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I had a dream
I got everything I wanted
Not what you'd think
And it I'm being honest
It might've been a nightmare
To anyone who might care
I saw them standing right there

• Everything I Wanted - Billie Eilish •
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Frase do Capítulo:
-Nunca fuja dos seus problemas.

Natasha Torres, 2024

💄💋⚽️

Natasha Torres
13:20h - em toda a Barcelona

Ver António triste comigo era desolador. Ele estava perto da porta e ele talvez achasse que podia pedir permissão....nestes casos ele nem precisava pois bastava entrar e resmungar comigo, que aliás, eu merecia imenso e especialmente ouvir de sua boca que nosso casamento havia terminado.

Merda!

Essas palavras doíam demais neste momento. Meu mundo mergulhava numa escuridão profunda, sombria e solitária, uma prisão desenhada exatamente para mim, mas eu mereci desta vez eu mereci.

Nunca me perdoaria por causar novamente esta situação no moreno. Ele sempre me avisou que passar novamente pela mesma situação era desolador e eu estraguei isso........eu descumpri a nossa promessa.

— Vais entrar ou ficarás aí para todo o sempre? — retornei meu olhar para ele. —Não tenho o dia todo! Fala logo e vai embora, já magoei muitas pessoas hoje.

— Amorzinho.

Droga! Ele me chamou de amorzinho com a maior tristeza do mundo estampada em sua cara. Ele podia estar com raiva, porém nunca deixava nada abalar o que sentia por mim....era lindo isso.

— Torres.

Lágrimas desceram sobre meu rosto e logo ele vem ter comigo.

— Amorzinho, tu continuas a amar-me?

Sua respiração ficou ofegante.

— Eu já sei de tudo, não vale a pena tentares esconder o que aconteceu hoje pela manhã. Eu sei o que Enrique fez e ele irá pagar caro por isso.

— Para.

— Paro?! Ele te beijou porra!!!! — se exaltou.

Me afastei dele e fui para o outro lado da secretária me inclinando para a mesa olhando diretamente para a porta.

— Beijou e sim beijou....ele não teve culpa, nenhum de nós os dois tem culpa que o amor seja complicado. Ninguém tem culpa de amar pessoas comprometidas! Ninguém tem.

— É assim agora? Vais reagir dessa forma comigo?

— Vou! Pessoas como tu fazem o que bem entendem com quem querem. E se fosse o contrário? E se fosse o contrário de eu o ter beijado hem? Me fala?!

Ele estava com raiva, começou a andar pela sala até que parou bem em frente a mim. Seu olhar era diferente de todos que eu já tinha visto, nunca o tinha visto desta forma por uma coisa.

— Isso não vem ao caso!

— Vem sim! Tu me amarias? Tu me amarias do mesmo jeito? Porque estamos nesta situação porque tu queres, se fosses mais consciente e menos infantil talvez as coisas seriam totalmente diferentes.

— ...

— Núria por outro lado....

— Não metas a minha ex mulher na nossa conversa. Ela não é para aqui chamada!!!

— Tu esperaste dois anos por ela não foi? Vai, termina comigo e vai ter com ela que eu saiba ela ainda te ama.

— Chega!!!!

— Chega nada!!! Que porra tens tu na cabeça para agir como se tu tivesses certo nesta história, eu até aposto que Enrique tenha brigado contigo.

Deduzi e estava correta, suas duas mãos indicavam traços parecidos a socos e murros dados em pessoas. O vermelho em seus punhos logo se tornariam roxo se ele não fosse depressa para tratar isso.

— Tu o amas? — António se aproximou mais de mim. —Me fala a verdade Natasha.

— Eu te amo. — num ato ofegante meus olhos lacrimejaram.

— Não foi essa a pergunta. Tu amas o Enrique! Eu te perguntarei mais uma vez.

— Eu......eu....

— Bem não era isso que queria ouvir, mas serve na mesma. Prazer em te ver! Terás os papéis do divórcio e daquele papel assinado amanhã de manhã. Adeus!!

Suas palavras cortaram o meu coração como mil facas espetando ao mesmo tempo nele. Por ser uma idiota havia perdido totalmente o controlo da situação e até o amor da minha vida. Nenhum de nós poderia dizer que terminamos a ninguém, muito menos a Ferran e a S/n.

— António! — o parei a meio do caminho. — Eles vão saber?

