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But there's a scream inside
that we all try to hide
We hold on so tight, we cannot deny
Eats us alive, oh it eats us alive, oh
Yes, there's a scream inside
that we all try to hide
We hold on so tight, but I don't wanna die, no

• Bird Set Free - Sia •
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Frase do capítulo:
-Me fizeste o teu pior inimigo e agora arcarás com as consequências dos teus atos!!

António Torres, 2016

💄💋⚽️

António Torres
21:10h - na empresa

Tentar encontrar algum vestígio no meio da pilha de papéis na secretária de Patrícia era como procurar uma agulha no palheiro. Já estava há mais de trinta minutos naquela tarefa, sem sucesso em localizar os documentos com a morada de Clara. Todos os papéis importantes dos chefes de cada setor estavam sob a responsabilidade da morena, e somente ela sabia exatamente onde os guardava.

Nunca fui bom em procurar coisas, especialmente papéis que não eram meus. Sentia-me um desastre total, e o peso do que Clara havia se tornado nos últimos tempos só aumentava a minha frustração. Ela, que antes era tão vibrante, agora parecia amarga, fria e sem qualquer traço de compaixão. A chegada de Natasha só piorou a situação. Não gostava de brigar com mulher nenhuma, mas Clara havia ultrapassado todos os limites. Se eu fosse Natasha, teria processado aquela mulher sem pensar duas vezes.

— Está à procura dos papéis da morada de Clara? — a voz de Patrícia me tirou dos pensamentos. —Segunda gaveta à direita. Gire a chave duas vezes.

— Obrigado.

— Não faça nenhuma asneira, senhor.

— Ela não me deixou escolha!

— A chefe Natasha não vai gostar disso, e o senhor sabe muito bem disso.

— Natasha não tem que gostar de nada agora! — respondi, furioso, enquanto batia os punhos contra a mesa. —Desculpa, Patrícia.

— Não precisa se desculpar, eu entendo o seu lado.

Minha irritação estava no limite. Segui as instruções dela, abri a gaveta e peguei a capa com os documentos. Folheei rapidamente até encontrar o que procurava, tirei uma foto da morada de Clara e devolvi tudo ao lugar exato de onde havia retirado. Agora precisava do papel que meu pai prometera assinar, e sabia que ele costumava ficar até tarde na empresa. Dirigi-me ao seu escritório para resolver aquilo de uma vez.

— Vais mesmo lá? — perguntou meu pai, ao me entregar o papel assinado. —Aqui está. Tens que assinar também. E agora, também tens poder para despedir.

— Hum! — peguei a caneta, assinei o documento e saí apressado pela porta.

Minha raiva por Clara só crescia a cada segundo. Entrei no carro, joguei o papel no banco do passageiro e saí dirigindo pela cidade. Nunca imaginei que ela morasse tão longe. Encontrar a rua certa foi uma tarefa por si só, mas consegui.

Não tinha a menor vontade de discutir com ninguém naquela noite, mas Clara precisava entender de uma vez por todas que eu não era dela e nunca seria. Apertei o volante com força, tentando me concentrar e controlar a onda de emoções que ameaçava me dominar. Porém, naquele momento, parecia quase impossível evitar que a raiva me consumisse por completo.

Alguns minutos depois, já me encontrava em frente ao prédio onde Clara morava. Saí do carro, fechei a porta com força e respirei fundo, tentando reunir algum autocontrole. Mas era impossível. Aquilo havia passado de todos os limites.

Subimos pelo elevador e, ao chegar ao segundo andar, toquei à campainha. Eu, Patrícia e os seguranças aguardamos alguns minutos, mas ninguém atendeu. Suspirei impaciente e toquei novamente, com mais força.

— António? Patrícia? — Clara finalmente abriu a porta, surpresa.

Entrei como um furacão, ignorando qualquer cordialidade. O cheiro de comida vinha da cozinha, e a mesa da sala estava cheia de coisas. Nada disso me importava.

— Explica-me agora o porquê! — gritei, encarando-a.

— Não estou a entender. Do que estás a falar? — respondeu, fingindo inocência.

— Sabes exatamente do que falo. Natasha! — tentei avançar em sua direção, mas Patrícia segurou meu braço. —O que ela te fez de tão grave para merecer o que fizeste?

