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On your own
It's so quiet here
And I feel so cold
This house no longer
Feels like home
Ooh, mm

• So Cold - Ben Cocks •
___________________________________

Frase do Capítulo:
-O passado nunca nos irá deixar.

Ella Branco, 2019

💄💋⚽️

Natasha Torres
08:00h - em casa

Já estava a mais de duas semanas sem falar com António, depois de tudo o que aconteceu e do que ele me disse e me abordou daquela maneira rude eu não mais consenti que ele falasse comigo.

Nos primeiros dois dias foram os mais difíceis para mim, ter que acordar ao seu lado e não lhe dar o tão desejado "Bom dia!" amoroso foi como mil facas espetando no meu peito. Ele teria que aprender que eu sou um ser humano e tenho sentimentos, e não falar como ele nunca me tinha falado antes.

Podia estar a ser grossa com ele, mas ele já não mais era uma criança e tinha que se comportar como gente grande, era isso ele que era, ou pelo menos, eu imaginava que seria. Não basta o facto de duvidar de mim quando estou com outros homens, ainda coloca as culpas em mim por eu ser simpática para eles.

Se ele queria guerra era isso que ele teria!

— Hermanita! Tudo bem contigo? — meu irmão me tocou pelas costas. —Ei! Tudo bem? — se encosta na penteadeira.

— Não tens que te preocupar comigo. Eu estou bem além do mais, terás que ficar com a Ella e o Levi por m pouquinho, tenho que ir a um sítio importante tudo bem para ti?

— Tudo, eu até gosto de ficar com eles, mas hoje é sábado. Onde irás?

— Vou a onde meu coração não quer ir.

— Na casa dele?

— Hum hum! — me levanto e ando pela casa arrumando as coisas. —Além do mais ele a esta hora deve estar no clube.

— Tudo bem, vou ver como o pequeno está. Acabou de acordar! Até já hermanita.

Até irmãozinho.

Meu coração apertava todas as vezes que minha mente pensava em pisar naquela casa pensando que António estivesse lá. Eu não queria ter que cruzar o mesmo caminho que ele e até olhar para a sua cara ainda mais quando eu sabia que ele estaria sozinho lá. Aurora, S/n e Duarte já haviam voltado para Portugal.

Que raiva!

Sai de casa, peguei no carro e dirigi pela estrada em direção ao condomínio. Com tudo isto, eu só pensava se algo que eu fazia ou como agia era a maneira acertada para o moreno, talvez eu não mais fosse a mulher indicada para ele.

Não demorou muito para chegar e logo adentei buscando alguns pertences meus que aqui haviam ficado. Eu sabia que a qualquer momento meu coração dispararia a mil por hora se eu cruzasse com António e foi precisamente o que acabou por acontecer.

— Bom dia amorzinho! — via uma esperança no seu olhar.

— Bom dia Torres.

Minhas palavras não o contentaram que logo se fechou em um enorme mar de tristezas.

— Vieste para ficar com a Ella, o Levi e o Vitor? Aqui tem mais conforto. Estou sozinho!

— Hum!

— ...

— Faz como quiseres. Eu só vim buscar umas coisas minhas que me esqueci e logo estou de volta para a casa do meu irmão. Aqui não piso tão cedo, não contigo sozinho!

— Para! Eu te amo porra, eu só estava a tentar proteger-te.

— Proteger? — questiono ironicamente. —Sabes o que a palavras proteger significa?

— ....

— Bem me parecia! Eu vou indo, gosto em ver.

Talvez eu estivesse sendo uma completa imbecil o deixando assim, todavia ele também me tinha magoado e ele mais do que ninguém sabia perfeitamente o que tinha acontecido no meu antigo relacionamento.

Dúvidas, tristezas, ciúmes e medos. Nunca foi fácil para mim!

Sai, entrei no carro e lágrimas vieram ao meu rosto. Eu o amava demasiado, eu o amava mais do que tudo.....meu coração mandava-me para trás e estar com ele, todavia minha mente sempre colocava uma barreira neste tipo de ações e atitudes que ambos tomávamos. Eu já não mais entendia o amor!

