Ótimo! Já esclarecido vamos dar início novamente ao julgamento. Senhor advogado se apresente.
— Senhora Fonseca, me conte! Me conte o que viveu em dezembro de 2002 e em janeiro de 2003?? — o advogado de Sebastian a questionou.
— Aquela época eu estava grávida de cinco semanas, estava grávida e havia sabido á poucos dias essa notícia. Conforme o planeado eu e António passávamos com Ferran o natal e o ano novo em Portugal como sempre fiz desde que o conheci. Eu sempre estive com ele nas suas conquistas e nas suas derrotas, mas fazer o que ele me fez foi um golpe baixo.
— Seu marido lhe contou o que havia acontecido?
— Protesto meritíssimo!!!!!!!
— Protesto negado senhor Wallace. Prossiga senhor Bartolomeu.
— Não! Vivi numa mentira todos estes anos, desconfiava que algo acontecia, mas nunca o confortei com tal coisa. Eu estava grávida e não me queria prejudicar....o que acabou por acontecer no dia em que António enervado com as minhas perguntas me derruba ao chão.
— Ele causou o seu aborto?
— Isso é mentira! Eu não causei isso! Eu juro. Todas as vezes que eu e ela falávamos era com a presença da minha mãe e do meu filho. Senhor meritíssimo, por favor!
— SENHOR TORRES! Já lhe disse para se acalmar. Aliás o senhor tem como comprovar que isso é verdade?
— Não! Minha mãe morreu e meu filho tinha apenas dois anos.
— Eu me lembro vagamente muito vagamente, mas eu me lembro.
Meus ossos esfriaram e minais pálpebras estagnaram no momento em que Ferran se ofereceu para me ajudar. Ele era perfeito, o moreno conseguia ver a luz ao fim do túnel, coisa essa que eu não conseguia ver.
— Seu pai empurrou sua mãe e a fez sofrer um aborto espontâneo?
— Não senhor! Meu pai nunca empurrou minha mãe e muito menos me batia ou falava rude connosco. O que me lembro era que num dia quando estávamos na nossa casa em Barcelona eu estava na sala vendo televisão quando ela recebeu uma visita de um senhor, não sabia quem era até ao momento que fui verificar.
Todos estavam surpresos.
— Minha mãe naquela altura nunca esteve grávida, ela fez aquilo tudo para provar que conseguia gerar uma criança depois de quatro meses antes após um verdadeiro aborto. Eu podia ser uma criança ou um bebé como queira chamar, mas mentiroso eu nunca o fui.
— Senhora Fonseca! Confirma isto?
— Senhor meritíssimo.
— Senhora Fonseca! Confirma ou não?
— Confirmo!
Olhou para mim e lágrimas vieram de seus olhos fazendo automaticamente com que lágrimas também descessem dos meus. Eu jamais poderia acreditar que de facto ela me tinha feito isto, fazendo-me acreditar que em dezembro de 2002 ela estava grávida, algo que no fundo era totalmente mentira.
Lá no céu....existem pessoas que estarão muito magoadas comigo.
— Posso fazer algumas questões finais á senhora Fonseca senhor meritíssimo.
Com ordem Samuel se levantou e se dirigiu até á frente de Núria e com a maior tranquilidade que o moreno tinha em si começou a questionando sobre os dias que vivia comigo naquela época, sobre as dúvidas que ela tinha sobre mim e sobre o que de facto se Ferran e S/n eram na verdade meus filhos.
Os pegaram de surpresa devo confessar. Nem S/n nem Ferran estavam preparados para tal pergunta, mas eles podiam ficar tranquilos, pois quando eles nasceram eu havia feito um teste de paternidade a ambos....era mais que confirmado que ambos eram meus filhos e sempre serão mesmo que eles fiquem chateados comigo ou não.
— Senhor Fonseca! Queremos uma resposta, eu tenho aqui as provas se me mentir será as suas palavras contra estes documentos que convenhamos que o Senhor Doutor Juiz tem em mãos.
— Sim! Ferran e S/n são filhos dele e sempre serão. Nunca menti em relação a pai deles, António foi o homem que mais me fez feliz na altura. António foi aquele pai sempre prestativo e largava tudo e vinha para casa quando eles ficavam doentes.
— Bom sem mais perguntas senhor juiz.
— Ótimo! Senhor Sebastian Montenegro. Sua vez de ser questionado.
Sebastian falar? Era como uma pedra jogada no vazio e com as primeiras palavras que ele proferisse cortariam o eu coração em mil pedaços diferentes.
Olhei para Natasha e a morena nem olhar para a minha cara queria. Seu único meio foi apenas olhar para o vazio que existia, foi apenas se controlar para não chorar. Eu tinha errado, eu tinha errado em não lhe contar e esse erro me corroía até hoje.
— Senhor Montenegro me conte! O que viveu todos estes anos.
O juiz tinha todos os papéis em suas mãos e especialmente em suas mãos o documento em particular que confirmava o teste de ADN que Veronika e Sebastian tinham. Se aquele acidente não tivesse acontecido isto não estaria acontecer e agora não conseguia comprovar mais nada.
— Sempre questionei o porquê de não ter um pai. Desde que tinha três anos e meio sempre perguntei á minha mãe onde meu pai estava, sua dificuldade em responder era a mesma que agora em que ela tem para me dizer que sente muito por não me ter dado um pai que realmente me merecia.
Suas palavras eram cortantes para todos.
— Minha primeira vez quando a questionei foi no meu aniversário de três anos, a partir daquele momento foi um corte profundo no coração da minha mãe pois ela sabia quem de facto ele era. Meu pai negou a paternidade desde o instante em que soube que eu existia no mundo.
