Capítulo 41 - Serena

- Amiga, você não está sentindo nada...nadinha? – Mimi perguntou, os olhos unidos em preocupação.

Serena meneou a cabeça.

Até ela estava se surpreendendo. Todo esse tempo vinha se preparando pra uma dor de roer os ossos. E depois de duas horas com a bolsa estourada...nada.

- É assim mesmo. – Paloma, a doula, murmurou com um sorriso apaziguador. – Quando o parto é natural, tudo é no tempo do bebê.

Sarah, ainda pálida, perpassou a atenção da piscininha montada no meio de sua sala, para Serena, sentada no sofá.

- Serena, você tem certeza disso? – a psicóloga apontou para a pequena piscina plástica com estampa de doces.

Paloma seguiu o olhar da amiga, se antecipando:

- Se ela preferir, podemos trazer Luna dentro de uma banheira.

Serena sorriu para as duas, tentando passar confiança nas palavras:

- Não, gente. Assim está perfeito.

Mas não estava.

Banheiras estavam fora de cogitação, porque tudo o que não precisava era se lembrar de Bruno quando tinha que ter atenção na chegada da menina deles.

Quer dizer, da menina dela. 

Precisava começar a se acostumar com a ausência daquele que fizera promessas quanto a elas duas. E não porque ele as tinha quebrado, mas ela fizera questão de tirá-lo das responsabilidades assumidas.

Depois da visita a Bia, o sentimento de saudade havia se transformado em um catatal de outras emoções, e nenhuma delas ansiava pela chegada de Bruno.

Eles não tinham feito promessas quanto à fidelidade. Porém, depois de tudo que haviam passado, era quase certo de que isso estava implícito. E ela mal conseguia pensar nele com outras mulheres, dizendo as mesmas coisas...

- AI!

Todos presentes, inclusive ela, demoraram pra notar que o grito havia escapulido por sua garganta. E a pontada de dor na região da bacia fora tão rápida quanto uma piscadela.

Serena ergueu o olhar aterrorizado à Paloma, que tinha seu melhor sorriso no rosto enquanto arrumava sua trança cacheada.

- Nossa primeira contração! – a doula gritou entusiasmada, para o desespero de Sarah e Michele, chocadas pelo seu grito. 

Ela recostou a coluna no sofá, buscando calma. Paloma chegou perto dela e pegou uma de suas mãos:

– Agora o intervalos entre as contrações irá diminuir e a dor irá aumentar. Não se preocupe, isso significa que a dilatação está progredindo.

Serena assentiu e respirou fundo, sentindo a bexiga gritar de forma repentina. 

- Vou fazer xixi. – murmurou depois de praticamente pular do sofá.

Ela trancou a porta do banheiro e se fitou no espelho de Sarah. 

Seus cabelos estavam soltos, caindo em ondas pelos ombros e escorrendo pelas costas. Já estava de top e sua barriga grande se encontrava endurecida, se movimentando morosamente. Na parte debaixo, um short simples, que seria tirado assim que entrasse na piscina. 

Por fora, linda. Por dentro é que complicava. 

Seu coração parecia entalado na garganta, seus nervos se deterioravam em frangalhos, e o corpo tremulava, agitado pela ansiedade. Contudo, pelo que a doula dissera, ainda poderia demorar algum tempo pra Luna chegar.

Tudo bem. Calma, Serena.

Era isso o que você sempre imaginou, né? Sua filha vindo no conforto de um lar, bem longe dos hospitais que lhe davam calafrio desde o falecimento dos pais, quando precisou ficar sentada sozinha entre uma monteira de gente chorosa e enferma, esperando pelo obituário.

Porém, aquela não era sua casa. Aliás, sem Bruno, teria ela uma casa? Melhor não pensar nisso.

Vai dar tudo certo. No final, sempre dá. Ele não está aqui, mas você não está sozinha. Suas melhores amigas e a melhor equipe irão te acompanhar.

Mas Bruno não está aqui...

- Serena, esquece ele por um segundo! – ralhou para o próprio reflexo, e depois segurou a barriga. – Aí minha menina, eu nem sei o que dizer pra você. Estou tão nervosa e ansiosa pra te conhecer... As coisas não saíram como planejado, e Bruno não vai estar aqui porque eu... eu não estou pronta pra vê-lo. Sei que você não tem nada a ver com isso, e iria querer tê-lo por perto. Mas agora preciso estar concentrada, e se ele vier...

Ela espalmou o dorso da mão no rosto para afastar a lágrima que rolou pelo canto dos olhos.

- Nós duas vamos fazer isso dar certo. E apesar dele não estar aqui hoje, eu prometo que você logo estará com ele.

Luna, como se entendesse, mexeu ligeiramente. Serena sorriu, satisfeita.