Segui para casa e logo Vitor me liga desesperado, dizendo que Ella estava tendo crises de pânico e que desta vez foram ainda piores. Meu coração quase saia pela boca, pedi para Enrique acelerar o carro que ele conduzia na minha frente e logo chegamos em casa.

— Ella! Vitor onde ela está?

— Na casa de banho, eu tentei me aproximar dela mas ela não me deixou. Está a assustar o Levi!

— Deixa o Levi com o Enrique e o Franco no quintal. Vamos acalma-la vem! — o puxo. —Ella! Anjinho abre a porta da casa de banho para mim amorzinho, vá, ninguém te vai fazer nada.

— Ele! Ele mamãe, ele vai. Eu o vi! O vi no meu quarto.

Vitor negou com a cabeça.

Não tinha lá ninguém, porém como para a pequena isto ainda era recente e ainda não o havíamos prendido João pela ATITUDES e pelos TRAUMAS que ele causou na sua sobrinha.

— Anjinho! Por favor abre um pouquinho, deixa a Natasha falar um pouco contigo. Vá por favor, eu me afasto da porta para te sentires confortável!

— Tudo bem para ti? — acrescentei.

— Tudo bem mamãe.

Abriu a porta e a sua roupa branca logo se mostrou manchada com produtos de limpeza que lhe fariam mal na pele. Eu estava devastada e tudo isto fez com que mais lágrimas caíssem pelo meu rosto, eu estava a viver totalmente um enorme inferno.

— Eu sou um erro na vida das pessoas! — chora ainda mais aninhada no box.

— Ei! Ei!! Ei!!! Tudo bem anjinho. Não és nenhum erro, todos nós te amamos, não podes te abalar por isso. Sabes o quão bem a terapia te está a fazer não é mesmo? — me senti perto dela.

— Hoje é aquele dia hermanita!

Dia 13 de março! É eu sabia que os dias "13" para ela eram os mais complicados, porém com o tempo esse seu trauma iria acabar o mais rápido possível.  

— Eu devia ter sido....

— Não! Não devias sabes porquê? Teu irmão não iria ficar com ninguém aninho, ele precisa de ti, precisa que tu cuides dele quando ele for mais crescido. Ele necessita isso tudo!!

— Uma irmã que se acanha na primeira oportunidade? É de facto ele não precisa.

— Não digas isso anjinho. — Vitor se agachou na porta. —Ele mais do que ninguém irá te sentir ainda melhor. Além do mais, eu já venho.

Vitor estava correto, Ella tinha que perceber que aqui estava segura e seu tio não lhe faria mal aqui em casa nem em qualquer lugar que nos estivéssemos. Ele não mais tocaria nela, pois teria que se esforçar muito para eu não lhe deixar no hospital. Podia ser uma mulher indefesa na visão de muitos, todavia eu tinha uma força interior muito forte.

Logo aparece Levi na mão de Vitor, o pequeno sabia muito bem como cuidar das feridas de sua irmã e não demorou muito para ele a abraçar a reconfortando com o seu doce corpo encostado ao dela. Ela estava mais calma devo admitir.

— Tudo bem agora?

— Sim! — limpa suas lágrimas. —Posso ir para a sala 
ter as aulas online?

— Claro.

Dias se passaram viasse que Ella estava ficando mais afastada, já não mais comunicava como antes. Ela sempre teve receio e agora mais do que nunca seu medo começou por vir ao de cima.

— Vitor! Viste a Ella? A pequena já devia estar a tomar o pequeno almoço para ir na consulta.

— Eu a vi indo para a casa de banho.

— Casa de banho? — fiquei assustada. —Qual?

— O que se passa? Ei, me fala.

— Ela vai tirar a vida.

Meu irmão empurrou a porta e logo vejo Ella com todo o seu corpo afundado na banheiro, além desta casa de banho com uma banheira apenas a minha também possuía esse tal poder. Por pouco não a perdíamos, pedi ao meu irmão uma toalha e logo a tirei da água, ela estava completamente gelada, mas logo acordou e tirou toda a sua água que existia em seus pulmões.