— Quando foi a primeira vez que o viu?
— Primeira vez?
— Filho! Conta!
— Bem... a primeira vez foi quando eu fui passear ao parque com a minha mãe e sem querer esbarrei nele, eu tinha apenas 11 anos e minha visão sobre o mundo não era das melhores. Quando ele a viu, quando ele viu a minha mãe percebi logo que algo estava errado, mas não me questionou a mim perguntar. Ele estava feliz! Não queria estragar o dia dele e especialmente dela.
Nesse momento todos olhamos para Natasha! A morena visivelmente abalada com tudo isto liberou lágrimas de seus olhos e não aguentando mais saiu da sala de audiências sem aviso prévio, S/n e Vitor foram atrás dela. Enrique e Franco foram logo atrás.
E foi neste momento em que eu preferiria mil vezes morrer aqui do que sofrer mais e mais. Eu já vivi o que poderia viver, agora Deus me podia levar, mas algo não queria me largar. Eu sentia uma paz atrás de mim enorme como se anjos estivessem sobre mim me salvaguardando.
Será que era meu avô Matheus e minha mãe Aurora? Bom...eu queria que essa resposta fosse simples, eu queria que essa situação realmente fosse real.
— Senhor Torres! — o Juiz se dirigiu a mim. —Senhor Torres está tudo bem?
De relance vi Thomas e Glória se levantando. Eles estavam preocupados comigo, já eu não estava comigo mesmo. Eu apenas me preocupava em que estado estava Natasha neste exato momento.
— Senhor meritíssimo se nos der licença de o ver. Ele recentemente foi operado ao coração, podemos ir vê-lo?
— Claro!
Eu estava bem! Eu não precisava de ajuda eu apenas queira sair daqui o mais depressa possível.
— Tio! Tudo bem? Tio.
— Eu estou. Eu só quero saber como ela está! Por favor.
— Tio.
— Eu estou bem ok! Por favor me digam que ela está bem.
— Eu vou verificar irmão. — Glória limpou minhas lágrimas e acariciou o meu cabelo. —Fica tranquilo!!!
— Que horas são? — perguntei ao Thomas.
— Faltam apenas quinze minutos para a 13horas da tarde. Fique tranquilo já já isto acaba.
— Diz que eu a amo! Por favor, se eu....se por um acaso eu não tiver mais essa oportunidade faz isso por mim.
— Tio!
— Senhor! Podemos continuar a sessão?!
— Thomas!
— Ok ok. Eu digo.
Continue o julgamento era algo bastante complicado devo ressaltar. Samuel já tinha vindo para perto de mim e agora era a vez do advogado dele lhe fazer perguntas. Eu cada vez estava mais a achar que o juiz acreditava.
Quinze minutos se passaram e o juiz nos deu liberação até á hora em que fosse proferida a sentença. Cerca de trinta minutos no máximo estes tinha para o fazer e nesses trinta minutos era a minha chance de falar com Natasha.
Saímos da sala e logo a vi sentada a dois bancos do lado direito da porta. S/n e Vitor a estavam reconfortando a todos os instantes.
— Posso?
— Pai! — S/n me puxou para o mais afastado dela. —Não. Neste momento ela não quer falar contigo.
— Foi ela que falou? — já estava alterado o suficiente. — Foi?
— Não! Fui eu e que de facto até é verdade neste estado o senhor não irá resolver porcaria me numa.
— Filha!
Meu mundo caiu no mesmo instante.
— Chega pai, ela já está a abalada que chegue com o o ridículo espetáculo que tu deste lá dentro. Não achas suficiente o estrago que causaste?
— S/n eu.
— S/n nada! Aqui eu estou mandando te gastares dela, não falo como pessoa mas como filha. Ela me disse uma vez que não te conhecia naquela época e não era para ter ciúmes, mas ela sente! Ela sente porque te ama.
— Amor! Tudo bem por aqui? — Pedri perguntou e logo veio Gavi e Hannah atrás.
— Tudo! Vai ter com o pessoal, eu já lá vou ter.
— Tudo bem.
— Eu a amo!
— Amas? — riu sarcasticamente fazendo-me dúvidas até a mim da minha própria existência. —Não foi o que eu vi lá dentro! Não foi pai!
— Eu... eu apenas.
— Tu apenas queres ver o teu lado. Tu apenas queres sentir-te bem a deixando sofrer. Como achas que as crianças reagiram quando vos virem assim, como achas que especialmente a Emma a vir assim? Hem?
— Eu...eu!
— Chega pai. Até isto acabar não fales mais comigo e em nenhum circunstância te aproximes dela estamos entendidos?
A única mulher que me fez frente nestes últimos dias é tinha ganhado era ela, sim era S/n minha própria filha. Era simplesmente doloroso se eu a magoasse ainda mais.
— Entendidos!
Retornou para perto de Natasha e logo a morena olha para mim, Natasha estava completamente desiludida comigo, o tempo nos mudou e nós mudamos o tempo. Se as coisas fossem diferentes talvez as coisas não fossem assim, não culpava Samuel por ele o questionar sobre como em conheceu.
O moreno apenas fazia o seu trabalho. Olhei para o chão e chutando o fazia era o que eu mais queria fazer neste momento. Meu pai já não tinha a mesma idade que antes, os seus 76 anos já começavam a passar nas suas costas e se algo lhe acontecesse com a sentença preferida daqui a pouco tempo eu instantemente morreria de desgosto.
[...]
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