Depois de sair do banheiro aliviada física e emocionalmente, ela encontrou na sala mais quatro pessoas: Izabel, Silvana, Bia e Munique.

Silvana arrumava um pequeno buffet de docinhos na bancada da cozinha clássica de Sarah. Já Izabel decorava a sala com alguns balões cor de rosa. E Bia colocava uma música ambiente com a ajuda de Munique.

- Só falta a obstetra. – Paloma apontou. – Ainda temos muito tempo.

Serena anuiu, sem saber se estava aliviada ou ansiosa por aquele prognóstico.

- Minha querida, você não vai mesmo chamar Bruno? – Izabel perguntou com as mãos posicionadas no colo. – Bia me contou o que pode ter acontecido, mas...

- Mãe! Não me venha dizer que acha que Bruno não tem culpa e não fez o que está na cara. - Bia parou sua dança para cruzar os braços. - Ah não, você sempre passou a mão na cabeça dele e de Henrique. 

Silvana parou a arrumação para olhar sobre o ombro, e dizer:

- Olha, eu também acho que foi um mal-entendido, viu?! Bruninho estava muito apaixonado pra fazer uma coisa dessas.

- Gente! – Munique murmurou: - Melhor a gente deixar pra falar de Bruno depois. Agora vamos focar na Luna.

O olhar de Serena ia de uma mulher a outra, acompanhando a conversa enquanto o coração palpitava. 

Era bom que um filho nascesse na presença do pai. E Bruno havia assumido Luna. Só que...

- AI! – ela segurou a barriga, como se a mesma fosse cair com a dor que se assemelhou a uma facada entre suas costelas.

Na mesma hora, Paloma consultou o relógio:

- Está progredindo mais rápido que o esperado. Estamos em uma contração a cada dezoito minutos.

Serena inspirou, buscando conter a dormência que agora se alojava depois da dor. Paloma foi até ela, tomando liberdade para fazer uma massagem que rapidamente aliviou suas costas.

- Se ficar mais forte, você fica embaixo de um chuveiro com água quentinha. Vai ajudar bastante. – a doula pontuou.

A campainha soou, chamando a atenção delas. Mimi e Sarah correram porta a fora, como se atender o portão fosse uma linha de chegada para um prêmio.

Minutos depois, voltaram com a obstetra, tão sorridente quanto Paloma:

- Então, moça. Como estamos indo pra chegada de Luna?

Serena tentou responder, mas outra pontada lhe tirou o ar por um instante.

- Progredindo rápido, Dra.Ana. 1 contração a cada treze minutos – Paloma apontou – Luna está ansiosa.

- Ah, eu também! – Bia comentou com a boca cheia de doces, enquanto Munique balançava os braços ao som de Ed. Sheran em Kiss Me.

- Maravilha! – Ana exclamou. – Vamos nos preparando... Quando chegar a hora, somente algumas pessoas poderão ficar aqui pra não criar tanta distração.

- Graças à Deus! – Mimi murmurou com as palmas unidas. – Desculpa, amiga. Mas eu não consigo.

- Eu também não, Serena. - Sarah, que tinha o rosto vermelho, colocou a mão na testa. - É você que está parindo e eu que pareço que vou desmaiar...

- Nem eu, querida. – Izabel se esquivou. – Nem no nascimento de Miguel eu consegui ficar junto com a Bia. Meus três filhos já foram o suficiente.

- Eu fico! – Munique disse animada. - Sempre quis presenciar um parto!

- Eu também, não vejo a hora de ver minha sobrinha. – Bia emendou. 

Silvana ia começar a dizer que não precisava ficar, já que suas duas amigas estavam ali. Porém,  foi interpelada por outro grito:

- AIIII!

A dor foi tamanha que ela se curvou pra frente, sendo amparada por Paloma. Ana trocou um olhar com a doula, e disse:

- Chuveiro, agora!

Cada passo na direção do banheiro parecia uma caminhada para o inferno. Ela estava sendo rasgada de dentro pra fora. Era isso. Não tinha outra explicação.

Fizeram uma parada rápida no corredor pra checar sua dilatação. Já estavam em 7 centímetros. Ótimo, mas maravilhoso seria chegar logo em 10. Faltavam apenas três. 

O que deveria ser rápido e quase indolor, não é?

Serena tentou abafar um grito quando o colo de seu útero pareceu ranger, rugindo como um bicho raivoso. 

- Aí meu deus, acho que isso não é normal...aíiii!

- Calma, está tudo sob controle. – a doula lhe afagou o ombro, colocando-a embaixo do chuveiro. – Até que está sendo rápido. Algumas mulheres ficam mais de 24 horas em trabalho de parto.

Serena ergueu os olhos, completamente aterrorizada.