— Porque não em deixaram.

— Oh pequena! — a abraço. —Não faças mais isso! Por favor.

Me lembrei da primeira vez que tentei fazer tal coisa quando ainda estava no meu antigo relacionamento, eu já não aguentava mais viver e tentei fazer isto, tirar a minha vida da pior maneira possível. Não foi correto e por um ato divino Francesca havia chegado e me tirou a tempo me levando para o hospital logo de seguida.

Ela está a totalmente quebrada no chão.

A vestimos bem quentinha e logo partimos para o hospital sem nem antes tomar o pequeno almoço. Eu tinha medo que ela se tivesse prejudicado ainda mais com o que ela tinha acabado de fazer.

Ele definitivamente, tinha-lhe cortado forte, nunca mais Ella foi a mesma. Ele já tinha feito isto!

— Natasha! Ella! O que aconteceu? — Glória nos viu na sala de espera.

— Vitor fica aqui com ela por favor. — me ausentei bem por um minuto. —Ela tentou se afogar.

— Venham! Venham para um quarto.

Glória era um anjo em pessoa. Além de ser a dona deste hospital ela tinha os melhores dos melhores profissionais a trabalhar para ela. Não admira que todos a admiravam pela sua personalidade e bondade.

— Me conta Ella! O que causou isto? — Vitória sentou-se perto dela. —Foi ele novamente nos teus pensamentos?

— Sim! Ele me mandou, eu não quero mais isto. Eu quero desaparecer. Por favor.

— Não digas isso. Sabes como vamos esquecer isso?

— Como? — seus olhos brilharam. —Eu quero fazer isso.

— Vamos ali no jardim um pouco, fiquei a saber que tem umas borboletas que andam por lá. Quem sabe elas não vem ter contigo e te trazem esperança! Vem.

— Promete que isto irá passar?

— Claro que sim minha pequena. Claro que prometo, porém só se me prometeres a mim também melhorar um pouquinho até á nossa próxima consulta!

— Eu..........eu prometo.

Como só podiam fazer este tipo de exercícios apenas elas as duas eu ficarei com Levi e Vitor no corredor do consultório na espera delas. Eu tinha a ESPERANÇA que a pequena sairia daqui totalmente renovada e mais tranquila com tudo isto que estava acontecendo.

Podia esperar o tempo que esperasse, todavia eu só sairia da beira de Ella quando eu percebesse que ela de facto havia melhorado.

Nós precisávamos dela!

— Voltamos!

— Mamãe, várias borboletas vieram ter comigo.

— Foi? Que lindo anjinho. Estás melhor agora?

— Sim! Podemos ir para casa agora?

— Deixa eu só falar com a Vitória e já vamos tudo bem? Fica um pouco com eles!

— Claro mamãe.

E numa conversa ou outra Vitória nos liberou e logo voltamos para casa. O lugar mais protegido que a pequena tinha neste momento era a casa e em  especial o seu quarto e ela sabia que podia contar connosco para a proteger.

Voltamos e logo ela se dirigiu para o seu quarto encostado a porta e fechando as persianas e as cortinas, talvez para dormir um pouco depois de tudo e de até ter sido vista por um médico.

Coloquei Levi para brincar dentro do chiqueiro e Vitor foi fazer um novo pequeno almoço para comermos. Eu estava com fome, todavia as pessoas mais importantes sempre tinham que vir em primeiro lugar.

— Viu até ao quarto ver como ela está! — apareço na porta da cozinha.

— Tudo bem, vou já lá ter enquanto as torradas aquecem.

Todos os dias daqui para a frente haveríamos de ser mais compreensíveis com ela, seus traumas não facilitavam nada na sua recuperação e isso também não me alegrava nem um pouco. Vitória havia-me falado para que no mínimo de pânico ou até mesmo depressão e ansiedade para logo telefonar para ela, não importasse as horas do dia.

