20


She's mine
You stay away from her,
it's not her time
'Cause, baby,
I'm the one who haunts
her dreams at night until
she's satisfied

• A match into water - Pierce The Veil •
_________________________________

Frase do Capítulo:
-Com o tempo tu percebes que as pessoas são como livros, alguns te enganam pela capa e outros te surpreendem pelo conteúdo.

Natasha Costa, 2012

💄💋⚽️

S/n Torres
13:22h - Em Barcelona

Estava eu e o meu irmão na sala, em casa e a desenhar algumas coisas. Ja fazia uma semana que estávamos aqui e devo admitir que sentia saudades do meu pai, dos meus avós e de Natasha.

Ambos fazíamos vídeo-chamadas com eles antes de ir dormir, mas não era a mesma coisa...ter eles a conversar e não maior alegria era o que eu sempre queria. Podíamos não ser a família perfeita, mas sempre tinham amor para dar.

A nossa mãe estava no quarto a tirar algumas fotos para a sua nova marca de roupas em parceria com a Luís Vitton, eu nunca entendia o que se passava na cabeça da minha mãe, ela queria-nos aqui, mas poucas vezes estava connosco.

— Olha maninha! Que bonitinha que isto é já viste. Sou eu e tu com o Thor.

— Esta bonito maninho, olha o meu também está bonito?

— Lindo e perfeito. Vou só ali chamar a mamãe no fundo das escadas para ela estar um pouco connosco!

Ferran guardou os desenhos pois ele sabia que a nossa mãe não gostava que nós os fizéssemos ainda mais representando a família. Aqui em casa no cima da lareira tinha o grande quadro da família e eu ainda tinha apenas um ano nessa foto. Digamos que a nossa mãe sentia saudades e se arrependeu de não sei o quê pois os adultos não falavam desse assunto comigo.

— Então crianças chamaram-me? — diz a nossa mãe dando um cafuné no Ferran. —Eu posso acabar o resto das fotos logo. Digam o que querem!

— Queremos a tua companhia ou só trouxeste-nos aqui para provocar o papai?

— Maninho!

— Não mana. É verdade a mamãe sempre gostou de o provocar!

— Ferran chega!!! Eu não me quero chatear com vocês, vocês são tudo para mim e eu só queria passar um tempo com vocês os dois eu tenho essa obrigação não tenho?

— Claro que tens mamãe, Ferran é que está um pouco tenso hoje. Deve ter acordado mal disposto!

— Hum! — murmura ele amuado e ligando a televisão. —Podemos ver um filme?

— Cla...claro que  sim pequeno! — fala a nossa mãe tentando fazer carinho na sua cara mas ele vai para a poltrona. —Bom que filme querem ver?

— Pode ser o Gato das Botas? É lindo e eu e o mano gostamos de ver na casa dos vovós!

— Sim mana excelente escolha.

Mamãe gostava de estar connosco, mas Ferran não facilitava nem um pouco. Eu sei que ele estava a esconder algo e não me queria dizer em relação aos pais, mas mais cedo ou mais tarde eu irei acabar por descobrir.

Ferran já não gostava que lhe tratassem pelo nome do meio e isso me deixa ainda mais triste e a pensar o que tinha acontecido de mal para ele reagir desta forma. A única pessoa que o podia chamar pelo nome do meio era eu, mas ele não gostava disso. O moreno estava numa floresta densa nos seus pensamentos e nem estava a prestar atenção no filme que tinha começado á poucos minutos.

Um misto de emoções percorria-me á medida em que o tempo passava, era idêntico á sensação que Ferran estava sentindo. Aquele não era o momento e nem a hora para falar nada ainda mais quando a nossa mãe estava a gostar de estar na nossa companhia. Estava prestes a desistir de ver o filme e ir para o quarto tirar toda a pressão que estava neste lugar, a tensão era terrível e parecia que os nossos corpos davam choque e não queriam saber um do outro.

As horas foram passando e o filme já tinha acabado, nisso Ferran é o primeiro a se levantar e vai para o quarto eu já não entendia mais nada por isso o segui eu queria tentar e entender o que se estava a passar para o tentar ajudar. Eu sei que era nova mas não era burra e sabia que tinha alguma coisa tinha rolado naquelas quatro paredes.

