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Thunder rumbling
Castles crumbling
I am trying to hold on
God knows that I tried
Seeing the bright side
I'm not blind anymore
I'm wide awake

• Wide Awake - Katy Perry •
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Frase do Capítulo:
-Me sinto destruída desde aquele dia fatídico!

Natasha Torres, 2018

💄💋⚽️
• 4 dias depois •

Natasha Torres
19:20h - no hospital

Eu ainda estava bastante abalada com tudo o que havia-me acontecido, nunca imaginei que pudesse até chegar neste estado e sobreviver do tão fraca que eu fui resgatada. As crianças passavam o dia inteiro comigo estes últimos dois dias e isso era gratificante, mas eu queria chorar e chorar ainda mais....nunca fui de esconder as minhas emoções, mas com eles tinha que o fazer.

Ele já tinham saído á vinte minutos e como só podia ficar um adulto por paciente António se voluntariou a ficar como ontem não o pôde fazer pois teve que ir na esquadra prestar depoimentos e sua mãe ficou comigo.

Ele ainda não tinha chegado por isso fiquei mais tranquila. Eu PRECISAVA de um momento sozinha! Eu precisava restaurar a minha mente e com alguém por perto isso não era possível, lágrimas vieram aos meus olhos e num mar de profundos pensamentos sobre o que vivi abracei minha barriga e olhei para a janela.

— Amorzinho! Cheguei para ti. — esbravejou o moreno ao lado da porta. —Trouxe isto para ti.

— Obrigada.

Eu não estava bem e não queria falar muito ainda mais para não ter que me chatear com ele, eu não queria que isso acontecesse ainda mais nesta fase.

— Minha mãe também fez estes docinhos para ti, eu perguntei ao médico se podias comer e ele deixou, pouquinho para começar quem sabe amanhã não comas o resto! Não é?

António estava a tentar colocar a minha autostima mais alto possível, ele tentava consertar as coisas mesmo ele não sendo obrigada a fazer isso pois a culpa não é dele.

— Não estou com fome! Deixa aí. — limpo minhas lágrimas. —Como estão todos?

— Bem....na medida do possível, Thor queria vir comigo mas ele não pode! Fiquei triste por ele, ele deitou lágrimas pelos olhos quando disse que te vinha ver.

— Tenho saudades dele.

— Eu sei amorzinho, tudo vai estar bem logo logo. — me beija na testa. —Que tal tirarmos um mês, dois, três seja quantos forem para voltarmos ao normal?

Sua questão me pegou de surpresa.

— Não quero que te prendas por minha causa. — disse zangada. —Tens a tua vida eu tenho a minha.

— Natasha, amorzinho. Nós somos uma família e sempre seremos, iremos ultrapassar isto juntos não vou deixar-te desamparada neste momento agora mais do que nunca precisamos da toda a força possível!

É, precisávamos, mas eu não acreditava nem um pouco nisso. Na verdade, não sei se agora tenho forças até de fazer uma simples tarefa ainda mais ter que aparecer em público tão cedo.

— Fico contigo em casa o tempo necessário.

— Perdão Torres!

— Perdão? Perdão porque razão? Não tens culpa de nada.......não tens culpa do que aconteceu.

— Não posso mais ser um peso na vossa vida....não posso simplesmente ser alguém que os faça sempre sofrer. Eu passei mais tempo num hospital depois de que vos conheci do que na minha vida inteira.

— Não digas isso, eu preciso de ti não me faças isso. Natasha!

— Deixa-me reformular as coisas Torres, sei que ficarás chateado com isso mas eu preciso de um espaço meu neste tempo.

— Tudo bem. — lágrimas desceram pelo seu rosto após se sentar na cama. —Mas eu quero que saibas que eu te amo demais e não vou desistir de ti! — beija minhas mãos.

— Eu também não vou desistir de ti.

Eu precisava de um momento sozinha e depois de tudo o que aconteceu eu não podia pisar tão cedo na casa deles aqui em Barcelona. Sei que era difícil para eles este momento, todavia para mim também era, não estava a ser fácil para nenhum de nós ultrapassar isto.