Abri com cuidado a porta do seu belo quarto e a vi se remexendo na cama, talvez ela estivesse a ter pesadelos, porém este quarto estava frio, mais frio que todo o restante da casa.

Meu irmão apareceu e percebeu que tínhamos que a deixar um pouco só. Ela teria que ficar com os seus pensamentos para tentar entender o que viria daqui para a frente.

— Vem vamos!

— Deixa só a cobrir embaixo dos lençóis.

— Irás acordá-la hermanita.

— Eu sei, as ela está a tremer, não a posso deixar assim.

A cubro é logo saindo do quarto, me sentei no sofá relaxando um pouco e colocar todo o peso que havia sobre mim pra fora. Talvez eu não fosse a pessoa mais indicada para encontrar o amor, ou até, falas de amor.

Vitor veio trazer-me o meu pequeno-almoço numa bandeja e logo trouxe a dele em seguida. Ele era uma pessoa que eu podia confiar 100%, ele era o meu único irmão e normalmente claro que eu me preocupava ainda mais com ele.

Ele era o meu caçula preferido.

— Vou abrir. — o moreno correu para a porta. —Ferran? O que....o que fazes aqui?

— Vim passar aqui alguns dias, o treinador me deixou ausentar. Sei de tudo, minha irmã me contou. Posso entrar?

— Claro! — com um sorriso no rosto lhe falei. —Um presente? Ferran, não precisas além do mais não temos quartos suficientes.

— Pode ficar com o meu hermanita, eu fico com o Levi.

— Vocês viu. Pela vossa cara tinham isto tudo programado!

— Quem sabe. — me beija na testa. —Além do mais não sei como teu pai irá reagir.

— Ele sabe que eu vim para cá. Ficou chateado, mas ele sabe que eu não vou deixar-te sozinha.

— Não estou sozinha!

— Mamãe!! Mamãe! — Levi fala com olhinhos de sono. —Tito Fefe?

— É pequeno, o Tito Fefe está aqui contigo, de novo. — brinco com ele. —Vou ali ao carro buscar a próxima.

Ferran era uma pessoa muito simpática e bondosa com quem lhe era bondosa com ele. Seu brilho no olhar quando estava comigo nunca se dissipava. Voltou novamente para dentro e com um gato na mão me apresentou o meu novo amiguinho. Ele era a coisinha mais fofinha e já Levi o queria agarrar, tinha medo que o magoasse e que o gato o arranha-se por isso o afastei um pouco.

— Daqui a pouco brincas com ele pequeno! Tudo bem?

— Kero!

— O quê? — em uníssono todos exclamamos.

— Kero, mamãe. O nome dele.

— Que fofinho pequeno.

💄💋⚽️

António Torres
00:30h - de casa á rua

Eu havia errado e havia errado feio fazendo isto com Natasha, a mulher que sempre teve um ombro carinhoso para mim, a mulher que sempre me protegeu mesmo eu estando errado e a mulher que sempre limpou minhas feridas e eu fui um completo idiota e continuava o sendo, devo admitir, meu ego era alto demais para eu não me curvar e pedir-lhe desculpas.

Eu estava vivendo a minha verdade mais dura e verdadeira possível. Eu e ela estavam desintonizados.

Eu tinha um problema grande e não sabia como resolver, para cada canto da casa que eu olhava via a morena, ela simplesmente conseguia fazer com que as pessoas não a odiassem ainda mais.

Eu tinha raiva de mim.

— Droga! Que mal eu fiz a Deus.

Saiu da cama frustado comigo mesma e derrubo o abajur do meu lado, eu estava acabado.

Era apenas eu e esta casa, sozinho eu estava talvez para entender que as pessoas se afastariam de mim se eu não mudasse e era exatamente isso que estava acontecendo.

Eu não acredito!

Ando de um lado para o outro tentando me controlar, todavia era o trabalho mais difícil a se fazer no momento.

Inconformado com tudo isto, saiu do quarto disparado, bato a porta com força e desço as escadas. Eu queria sair daqui, esta casa me trazia imensas recordações e eu era um idiota em continuar agindo desta maneira.