— Ferran por favor podes dizer-me o que se está a passar e que clima é este? — argumento após me sentar na cama perto dele.

— Não tenho nada o que falar maninha eu não quero que sintas o que eu estou a sentir. E a culpa disto tudo é da mãe que não amou o pai da devida maneira!

— O quê? Não entendo.

— És nova para enten... — fala Ferrran, mas é interrompido por uma batida na porta.

— Ferran o que é que se passa eu posso ajudar!

— ...

— Ferran olha para mim e fala comigo!

— ...

— Maninho ouve a mamãe por favor, eu não quero estragar as nossas duas últimas semanas de férias!

— Não tenho nada o que falar.

— Tens sim pequeno! Fala e eu ajudarei. — diz ela buscando a cadeira e sentando-se perto de Ferran. —Conta o que se passa contigo. — acrescentou arrumando o seu cabelo.

— Queres que te diga? — diz ele na maior raiva. —Ok! Eu digo...não gosto de ti, magoaste quem sempre esteve ao teu lado e passava horas acordado preocupado contigo e na primeira oportunidade que tiveste fizeste com ele o que eu nunca te faria.

— Co...como sabes disso?

— Eu ouvi o papai conversando com o vovô mas isso não vem ao caso, eu não gosto do meu nome do meio e se fosse por mim eu já o teria tirado do nome e colocado Costa.

— O sobrenome da Natasha? — falo eu sorrindo e surpresa pela sua resposta.

— Eu nunca quis fazer aquilo ao teu pai e além do mais o sobrenome Fonseca combina perfeitamente contigo.

— Combina nada, para de mentir! Deixem-me sozinho.

E, na mesma intensidade dos seus sentimentos, as lembranças surgiram como pesadelos aos quais eu tinha uma memória horrível desse tempo. Ignorando o temor em meu interior vou para o meu quarto e sem saber o que fazer, busco o meu diário e começo a escrever nele.

Cada palavra que escrita era dolorosa, cada momento ter que o reviver era desastroso, mas não tanto como Ferran estava...ele podia ter muitos defeitos e ser insistente mas era o meu irmão e não o trocaria por nada neste mundo.

Um frio fez-se presente no meu estômago, e por uma fração de segundos pensei que Ferran estivesse na porta do meu quarto. Parei de escrever e a presença fazia-se sentir cada vez mais perto de mim, viro o meu olhar para a porta e lá estava ele com o seu semblante arrasado...nada me preparava para o que viria a seguir até que ele vem até mim e me abraça com todas as forças me pedindo desculpas por tudo.

Eu não sei por qual razão ele as pedia, ele não tinha culpa o seu cérebro já estava a aguentar muita coisa e em alguma hora acabaria por explodir de tanto estresse e mágoa que ele acabava por acumular.

As lágrimas vieram aos olhos quando ele disse a frase que sempre prevalecia connosco. "—E eu vou recolher estes pedaços se isso nos fizer ainda mais unidos. Mas observa-me fazendo eles mudarem de ideias!" . Quando tudo estava mal esta frase nos deixava ainda mais forte e quando algo acontecia um de nós os dois dizia isso para que o outro pudesse reconfortar o outro.

— Eu te amo maninho! Não deixes que te estraguem o brilho que tens dentro de ti.

— Eu também te amo irmãzinha querida, nunca duvides o que eu sou capaz de fazer para te ver sorrir.

— Eu estou olhando para o paraíso em pessoa, mas nesta hora eu vejo-te caindo até ao inferno!

— Anjos como tu não poderão voar comigo até lá por isso eu estou guardando tudo para mim, pois ver-te sofrer é o que eu não quero.

Nós abraçamos novamente e cada vez que o fazíamos a nossa conexão ficava ainda mais prevalecida. Embora aquilo doesse, eu seria a primeira a dizer que estava errada e devia insistir para ele me falar sobre o que se passava com os nossos pais. Pois provavelmente mais tarde isso seria impossível e poderia acabar por descobrir da pior forma possível.

— Sabes aquela música do Bruno Mars a "Grenade". — argumenta ele fechando o meu diário e o colocando no cima da cama.

— Sim sei mas o que tem haver com tudo isto?