Minhas pálpebras doíam, meus olhos estavam inchados de tanto chorar e meu corpo tremia ao falar. Todo o meu corpo doía a cada milésimo de segundo, os medicamentos quase não faziam efeito e isso era auto-destrutivo.

Quem me dera ter conhecido António noutro tempo e que nada disto que nos aconteceu tivesse acontecido. Ele era o homem que eu amava e isso não iria mudar nunca mais, mas eu precisava de me restaurar para tentar novamente seguir a minha vida e ter que olhar para a cara dele todos os instantes e segundos seria a tarefa mais difícil.

Resolvi ficar com meu irmão depois de sair do hospital.

— Vais dormir um pouquinho?

— Tentar.

— Tudo bem, vou estar ali no sofá se precisares de mim chama-me.

— Tudo bem. — recebi o beijo mais sincero dele. —Eu te amo.

— Eu também amorzinho.

Suspirei fundo, me virei um pouco, fechei meus olhos e logo meu corpo acalmou instantaneamente. Era a primeira vez em quatro dias que eu conseguia finalmente sentir meu corpo relaxar, eu merecia isso neste momento eu merecia toda a paz do mundo neste momento, mas algo me dizia que este ano ainda não tinha acabado com os problemas.

Em fim suspirei mais uma vez e adormeci!

Já estávamos no dia seguinte, acordei, olhei para o lado e vi Vitor, Glória e António falando baixo na porta do quarto. Não sabia porque razão eles falavam, porém neste momento só me interessava descansar o máximo possível.

— Bom dia irmãzinha! — recebi um beijo na testa de meu irmão. —Como estás hoje? Pronta para ir para casa?!

— Casa?

— Sim cunhada.......agora a recuperação começará verdadeiramente, aqui já fizemos todo ao nosso alcance. Terás acompanhamento se assim desejares!

— Hum!

Num momento estava com o coração preso na caixa torácica e no outro estava com o coração literalmente saindo pela boca. Eu não queria ir para casa tão cedo, porém eu também sabia que isso fazia parte do processo de restauração e de colocar minha auto-estima elevada.

— Que horas são?

— Quinze para as 10h da manhã amorzinho.

— Dormi muito! — dou um leve sorriso e faço todos sorrirem também.

— Um sorriso amorzinho. Ai como eu te amo. — António me abraçou. —Desculpa, desculpa, desculpa.

— Não mates a minha cunhada, irmãozinho! Vá António vem comigo ver a papelada toda e deixa preparar-se.

— Ok! Eu já venho amorzinho.

— Tudo bem!

Eles estavam a ser os mais gentis comigo neste momento e eu era grata de coração por isso tudo. Vesti minha roupa, porém me vergar para calçar o meu calçado era a coisa mais complicada para fazer.

Meu irmão percebeu que eu estava aflita, pegou nelas e as calçou na maior tranquilidade. Ele era um amor em pessoa e eu sabia que estaria segura com ele quando fôssemos para casa. Na verdade eu precisava de um momento com ele, momento esse que eu não vivi estes últimos cinco anos da vida dele.

— Vou contigo!

Surpreso.

— Comigo? Não ias ficar com António e a sua família lá em casa?!

— Eu falei com ele e ele entendeu a minha posição de querer ficar um pouco na minha depois de tudo ainda mais uma semana antes de enterrarmos Gustavo.

— Tudo bem então. Ficarei contigo o tempo todo.

— Bobinho, eu não estou a pedir para te fechares em casa comigo.

— Mas eu fico. Além do mais não tenho nada para fazer mesmo! — sorri e logo me levanta. —Vem vamos indo embora. António e Glória devem estar na receção.

Minha dificuldade em andar ainda continuava bastante limitativa, meu corpo doía a cada passo que dava. Seria uma recuperação dolorosa em apenas uma semana antes de o enterrar, mas eu sabia que teria que encarar mais ainda esse momento difícil..

— Amorzinho! Levo-vos a casa e depois vou comprar a medicação.

— Tudo bem! — falo ofegante.