Ele sabia de quem eu falava.

— Talvez até já tenham uma ideia disso.

Entrou no elevador e o ver partir totalmente acabado era desolador. Minha vida havia sido totalmente destruída num minuto para o outro. Este dia seria um dia que não iria esquecer nunca, eu não mais sabia o que faria a seguir.

Voltei para a minha sala porém não por muito tempo, peguei minhas coisas e logo entrei no carro, dirigi o máximo que consegui e fui até á praia, havia uma pequena falésia. Não, de forma alguma eu iria me jogar no mar....eu apenas precisava de respirar em um local alto. Eu necessitava disso.

Sai do carro e o meu telemóvel não parava de tocar dentro do carro, talvez fosse meu irmão preocupado me procurando. Eu tinha deixado para trás Franco. Ele não se perdoaria se qualquer coisa me acontecesse.

As horas foram passando e eu também havia tirado o GPS do carro, por isso de eles ainda não me terem conseguido achar. Eu estava desolada!

Fui mais para a frente, coloquei minhas mãos em meus bolsos e deixei o vento batendo na minha cara me acalmando. Eu precisava urgentemente de uma refúgio, eu precisava de ajuda.

Eu não mais me afetaria com nada.

Eu jamais me perdoaria se Emma vivesse sem mãe. Talvez depois do divórcio António ficasse com a sua guarda, ele tinha muito mais poder para pedir isso e também ficar com ela a seus cuidados.

Um som de um carro atrás de mim se fez ouvir. Não estava a par e não me limitei nem a olhar, talvez fosse alguém ou outro casal a querer ficar aqui.

— Hermanita! — era a voz de meu irmão.

Retornei o meu olhar para trás e logo o vi saindo do carro junto a Franco em passo apressado, ele estava preocupado e com uma cara de choro jamais vista.

— Não! Calma eu irei te ajudar, por favor não me abandones. Não faças isso a mim, á Emma, a António e muito menos á S/n e ao Ferran. Ninguém aqui deseja isso.

— ...

— Magoaste-te? Hermanita me responde alguém te vez mal!

Eu espero morrer primeiro, eu não conseguiria viver com a dor de o ver partir e eu ainda ficar no mundo. Isso era desolador.

— Acabou! Tudo acabou. — me afastei novamente dele. —António terminou tudo comigo! Amanhã assinarei o divórcio, palavras dele.

— Divórcio? Como assim?! Hermanita! Ele estava bem quando eu o vi lá á tua espera. Diz que isso é mentira. — sua face mudou. —Não conseguirei viver sem a Emma! Diz que isso é mentira por favor. — seus olhos choraram.

Ele amava a pequena, ele tinha um amor enorme por ela e isso era notório ao longe. Quem o conhecia sabia o quanto ela significava para ele.

Eu não queria imaginar a minha vida sem a minha filha. Isso seria totalmente desolador para mim, preferia perder até a minha empresa do que viver sem minha filha todos os anos de sua vida. Isso me mataria no mesmo instante.

— Não! Como sabes eu hoje saí tarde de casa e quando saí da porta para fora Enrique lá não estava, por isso perguntei ao Franco onde ele estava. — eu não estava nem conseguindo falar.

Meu ar faltava toda a hora. Meu desespero era avassalador.

— Fomos a casa dele e fui falar com ele, começamos a falar e de um momento para o outro ele me rouba um beijo, o afastei e logo sai de lá. Eu jamais quis trair António, mas foi exatamente isso que eu acabei por fazer. Eu sou uma idiota. Agora ele me odeia.

— Não! Ele não te odeia ele só está chateado consigo mesmo por estar a agir assim e não ter mudado quando pôde! Agora tu estás a sofrer, bem......ambos estão.

Me abraçou e um peso de meus ombros foram tirados. Eu não queria que mais ninguém além de mim, os seguranças e António soubessem o que houve hoje, isso seria desolador ainda mais para Ferran e para S/n.

Eles me amavam tanto e eu havia feito exatamente a mesma coisa como sua mãe tinha feito. Bom....não no mesmo sentido, mas na visão de seu pai era sim, era totalmente igual. 

Ficamos mais um tempo na falésia e logo Vitor entrou em meu carro e dirigiu de volta á empresa. A meio caminho havia-lhe perguntado onde estava Emma, o moreno tinha-a levado para Rebecca quando se deu conta que eu "desapareci".