— Ela mereceu! E se vieste até minha casa para defender essa mulher como se fosse a última do mundo, poupe o discurso. Ela não é nada especial! Eu estou aqui para ti e sempre estive. Ela não te merece!

— NÃO FALES DELA DESSE MODO! — explodi.

Peguei o documento que trazia comigo e mostrei-o a Clara. Ela olhou para mim e para o papel, claramente confusa.

— O que esperas que eu faça com isso? Que assine? Nem penses. Nunca assinarei isso!

— Patrícia, segura-me, porque eu juro que perco a cabeça! — murmurei, furioso, enquanto ela tentava me conter.

— Eu nunca devia ter emprestado o meu carro, se fosse para isso! — disse Patrícia, indignada.

— Foste uma tola, isso sim. Sempre foste! O teu carro serviu perfeitamente para o que precisei, e Natasha só sobreviveu por sorte, pelo que soube.

— Como podes ser tão cruel? — gritei, levantando a mão e acertando Clara com um estalo. Patrícia se colocou entre nós as duas.

— Patrícia, sai da minha frente agora!

— Senhor, por favor, acalme-se. Clara, assina os papéis, e saímos daqui imediatamente!

A situação estava totalmente fora de controle. Nunca na minha vida imaginei que me veria numa discussão tão acalorada, ainda mais com uma mulher. Mas Clara havia ultrapassado todos os limites. Ela era especialista em me tirar do sério. Sentando-me no sofá, respirei fundo, tentando não perder a cabeça.

— PARA! — Clara gritou, parando de andar de um lado para o outro. Ela se colocou na minha frente, desafiadora.

— Patrícia, deixa-nos a sós.

— Senhor!

— Agora! — gritei, apontando para a porta. Patrícia relutou, mas obedeceu, deixando os papéis sobre a mesa antes de sair.

— Vais-te arrepender amargamente de me haveres conhecido, Clara! Se Natasha não te processar, eu mesmo o farei.

— E eu irei processar-te por agressão. Que tal? O mundo adoraria saber que António Torres, o magnata, agride mulheres.

— Faz o que quiseres. Mancha a minha imagem, não me importa. Mas uma coisa é certa: nunca me terás, Clara. Disso podes ter certeza.

— Isto tudo é ridículo! Já disse que não vou assinar nada.

— Como é que é? — agarrei o braço dela, obrigando-a a sentar-se novamente. —Vais assinar isso agora, ou não saio daqui. Estamos entendidos?

As coisas finalmente pareciam estar a esfriar, mas eu sabia que era só uma questão de tempo até ela aprontar novamente. Clara era especialista em testar meus limites, e isso me deixava completamente louco.

— Estou à espera, Clara! — avisei, apontando para a caneta sobre o papel.

Ela se levantou, como se fosse ignorar mais uma vez minha ordem, mas a fiz sentar-se de novo. Eu precisava daquele maldito papel assinado, e precisava para ontem.

Se arrependimento matasse, eu já estaria morto. Devia ter ouvido Natasha. Devia tê-la despedido há muito tempo. Tanto ela quanto Patrícia sempre me alertaram sobre Clara, e eu, teimoso, nunca dei atenção. Agora estava preso nesse inferno.

— Se pensas que eu vou assinar, estás muito enganado! — Clara disse com desdém, cruzando os braços.

— Vais assinar, nem que eu tenha de prender a outra mão e forçar a tua esquerda a escrever a assinatura. Estamos entendidos? — respondi, mantendo o tom firme.

— Isso não vai ficar assim, António. — Ela terminou de assinar o documento com raiva estampada no rosto. —Estamos entendidos?

— Não me ameaças, Clara. Sabes bem do que sou capaz.

— E eu...

— Senhor, temos de ir! — Lopez interrompeu na porta. —Os vizinhos já estão a espreitar para saber o que se passa.

— Já vou, Lopez. Obrigado pelo aviso. — peguei o documento da mesa e encarei Clara uma última vez. —Amanhã quero a tua antiga sala na empresa vazia quando eu entregar isto ao meu pai.

— Hum! — ela deu de ombros, desdenhosa, e eu saí batendo a porta com força.