Eu me cansava demasiado!

— Bem vamos indo, já tem pessoas olhando para cá. — meu irmão bravejou. —Vem maninha.

Eles eram as melhores pessoas que eu podia ter neste momento. Eles me faziam sentir ainda viva depois de tudo o que na verdade está a acontecer neste momento.

Esperamos o elevador e logo descemos para a garagem privada do hospital, a garagem onde apenas os médicos, administrativos e enfermeiras estacionavam e como eu queria espaço e tranquilidade tanto para mim como para António neste momento foi a melhor opção.

Chegamos em casa e logo António ficou um pouco mas logo saiu para o local em que ele iria. De facto eu precisava de remediados, meu corpo me matava por dentro a cada segundo.

— Maninha, António saiu e eu só vou ali no teu quarto buscar um cobertor para te sentires aconchegada.

— Tudo bem. — me ajeito no sofá.

Talvez agora mais que tudo neste primeiro dia eu precisasse chamar meu irmão para fazer uma simples tarefa para mim, todavia eu não o queria subcarregar comigo. Ele não precisava de um PESO como EU ainda mais na sua vida, ele era jovem e precisava se divertir e ainda mais trabalhar com o que tanto queria.

Me levantei e dando passos curtos fui até á cozinha, tentei chegar na armário de cima para buscar um copo, mas essa também era uma tarefa difícil de ser realizada. Eu não podia simplesmente ficar parada enquanto todos faziam as coisas por mim, eu nunca fui assim e não queria ser assim com eles.

— Maninha! — me ampara ante de cair. —Porque não me chamaste, eu podia te levar água á sala.

— Eu consigo fazer sozinha.

O afasto e vou até na torneira, porém até uma simples torneira estava ser difícil de ligar. Eu me sentia FRUSTADA comigo mesma e ainda mais IMPOTENTE de não fazer uma simples tarefa, o quanto custava abrir uma torneira que eu não pudesse abrir.

Que raiva.

— Eu posso abrir! Me dá, vamos hermanita.

— Eu consigo.

— Para! — me tira o copo. —Não consegues, ainda estás fraca e eu não vou deixar tu piorares ainda mais sobre a minha responsabilidade.

— Não preciso ser um peso na vida das pessoas Vitor, eu não mereço isso.

— Tu és minha irmã, sangue do meu sangue e eu não vou deixar-te abandonada. Eu estou aqui para ti! — me abraça e começo a chorar. —Não vou deixar. —completa.

— Perdoa-me!

— Oh hermanita. Precisas de nós, não tenhas medo de pedir ajuda para isso.

É eu precisava de ajuda!

Eu o amo muito, e do fundo do meu coração eu esperava que ele não duvidasse nem um só segundo disso.

Me devolveu o copo já com água dentro e me levou novamente para o local inicial em que estava porém eu precisava de um local mais confortável do que um simples sofá.....eu precisava de um quarto.

— Vou para o quarto!

— Eu levo-te.

Ele era a melhor pessoa que eu alguma vez encontrei, ele definitivamente saia ao nosso pai em todos os aspetos possíveis era impressionante a qualidade que Vitor tinha para me surpreender cada dia mais. De certa forma ele havia prometido ao nosso pai que me protegia e me amparava sempre e é exatamente isso que ele estava a fazer.

Me deitou e logo ligou a televisão que estava a poucos metros da cama, encostada na parede e entre os dois grandes armários do quarto. Era um espaço maravilhoso, este quarto transmitia uma paz imensa e digamos que branco significava tudo de bom.

— Vou ver quem é!

Errei em não ter dado as chaves para António abrir a porta ao invés de agora estar a tocar na campainha. Ouvindo um som de patas logo vejo Thor entrando no quarto a todo o vapor, ele era a coisa mais maravilhosa do mundo.

— Titia Natasha. — era Ella seguida dele.

Bem, eu pensava que António só tinha ido na farmácia porém eu acho que ele já tinha tudo programado para ir buscar os três.

— Meu irmãozinho está ali, quer vê-lo?