— Senhor, está tudo bem?

— Lopez? — me assustei. —Não devias estar em casa?

— Senhor, hoje é o meu turno. Farei a noite!

— Ah sim claro. Desculpa!

Me dirigi para a cozinha, peguei numa fruta e tentei sair para a garagem, todavia em nenhum momento o moreno me deixou. Trancando a porta de acesso me deixando ainda mais chateado e frustado com tudo isto ele pediu para eu me sentir.

Não me importava de o ouvir, mas este não era o momento para essa conversa. Compreendo que ele queria o meu bem e isso é amoroso, todavia eu não queria relembrar mais ainda que fiz asneiras.

Estava perdendo aos poucos a mulher que amava, novamente.

— Ela merece um pedido de desculpas Lopez! Ela o merece mais do que tudo neste mundo.

— Senhor!

— Eu fui um idiota e não prestei atenção em mim quando estava a ser rude com ela e agora ela me odeia. Eu sou um imbecil, posso perder o amor da mulher que eu amo por minha causa.............minha!

— Senhor!!

— Eu sei que devia ter pensado várias vezes antes de falar e tudo mais e eu compreendo isso, todavia Natasha é aquele tipo de mulher que me causa medo de a perder, teu irmão também a ama.

— Senhor! — fala mais um vez em pondo sua autoridade. —Me escute um pouco.

— ...

— Sei que é difícil estar chateada com a mulher que ama e isso é compreensível, eu também já estive chateado com a Patrícia milhões de vezes e mesmo assim o amor conseguiu vencer tudo. Tenha fé e calma, tudo vai passar no momento exato.

— E se ela não me desculpar. — virei minha cara para a dele mostrando meus olhos completamente inchados.

— Vai sim, tem que compreender o lado dela senhor. Ela tem muito em que pensar agora, tem a Ella e o Levi para cuidar. O que ela também está a passar com eles não é fácil.

— Eu sei e eu acabei por estragar tudo.

— Não! Sabe de uma coisa? Vamos a um sítio venha.

— Não quero sair!

— Venha, eu prometo que vai relaxar e dormirá bem esta noite.

Lopez era uma pessoa em quem eu confiava a minha segurança 100%. Me levanto, jogo a casca da maçã no lixo e logo ele abre a porta da garagem.....entro no carro e logo o moreno começa a dirigir, não sabia onde era esse local misterioso, mas eu queria algo que me fizesse esquecer tudo isto.

Tinha mais problemas do que muitas pessoas que andavam pelas ruas.

Nunca foi fácil ser a pessoa que sou hoje, nunca foi de minha intenção ser reconhecido por todo o mundo e isso por vezes até me frustrava demasiado. Talvez eu devesse parar por um tempo e refletir o que de facto eu faço de tão importante neste mundo dos negócios.

— Sua filha senhor! Está a ligar-lhe. Coloco no carro?

— Claro Lopez. Obrigada.

Ouvir a voz de S/n era um dos meus momentos favoritos do dia, tanto ela quando Ferran foram como uns anjos na minha vida. Sou grato todos os dias por Deus lhes conceder a vida e estar presentes na minha vida mutuamente.

Tinha saudades de todos para ser sincero. Nunca me senti tão sozinho na minha vida, talvez eu tenha sido um pouco diferente dos demais.

Lopez parou o carro e logo termino a conversa com a pequena. Era simplesmente doloroso não estar presente todos os dias da vida dela, todavia eu também sabia que estaria com ela quando ela menos esperasse. Eu a AMAVA tanto.

— Chegamos. — desliga o carro. —Sei que não é propriamente o local que imaginava, todavia eu sei que isto lhe fará bastante bem.

— Praia, no tempo de primavera e de noite? É, de facto eu não esperava mesmo.

— Não é assim tão ruim senhor, irá lhe fazer bem relaxar. Descarregar a fúria que tem dentro de si!

— Eu sei.

