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Please understand that
I'm trying my hardest
My head's a mess but
I'm trying regardless
Anxiety is one hell of a problem

• Consume - Chase Atlantic •
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Frase do Capítulo:
-Pensei que poderias confiar em mim!

António Torres, 2017

💄💋⚽️

Natasha Costa
10:00h - 4 dias depois

Estava bastante difícil me encontrar em meus pensamentos nestes últimos quatro dias. Era raro eu falar com António, ainda mais quando Nikolas me pressionou dois dias atrás novamente. Eu estava ao ponto de me encontrar no meu colapso nervoso, a última vez que o tive foi quando namorei com Rafael e isso me deixou bastante abalada, era muito difícil lidar com tudo isto.

Me encontrava no jardim de casa e hoje havia ficado sozinha em casa, António, S/n e Aurora tinham ido passear entre família e Duarte já tinha voltado para Portugal. Bem....eu precisava de um tempo sozinha e isso me fazia bem, porém com tudo isto acho que nada mudou nem mesmo em nenhum aspeto.

Notando a brisa fresca que se fazia sentir perto da piscina e ouvindo o som dos pássaros me acalmava, era algo que eu gostava. Natureza para mim era a melhor coisa que eu tinha como amiga neste momento e eu simplesmente era um ser humano que tinha que contar com isto tudo sozinha.

Se eu provasse que estava aflita ninguém notaria, eu apenas me continha em minha e olhava no espelho pensando na pessoa amarga que me tornei, tirando a a chance ao moreno se ser pai. Eu era a pessoa mais horrível do mundo, eu colocava todas as culpas deste acontecimento comigo, eu chorava sozinha e chorava em conjunto com Aurora.

Deus não me deixe.

Sou apenas uma humana, não me culpem!

— Mamãe! Está tudo bem? A avó telefonou e disse que estavas em casa sozinha, não foste com eles ao cinema?

— Foram ao cinema?

— Sim! Está tudo bem mesmo, tenho notado que estás bastante mal ultimamente.

— Não se passa nada Ferran está tudo bem comigo sério.

— Eu sei que não, tu é vovó escondem algo. Podes falar eu não irei te julgar por isso!

— Eu....eu...

— Podes falar está tudo bem.

— Eu fui discutir com Clara na empresa o ano passado em fevereiro e nisso eu estava grávida do teu pai. No dia seguinte fui fazer um ultrassom com a Aurora e o coração já não mais batia.

— Oh mamãe! Vem cá vem. Não fiques assim, Clara gostava mesmo de chatear as outras pessoas.

— Teu pai não vai compreender se eu falar. Eu estou sendo pressionada a falar para ele ou essa pessoa conta ao teu pai!

— Quem é esse pessoa?

Se eu de facto lhe disse-se Ferran não iria descansar até o achar é muito provavelmente não sairia só por palavras mas sim por uma confusão tremenda que teria que envolver seu pai também. Era difícil demais a minha posição, nunca foi tão difícil dizer uma coisa como esta.

Eu tentava esconder a minha dor o máximo que podia porém nem sempre isso se concretizava. Eu sabia que António não falava comigo sobre o porquê de eu estar desta forma, todavia eu sabia que essa dúvida o corroía por dentro e isso me irritava bastante.

— Não precisas saber, não quero que te metas em confusão querido. Não por mim!!

— Queres que eu fale para ele?

— Teu pai precisa ouvir isso de mim, não de outra pessoa. Séria horrível para mim e para ele se isso acontecesse.

— Tudo bem, vou só ali na cozinha buscar algo para nós comermos e já venho fazer-te companhia!!!

— Obrigada Ferran.

— Nada mamãe. — me beija na testa. —Eu volto rápido!!

Estava tranquila olhando as folhas da árvores mexerem quando num abrir e fechar de olhos noto Nikolas bastante furioso adentrando por o jardim dentro. Ferran não o havia conseguido parar e eu fiz sinal ao moreno para não mais avançar.

— O que fazes aqui Nikolas! Sai daqui, se António te vir.