— Eu passo por todo este sofrimento, eu levaria uma bala no meu cérebro por ti. Sim eu morreria por ti maninha!

— Se o meu corpo estivesse em chamas.......tu me assistirias sem fazer nada pois eu não queria te ver junto comigo. — falo completando o trecho da música com um pedacinho de minha autoria. —Eu faria qualquer coisa por ti também maninho!

— Linda garota e com um enorme coração é o que estou a assistir na minha frente.

— Para maninho, vais fazer-me chorar. — digo o empurrando e rindo em desespero para as lágrimas não caírem.

Não demorou muito para as lágrimas começarem a cair sobre a minha cara, a cada lágrima que escorre-se Ferran as limpava, demostrando o amor que ambos tínhamos um pelo outro. Eu acho que se um de nós afundasse o outro afundaria junto pois se um de nós estivesse no topo e o outro a passar pelo abismo o outro faria o contrário e entraria no abismo para o tirar de lá.

Isso é o que irmãos de verdade fazem!

Aurora Narrando.
17:00h - no carro

Antonio tinha saído de carro feito um furacão, James  mandou-lhe um mensagem bastante duvidosa e disse que estava em sua casa com Natasha para os três falarem e resolverem tudo. Ele não tinha dúvidas de que aquilo era terrível, o moreno fazia tudo para o provocar e estava a consegui-lo ainda mais mexendo com a mulher que ele amava. Toda aquela situação era duvidosa.

Após largos minutos António chega a casa dele e ouve uma discussão bem ativa e com vários gritos por parte de ambos na parte da sala. Os seguranças não o deixavam entrar pois não tinham ordens para o realizar, António estava perdendo a cabeça e ainda mais com aquela discussão dentro de casa onde James podia muito bem fazer mal a Natasha.

Para de falar como se ele fosse o único homem do mundo pois ele não é. Eu posso ser assim mas sou muito melhor e tenho mais caráter do que ele alguma vez teve! Ele nunca te faria feliz como eu te farei, tu serás a mulher e farás tudo o que quiseres só basta me aceitares! — diz James gritando perto da morena que cai no sofá mas logo se levanta.

— António é muito mais homem do que tu. Mas queres saber uma coisa? Eu nunca devia ter entrado na vossa vida eu fui um meio para vocês resolverem os vossos problemas e os jogarem para mim!

— Como ousas falar assim! Eu nem sei porque estou a discutir contigo, daqui a uma semana é o nosso casamento e eu quero estar bem para ele. Agora não faças eu perder a cabeça contigo!

— Ou o quê? Vais fazer o quê me bater? É? Vai, força! Ja me bateste antes não seria agora que eu me iria encolher.. — fala o moreno agarrando o seu braço.

— Natasha, minha bela futura esposa! — diz ele acariciando o cabelo dela mas ela logo tira a mão.

— Ah, cala a boca, James.

— NATASHA!!!!

— Continua para tu veres se não vais parar na cadeia.

Naquele mesmo instante James ia levantar a mão para Natasha mas António aparece bem na hora e impede que uma tragédia aconteça.

António! Chegaste bem na hora da festa, bom eu já terminei aqui com a Natasha ela já irá para o escritório vem quero falar contigo primeiro para resolver as coisas.

— Aham! Já vou dá-me só um instante com o chefe dos meus seguranças.

— Tudo bem mas rápido.

António estava arrasado em ver Natasha ali, ele nunca imaginou de que tanto tempo juntos ele pudesse sentir algo tão forte como estava sentindo com ela, porém vê-la, ali na casa do seu rival era desastroso para ele. A situação estava tomada pelo completo caos, era horrível ter que presenciar tudo aquilo, com os olhos em lágrimas ele queria sair dali mas tinha que falar com ela.

— Natasha temos que falar urgentemente! — fala ele com as mãos nos bolsos e a vendo indo para o escritório. —Natasha. — argumenta ele quase gritando.

Raiva!!!!!!!

— António me desculpa.

— Desculpa? — diz ele rindo sarcasticamente. —Natasha tu fizeste-me de bobo este tempo todo brincando com os meus sentimentos e ainda tens a coragem de dizer desculpa? Faça-me o favor!