- Isso não vai acontecer comigo, não é?! – quase chacoalhou a mulher por uma resposta negativa. Mas Paloma deu de ombros com outro sorriso apaziguador:

- Não dá pra saber. O ato de parir é um momento único e cheio de surpresas.

Ela piscou pra mulher.

A dor era tamanha e atingia ápices tão exorbitantes que ela não respondeu por si, quando murmurou:

- Paloma, por favor, não fale mais sobre tempo de parto.

A doula riu. E uma gargalhada melodiosa irrompeu pelo box, de onde gotas mornas de água lhe caiam pelas costas:

- Bom, estamos vendo que suas emoções estão se alterando. É um dos efeitos da dor...

- Minhas emoções já estavam alteradas... aíii

As pernas dela bambearam, quase a derrubando no box, senão fosse mais uma vez os braços de Paloma. Naquele instante Bia apareceu, apertando sua mão em solidariedade:

- Eu to aqui com você, Serena. Vamos conseguir!

Serena murmurou com a voz embargada:

- Não tô conseguindo nem ficar de pé, Bia... como vou trazer Luna?!

- Vamos te colocar na piscina, então. – Paloma mudou a tática.

Quando retornaram a sala, checaram novamente a dilatação.

8 centímetros.

Não, não podia ser.

Serena exigiu:

- Checa isso de novo, Paloma! Não é possível que haja tanta dor e quase nenhuma dilatação, aíii...

Sua pele se arrepiou em uma onda de calafrio. Suas mãos já começavam a ficar trêmulas.

Aí meu deus.

No que fora se meter? Talvez os hospitais e anestesias fortes fossem a melhor opção. Afinal, se estivesse grogue, nem sentiria metade das dores, né?

Mas não. Preferiu fugir das lembranças doloridas. Exatamente como Bruno sempre preferiu fugir... 

Não. Ela não ia pensar nele.

Ele a tinha traído. Não merecia uma lágrima e um pensamento, sequer.

Outra contração a arrebatou, a enviando para uma sucessão de pequenas pontadas no pé da barriga ao mesmo tempo que as costas latejavam.

- Eu tô morrendo! Socorro! 

- Não está, não. – Paloma segurou sua mão. Porém outra pontada - ou facada?! - a fez se contorcer dentro da pequena piscina. Serena praticamente amassou a mão da doula. – Ui!

Serena a soltou de supetão, sentindo lágrimas deslizarem pelos olhos:

- Eu quero anestesia! Agoraaa

- Calma, Se! – Munique se agachou ao lado, os olhos correndo pela sala com apenas ela, Bia, Paloma e Ana. E de repente, o olhar parou, fitando a gata que entrava pela janela com os pelos eriçados. – Olha a Chicória Maria ali! Sabe de uma coisa, Se?! Eu sempre quis saber porque o nome dela é esse.

- Isso! – Bia se agachou no outro lado da piscina. – Nos diga a razão.

Então Serena se preparou pra dizer que, Chicória Maria era uma homenagem à tia - Maria Angelita -, que a tinha criado depois da morte dos pais, no interior do Rio Grande do Sul, numa pequena fazenda de plantio de Chicória.

Antes mesmo que pudesse falar, as lágrimas se tornaram dois rios.

- Aí meu deus! Tudo foi tão corrido, que acabei esquecendo de convidar minha tia! – abriu um berreiro, para o desespero de Munique e Bia, que não entenderam nada. – Não, eu não vou conseguir isso sozinha...

- A gente está aqui com você, Se. – Munique lhe apertou o antebraço. Bia a abraçou nas costas, de fora da piscininha, enquanto Ana checava mais uma vez a dilatação.

9 centímetros.

Serena havia imaginado tanto o momento em que receberia a filha. Ela e Bruno ficariam tão...

- AAARGH! – deu um grito de raiva, sobressaltando todas as mulheres na sala. – Que raiva que estou dele! Por que tinha de fazer isso comigo?! Por quê?!

- Ela está falando de quem?! – Ana sibilou a pergunta pra Paloma, que meneava a cabeça preocupada.

Até Bia tinha os olhos embaçados por lágrimas. Serena continuou na divagação:

- Eu imaginei esse momento com ele! E agora estou aqui sozinha...

- Quer que eu ligue pra Bruno, Se?! - Munique sugestionou.

- NÃO! Como vou conseguir olhar pra ele depois de tudo?! Como?! Aí....

A obstetra, que tinha o rosto retorcido como se estivesse com dor de barriga, checou a dilatação:

10 centímetros.

- Pronto! Vamos começar a parir nossa menina! – foi Paloma quem murmurou feliz da vida, tentando levantar os ânimos. – É assim: quando a dor vir, você faz força. Não tem problema gritar, pode colocar pra fora. Esse momento é seu pra receber a sua filha.

Serena assentiu, respirando fundo.