...

Entrei em minha sala novamente e logo ele me trás um chá para tentar relaxar. Eu detestava chás, mas neste momento era a melhor opção para me acalmar. Era a minha única solução. 

Eu estava com dúvidas e no final vi o amor da minha vida ir embora para longe de mim.

— Vai fazer-te bem, toma um pouquinho vai.

— Nem insistas, tomarei quando quiser.

— Hermanita. — veio por trás da minha cadeira e logo me abraçou. —Não me abandones eu peço, por favor.

Abandonar era uma palavras que corria em minha cabeça neste momento, mas isso seria totalmente injusto com quem não tinha nada haver com este enorme e gigantesco problema.

— Nunca! Eu juro....nunca vos irei abandonar e além do mais irei lutar por ela. Irei lutar pela Emma.

— Isso mesmo. — sentou-se finalmente na secretária. — Além do mais vamos ver como está a pequena e a Rebecca não é mesmo?

— Tu e a Rebecca viu.

— Eu e a Rebecca não temos nada além do mais....

— Não mentes nunca irmãozinho. Vá vamos embora daqui.

Vitor sempre atencioso, pegou em minhas coisas e as carregou para mim. Ele era um doce, entramos no carro e logo fomos a casa de Rebecca buscar Emma.

Eu tinha saudades da minha filha para ser sincera ela era a melhor pessoa do mundo neste momento,  bem....não poderia dizer isso em voz alta.

Logo chegamos e fomos subindo as escadas. O prédio onde a babá da pequena vivia era velho e não tinha sido instalado um prédio na altura, por vezes eu tinha pena dela pois eu também já passei por isso.

— Um dia terás que achar uma namorada, alguém para amar e alguém para ter filhos.

— Ainda tenho tempo, quem sabe daqui a cinco anos.

— Só a partir daí? Deixa só a Emma completar um ano e começar a falar para veres o que será bom!

— Se for como o Levi quando pequeno eu irei amar, aquele menino é um doce além do mais terei que fazer uma visita á Ella e a ele.

— Tens mesmo e já deves ao pequeno uma ida ao autódromo da Catalunha desde o Natal.

— Verdade!

Finalmente chegamos ao 4°andar. Subir escadas já não era para mim, nunca o foi, mas sempre havia aqueles momentos que era estritamente necessário fazê-lo. Como este.

Todos os seguranças que nos acompanhavam sempre nos seguiam era até de admirar António não os proibir ainda.

— Tenho saudades da minha sobrinha me dá alas ai.

O empurrei para trás quando vi a porta entre aberta. Algo não estava certo e em nenhum momento ouvi Rebecca nem Emma a interagir uma com a outra. Meu irmão me julgou até á alma e logo fiz sinal a Franco e a Bruno para adentrarem e deixarem apenas um connosco.

Não demorou muito para que ambos saíssem. Nos deixaram entrar e logo nos deparamos com uma cena horrível, a casa de Rebecca estava totalmente destruída. Procurei Emma por toda a casa e sem nenhum sinal dela, Rebecca estava no chão totalmente ensanguentada.

Sua respiração estava fraca. Meu irmão a tentou ajudar enquanto Franco alertou as autoridades.

Merda! Minha filha havia desaparecido e atacaram Rebecca, alguém que não tinha culpa de nada. Eu fiquei sem chão, não podia querer que minha filha havia desaparecido. Era desta vez que António jamais me perdoaria.

— Rebecca! Ei nos fala o que aconteceu aqui por favor!

— Senhora. — Franco chamou minha atenção e logo uma vizinha de Rebecca se fez presente na porta. —Ela pode dizer o que aconteceu ela viu tudo pelo olho mágico.

Um fogo invisível havia sido ateado em mim.

— Me fale. Por favor.

— Bem...estava em casa almoçando já tarde quando ouvi gritos através da porta pelo corredor fora.....era a menina Rebecca com a sua filha Emma pelo carrinho. Elas tinham saído á quinze minutos para passear e quando voltaram ela estava completamente assustada.

— Calma Becca tudo vai passar confia em mim. — era meu irmão de fundo. —Por favor aguenta.

— Tentou abrir a porta de sua casa rapidamente e quando a ia fechar três homens apareceram, tentaram de tudo para entrar e depois de muita insistência conseguiram. Um deles era moreno com olhos azuis e pegou na pequena Emma que estava no carrinho, a pequena não parava de chorar. Atacaram Rebecca com dois tiros com uma arma que tinha silenciador e a tentaram fazer pequenos cortes nos braços dela.