A raiva fervilhava em mim enquanto descia as escadas. Não confiava em ficar num elevador pequeno com mais três pessoas naquele estado. Sentia-me destruído por dentro, mas ao menos estava aliviado. Clara estava oficialmente fora da empresa. Um passo à frente que valia por mil.

Planeava guardar o documento em casa, num local que apenas meus pais e filhos conheciam. Natasha, até hoje, nunca precisou saber desse esconderijo, mas agora eu tinha de contar. Estava na hora de incluí-la em tudo, principalmente porque a queria como minha esposa.

Cheguei em casa sem demoras. Era meia-noite de uma sexta-feira, e no hospital Ferran e S/N dormiam no sofá enquanto cuidavam de Natasha. Aquela cena aqueceu meu coração. Eu os tinha criado de forma que até eu me admirava. Natasha também dormia, e com a cirurgia marcada para o início da tarde do dia seguinte, decidi não acordá-la.

— Ferran! S/n! — sussurrei, cutucando-os suavemente. —Crianças, vão dormir em casa. Eu fico aqui com ela. Os avós de vocês já perguntaram por vocês.

— Não podemos ficar aqui com vocês? — S/n perguntou, com os olhos pesados de sono.

— Filha, está tarde, e o hospital já fez uma exceção para vocês ficarem até agora.

— Hum, tudo bem. — ela suspirou, chamando o irmão. —Vamos, maninho. Nuno e Ryan nos levam para a quinta.

— Isso mesmo. Comportem-se. Papai ama vocês muito.

— Também te amamos. Dá um beijo nela por nós quando ela acordar.

— Dou sim. Durmam bem.

Depois que saíram, voltei ao quarto de Natasha. Ficar perto dela era o que mais me acalmava. Os seguranças já tinham terminado o turno, mas ordenei a Lopez que não descontasse as horas extras. Deitei-me no sofá, cobri-me e peguei no telemóvel para ver as mensagens.

Eram tantas que eu nem sabia por onde começar. Desde ontem à tarde eu não o usava, e confesso que não fazia questão de responder à maioria. Contudo, algumas mensagens exigiam atenção.

— António? — ouvi a voz fraca de Natasha. Ela mexia-se na cama. —Preciso ir ali.

— Oh, meu amor, não sei o que fazer. Diz-me, e eu faço. — levantei-me de imediato, beijando-lhe a testa. —Queres que chame as enfermeiras?

— Sim, preciso.

— Já vou. Elas sabem melhor como te ajudar.

Enquanto as enfermeiras atendiam Natasha, recebi uma chamada do advogado da família. Não fazia ideia do porquê de ele estar acordado a essa hora, mas devia ser algo urgente.

Quando Natasha voltou à cama, as enfermeiras a colocaram confortavelmente. Entretanto, eu ainda estava ao telefone, escutando o advogado falar sobre Clara. A cada palavra, o aperto no peito aumentava. O que tinha feito naquela casa...aquilo pesava mais do que eu gostaria de admitir.

Natasha não parava de me observar, e o meu olhar preocupado só fazia com que ela desconfiasse de algo que eu não queria que ela soubesse, especialmente naquele momento em que estava tão vulnerável. Clara, sinceramente, era uma mulher muito pior do que eu imaginava. Ela estava disposta a fazer qualquer coisa para ficar comigo, mas eu sabia que não a deixaria tirar proveito disso. Não, de jeito nenhum.

De repente, minha mãe apareceu no corredor como um furacão, vindo em minha direção. Eu sabia que estava prestes a ouvir a bronca do ano.

— Onde é que tu tinhas a cabeça para fazer isso? — ela exclamou, batendo com os punhos no meu peito. —Tu estás maluco, António?

— Eu posso explicar tudo... — tentei defender-me, mas aquilo era a última coisa que eu queria: discutir com minha mãe. Nunca havia feito isso e nem conseguia imaginar algo que me destruísse mais do que a ideia de levantar a voz para ela.

— Ela me estressou, só isso! — falei, tentando justificar, mas minha mãe não parecia disposta a me ouvir.

— E se eu, ou a S/n, ou até mesmo a Natasha, te estressássemos? Também partirias para a violência? — ela gritava, fazendo Natasha olhar para fora do quarto. —Responde, caramba!

— Não! — respondi, em um tom mais baixo, mas ainda nervoso.