— Vai parando por aí, no meio disto tudo eu sou uma vítima quanto tu. — diz a morena indo para fora perto do jardim, para falarem mais á vontade. —Se tu achas que eu estou com medo? Eu tenho medo! Tenho medo de me mover de respirar e de inúmeras outras coisas...porém na vida eu nunca brinquei com os sentimentos de outra pessoa!

— CHEGA! Para de mentiras e diz a verdade. Á quanto tempo.

— Á quanto tempo oquê? — exclama Natasha chorando. —Eu posso ter defeitos mas idiota eu já não sou mais.

Aquilo estava no limite, ambos estavam desconectados da realidade e não diziam coisa com coisa. Estavam na beira do abismo e se um afundasse o outro afundaria junto sem nem pensar duas vezes, tudo era uma autêntica catástrofe.
Natasha levantou a mão e deu um estalo em António após o mesmo a abordar como uma mentira.

— Eu não quero perder-te! Eu não iria sobreviver, e isso é culpa tua. Tu fizeste com que eu te amasse...tu deixaste-me entrar na tua vida para depois me deixares em pedaços.

— Para com isso! Estás a deixar-me numa posição que não consigo sair. Faz o que quiseres, mas n...

— Eu te amo! — António soltou aquilo parecendo o seu último suspiro. —Eu te amo como nunca amei ninguém.

— Para! Isso não...

Posição difícil? Talvez!

— Porque estás olhando em volta! Eu sou o único que segurará a tua mão quando tudo desmoronar contra ti. Ninguém te irá amar como eu amo Natasha.

— Senhor por favor. — diz ela cabisbaixa. —Por favor António!

— Eu não consigo pensar em ti sem pensar que tudo isto foi culpa minha.

— Mas tu és orgulhoso demais...ou covarde demais para tirar vantagem disso!

Aquela frase destruiu completamente António, ele não esperava que ela dissesse aquilo e muito menos perante aquela situação. Ele sentia-se culpado por não ter assumido antes os seus sentimentos para ela mas ele tinha medo de como ela se iria sentir se ela fosse rápido demais pois magoa-la era o que ele não queria.

— Eu não me dou por vencido. Eu quero o meu mundo contigo. — diz se aproximando dela mas a morena se afasta.

— Sai daqui! Sai daqui eu não te quero ver mais. Chega!

Perante toda aquela situação António viu-se obrigado a sair de casa sem mesmo falar com o moreno, a sua raiva atingia o limite plausível do bom senso e a explosão estava cada vez mais iminente. Pediu para que Lopez dirigi-se para a praia e assim o fez, a devastação no seu olhar era notório junto com os seus olhos vermelhos de choro, não dirigindo uma  única palavra durante o caminho todo Lopez se viu obrigado a parar antes de chegar ao local para tentar reconforta-lo.

Aquilo era desastroso, Lopez sai do banco do motorista e entra na porta de trás e bem ao lado de António, coloca a sua mão nas costas do morena tentando reconforta-lo, porém com pouco sucesso. Aquela discussão tinha sido o limite para ele, ele nunca pensou que podia se sentir totalmente consumido por uma pessoa até ela chegar. Natasha tinha-o feito um homem diferente.

— Antonio, chefe olhe para mim.

— ...

— Eu sei como é se sentir no fundo do poço, eu também já estive assim lembrasse e foi o senhor mesmo que me tirou da perdição! Agora deixe-me ajudá-lo, eu não posso levar o senhor para espairecer na praia nesse estado.

— Lopez só dirige eu estou bem não vês!

— Senhor eu sou seu segurança, mas também seu amigo e eu sei que o senhor não está bem. Agora por favor limpe as lágrimas eu sei a posição que ela está e ela está a fazer isto obrigada.

— O quê? Ainda estás a defende-la? Lopez dirige não falo novamente.

— Não vou, me desculpe mas não até o senhor se acalmar eu não dirijo! O senhor não está bem e disso eu tenho a certeza.

— LOPEZ EU ESTOU BEM! Eu estou bem. Ok? A sério se a próxima pessoa que me falar se eu estou bem eu vou começar a despedir pessoas!

— Tu a amas...tu sempre a amas-te não importando com as circunstâncias e as adversidades.

— Que te saiba bem essas falas Lopez.