Talvez eu estava tentando convencer o meu corpo de não ir para a areia perto do mar, todavia meu coração desejava isso mais do que nunca e agora mais do que nunca tinha que fazer isto quer contra vontade ou não.

A lua estava linda! Linda até demais, me lembro da última vez que aqui estive com Natasha, foi em novembro do ano passado. Nunca me esquecerei desse dia!

Tirei minha gabardine, me sentei e logo a coloquei pelas minhas pernas. Desde que Natasha se afastou de mim, meu corpo anda mais frio, ele precisava do calor dela. Eu precisava dela!

— Posso?

— Claro Lopez! Que pergunta.

— Como está? — continuava olhando para o luar. —Sente-se melhor depois disto?

— Um pouquinho sim.

— Feche os olhos, respire fundo e conte até dez três vezes. Irá começar a sentir o seu corpo todo mais leve e as veias menos tensas, seu coração abrandará o ritmo e sua mente começará a prestar atenção no som ambiente.

Exatamente como ele estava dizendo eu o fiz. Lopez além de ser um excelente guarda-costas era um excelente profissional e amigo. Eu o tinha como um irmão. O moreno fazia MILAGRES.

— Podias tornar-te terapeuta ou até mesmo psicólogo.

— Ouve uma fase da minha vida que eu precisei fazer isso várias vezes para controlar a minha raiva. Não foi fácil devo admitir, estar onde estou hoje demorou mas consegui ultrapassar tudo na maior tranquilidade.

— Quero que me faças um favor! Para ficar mais descansado!

— O que seria?

— Quero que tomes a vez do teu irmão pelo menos por três meses. Não adianta fazer todos os dias isto se ela está constantemente com ele 24horas devo até ressaltar alguns dias.

— Senhor, o que lhe falei?

— É, eu sei. Só para eu ficar tranquilo Lopez. Pode favor!

Minha mãe dizia que eu era muito romântico e de facto eu era. Eu podia estar a tornar-me mais velho todos os anos, todavia Natasha continuaria a ser a mulher que eu amaria não importasse as circunstâncias.

— Tudo bem. Assim o farei, amanhã logo bem cedo falarei com ele e Natasha fique descansado.

— Obrigado!

Me aliviei quando o moreno concordou com a minha proposta e agora a partir de amanhã eu poderia estar tranquilo de que pelo menos por três meses eu tinha o trabalho de a conquistar e de mudar a visão que ela tem sobre mim no momento.

Ficamos mais um pouco na praia e logo voltamos para casa. Meu corpo precisava de um descanso imediato. Dei boa noite a todos os seguranças e subi para o andar de cima até que ouvi um barulho no quarto dos meus pais, abri a porta e era meu filho, talvez querendo algumas coisas dele para voltar para perto de Natasha.

Eram quase 02horas da manhã! O que ele fazia a esta hora acordado?

— Ferran? Filho? O que fazes a esta hora acordado?

— Pai?! Que susto. — senta-se na cama. —Vim apenas buscar um brinquedos meus que mostrei ao Levi quando ele esteve aqui, amanhã de amanhã quando ele acordar quero fazer-lhe uma surpresa.

— Ah! Tudo bem.

Ia sair da porta e Ferran tossiu de propósito para eu mirar o meu olhar novamente para o dele e digamos que ele sempre consegue o que quer.

— O que foi?

— Nada não. Estou cansado apenas isso!

— Passei no clube para te ver e não estavas lá. Ernesto me avisou que estavas aqui em casa por estar doente, todavia a doença é o outro assunto.

— É! Como ela está? Está bem, falta-lhe alguma coisa? Comida, dinheiro.

Mesmo ela estando chateada comigo e até eu estava comigo mesmo eu não parava de me preocupar com ela. Natasha era absolutamente a mulher mais perfeita e sem erros que eu alguma vez encontrei.

— Tudo sob controlo. Nada falta, além do mais eu avisei que chegaria em pouco tempo. Terei que voltar! Até amanhã papai.