— Então me explica, António. Sabe o que eu pensei? Era para o teu pai ter atendido a chamada do advogado, mas ele pediu que fosse eu. Imagina o que ele faria se soubesse que bateste numa mulher? Não te ensinamos assim, porra! — ela começou a chorar enquanto me abraçava. —Por que fizeste isso?

— Ela não me deixou alternativas... — eu disse, o peso da culpa tomando conta de mim.

— Se ela levar isso a tribunal, sabes bem quem terá que testemunhar, não sabes? — ela me olhou firme, esperando uma resposta.

— Sei...Núria e Natasha... — respondi, cabisbaixo. —Mãe, por favor, não contes a Natasha! Ela vai passar por uma cirurgia.

— Ela tem que saber, António. Sabias disso? — ela olhou para mim, mas eu não consegui olhar de volta.

— Eu sei... — suspirei profundamente, sentindo-me devastado. Minha mãe me abraçou com mais força, e aquela foi a pior sensação de culpa que já experimentei.

Naquele momento, percebi que aquele era, sem dúvida, o pior dia da minha vida. O acidente, a confusão, e saber que minha mãe estava chateada comigo, foi o gatilho para o meu colapso emocional. Eu nunca havia agredido uma mulher, e aquele erro me devastou por completo. Eu não desejava que nada disso tivesse acontecido, e sabia que Patrícia seria uma testemunha, o que só piorava a situação.

— Eu vou resolver isso! — minha mãe disse, com a voz firme, mas eu sabia que não poderia impedi-la.

— Mãe, não faças isso... — pedi, mas ela já estava determinada.

— Não me deixaste alternativas. Até daqui a pouco. — ela saiu, e eu fiquei ali, paralisado pela culpa e pelo desespero.

Entrei no quarto, mas Natasha já estava acordada, e as luzes estavam acesas. Sentei-me ao lado dela, mas nem sequer 10 segundos se passaram e ela me chamou. Provavelmente também queria me puxar as orelhas, já que as portas não abafavam muito o som, e eu sabia que ela estava ouvindo tudo do corredor.

— Tu...bateste na Clara? — Natasha perguntou, sua voz vacilante, misturando preocupação e surpresa.

— O quê? Que conversa é essa? — fiquei chocado, mas sabia que não podia mentir. Precisava ser sincero. —Sim...me desculpa, mas ela não me deixou alternativas.

— Nós já discutimos várias vezes, mas serias capaz de me dar um estalo se a Aurora nunca chegasse a tempo? — ela fez a pergunta com uma calma tensa que me pegou de surpresa.

— Claro que não, Natasha! Eu nunca bateria em nenhuma mulher, muito menos em ti. Por favor, não fique chateada comigo. Eu nunca quis que isso acontecesse.

— Me deixa pensar um pouco... — ela pediu, virando a cabeça para o outro lado, claramente afastando-se de mim.

E foi aí que percebi. Eu tinha perdido a confiança dela, talvez para sempre, por causa de uma estupidez minha que me arrependo profundamente. Ela virou a cara para o outro lado da cama, e eu fiquei ali, sem poder fazer nada além de viver com essa culpa, esperando que algum dia ela me perdoasse.

Deitei-me no sofá, coloquei o celular no mudo e deixei-me adormecer, derrotado. Nunca antes tínhamos dormido brigados, mas, como ela disse, existe uma primeira vez para tudo. Agora, ela me odiava profundamente. Eu sabia que tinha arruinado tudo.

💄💋⚽️

Aurora Torres
13:00h - no hospital, dia seguinte

Era já de tarde em Portugal e digamos que Natasha ainda não havia expressado uma palavra sequer com António, eu também não devia ter falado com ele em frente ao quarto. Me sentia culpada por ela estar neste estado ainda mais uma hora antes da cirurgia para a perna. Eu notava em seu olhar amoroso que a morena se queria reconciliar com ele, todavia ter que imaginar que também lhe poderia acontecer era visivelmente catastrófico.

Eu precisa de uns dois minutos para lhe dizer para se desculpar com ele, ela precisava disso e se fosse para o bloco sem tomar essa atitude tudo poderia correr mal e António não iria se desculpar nunca mais com ele e muito menos comigo. Meus quatro netos estavam em volta da cama com Natasha por isso foi um meio de falar com meu filho á parte e lhe explicar que tinha que ser verdadeiro com Natasha contasse o que custasse.