— Eu vim mesmo falar com ele, porém como ele não está aqui eu mesmo espero aqui e falamos mutuamente com ele!

— Quem vai falar aqui vou ser eu, agora se não te importas eu preciso estar sozinha!!

— Parece que não tens mesmo medo do perigo querida!

— Não me chames assim!

— Um! Dois!! Três!!! O relógio está contando Natasha.

Me agarra pelos braços me colocando ainda mais pressionada em contar hoje mesmo, eu não sabia mais o que fazer com tudo isto. Eu estava num enorme posso sem fim. Era a coisa mais horrível e insensata que fazia.

Eu ficaria desolada se António tentasse algo que se arrependesse amargamente no futuro. Tinha medo que ele fosse preso por fazer o que não devia e este sendo um assunto delicado demorava ainda mais a ser contado para ele.

— Tu pensas que eu vou cair nas tuas jogadas estás enganado Nikolas.

— Cair nas minhas jogadas? Tu parece que não conheces o perigo não é mesmo?

— Eu vou dizer no meu tempo, Nick me larga.

— Tens que lhe contar Natasha! Ele precisa de saber. — me abana já na fúria do ódio. —Ele tem esse direito.

— Tem que me contar o quê? — aparece António por trás de mim. —Alguém me diz o que aqui se passa?

— Queres que eu conte ou eu conto?

— Não sejas assim Nikolas! Para sai daqui, eu mesma falo.

— Não falas nada sabes porquê, porque tu és uma medricas tens medo de ferir os teus sentimentos, porém quem vai ficar desolado em saber vai ser ele.

— Não fales assim com a minha mulher seu babaca! — na primeira investida indo para ele eu mesmo o travo colocando-me perante ele. —Sai da minha frente Natasha!!

— Para António, vamos para dentro. Por favor!!

— Vai Natasha, conta! Conta para ele que lhe tiraste a chance de ter um filho contigo o ano passado. Conta, tens medo que ele fique furioso, mas acho que ficará mais que descobriu isto por outra pessoa.

— Para Nikolas?

— Isso é verdade?

O vendo totalmente sem chão meu único argumento era apenas chorar, eu não queria que ele tivesse sabido desta forma e muito menos por Nikolas. Aquilo estava me matando todos os segundos, meu mundo finalmente havia caído perante mim e especialmente sobre o moreno.

Este era o meu fim, o meu fim nesta família estava mais próximo do que nunca depois desta confusão enorme. Vejo Ferran levando S/n para o canto mais longe desta confusão e tudo isto estava pior do que alguma vez imaginei.

— FALA ALGUMA COISA NATASHA!! — alteia a voz perante mim. —ME RESPONDE.

— É! Me perdoa, eu não queria sério me perdoa.

— Não me toques! Chega, era isto que tanto te afligia e não querias contar? Pensei que confiavas em mim.

— Ela abortou! — indaguei-o o ruivo e eu franzo as sobrancelhas.

— Quê? Natasha! — vendo lágrimas se formarem em seus olhos me magoou ainda mais.

— Não é bem assim, eu posso explicar. Eu fui discutir com Clara naquele dia da empresa e no dia seguinte fui fazer um ultrassom e o coração já não batia! O que querias que eu fizesse hem? Me odeia ok, mas não me julgues por uma coisa que poderia muito bem acontecer a qualquer pessoa.

— Pela cara dele ele nem sabia que estavas grávida!!

— CALA A BOCA! — mutuamente nos pronunciamos perante Nikolas.

— Porque me fizeste isto Natasha?

— Não faças isso, eu errei ok! Devia ter contado que estava grávida mas tive medo da tua reação.

— Reação? Foi sempre o que mais quis contigo! — fala e logo sai dali abalado. —Não venhas ter comigo.

— António! Não espera.

— JÁ DISSE PARA NÃO VIRES ATRÁS DE MIM!!

Aquilo me tinha magoado bastante e agora Nikolas fez de tudo mesmo para que António se chatear comigo. Eu ainda não estava preparada para lhe contar, errei em não falar para ele. Sim! Errei, mas qual ser humano não erra numa circunstância destas....eu não consigo imaginar a minha vida sem ele, não consigo ver o outro lado da vida sem o amor da minha vida.