António saiu do carro e nem sabia que rumo tomar no meio da grande rua que se apresentava á frente, ele só precisava de apenas um minuto para se acalmar e não explodir com quem estava a ser bom consigo e ele entendia a parte dele de o querer ajudar, todavia naquele momento acho que não era o momento indicado para isso. Não agora e não depois de tudo aquilo que acabou de acontecer.

Sentimentos presos, coração apertado, mente fechada era o que o semblante de António apresentava. Amar alguém que foi magoada antes e que agora estava a ser obrigada a casar com quem menos queria para tentar se proteger era horrível, ele sabia que tinha sido um bobo em não a deixar explicar, mas naquela hora o sentimento da raiva e da surpresa falou mais alto que todos os outros.

💄💋⚽️

Aurora Torres
22:45h - na sala, em casa

Eu estava preocupada com António ele ainda não tinha chegado a casa, Duarte tinha chegado á cerca de 2horas e perguntei se ele o viu na empresa e ele disse que não.

Fiquei ainda mais assustado, eu tinha medo que algo lhe acontecesse e se ele não viesse em 10 minutos eu iria pegar no carro e procurá-lo pela cidade.

A angústia é a aflição de poder pensar que algo lhe tinha acontecido era terrível, mas os seguranças estavam muito tranquilos e não tinham recebido informações nenhumas a esse respeito por isso eu fiquei tranquila, mas as sensações de mãe não enganam.

Ia á cozinha, todavia ouço um carro estacionado na garagem... corro em direção ao barulho e lá estava ele, António visivelmente abalado queria entrar em casa feito um furacão, mas eu o parei na hora e tentei entender o que ali se passava.

— António, conta o que aconteceu porque saíste tão apressado naquela hora e só voltaste agora? — digo virando a cara dele novamente para a minha. — Senhores podem nos dar licença!

Sua cara não em satisfazia em nenhum momento, ele estava arrasado e algo não estava bem. Ele nem me disse onde iria e mais preocupada eu fiquei, pois ele sempre me falou onde iria quando saia de casa. Meu coração disparou na hora que ele correu pelas escadas abaixo e saiu de carro......passei cinco horas pensando no pior.

— Claro.

— Eu não quero falar mãe, deixa-me ir para o meu quarto por favor.

— Nao vais eu sou tua mãe e vejo-te visivelmente arrasado agora fala o que se está a passar!

— É a Natasha...ela...ela......

— Ela? Fala logo caramba!!!

— ...ela vai se casar com o James.

— Oquê? Não impossível ela nunca iria casar com ele se não tivesse um bom motivo!

— Que motivo mãe. Ela me fez de idiota este tempo todo brincando com os meus sentimentos e depois descartou-me na primeira oportunidade sem nem pensar duas vezes!

— Isso não é verdade, ela te ama porra!

— Não ama não mãe, agora deixa-me subir para tentar descansar.

— Tudo bem, vai!

Tinha uma coisa muito errada nesta história toda e eu tinha que descobrir o que se passava, não era possível que do dia para a noite ela deixasse de gostar de uma pessoa e fosse logo a correr para outra.

Fui ter com Lopez na porta de entrada e logo o chamei para perto da sala de estar....ninguém
estava no andar de baixo, bem, não mais.

— O que realmente aconteceu? Preciso da verdade Lopez! Por favor, mesmo que por mais dura que seja....

— Natasha está na casa de James.

— Não! — ri desesperada. —Ela não é assim. Não! Diz que é mentira.

— Não é senhora. Seu filho chegou lá e a viu com ele, talvez a tenha confrontado, mas ela....

— Por favor Lopez! Continue.

— Ela estava com medo, não entendi bem o porquê, mas dentro daquela casa ela não está segura. Meu instinto não erra nunca.

— É! Eu sei. Faz o seguinte tenta descobrir algo, seu pai e seu irmão. Tenta descobrir onde eles estão....talvez ela esteja a ser ameaçada.

— Temos que intervir a polícia se isso acontecer.

— Não! Eu sei que tu e os teus homens são capazes disso. Por favor Lopez, Natasha e António se amam. Por favor!!

— Claro! Claro senhora. Irei agora mesmo fazer isso.

— Tudo bem obrigada.