Estava imaginando tudo isto na minha cabeça.

— Não acredito nisto. — a senhora me amparou.

— Isto tudo aconteceu cinco minutos antes de chegarem, eu já telefonei á polícia.

— Obrigada.

Passou algum tempo e também já havia informado tanto António como Ferran e S/n do que havia acontecido e eles já estavam já aqui. Vitor e eu estávamos no corredor enquanto os paramédicos ajudavam Rebecca e a policia fazia a investigação no local.

— Onde ela está? — António se pronunciou. —Onde ela está?

— Eu! Eu não sei. Me perdoa.

— Calma mamãe tudo vai ficar bem, já já a Emma  aparece tem fé por favor. Além do mais Ferran ficou no carro eu o avisei que este prédio não tem elevador por isso ficou no carro caso precisássemos sair rápido.

— Eu quero ela! Eu quero minha filha.

António não tinha coragem nem de olhar na minha cara. Ele estava falando com Franco.

— Ei! — segurou com suas mãos meu rosto. —Ela vai aparecer, Emma já já estará connosco, por favor agora a nossa prioridade é achá-la. Pedi que Pedri ficassem em casa com Matheus e não saísse por nada. Ele talvez avise todos para fazer o mesmo.

— Eu sou uma mãe horrível.

— Não! Tu não és. — me abraçou. 

💄💋⚽️

Natasha Torres
19:00h - na procura ao hospital

As horas iam passando e a cada minuto ia ficando cada vez pior e pior. A polícia havia montado um centro de operações em casa e todos os agentes da policia havia largado suas tarefas para fazer a busca em todos os sítios de Barcelona.

Emma neste momento poderia estar correndo risco de vida e nada podíamos fazer. Isso era totalmente assustador.

Eu sempre andava de um lado para o outro da sala, António já estava totalmente farto de me ver agir assim, mas ele sempre soube que eu nervosa ficava desta forma. Não seria hoje que eu mudaria este meu comportamento. 

— Este é o retrato do suspeito que sequestrou a Emma! — Dean falou com Valverde. —Iremos agora pedir um mandado para o achar.

Ouvir aquilo foi terrível. Fui até eles e num ápice consegui ver o retrato falado do sequestrador. Era Leandro, irmão de Rafael.....ele havia-me ameaçado na Argentina e eu não dei atenção. Que droga!!!!

— Esse é Leandro?! — todos retornaram o olhar para mim... —É! É ele é o irmão do Rafael Gomez!

— Tem a certeza senhora?

— Tenho é ele!!

— Bruno insere este desenho no sistema e compara com as nossas bases de dados por favor!!!

Não demorou muito para achar a compatibilidade. Era ele 100%, eu estava com raiva de tudo, especialmente de mim como mãe e esposa.

Voltei para o sofá e S/n veio ter comigo no mesmo instante. Ele me avisou que se algum bebé aparecesse no hospital com as características de Emma para a avisar, é talvez ele fosse a pessoa indicada no momento.

— Mamãe! — a  abraçou mais uma vez. —Vem! Apoia-te nas minhas pernas um pouco.

— Não consigo me desculpa.

— Por favor, faz isso por mim, por todos e especialmente pela Emma! Neste momento precisamos manter-nos calmos.

— Como calmos hem?  Minha filha!

— Eu sei eu sei. Se me acontecesse isto comigo e com o Matheus seria terrível eu me jogaria abaixo da ponte se algo lhe acontecesse. Por favor vem relaxar um pouco, eu cuido da senhora.

Passado um tempinho me deitei nas pernas da morena, ela começou a fazer carinho em meu cabelo e meu único instinto foi olhar para António. Eu estava com um olhar inchado e de choro, eu estava acabada. Sua reação foi apenas olhar e 5 segundos depois desviar o olhar do meu.

Eu o havia magoado tanto.

O sentimento que eu sentia neste momento era destruidor, consumia o meu corpo e o meu coração por completo. Meu corpo estava em guerra dentro de mim, minha mente e meu coração não estavam sincronizados.

— Amiga! — era Vitória e Ethan aparecendo.