Papai?! Com tudo isto foi o COLAPSO total ouvir a palavra "papai" vinda dele. Foi até raro ele chamar-me papai quando ele se tornou maior de idade e agora isto estava a concretizar-se.

Será que eu fui a pessoa certa para ser o seu pai e também de S/n?

— Papai?

— Sim! Papai. — solta um leve sorriso. —És o meu papai não importem as circunstâncias, posso ficar chateado contigo o tempo que for todavia eu sei que sempre foste tu que sempre tiveste lá para mim e para a minha irmã. Foste tu que nos proporcionaste isso e sermos as pessoas que somos hoje! Eu honro isso todos os dias.

— Oh Ferran! — o abraço deixando cair lágrimas de meu rosto. —Eu te amo tanto filho.

— Eu também te amo papai. Agora tenho de ir! Mamãe deve estar em esperando acordada.

— É! Vai, informa-me se acontecer alguma coisa. Até amanhã.

— Até amanhã!! — o vejo abrindo a porta de entrada.

Eu estava nas alturas! Meus filhos conseguiam me libertar constantemente das dificuldades num abrir e fechar de olhos, suas vozes mudavam a minha mente num abrir e fechar de olhos.

Era interessante a capacidade que eles tinham adquirido para tal coisa.

Desliguei as luzes principais de toda a casa, deixando apenas as de pouco foco e entro no quarto, fecho a porta, troco-me e logo entro na minha cama. A cama que eu tanto amava tinha o privilégio de me receber mais uma noite.

Viro para um lado e nada, viro para outro e nada......comecei a ficar frustado com a incapacidade que eu estava tendo. Me levantei, e busquei o chá da chaleira que aqui havia no fundo do corredor. Talvez isso me fizesse acalmar e dormir o restante da noite.

Ouço alguém subindo as escadas e a silhueta de um homem alto se fez presente, se aproximando da luz apercebo-me que Lopez se dirigia até mim.

Será que havia acontecido algo de errado? Eu não precisava de mais problemas na minha vida, por favor. Que não seja nada de grave!

— Lopez por favor! Se for problemas pela manhã os quero saber.

— Seu pai senhor, ele....

— Ele? Fala homem.

— Sei pai foi agredido ao sair de um evento por causa das novas notícia que andam a soltar por causa do caso da Ella! Quer voar para Portugal?

— Claro! Por favor. O mais rápido possível. Avise os seguranças que fazem guarda na casa de Vitor por favor.

— Claro.

— Irei me vestir! Ligue ao piloto para preparar o jato em 20 minutos.

— Sim senhor.

Só mais um problema para cima de mim, não sei qual o intuito que as pessoas tinham em fazer uma coisa deste tipo. Pelo corte na cabeça, parece ter sido superficial, todavia podia até ter sido bem pior.

Já não bastava tudo o que estava acontecendo comigo e agora tinha meu pai no hospital não sei se bem ou mal.

O que mais iria acontecer?

Não quis saber de vestir uma parte de cima casual, peguei nas minha calças de ganga jogadas na poltrona, as vesti e logo joguei a minha gabardine para me proteger do frio noturno.

Sai e logo Lopez me informou que Ferran e Natasha iriam comigo para Portugal apenas por percussão e saber como eles estavam. Eu precisa de a ver, eu precisava sentir que ela ali estava. Eu precisava dela.

— Como foi tudo isso? Ninguém explicou?

— Senhor!

— Sim Lopez.

— Não vale a pena descolar, seu pai, sua mãe e sua filha chegaram de jato daqui a poucas horas. Querem recebê-los aqui ou em casa?

— Mas ele não estava no hospital?

— Saiu á pouco, nos informaram também há pouco o que havia acontecido senhor. O que desejam?

— Talvez ir para casa Lopez! — é Natasha. —Aqui no angar é frio.

— Casa?

Um esperança foi colocada em mim.

— Sim papai. Será melhor sim. — em pisca o moreno para mim. —Vem vamos, titia também vai lá ter.

— Tudo bem então.

Eu seria um bom homem a partir deste momento.

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