Ela podia estar a correr perigo novamente e eu tinha que o descobrir, pois ver o meu filhos sofrendo novamente por causa de uma mulher era inaceitável. Entrei em casa e peguei nas chaves do meu carro, dei partida nele e logo me dirigi para a casa de James.

Provavelmente ele não me iria deixar entrar mas eu de um jeito ou de outro tinha que falar com a morena, por isso tinha que inventar uma desculpa e entregar algo para assim falar com ela.

O caminho todo tentava reformular uma frase em minha cabeça para lhe falar sem James perceber o intuito da minha vinda lá. Estacionei o carro do outro lado da rua, vesti o casaco e me dirigi até ao portão da casa e logo os meus seguranças vieram atrás de mim.

Entrei e logo vi o semblante surpreso da jovem em me ver aquelas horas da noite, eu não era de sair a esta hora, porém hoje eu tinha um bom motivo para o fazer.

Seus braços estavam envolvidos na sua barriga e eu me assustei pensando logo no pior, perguntei por James e a mesma disse que ele tinha saído para resolver umas coisas. Melhor para mim e para ela e assim podíamos falar com mais calma, por isso não tinha seguranças em casa e nem no portão que sempre tinha. Algo não estava bem, ou até isto podia se riam armadilha, porém eu precisava das respostas, eu precisava por mais que isso em doesse.

— Aurora me desculpa. Eu sei que António a enviou aqui para se chatear comigo e eu compreendo e se não me quiser ver mais na vida da sua família eu irei compreender.

— Não foi António que me enviou. Eu vim pois esta história está muito mal contada! — exclama me sentando com ela no sofá. —Natasha diz-me o que se passa, eu irei resolver tudo.

— Não pode Aurora, me desculpe. O seu filho tem razão para me odiar e nunca mais me ver!

— Ele não te odeia só está chateado e além do mais tu não tens culpa de nada querida. — falo enquanto ia colocar a mão sobre o seu ombro mas a mesma se afasta. —O que aconteceu? O que ele te causou?

— James...ele está a obrigar-me a casar com ele e está a ameaçar a minha família se eu não fizer o que ele quer.

— Eu irei resolver esse pequeno problema. O seu pai e o seu irmão estão com seguranças lá onde vivem?

— Sim, tem uns sete seguranças em volta da casa que eles alugaram aqui e eu nem os posso ver.

— Eu sinto muito querida. — suspiro fundo e me aproximo dela mas ele coloca novamente as mãos sobre o estômago. —O que aconteceu? James bateu-te?

— Não posso dizer me desculpe!

— Natasha, querida! Podes contar comigo eu não irei fazer nada só quero que me contes o que acabou de acontecer.

Natasha puxou um pouco a camisola para cima e era visíveis as marcas de machucados na sua barriga, aquilo era o colapso para mim. Como é que um ser humano tinha a coragem de fazer aquilo, ainda mais com ela.

A morena estava arrasada e eu não sabia como aliviar a sua dor, eu queria levá-la comigo embora, todavia isso não era possível pois se James desse por falta dela iria fazer mal ás pessoas que ela amava.

Enrique estava aqui comigo e era o antigo segurança dela e vê-la assim o deixou com mais raiva ainda, por ele não a poder proteger acabou por sair violentamente pela porta fora na tentativa de buscar algum conforto no ar que lá existia.

— Eu irei fazer os possíveis para que não passes por isso de novo!

— Eu tenho medo... — indaguei-o ela, voltando o seu olhar para o all de entrada da casa. —James que bom que chegaste, Aurora veio trazer-me uma coisa que eu me tinha esquecido no meu antigo carro.

— Aham! Bem já estava de saída não é mesmo senhora Torres. Agora quero estar sozinho com a minha futura mulher.

— Toca nela de novo e tu estarás morto estamos entendidos? — murmuro em seu ouvido com a raiva estampada na minha cara. —Da próxima não sairá apenas por um aviso!

Meus seguranças não pararam de olhar para
ele um só segundo.

— Aurora, gosto em ver. Obrigada mesmo! — fala a morena me dirigindo até á porta com medo que algo me acontecesse.

(...)

Porque a deixaste entrar em casa? Eu disse que não queria ninguém da família dele aqui, mas parece que não me deste ouvidos Natasha! — diz ele dando-lhe um estalo até que ela cai no chão. —Da próxima vez não sairá pelo aviso.