— Ella! — meu irmão interveio.

— Tudo bem Vitor, onde ele está. Já está grande né pequena?

— Sim, um homenzinho ele já come papinha sabias e eu como junto quando ele não quer mais. — sorriu tapando a boca. —Olha ele ali.

A pequena estava sempre irrequieta a cada movimento que fazia. Tinha medo de que João lhe tivesse a fazer sofrer.

— Levi pequeno, que saudades como tens passado hem? — o sento na cama. —Titia Natasha tem um presente para ti.

— Um presente?

— Sim pequeno, aqui.

Pedi para meu irmão abrir a gaveta da mesinha de cabeceira e logo retira um mordedor para os dentes, era para Gustavo mas não há melhor forma de o homenagear o meu filho do que dar para alguém também muito especial.

— Vês Ella! Titia Natasha tem tudo programado. — me beija António. —Queres comer alguma coisa pequena?

— Não muito obrigada titio.

— Então Ella, como tens andado com o titio João? O teu avô disse que te foi visitar.

— Foi! Ele veio me ver quando meu titio e minha titia não estavam em casa.

— Tu ficaste em casa sozinha com o Levi? — a questionei surpresa.

— Ele não aprende mesmo. — responde frustrado meu irmão.

— Já falei com ele e isso não voltará a acontecer.

— Acho bom mesmo não me faça correr e tribunal por vocês!

— Não precisa titia, está tudo bem sério. Sabe uma coisa maravilhosa.

— Conta.

— Eu e o Pedri estamos namorando.

— Que notícia boa amorzinho.

— Somos novos sim eu sei, mas nós gostamos um do outro! — ri e logo mostra um trabalho que ela fez para ele.

— Deixa só o Ferran saber disso anjinho. — Vitor se senta perto dela mas logo se afasta.

Estava confusa.

— Ele sabe titio, ele aprovou sabia.

— Ainda bem.

Ella era uma menina de ouro, sempre estava disposta a tudo para ser feliz e isso notava-se de longe. Eu a amava e a tratava como uma filha.

💄💋⚽️
• 1 semana depois •

António Torres
16:20h

Para preservar a identidade de todos nós, o funeral do nosso pequeno foi o mais reservado possível, apenas com as pessoas mais íntimas nossas.

O ambiente era pesado, Natasha não queria demonstrar a sua fraqueza, todavia eu sabia que aquilo a destruía por dentro. Era IRREVERSÍVEL a dor que sentíamos por dentro.

Não vou apenas falar apenas dela, pois eu também me sentia destruído num nível colossal, era como se arrancassem um pedaço do meu coração e o levassem junto com ele. Decidimos manter o caixão fechado na hora das crianças o verem para não se desesperarem ainda mais, por isso de eles serem os últimos a ver o caixão.

Já tínhamos chegado em casa a algumas horas e Natasha havia ido para o quarto, não quis colocar pressão nela e muito menos dizer para ela ficar isso era errado nesta altura.

A morena tinha que processar tudo o que aconteceu e digamos que eu também tinha que fazer exatamente isso, era complicado. Tudo era complicado, nosso momento era complicado.

— Filho! Um chá vai fazer-te bem. — minha mãe interveio.

— Não estou com vontade mãe, desculpa. — S/n me abraça. —Só quero estar sozinho. 

— Tudo bem então, vou deixar aqui. Qualquer coisa toma, ou quando fores para dentro trás ele.

— Tudo bem vovó, eu cuidarei dele!! — S/n sorriu ligeiramente. —Vou curar as suas feridas.

— Vai com a vovó princesa, papai quer ficar sozinho um pouquinho.

— Eu não quero........eu não o quero deixar sozinho! — retorna o olhar para mim fazendo olhinhos de gatinho.

— Comporta-te com o teu pai amorzinho.

— Sim vovó! Serei compreensível. — me da sua mão. —Eu e papai vamos falar delicadamente.

Ah mano! Sério isso, como alguém podia ser assim.