Vitória se agachou perante mim e fez carinho em meu braço. S/n tinha dito para eu ficar. Ela era um anjo. Ethan foi ter com António e Duarte e Ferran já havia voltado da cozinha e finalmente sentou-se perto da irmã.

— Vai tudo ficar bem! Vai tudo melhorar confia. Por favor!

— ...

— Tu mais do que ninguém sabes que existiu uma época na minha vida que eu estava exatamente como tu, acabada!

— Como vou me acalmar? — me exaltei e me levantei. —Como sabemos a culpa é toda minha de tudo isto estar a acontecer, dos problema virem todos para cima de mim. Já não basta ter a empresa quase na falência agora vem ele, sim António me dizendo que quer pedir o divórcio e que talvez isso faça com que Emma fique longe de mim.

Todos pararam o que estavam a fazer e olharem todos para mim. António estava com a fúria em seus olhos, Ethan pegou em suas mãos e o aclamou.

Olhei para S/n e Ferran e eles estavam tão surpresos com a minha revelação como eu também estava. Seus únicos instintos foram olhar para seu pai, S/n era a mais triste deles os dois e não demorou muito para que ela subisse para o andar de cima.

— Isto é verdade? — Ferran inclinou a cabeça. — ME FALA!!

— É!!

Ferran derrubou a decoração da mesa de centro.

— Que cabimento tem isto hem? Me fala!!!! Que merda tens tu na cabeça pai para acabar com uma mulher que faria tudo por ti, que andaria no meio do fogo por ti, que se ajoelharia perante ti para te salvar como tu fizeste quando ela foi sequestrada em 2018 também.

Neste momento António não se importava nem um pouco que Ferran lhe tivesse a falar desta forma e até gritando com ele.

— Ela! Sim, esta mulher que está aqui na tua frente, que está preocupada com a filha faria tudo para te ter de volta e se não mudares podes ter a certeza que tanto eu como S/n faremos a mesma coisa como fizemos com a mamãe. Iremos te esquecer para sempre! Se lhe apresentares os papéis do divórcio irás nos esquecer de vez. Ouve o que eu te digo! Nunca mais voltaremos a interagir da mesma forma.

— Para! Ferran chega. — António lhe fez frente.

— Para nós não não interessa a tua herança, temos o nosso dinheiro. Como já dizia uma pessoa sábia, dinheiro jamais compra a felicidade eterna.

— Acabou a palhaçada, senta-te antes que eu mesmo te obrigue.

— Nunca mais te amarei se lhe fizeres isso. Escreve o que eu te digo! Jamais terás os meus "Eu te amo papai" no teu dia à dia. Não terás mesmo.

Logo Ferran se aclamou e logo subi para o andar de cima á procura de S/n. A morena estava no seu antigo quarto que agora havia-se tornado o quarto de Emma.

Me aproximei dela e foi aí que ela desabou de vez, me abraçou e seu choro se intensificou. Eles não mereciam ouvir daquela forma e muito menos neste dia.

Quando tudo apertava tudo era destruído.

— Eu não acredito que ele fez isto! Meu pai não está bem, mas eu nunca pensei que ele fosse agir desta maneira.

— Querida!

— Eu não quero! Meu irmão não quer. Nós não queremos passar por tudo novamente, nós de forma alguma queremos que Emma cresça sem mãe como nós crescemos, nós não queremos ver outra pessoa tomando o teu lugar, não queremos ver Emma chamar mãe a outra pessoa que não seja a ti! Por favor, diz que não é verdade!!!!

— Infelizmente é sim minha princesa. Eu sinto muito, quem sabe quando tudo acalmar eu e o vosso pai não vos explicamos do porquê estarmos a agir desta forma.

— Forma dolorosa essa. Se isso acontece comigo e com o Pedri e Matheus ficasse sem ver um dos dois eu jamais me iria perdoar por viver assim.

— Ninguém merece viver assim! 

— DROGA!!! Porque a vida é assim? — olha pela janela.

O sol já se estava a pôr na cidade de Barcelona.

— Nós nunca queremos essa frase até um certo período da nossa vida, mas quando estamos felizes com toda a certeza essa frase ditará imensa coisa.

— É! — limpei suas lágrimas. —Talvez sim e talvez em outra vida isto tudo o que aconteceu até agora não se repita.

— Não irá. Eu juro.

Nos abraçamos mais uma vez.