— Como eu faço isso! Eu me sinto horrível mãe.

Fiz um carinho em seu rosto e logo peço permissão para falar com Natasha a sós, eu sabia que a morena já sabia exatamente o que eu iria falar mas mesmo assim desconfiou para não deixar eles confusos. António os levou para comprarem algo na máquina e logo começo a esbravejar minhas primeiras palavras.

— Tens que o desculpar querida!

— Como se isso fosse a coisa mais fácil de se fazer Aurora. Ouvir ele admitir que lhe bateu me deixou estagnada no meu passado.

— Eu compreendo, todavia ele nunca iria bater nas pessoas que ama eu juro por tudo que me é mais importante. Ele não faria isso!

— Eu não sei se o desculpo agora ou depois da cirurgia.

— Quer mesmo a minha opinião?

— Não. — murmura rindo e ajeitando-se na cama. —Eu sei o que pensa.

Ambas sabíamos que aquela cirurgia tinha os seus riscos e se ela não se desculpasse por agir daquela maneira com o moreno podia simplesmente arrasador para ele se António descobrisse que a cirurgia não tinha corrido bem. Chamei novamente António e disse para os seguranças manterem as crianças o mais afastadas da porta. Aquilo era um assunto que eles não precisavam escutar.

— Me descul..... — um beijo ofegante foi criado por ambos após o mesmo se sentar na cama. —Eu não queria nada disto. Me desculpa, mas eu não sabia como reagir depois de me confirmares.

— Eu é que tenho que te pedir desculpa. Eu nunca faria nada disto contigo e nem com outra mulher, aquilo foi um erro que tenciono corrigir da melhor maneira possível e de uma forma que não prejudique a tua recuperação.

— O erro já foi corrigido!! — sorriu cruzando os braços.

— Como assim já foi corrigido mãe?

— Eu apenas falei com ela e hoje de manhã o advogado telefonou e disse que ela retirou a queixa.

— Mas como fizeste isso?

— Tenho dotes filho, além do mais ela não irá mais incomodar nenhum de nós eu vos prometo.

— Agora quero saber como fez isso com ela Aurora. — rindo ambas colocamos o moreno confuso. —Se for como estou a imaginar a esta hora ela já deve estar numa ilha remota e sem acesso á internet.

— O que vocês as duas estão falando aí? Me podem expli...

— Explicar o quê? — indaguei-o Duarte com um ramo de rosas pelo quarto. —Boa tarde!

— Ok, ok eu conto. Senta-te amor, vamos rir aqui!

— Na noite anterior • 01:40h —

Eu sabia exatamente onde ficava o prédio de Clara pois já lá tinha ido algumas vezes para tirar algumas satisfações das coisas que ela fazia na empresa e digamos que Patrícia me ajudava nessas vezes que precisava "falar" com a loira. Eu simplesmente estava furiosa demais com ela, tinha sido eu a oferecer-lhe este emprego e ela vez isto por minhas costas.

— Aurora? O que faz aqui a esta hora? — surpresa a loira me deixa entrar com meus seguranças. —Passou-se alguma coisa?

— Não te faças de sonsa Clara Maria Hernandez Simmons. Porque fizeste isto com as pessoas que te tiraram de onde te tiraram!

— Eu agradeço do fundo do coração por me terem feito isso e sou eternamente grata, porém António não tinha o direito de fazer aquilo.

— António agiu por impulso e está arrependido, mas não causes mais confusões em sua vida. Nós não abriremos uma investigação contra ti se desapareceres das nossas vidas para sempre!

— Eu não irei fazer isso nem pintada de ouro. — me desafiando sou obrigada a chegar mais perto dela. —A senhora por sua vez sabe muito bem que eu agi da forma correta. Denunciando um agressor!

— Ele não é assim caramba!!! — me alterando grito, mas logo abaixo o tom. —Tu por tua vez sabes muito bem do que também sou capaz.

— Belo exemplo! A família Torres toda barraqueira, tal mãe.....tal filho.

Aquilo me irritou bastante jogo minha bolsa no sofá e me obriga a fazer o que menos eu queria. Dar-lhe um estalo, eu nunca pensei que chegaria neste ponto de bater nela, todavia não me deixou nenhumas alternativas e sinceramente não em arrependo em nada de lhe ter batido.