S/n era aquele tipo de pessoa carinhosa e compreensiva. Ela fazia o meu dia de diversas formas diferentes, todavia eu também sabia que este não era o momento indicado para falar com ela, todavia eu não conseguia deixar de lhe responder ainda mais quando ela queria fazer de tudo para me ver voltar a sorrir demorasse o tempo que demorasse.

— Papai! Posso não ir na escola?

— Não quero que interrompas os estudos por nós, ainda mais quando vais começar agora o terceiro semestre com testes!

— Eu quero ficar, não vou ficar feliz por vos ver tristes e eu interagindo na escola.

— Fala com a tua avó com isso pequena.

— Tudo bem. — me beija. —Eu te amo papai!!

— Eu também te amo muitão minha princesa.

— Vou ali buscar uma coisa, já já venho.

— Tudo bem.

Me inclinei para trás, coloquei minha cabeça encostada no sofá e olhei para o céu azul que se fazia sentir em Barcelona. Eu estava gritando interiormente comigo. —Por favor não vá! Volte para mim, espera um segundo. Eu ainda te quero! — estas frases não saiam da minha cabeça, não parava um só segundo e isso me deixava muito abalado.

Eu tinha que ser forte comigo mesmo para ajudar Natasha a ultrapassar isto. Fechei meus olhos, coloquei as mãos sobre meu rosto e lágrimas se formaram instantaneamente em meus olhos deixando-me em quase que automática vermelho, reviver tudo me magoava.

MAGOAVA-ME DEMAIS!!!

O vento que se fazia sentir, acalmava o calor existente em meu corpo pulsante de dor e raiva instantâneamente. Eu não via outra coisa a não ser vingança por o que Nikolas nos tirou, demorasse o tempo que demorasse ele teria a sua hora e essa eu tinha guardada para o tempo indicado pelos ser celestiais.

— Torres! — sinto Natasha sentar-se perto de mim. —Tudo bem?

— Se disser que sim estarei a mentir, estou totalmente consumido.

— Não és o único que sente uma enorme raiva no momento, nosso filho merecia viver e ninguém tirar isso dele. Por um ato desumano ele foi retirado de nós, mas todos os dias a partir de agora temos que honrar a sua memória ainda mais quando tivermos filhos novamente.

— Oh amorzinho! Como podes ser tão sábia num momento como este?

— Deus está nos corando aos poucos, eu sinto isso. Ele tem um plano maior para nós eu sinto isso todos os instantes. Temos que perceber isso.

— Entendo tudo agora menos isso.

— Que tal irmos á igreja! Iria nos fazer bem.

— Papai cheguei. Estava no meio de muita coisa, Ferran me ajudou a encontrar.

Abrindo a pequena caixa branca com uma laço dourado, me deparo com um colar em formato de coração e outro com o formato de uma cruz.

Ambos simbolizavam muito para nós e digamos que estávamos a precisar de amor e de neste momento. Algo que ainda era um mistério por desvendar, pelo menos por enquanto.

— Obrigada pequena! Papais te amam muito.

— Eu também amo muito vocês sabiam. — nos abraça novamente. —Amo muitão, a partir de agora nossa vida vai mudar para sempre. Eu falei com o papai do céu hoje quando acordei e pedi para não sofrerem mais.

— Tens um coração tão doce pequena! — é Natasha. —Temos muito orgulho em ti.

— Além de mais, vovó e titia me ajudaram no presente. Sem elas eu também estaria perdida na escolha!

— Ah! Bom gosto, não vou tirar mais este colar.

— Venham, estão todos ali dentro esperando por vocês. Por favor!!!

— Tudo bem pequena. Vamos lá então.

Dou a mão a Natasha e automaticamente sou preenchido com um sopro de vida, aquilo era uma autêntica forma de demonstrar que que estávamos a salvo e mais juntos do que nunca.

Ninguém expressou uma palavra sobre o acontecido á pouco quando adentramos na sala, minha irmã estava ao telemóvel desde o momento que entramos em casa e não sabia o que ela tratava tanto que até já estava ficando estressada com aquilo tudo.

— O que fazemos agora? — meu filho se sentou. —Tem que ser julgado!