— Eu estou a fazer tudo o que me mandas, agora se perdes a cabeça comigo a culpa é tua que não sabes te controlar.

— Como ousas!

— Faz comigo tudo o que quiseres, mas não ouses magoar a minha família.

— Tu és louca. Vai para o quarto antes que eu me passe novamente e te magoe.

(...)

Ter que ver os machucados de Natasha era terrível, ele não tinha esse direito de o fazer. Ele estava a ser um péssimo ser humano para ela, fazendo-lhe isso e obrigando-a a fazer o que ela não queria. Pedi para Miguel ficar de paisana pois nenhum dos seguranças dele o conhecia e muito menos ele, mas Natasha sim por isso iria sentir-se segura com ele por perto.

Já eram por volta da meia-noite e tinha chegado em casa, as luzes estavam apagadas. Eu estava cansada, mas mais cansada estava a minha mente....este tinha sido um dia para esquecer totalmente. Fui para o meu quarto e lá estava Duarte a ler o seu livro antes de dormir, eu tinha que falar com ele sobre este assunto e sei muito bem que ele faria qualquer coisa para o resolver o mais rápido possível.

— Boa noite amor, chegaste tarde onde estiveste? — diz ele pousando o livro na escrivaninha.

— Fui a casa de James falar com Natasha.

— Á casa dele? — diz ele surpreso pois era o último a saber disso. —Como assim Natasha está em casa dele?

— É uma longa história, mas resumindo ela está lá pois é obrigada a casar com ele ou ele magoa o pai e o irmão dela e quando falei com ela vi vários machucados em sua barriga. Ela está a sofrer muito e temos que ser rápidos se a queremos liberar daquilo o quanto antes.

— Aquele canalha não aprende não! Ela não merece isto e então era por isso que o nosso filho está triste e não queria falar comigo.

— Sim era isso, e ele também não me escuta e percebe a verdade e as crianças chegam daqui a dois dias e se o veem assim é péssimo para ele e para elas.

— Sim. Bem eu vou colocar um segurança com ela e que eles não conhecem a protegê-la.

— Eu já o fiz. Ele irá dando informações durante o dia e a noite! E qualquer coisa de anormal ele irá intervir.

— Estamos sincronizados amor. — diz me dando um beijo enquanto estava na casa de banho a arrumar o meu cabelo. —Agora bem, vamos dormir amanhã teremos um dia em cheio.

— Sim.

Nos deitamos na cama e apagamos as luzes, eu demorei bastante a adormecer pensando no que talvez ela estivesse a passar naquele momento.

O meu filho tinha uma personalidade forte e era bastante persistente quando queria e não se contentava apenas com um pedido de desculpas, ele tinha que entender o lado dela mas acho que isso iria demorar um valente tempo para ele formular isso na cabeça e até supor isso.

Eu estava tremendo só em pensar o que neste momento Natasha estava passando...James muito provavelmente não medirá a meios para a magoar. Eu queria por tudo que é mais sagrado a tirar e resolver isto o mais rápido possível.

Uma luz forte surgirá repentinamente em frente da cama, era a porta do quarto sendo aberta após alguém bater nela. Era António e veio até mim se agachando até ficar ao mesmo nível que eu.

Tiveste com a Natasha? — exclama ele colocando o seu punho sobre o seu maxilar. —Ela está bem?

— Sim estive e sim...sim ela está bem. — digo baixando o tom, pois algo no meu interior não concordava com isso.

— Ela contou a verdade? Ela a mim queria-me mentir e dizer o que eu realmente vi.

— António! Agora não, teu pai está cansado, eu também, tu nem se fala. Vai dormir amanhã falamos sim?

— Mas mãe....

— António!!!! — falei entre dentes. —Teu pai já está a remexer-se, volta para o teu quarto agora.

— Tudo bem.

Ele se levantou, fechou a porta e apagou a luz do corredor após voltar para o seu quarto.

Ele importava-se com ela mesmo ele não admitindo isso, a conexão que eles tinham era absurda e a justificativa para tudo isto era apenas amor. Ele a amava, todavia era insistente demais
para o admitir.

[...]

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top