— Como ousa!

— Para aprenderes a falar o que não deves. Vais aceitar este dinheiro que está no cheque e vais para este lugar e nunca mais voltas estamos entendidos?

— Eu vou pensar.

— Não é vou pensar. É fazer, não ouse a fazer o que não quero estamos entendidas? Saia o mais depressa de Portugal e não volte.

— Aham, agora pode me deixar sozinha?

— Tudo bem.

Aquilo não me abalou em nenhum aspeto e faria mil vezes se fosse preciso para proteger quem me é amado e quem me ama. Ela não terá mais a coragem de vir cá pois eu a avisei e meus avisos prevalecem até á eternidade.

— Atualmente —

— Nossa amor nunca pensei que farias isso! Estou orgulhoso contigo. — me beija Duarte e logo os médicos adentram no quarto.

— Já a vão levar? Não podemos ficar mais um pouco com ela? — é António.

— Temos que a preparar senhor, se quiserem se despedir tem que ser rápido e se quiserem chamar os adolescentes ali fora podem fazê-lo mas tem que ser o mais rápido possível!

— Tudo bem.

Aquilo era para o bem de Natasha e todos nós entendíamos isso. Natasha ter que passar por mais uma cirurgia em tão pouco tempo era desastroso ainda mais pelos riscos que eu e ela sabíamos que podiam ocorrer, ela ainda não tinha restaurado totalmente o seu sangue no corpo, porém nós escolhemos os melhores médicos e enfermeiras do hospital para ficarem com ela.

António foi o último a se despedir e digamos que foi a pessoa que mais tempo ficou com ela a encorajando. Ele era a melhor pessoa para ela disso eu não tenho dúvidas nenhumas. Eu sem dúvida alguma tinha educado meus filhos da maneira correta e eu não me arrependo em nada disso.

Enquanto eu e minha família estivéssemos aqui, a morena estaria segura.

Tempo depois nos obrigaram a sair do quarto e digamos que António estava apreensivo demais com tudo isto, se sentou todavia se colocou novamente em pé. Ele não iria descontrair aqui e muito menos sabendo que a mulher que ama estava sendo levada neste exato momento para o bloco operatório.

— Para um pouco de andar António!! — impaciente ele para bem na minha frente. —Vai com o teu pai para a empresa trabalhar um pouco e leva as crianças, vá.

—Hoje é sábado e além do mais eu não vou sair de perto dela!

— Deixa de ser chato filho, tua mãe tem razão. A cirurgia demorará bastante e além do mais ainda tem o tempo de recuperação que demora mais 1H30min.. Vá vem quando ela vier tua mãe liga pode ser?

— Mas eu....ela vai pensar que eu não me interesso.

Todos rimos da cara dele o deixando confuso.

— Quantas vezes te disse se tiveres sempre pensando no assunto o tempo não passa e além do mais se tiveres aqui o tempo é que não passará mesmo!!

— Tá, tá chatos vocês sabiam. Eu vou mas contra vontade. Qualquer novidade liga mãe.

— Claro vai lá arejar essas cabeça tu precisas!

Meu filho era aquele tipo de pessoa que foi sempre "grudento" com as pessoas que ele gostava, era uma honra presenciar a educação que eu lhe havia dado quando pequeno. Aquilo me deixava ainda mais com o coração quentinho de o ver que ele se interessava.

Além do mais o moreno tinha passado aqui a noite e a manhã inteira, ele precisava de arejar a sua cabeça e sair deste hospital era a melhor coisa que ele podia fazer neste momento. Me prontifiquei a ficar aqui ainda mais porque eu tratava Natasha como filha e como seu pai e seu irmão iriam chegar daqui a pouco eu precisei aqui ficar.

As horas foram passando e sem nenhum sinal de Natasha, todos já tinham vindo e António estava com o coração apertado sem saber de notícias dela e digamos que eu também estava. Ela era bastante IMPORTANTE para todos nós, ela merecia a nossa espera, o nosso amor, o nosso carinho e acima de tudo a nossa compreensão nesta situação delicada.

— Doutor como está a minha mulher? — suspirou António após ver o médico vindo em nossa direção, —Ela está bem não está?