— Tem!

— Ferran, agora não querido. Por favor! Este não é o momento. — minha mãe respondeu. —Vá.

— E o que falamos a não ser sobre isso? Sei que não querem falar, mas em qualquer momento ou até mesmo anos depois vocês terão que falar sobre o assunto, sei que é pesado e complicado falar isso, todavia tem que entender que as coisas acontecem quando menos esperamos!

— FERRAN! - meu pai se enervou. —Acabou esse assunto! Chega.

— Maninho não, chega.

— Caramba gente, por favor. Ele era nosso irmão ok eu entendo isso, porém aconteceu. Não estou a dizer que não estou triste, eu estou, mas a vida continua e eu sei que deve ser complicado para vocês os dois ainda mais quando....

— FERRAN CHEGA! — me irrito. —Nem fales mais, acabou esse assunto.

Eu sabia onde ele queria chegar com tudo isto e provavelmente se eu não o parasse ele continuaria dizendo mais e mais asneiras como — também perderam um filho! — eu sei é complicado para nós, porém o moreno estava a um ponto de me deixar mais irritado, mais do que já estava.

— Ferran! Querido, sei que é complicado para ti estares a presenciar um momento assim ainda tão jovem, mas tens que entender que por vezes as pessoas precisam de sossego e não de pessoas sempre a falar no mesmo assunto. Entendes?

— Para mim já deu. — joga a almofada e sobe as escadas estantaneamente.

Ferran não estava a calcular a dor que nos fazia falando daquela maneira, sei que para ele também era difícil processar tudo isto. Para NINGUÉM era fácil estar a viver isto, nunca foi fácil para nenhuma ser humano e numa seria na humanidade inteira.

Depois de uns momentos sozinhos decidi subir para falar com ele, ele precisava de um ombro amigo nesta altura e digamos que tanto ele passou que estava no mesmo ponto que todos nós.

Bati na porta três vezes e logo em deu autorização para entrar no quarto, puxei a cadeira de rodinhas da sua secretária e me coloquei a poucos metros da cama no sítio onde o moreno se encontrava.

— Filho! Ferran!! Temos que falar de há pouco.

— ...

— Sei que também estás triste com tudo isto, eu entendo o teu desespero em queres ajudar, porém tens que entender que por vezes também não é fácil estar com este peso.

— ...

— Nunca foi fácil por mim lidar com dores, nunca foi fácil para mim ver meus filhos doentes ou até mesmo não os ver vir ao mundo. É complicado para mim quando homem saber que tenho que ser mais forte que Natasha neste aspeto, com a tua mãe acontecia a mesma coisa tinha que ser forte. Nós homens também sempre fomos colocados numa posição em que tínhamos que proteger quem nós amávamos. Sempre foi assim!!!

— Eu sou a pessoa errada para esta família pai! Eu sei disso, eu não devia ter falado assim com ninguém á pouco, mas dói saber que ele não pode vir ao mundo. Eu não quero ser assim sempre! Eu quero ser um bom marido e um bom pai futuramente, não quero sofrer porque outras pessoas não sabem controlar os seus impulsos.

— Não és errado filho, todos errados e é compreensível isso. Ninguém aqui tem a culpa de estarmos como estamos, umas pessoas são bons e outras são ruins! Nunca ninguém nasceu ensinado e quando conviemos num ambiente não favorável a tudo isso acarretará no futuro.

— Eu sou assim, como eles pai! Não quero ser assim explusivo como eles e se eu magoar quem amo?!

— Amor, presta atenção, a vida nunca é fácil e além do mais tu és muito superior astronomicamente do que eles! Não te compares a seres humanos que não tem alma no corpo. Tu és especial, és meu filho.

— Eu quero..........eu quero pedir perdão por á pouco!

— Então vem, mas antes vamos enxugar essas lágrimas na casa de banho! Vem vamos.

— Tudo bem! — me abraça.

O abraço mais sincero deles em anos foi sem dúvida este. Quanto eu, quanto ele precisávamos disto, não mais tínhamos medo e digamos que eu tentaria de tudo para que ultrapassarem isto o mais rápido possível.