Ela era um anjo em pessoa. Se aproximou do berço e com carinho acariciou o sítio que Emma ficava a dormir, era maravilhoso o amor que ela sentia pela irmã, bom....por bebés em geral. Ela era apaixonada por seu filho e só saia da beira deles em casos extremos.

Ouvimos alguém a correr pelo corredor fora, era Vitor. Ele estava ofegante.....ele precisava voltar a correr e desde que Emma nasceu ele havia parado.

Emma! Há minha doce e querida filha, eu espero que estejas a salvo minha pequena.

— Hermanita! S/n!!! — meu irmão veio ter connosco. —Emma, ela....ai Deus! Ela ela apareceu.

— Apareceu? Onde?! Onde ela está?

— No hospital privado já, Thomas a achou com mais alguns médicos quando fazia intervalo. Quando chegarmos lá ele explica agora venham vamos lá.

— Vamos sim! Vem mamãe.

Nestes momentos eu até corria uma maratona para a encontrar, se Emma estivesse na linha de chegada ou qualquer pessoa querida a mim eu corria o quanto fosse preciso para estar com ela.

Entramos nos carros e logo meu irmão veio comigo dirigindo o mais depressa possível, a polícia ia na frente cortando caminho e um carro de polícia atrás, para nos distanciar dos demais carros.

Meu mundo havia mudado ao saber que a pequena havia sido finalmente encontrada. Deus estava no comando e sabia como proceder, eu pedi imenso a ela para que a manter-se longe do perigo.

...

Chegamos ao hospital e saindo todos apressados dos carros, nestas alturas eu ia até contra as pessoas para a ver. Thomas estava á nossa espera com Glória e logo nos levou para o quarto da UTI em que a pequena estava.

Meu mundo caiu! A ver ligada a todas aquelas máquinas para respirar me afetou bastante. Eu jamais pensei que eu pudesse passar por isto.

— Como ela está? Como a acharam?! — era Eu, Vitor me abraçava.

— Estava fazendo intervalo com outros médicos quando ouvimos um choro de um bebé no estacionamento, na parte sem luz. Fomos verificar com o segurança do hospital pois podia ser uma armadilha, mas era na realidade um bebé. Emma, bom....ela estava embrulhada com um cobertor quente e dentro de uma cesta.

— Oh meu Deus! — S/n se desesperou. —Ela vai ficar bem né?

— Ela apanhou imenso frio, ela estava apenas com o cobertor e a fralda nela. Tivemos que colocar uma roupa básica nela que o hospital oferece quando as mamães vem aqui de emergência. Ela sofreu hipotermia, está agora a ser aquecida, ficou gripada novamente e pode passar agora para pneumonia.

— Ela está receber os medicamentos necessários agora. — era Glória. —A vossa filha ficará bem logo!!

— Podemos vê-la?

— Podem, mas não se aproximem muito pelos próximos trinta minutos pelo menos.

— Tudo bem Thomas obrigada.

Thomas eram um dos melhores médicos do hospital, para não dizer da Espanha, além de ele ter tido muita cabeça para estudar e os melhores professores do mundo ele sabia ainda mais três línguas diferentes. Thomas sem dúvida era um anjo em nossas vidas.

Observamos Emma ao longe e logo Pedri e Matheus vem junto a Pablo e Hannah. Era ruim Matheus estar aqui ainda mais perto de Emma que estava doente, Matheus também estava.

Digamos todos os bebés estavam doentes, os dois haviam brincado na chuva e agora havia acontecido isso. Emma tinha defesas boas quando estava na chuva, mas para o frio a bater-lhe diretamente não necessariamente.

— Vem aqui mamãe, vamos ver o Pedri e os meninos.

— S/n!

— Vai hermanita eu fico vendo ela.

— Tudo bem.

Matheus estava um menino grande. O pequeno era bastante calminho por vezes, adormecia bastante fácil e além do mais tinha cara da sua mãe completa. Pedri até ficava sentido quando lhe diziam isso.

— Não te mandei ficar em casa?

— Soubemos que a Emma havia aparecido! A Glória telefonou para a Hannah e como eles estavam lá em casa eu os trouxe também. — Pedri riu dela. —Ah amorzinho tudo sob controlo, Matheus é forte né pequeno?

Matheus riu da cara do pai.

— Como ela está? — era Hannah.

— Ela vai ficar melhor não vai tia Natasha? — questionou Gavi fazendo carinho em meu braço.