Deixei Nikolas falando sozinho e fui ter com António no quarto, o moreno não esbravejou uma única palavra e aquilo me magoava bastante. Eu sabia que tinha sido uma idiota e ele tinha todo o direito em ficar chateado comigo, porém também tinha que ver o meu lado de sofrimento.....não foi só António que perdeu um filho, eu também o perdi e fazer o luto sozinha me doeu demais.

— Vamos falar um pouco. Deixa-me explicar bem o que aconteceu.

— ... — sentado na poltrona o moreno nem vontade de me olhar tem.

— Por favor!! Me deixa falar nisso.

Queria que ele me entendesse, queria que ele visse o meu lado e não só o dele. Tentei chegar perto do moreno mas logo se levanta e vai para outro canto do quarto, aquilo me matava por dentro e ver que ele estava furioso demais comigo me magoava bastante. Eu era a pessoa na qual ele depositou toda a confiança e eu fiz o que ele menos queria por minha parte, uma traição destas nem sem como ainda estou aqui no mesmo cómodo que ele.

Indo em direção ao closet, pego nas minhas malas e começo a organizá-los uma por uma. Eu já não mais fazia nada aqui dentro desta casa, minha única solução era ir embora e muito provavelmente acabar tudo isto. Meu pensamento era sempre de ir e não voltar, porém tinha pessoas aqui dentro que se importavam comigo e que fariam de tudo para que eu e António voltássemos.

Iríamos voltar a ficar juntos? Bem, não sei responder.

— Eu vou embora! Está aqui o anel, obrigada por tudo.

— Onde pensas que tu vais? Colava esse anel novamente na tua mão.

— Vou embora! Estás chateado comigo, eu aqui não faço mais nada.

— COLOCA ESSE ANEL NO DEDO AGORA!!!!

— Ainda vais querer casar comigo depois de tudo?

— Eu tenho que pensar e até lá, tu ainda és minha noiva.

— Eu vou embora. Até António.

Nem uma só palavra disse sobre minha última fala. Ele sabia exatamente que eu tinha que fazer isto e não o pressionar demais como fiz em lhe esconder e depois a verdade veio de quem menos ele queria ouvir. Desci as escadas e logo dei de caras com Ferran e S/n na sala assistindo televisão, ambos ficaram tristes pela minha partida e eu fui obrigada a dar uma desculpa á pequena em relação a este incidente.

Não lhe queria contar a verdade, Ferran sabia e também estava a par de que no momento era a coisa mais acertada a fazer, mesmo isso lhe doendo demais ver que seu pai era duro como uma pedra e via só o seu lado e não o das outras pessoas. Era ruim pensar que ele estava desolado com a minha partida, porém nem uma palavra disse no contrário e me deixou sair de casa sem o menor dos problemas.

Fui para a casa da minha família aqui mesmo em Barcelona e a reação de surpresos em me ver de malas logo notaram que algo de ruim se passava. Eu não lhes queria explicar no momento, mas eles tinham esse direito.....eram as pessoas que eu mais amava e muito provavelmente não me julgariam pelo que fiz.

— O que aconteceu hermanita? — abracei meu irmão mais que tudo. —Ei! Me fala.

— António e eu discutimos e a briga foi feia.

— E ele te expulsou é isso?

— Mais ou menos ele me odeia e eu também me odeio demais, depois do que lhe fiz.

— O quê? Como assim pequena?

— Sabes aquela fez que eu te contei que fui á empresa discutir com a Clara? Bem....eu estava grávida e no dia seguinte o coração do bebé já não mais batia dentro de mim. Eu sou horrível.

— E eu aposto que ele não sabia de nada disso não é?

Me sentando com ele no sofá meu único meio era apenas chorar e chorar. Eu estava a sofrer, António estava a sofrer e todos estavam a sofrer....eu nunca pensei que na minha vida pudesse simplesmente destruir os sonhos das outras pessoas, eu estava aterrorizada com tudo isto. Este aperto no coração estava ficando cada vez pior.