—A cirurgia foi mais complicada do que esperávamos, tivemos que destorcer alguns tendões que estavam em volta um dos outros devido ao impacto do carro nela, porém de resto a cirurgia foi um sucesso! Daqui a pouco a poderão ver.

— Obrigada por tudo doutor. Obrigada mesmo!

Todos nós nos aliviamos de ouvir que Natasha estava finalmente bem e que a cirurgia tinha corrido melhor do que pensava inicialmente. Adentramos novamente no quarto e á estava ela com toda a sua perna ligada, nunca pensei presenciar algo deste género. Aquilo partia o meu coração aos poucos.

— Quando saíres daqui vamos passar o resto da recuperação no quarto. — sorriu o moreno para ela. —Vais recuperar rápido com os meus cuidados!

— Ainda bem que vou presenciar isso, ainda mais pois nem sabes que medicamentos sabes que dar e a que horas. — falo e todos rimos. —É verdade filho! Tens que admitir.

— Estou com saudades do Thor, será que ele sente a minha falta?

— Eu e o Ferran queríamos trazê-lo para te ver mas o vovô não deixou!

— Claro S/n ainda mais um animal daquele tamanho, mas não fiques triste Natasha. Thor não saia da porta do vosso quarto.

— Parece que tem outra pessoa amando a mamãe. Papai vai ficar com ciúmes!

— Mais do que já três homens amam ela? — Indaguei-o Ferran, porém colocou as mãos na boca após presenciar o estrago que tinha cometido. —Não disse nada.

— Que homens? — é seu pai perguntando. —Ferran que homens!!!

— Filho tem calma, ninguém não Ferran está sonhando acordado não é amorzinho? — digo tentando controlar os ânimos.

— James! Rafael!! Nikolas!!! — em forma impaciente a morena olha para António triste. —Eu sabia, Ferran me contou eles os dois estão na cidade.

— Oquê?

Acho que aquilo não devia ter sido dito, porém Ferran tinha uma boca maior que o coração eu diria. O moreno não ficava calado em um só minuto e não guardava nenhum segredo devo confessar e António também não tinha gostado nada do que tinha ouvido.

António mandou todos saírem e digamos que estava bastante chateado com tudo aquilo. Aquela era a pior coisa que podia acontecer, nos deixou ficar seu pai e eu....todavia ele não iria se acalmar tão cedo.

— Quando irias resolver me contar?

— Agora não é o momento para isso! Por favor, eu preciso descansar.

— Não vais descansar até me dizeres se os amas. — disparou suposições que a morena não estava com vontade nenhuma de responder.

— O quê? Por favor não vais começar com os teus ciúmes!

— Isto não são ciúmes é preocupação e caso não saibas estás nestes estado porque uma louca te atropelou. Espero sinceramente que te aconteça o pior agora. — com raiva no olhar o moreno se dirigia mais a ela.

— ANTÓNIO OLIVEIRA TORRES!!! Chega para lá, fora agora.

— Não até ela me dizer se os ama. - assentando seus pés no chão ele não se rendia a ser agarrado pelo pai.

— Sai!

— Agora é sai? Honestamente esperava mais de ti Natasha.

Gritando com a morena sou obrigada a fazer sinal aos seguranças para o tirarem dali e de repente num ápice as máquinas da morena começaram a apitar e sua pressão começou a subir de um nível sem precedentes fazendo com que a morena desmaiasse. Fomos obrigados a sair do quarto pelos médicos e enfermeiras, eu estava bastante chateado com ele.

— Vês o que tu arranjaste?

— Eu não arranjei nada ela é que é assim! — me irrita a resposta dele e logo dou-lhe um estalo.

—Não fales assim dela.

— Mãe!!

— Sai daqui agora. Sinceramente António tu ias bater também nela.

— O papai ia bater na mamãe? — Ferran se aproximando de nós com S/n abraçada a ele. —Como tens coragem de pensar em fazer isso?

— Vês o que causaram? Para mim chega, eu vou embora isso sim. Aqui eu não faço nada.

— Vamos para casa filho! Venham crianças se despeçam da avó de vocês vamos.

— Eu tomarei conta dela, ela á acalmou. Vá vão lá!

Isto daria um caos pior que tudo!

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