— Ela não está nada bem, foi encontrada no estacionamento do hospital com apenas a fralda e um cobertor por cima, estava com hipotermia e com início de uma gripe que pode muito bem virar uma pneumonia.

— Ela vai melhorar. Vamos ter fé que sim.

— Neste momento ela está a lutar pela vida! — S/n cruzou os braços.

Essas palavras magoavam demasiado.

Me ausentei da beira deles e fui no banheiro, tentei controlar o meu choro, mas era inegável a minha necessidade de chorar de raiva, eu queria botar tudo para fora e foi exatamente isso que acabei por fazer.

Olhei-me ao espelho e logo recebi um telefonema. "Número Desconhecido". Atendi era Rafael do outro lado da linha, comecei a gravar a mensagem.

*Chamada ON*

— O presente foi bem entregue no hospital? Espero que sim, Emma é bastante bonita para ser sincero....eu queria ter feito outras coisas inclusive torná-la nossa filha! Como devia ter sido, se tu tivesses me aceitado.

*Chamada OFF*

Eu estava sem chão. A chamada havia terminado e meu único meio foi sentar-me no chão junto da parede e chorar. Era incrível a qualidade que uma pessoa tinha para te abalar em níveis que nem mesmo conhecias.

— Mãe? — S/n aparece logo corre para mim junto a Hannah. —Ei! Ei! Ei!

— O que se passou tia? Por favor.

— Sabem achar telefonemas gravados?

— Hannah sabe ela é boa nisso né priminha? Ela grava todas as chamadas com o Gavi.

— É eu acho! De quando quer a chamada?

— De agora. — coloquei minhas mãos sobre a cara e logo S/n e Hannah me abraçam já sentadas.

— Iremos ficar aqui o tempo que for preciso. — S/n suspirou.

— Achei!

Disse-lhe para rodar a gravação e logo elas não estavam a acreditar no que tinham ouvido. Rafael era capaz de tudo e agora estava mais na cara que ela havia feito isto para me mostrar o que de facto ele é capaz de fazer para me ter prejudicando quem não deve.

Eu estava destruída, estava vivendo seriamente os meus piores pesadelos no meio de tudo isto, era simplesmente assustador isso.

Eu me sentia totalmente sozinha e mesmo tendo pessoas a meu lado me apoiando eu estava destruída por dentro, um pedaço da minha alma havia morrido vendo a minha pequena e indefesa filha naquele estado.

— Vamos fazer queixa! A polícia ainda está lá fora, talvez levem o teu telemóvel como prova.

— Será mesmo? Depois de tudo nem sei se acredito mais em justiça.

— Acredite tia, nós estaremos aqui, todas nós estaremos. — Hannah falou. —Posso não ser mãe e tudo mais, mas ver as notícias de que elas ficam sem seus filhos acaba totalmente com elas. Ver suas filhas doentes deve ser a pior coisa do mundo.

— Hannah tem razão mamãe.

— Tia! Minha mãe sempre me ensinou de quem tem filho sabe o que é a verdadeira dor de o ver doente e não poder ajude mais, é como se fosse connosco entende? Emma é um bebé indefeso que agora precisa dos nossos cuidados.

— E se eu não foi boa mãe? António vai tirar ela de mim.

— Não iremos deixar. — disseram em uníssono. —O restante das meninas também não. —Nós prometemos isso. — acrescentou S/n limpando minhas lágrimas.

— Além do mais não deixaremos que o vosso casamento acabe! Meu tio pode ter este feito meio bruto e que as pessoas não entendem, mas ele a ama....eu sei disso. Ele confia em si.

— Sim! Agora venha vamos limpar as nossas caras e vamos voltar para perto deles.

Elas eram perfeitas.

Retornamos para o quarto em que Emma estava e não havia mais sinal de Pedri nem de Matheus, muito menos de Gavi. Talvez tivessem ido embora para colocar Matheus a descansar.

Era divertido ver eles tentando adormecer o pequeno. Sempre o foi.

Me sentei no sofá e António não olhou para a minha cara um só segundo desde que chegamos. Ele me odiava, lá no fundo eu sabia disso.

— Vou sentar com a senhora mamãe, estou cansado, minha perna já dói!

— Tens que descansar essa perna viu. Não queremos que nada de mal também te aconteça agora.

— Tens razão. — beijou minhas mãos.

[...]

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