— Ele nem quer olhar para a minha cara. Eu tirei este privilégio a ele! O que eu faço, eu o amo.

— Fica aqui com o pai em casa, eu já volto.

— Vitor! Não espera, não.

Sem nenhuma resposta, o moreno simplesmente se levantou da minha beira e seguiu em direção á porta sem nem dizer mais nada. Eu tinha medo que António se irritasse com ele por uma coisa que causei, eu simplesmente via tudo afundando na minha volta, eu me sentia extremamente infeliz com tudo isto.

💄⚽️💋

António Torres
21:20h - na sala de casa

Eu estava completamente destroçado, já havia discutido com minha mãe hoje, coisa que nunca pensei em fazer e nunca especulei fazer uma coisa destas, porém esta notícia me abalou tanto que nem falar para ninguém eu queria. Vitor, irmão de Natasha também tinha vindo cá tirar satisfações, mas eu não o quis ouvir e o deixava falando sozinho.

Para S/n não presenciar nada disto, minha mãe a levou para a casa de minha irmã. Neste momento era o local mais indicado para a minha pequena estrela, ela não precisava ouvir tudo isto e muito menos descobrir o que aconteceu de tão mal aqui em casa. Eu me sentia péssimo, não queria fazer nada e nem comer eu queria. Minha mãe me havia apresentado o jantar antes de sair, todavia não toquei na comida um momento sequer.

Estava eu e Ferran em casa, o moreno estava no andar de cima a jogar video-game no seu quarto. Pelo menos a última vez que o fui ver ele estava fazendo isso mesmo, agora nem sei mais o que ele fazia e nem o ouvia. Ele era bem crescidinho para pedir ajuda quando precisa-se por isso não tinha que me preocupar, além do mais não ouvi nada a cair por isso ele estava sem segurança.

Eu amava a Natasha, ela era a mulher da minha vida, mas eu estava bastante chateado com ela. Ela me escondeu algo que sabia muito bem que eu iria aceitar no mesmo instante. Suas atitudes foram imprudentes e se eu soubesse que ela estava grávida na altura eu não a deixaria ir discutir com Clara, foi um erro que ela cometeu e quem pagou foi o nosso pequeno e indefeso bebê que nem teve chances de vir ao mundo.

— Ferran! Vem, senta-te aqui. Vem me fazer companhia estamos todos sofrendo.

— Não vou! — autoritário o mesmo começa a subir as escadas.

— FERRAN FONSECA TORRES VEM AQUI Á MINHA FRENTE AGORA!!!

— Não vou já disse. Pensa nas asneiras que fizeste em a deixar ir, ela sofreu como tu estás a sofrer. Claro que era ruim demais ela contar que perdeu um filho por culpa da Clara. Sinceramente pai pensava que eras diferente da mamãe, mas afinal estás a tornar-te igualzinho a ela.

— Mais respeito quando falas comigo meu menino! Eu sou o teu pai e posso muito bem colocar-te fora de casa.

— Eu já sou crescido para saber o que está certo ou errado. Eu sei que Natasha até possa ter errado em não contar que esperava um filho, mas ela estava insegura. Ela nunca iria abortar uma criança, era filho dela!!

— Era um menino?

— Eu não sei, pergunta para ela. Agora me deixa ir.

— Ainda não acabamos aqui. — esbravejo o segurando no braço. —Eu preciso de saber se mais alguém sabia!!

— Eu! A vovó e a tia.

— O quê? Todos vocês me esconderam isto de mim por este tempo todo? Que bela família que eu tenho de facto, me ocultando uma coisa assim.

— Para! Não gostas que ela tenha ocultado isso ok a pune mas não penses que eu vou deixar de a amar pois eu não farei isso. Ela é como uma mãe para mim, mais mãe que a minha verdadeira alguma vez foi.

— Para! Para com isso, estás com atitudes de crianças?

— Atitudes de crianças? Ouve, não fui eu que não a deixou explicar e a deixou ir embora sabe-se lá para onde. Quem sabe se a esta hora ela não estava na rua sozinha precisando de nós?