Com eles sou feliz!

— Peço atenção a todos por favor. — me pronuncio. —Tem aqui uma pessoa que precisa falar com vocês.

— Desculpem. — diz com cabeça baixa. —Sei que não devia ter falado daquela maneira com vocês, nunca quis isso e eu me senti amargurado por falar assim naquele momento. Todos estamos a passar por um momento difícil e eu apenas me enxergava apenas a mim. Desculpem mais uma vez. — lágrimas caíram sobre seu rosto.

Todos os abraçaram e automaticamente me puxaram para juntar ao enorme abraço. Pequenos gestos valiam mais do que mil palavras, sempre fui de demonstrar-me com gestos e não com palavras e isso fazia de mim ainda mais uma pessoa muito especial e importante para todos.

— Que tal vermos fotos de antigamente?

— Natasha! Querida, ainda não te mostrei António quando pequeno, ele era uma gracinha.

— Aposta que sim! — solta um sorriso abraçada a ela. — E bastante convencido também devo me questionar?

— Digamos que sim! — é meu pai.

Envergonhado!

Nos sentamos no sofá e logo minha mãe trouxe uns dez álbuns de fotos. Digamos que ficaríamos aqui por horas vendo tudo isto, nunca me iria cansar destes momentos.

— Aurora! Tenho que admitir, Duarte escolheu bem. Além de linda a senhora tinha uma convicção na sua postura tremenda.

— Ah querida, não precisas. Além do mais esse era no meu dia mais calmo.

— Havia dias estressantes vovó? — questionou S/n.

— E muitos, não foi fácil no começo. Nos casamos, engravidamos e engravidar foi a melhor coisa da minha vida!

— Eu sei mãe, não precisa dizer mais nada.

Todos rimos!

Eu amava estes momentos com eles e isso nos fazia esquecer por momentos ruins.

— Olha aqui papai! Olha tu! — Ferran apontou. —Que bonitinho cara.

— Tem um CD?

— Não recomendo! Irem desmaiar com a minha beleza.

— Ai papai, eu quero ver.

— S/n tem razão cunhada, quem aqui não quer ver o senhor poucas horas depois de nascer?!

Todos se prontificaram e ver e eu estava com vergonha devo admitir, eu era muito reservado neste tipo de coisas e se eu soubesse que tinha CD do meu nascimento eu já tinha guardado isso num sítio que eu apenas teria acesso.

— Porque também não vemos o da Glória? — fiz biquinho. —É uma injustiça ver apenas o meu!

— Engraçado. Ainda não chegando na parte dela e quando chegamos também veremos.

— Eles tem razão maninho, tens que deixar de ser envergonhado neste tipo de coisas. Além do mais está tudo a preto e branco.......eu acho! — ri para mim.

— Que grande apoio hem maninha! Parabéns.

— Ai tu me amas.

— Sim, e? — jogo uma almofada. —Tudo bem, mas só quando virmos as fotos da Glória veremos os dois vídeos!

— Tudo bem, tudo bem.

— Ah gente ele comendo pela primeira vez, que fofinho! — Natasha me acaricia a cara. —Que coisa maravilhosa gente.

— Eu sei que sou.

— Aí papai.

— Nem um pouco convencido também. Ele nesta já se achava o sábio da família!! — meu pai ri.

— António e Glória eram os encrenqueiros para qualquer lado que íamos. Sempre os levávamos a eventos até aos seus 13, 14 anos depois disso eles quiseram ser independentes.

— Independentes não mãe, sociáveis tem uma coisa de diferença aí!

— Também não é assim maninho, nós tínhamos os nossos amigos e queríamos sair com eles.

— Claro! Minha vida.

O tempo foi passando e ver aquelas fotos e aqueles mini filmes me emocionava bastante. Ainda mais do que já estava. Saber que fui presenteado por Deus por uma família abençoada e cheia de amor para dar me alegrava todos os dias da minha vida.

Nunca se sinta só quando tens pessoas que te querem o melhor de você.

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