Ferran tinha razão! Eu estava sendo um completo idiota e não a ter ouvido foi a pior coisa que fiz. Eu não sabia onde Natasha estava agora e isso me magoava bastante, muito provavelmente estava na casa do seu pai, como também podia não estar. Ela podia estar em apuros e eu aqui sentado sem fazer nada.

Era irritante o facto de eu a odiar, mas a amar ao mesmo tempo. Nunca nenhuma mulher tinha feito eu me sentir desta maneira, ela sem dúvida tinha qualidades que eu ainda estava decifrando com o tempo. Nunca vou pensar em terminar o noivado com ela pois eu sei que isto tudo se irá resolver e eu vou correr atrás dela para nos casarmos, mas eu precisava de um tempo sozinho para pensar.

Eu tinha esse direito!

Ela me pertencia! Ela era minha mulher e a futura mãe dos meus filhos, mesmo que isso demorasse eu sabia que o seu desejo era ter filhos mas se ela engravidou e não o abortou era porque o queria. Eu tinha que entender a sua parte, porém era complicado para mim como homem. Isto doía, doía respirar, doía falar e doía tocar em quem se fosse. Para cada canto que olhava a via, era desagradável esta sensação.

— Para! Estás a magoar-me com isso.

— Magoando? — ri sarcasticamente. —Sinceramente pai eu espero que te arrependas do que estás a fazer.

— Chega! Para o teu quarto agora.

— Eu vou, mas sabes para quê? Fazer as malas e só voltar quando a mamãe também voltar. Ela sim precisa do meu apoio e não tu.

— Tu não vais não!

— Vou já tenho idade o suficiente para fazer o que bem quero. Vou fazer as malas e só voltar quando tudo isto acalmar!!

— Ferran! Volta aqui agora. — o vejo subido as escadas e logo jogo o abajur ao chão. —DROGA!!!!!!

— Além do mais! — acenta do cima das escadas. —Ela te ama de corpo e alma, ela te ama com devoção. Agora pensa bem antes que eles a roubem de ti novamente.

Era impressionante a qualidade que Natasha tinha para ninguém conseguir a odiar neste momento, nem mesmo eu estando neste estado o conseguia fazer. Ela era especial para todos nós especialmente para mim e para os meus filhos, eles a amavam como uma mãe.......mãe que Núria em tantos anos nunca conseguiu ser. Eu lembrava da minha noiva todos os segundos, todos os minutos e todas as horas, eu morria por dentro em não a ter perto de mim.

Eu me odiava num nível astronómico, eu sentia falta dela perto de mim, eu sentia falta do seu toque, eu sentia falta do seu sorriso e dos seus olhos olhando os meus. Eu não conseguia colocar ninguém acima dela, eu precisava de ser amado por ela.....eu precisava a desculpar, todavia eu sabia que ambos precisávamos de um tempo para colocar tudo em ordem.

— Vais mesmo embora? — me pronuncio na porta da cozinha. —Ferran! Por favor!!

— Minha decisão foi tomada no mesmo momento em que te avisei, agora vais ficar aí sozinho!

— Filho.

Saí de casa e fiquei lá sozinho, sem ninguém para responder. Bem, era exatamente o que eu merecia por parte das pessoas próximas a mim. Merecia isso e muito mais por não perceber que a morena ainda estava com medo, especialmente por estar carregando um filho meu, um filho de alguém tão importante no mundo dos negócios.

Quando voltei para a sala, percebi que minha mãe havia chegado, mas não disse uma palavra para mim. Bem, eu também merecia esse desprezo da parte dela. Nunca antes na minha longa vida eu tinha falado daquele jeito com ela. Confesso que perdi a cabeça, não a agredi fisicamente, mas usei palavras que a machucaram profundamente. Eu era um pai, um filho e um noivo terrível.

— Mãe! Podemos falar, por favor.

— O que queres António? Tenho mais que fazer agora.

— Me perdoa, eu não queria ter falado aquilo, eu sei que fui um tolo em não a ouvir, mas aquilo me magoou bastante!!!

— Se soubesses o que nós mulheres pensamos quando engravidamos de homens como vocês não falariam isso, isso nos magoa profundamente. Vocês pensam apenas que nós só queremos engravidar e casar para roubar o vosso dinheiro, mas nesse aspeto estão muito enganados.

— Eu nunca pensei nesse prisma! Natasha não é essa mulher.

— Pois não é, mas tu fizeste senti-la como se fosse a rebaixando como ela não fosse nada! Ela é um ser humano, tem sentimentos como todos nós. Ela só estava a proteger-se.

— Mãe!!!!!!

— Chega António se eu não voltar a ver a Natasha aqui em uma semana podes esquecer para sempre de mim.

— Não digas isso, eu preciso de ti.

— Precisas? Ou só queres te proteger!

— Para aquilo me magoou não digas isso, tu me amas. És minha mãe, não podes simplesmente deixar de gostar de mim de um dia para a noite.

— Não posso? Claro que não, meus filhos são o bem mais importante que eu tenho na vida. Mesmo eu estando chateada contigo, eu não consigo parar de te amar incondicionalmente.

— Então perdoas-me?

— Vou pensar e amanhã digo-te algo. Agora deixa-me sozinha!!

Com aviso prévio avisei minha mãe que sairia de casa e tentar colocar a cabeça no lugar. Pelo menos tentar fazer isso, pois no meio de tantos pensamentos e emoções meu corpo era o meu lugar mais frágil neste momento. Não havia encontrado o carro da Ferrari por isso decidi ir no carro habitual que os seguranças iam, eu acho que neste estado todos sabiam que eu não tinha que dirigir e muito provavelmente tinham escondido a chave.

Tentar encontrar um caminho de volta á luz era uma coisa um tanto ao quanto duvidosa, mas em algum momento eu teria que encontrar essa luz. A partir deste momento eu tinha quatro dias para o fazer, quatro dias para colocar novamente Natasha em nossas vidas, em minha vida.

— Lopez, podes conduzir até á casa do pai da Natasha?

— Claro senhor!! — olha para o retrovisor.

Eu precisava de pelo menos saber que ela estava bem, eu precisava saber que ela se encontrava em segurança e não passando necessidades. Eu a queria mais que tudo neste mundo neste preciso momento, eu queria lhe dizer o quão arrependido eu estou por a não deixar EXPLICAR e por eu ser um idiota que não a ajudou quando mais precisou.

Se ela não me aceita-se de volta eu iria morrer, eu precisava ouvir da boca dela que a morena ainda me amava eu precisava que ela entendesse que eu também tenho sentimentos que também foram magoados ao longo do tempo, foi ruim e difícil para mim processar isto tudo, mas quem não erra na vida não é de facto um ser humano com SENTIMENTOS.

Pedi para parar a poucos metros da casa dela e logo fui a pé em frente á propriedade. A casa era simples e isso era bom, foi ai que me lembrei da ÉPOCA em que minha mãe me levou a mim e á minha irmã á sua antiga casa, á casa onde ela conheceu o nosso pai. Eu estava vidrado em ver se ela pelo menos vinha cá fora para pelo menos eu me DESCULPAR da forma que a tratei, pelo menos eu tinha essa esperança.

Deus ouviu meus PENSAMENTOS e logo a vejo a ir ao carro tirar algo da porta do motorista, era a minha chance e não podia perder isso. Eu tinha em mente que tinha agido mal, me acerco dela e logo ela para tentando perceber quem estava atrás de si, um SUSPIRO por minha parte foi gerado e logo vejo seu tronco virando para mim, seu olhos se encheram de esperança, porém acho que nem eu nem ela sabíamos se poderíamos contar com isso nesta ocasião.

Este era o único momento das nossas vidas no qual nunca esqueceríamos, ficamos vários, longos, extensos minutos sem nos falar, porém tanto eu quanto ela sabíamos que isto era preciso, silêncio por vezes nos acalmava antes de dizermos algo que não queríamos. Por vezes eu queria congelar o tempo na altura em que a morena soube que estava grávida, eu não queria que isto tivesse a acontecer e era doloroso para ambos estar a SOFRER por pessoas que gostavam de magoar nossos sentimentos.

— Preciso me desculpar contigo!

— António por favor, eu sei que te magoei demais. Não venhas dizer que tens a culpa no meio de isto tudo porque não a tens, a culpada aqui sou eu e apenas eu sou a culpada dos meus atos.

— Ninguém te culpa por nada, eu não culpo. Tudo o que eu que.....

— Eu me culpo, sempre me culpei por não te dar o filho que tanto desejavas comigo. Isso me consome até aos dias de hoje e...........hoje especialmente essa dor está insuportável.

— Eu quero remediar as coisas, eu quero me casar contigo, eu quero construir uma família a teu lado. Uma família que ambos queremos e eu sei que é verdade por tua parte. Eu tentei ver apenas o meu lado, todavia eu sempre me enxergava apenas a mim e somente a mim. Subestimei muitas vezes eu mesmo para conseguir dar uma vida digna ás pessoas que amava eu sempre gostei que alguém me amasse incondicionalmente e por fim encontrei essa pessoa.

— ...

— Essa pessoa és tu Natasha! Tu és a mulher da minha vida, a mulher que me vez ver que nada nem ninguém neste mundo está acima de ti como noiva e futura esposa. Não te importas com dinheiro mas sim apenas por seres amada, eu admito fui um tolo em não te deixar explicar, mas sabes que o Nikolas não nos facilitou em nada.

— António eu.... — coloco o dedo indicador em sua boca.

— Me deixa terminar! Eu sempre soube que eras tu. No dia em que coloquei os meus olhos perante os teus eu vi a minha restante vida contigo, vi os meus longos anos contigo e os nossos filhos. Eu te amo como nunca havia amado ninguém na vida, eu sei que por vezes eu sou inseguro perante as pessoas e mostro as fraquezas para todos.........................mas eu tenho medo, tenho medo de perder as pessoas que amo. Eu tenho medo de te perder.

— Posso pensar?

— Podes, mas eu quero que saibas que eu esperarei por ti até ao fim dos tempos. Eu esperarei por ti pois és somente tu a mulher que eu quero ao teu lado, eu esperarei pois eu sei que tu me amas e precisas pensar de como a tua vida mudará daqui para a frente. Eu te amo amorzinho!

— Eu também te amo Torres.

Sem grandes oportunidades nos despedimos sem muito alarido e logo retornei para casa. Todas as luzes estavam apagadas, minha mãe provavelmente estava a dormir por isso nem a quis incomodar e dizer-lhe se havia chegado em casa. E de repente captei um som vindo do quarto da minha filha, fui ver o que se passava. Bato na porta e obtive uma resposta, era S/n, pensava que ela tinha ido para a casa dos primos, porém ela achou mais adequado vir para cada ainda mais com tantas coisas acontecendo.

— Pequena pensava que ias ficar na casa da tia esta noite?!

— Vim para cá, pedi para a titia me trazer e ainda encontrei a vovó a dormir do sofá e depois fomos cada uma para o seu quarto.

— Podias ter ligado anjinho, eu iria te buscar! Vá dorme um sono bem revitalizante.

— Tu e a mamãe vão casar né?

— Claro que sim anjinho que pergunta. O papai e a mamãe só estão a passar por um momento complicado!

— Complicado? Tem haver com o meu irmão, fui ter com ele no quarto, mas ele não estava. Ele me odeia? O problema é comigo?

— O quê? Claro que não princesa, ninguém aqui tem culpa. Hoje o maninho foi só para a casa da mamãe, amanhã ele está de novo connosco vais ver.

— Tudo bem, bons sonhos para ti papai.

— Para ti meu raio de sol! Para ti também.

S/n era aquela pessoa que eu precisava no momento, tudo o que eu precisava era a voz dela e a consegui ter. Ela acalmou o meu intimo de diversas formas diferentes, minha filha era tudo para mim, minha zona de conforto era ela, meu mundo girava em torno dela. Tudo era ela e tudo fazia sentir a ela.

Meu coração estava em ferida, mas a ferida mais delicada da vida!

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