- Isso, se acalma. – Ana comentou. – Você consegue, não tenha dúvidas disso. Fisiologicamente, o corpo da mulher foi feito pra parir. 

Uma pontada no baixo ventre indicou o começou de outra contração. Atenta as suas expressões, Paloma disse:

-Vamos, faça força! 1, 2, 3...

Não foi força o que ela fez, foi se contorcer feito um pretzel dentro da piscininha em meios à gritos. Chicória Maria deu um pulo de onde estava deitada, no braço do sofá.

- Não dá, eu não consigo. Não dá...

Serena fitava a piscina onde suas pernas nuas estavam submersas, e se sentia tão...sozinha. Mesmo com todos a sua volta.

Como podia acontecer aquilo?!

Era a droga da ausência de Bruno, sabia. Mas ela tinha escolhido assim. E agora teria que aguentar as consequências. 

 Sem tempo para se recuperar, outra contração veio. Paloma já embalou: 

- Vamos, de novo. 1, 2, 3...

Nada.

Nenhum vestígio de força irrompeu de suas veias. Só mais gemidos de dor. Serena cerrou os olhos, rogando por algum milagre. 

Estava em um casulo interno de aflição, onde a dor era tão forte que não conseguia nem ouvir seu coração, muito menos raciocinar direito. 

Na sala, burburinhos ressoavam sem que conseguisse discernir as falas. E fora do cômodo, outro falatório se propagava.

- O que está acontecendo?! – a pergunta de Ana subiu uma oitava, a fazendo abrir os olhos pra entender também.

Então, de repente, a porta da sala se abriu com um solavanco, trazendo vários avisos de que "ela não te quer aí dentro."

Serena piscou. Uma, duas, três vezes, observando Bruno adentrar feito um tornado. 

Os cabelos dele estavam desgrenhados, embora estranhamente sensuais. O corpo era revestido pelo uniforme de treino. E a expressão, apesar de alarmada, guardava uma serenidade fora do comum. 

Era uma alucinação que sua mente embriagada pela dor lhe trazia?

- Bruno... 

- Serena. – ele devolveu, e a voz de que tinha tanta saudade lhe adentrou os ouvidos. 

Era real. 

Então toda a magia se foi, dando lugar a raiva e ao ressentimento trazido pelas últimas lembranças. 

- Você! Não... saia! Não quero você aqui! Você me... - não conseguiu terminar, mordendo os lábios para não gritar novamente. 

- Força, Serena! - Bia pediu, ainda concentrada. 

- Não consigo, não consigo.... – seus braços estavam exauridos, enquanto o corpo escorregava pra dentro da água como um peso morto. 

Rapidamente, Bruno veio em sua direção, pegando sua mão molhada.

- Você sabe que consegue.

Os olhos negros dele a miravam, confiantes. Por um momento, se esqueceu da raiva para revelar:

- Doí muito, e estou com medo e cansada... Não quero fazer isso sozinha. 

- Você não está sozinha. Eu estou aqui.

- Não, você não...

Bruno apertou sua mão, tomando sua atenção:

- Serena, sei que temos coisas a resolver. Mas agora... – os dedos a soltaram por um instante, para então segurar a barra da blusa e tirá-la pela cabeça. 

Serena observou o peitoral nu reluzir à luz amarelada da sala, sem entender o que estava sendo feito. Ele explicou: 

- Agora, vamos trazer Luna ao mundo. Juntos.

Sem pedir permissão e contra os protestos dela, Bruno se enfiou dentro da piscina no espaço às suas costas. Os braços e pernas a enlaçaram, reiterando a presença dele. As mãos grandes a apertaram, unindo-a contra o peitoral. 

Estava tão cansada que não conseguiu fazer nada a não ser respirar fundo. O perfume amadeirado lhe entrou pelas narinas, trazendo um cheiro familiar.

Então percebeu: a casa podia estar a quilômetros de distância, que se estivesse nos braços dele, sempre estaria no seu lar.

- Prometi que ia estar aqui com você e minha filha. 

Serena sentiu o rosto dele afundar em seus cabelos úmidos.

- Eu sei. – murmurou. – Só que estou sem forças...

Bruno ergueu a cabeça e cochichou no seu ouvido:

- Serena, você é a mulher mais forte que eu conheço. - os dedos pousaram na barriga que ainda abrigava a bebê. - Passou pela perda dos pais quando era criança. Superou um casamento difícil. Foi para outro estado buscando o melhor pra Luna. Está reerguendo sua carreira... E fez tudo isso enquanto permaneceu com um coração puro e otimista. 

Serena engoliu o choro, piscando em meios as lágrimas. Porém, quando ia responder, outra contração veio. Bruno a segurou mais forte, sustentando-a como um porto seguro. 

E quando Paloma estava prestes a recomeçar a contagem, ele murmurou, entrelaçando os dedos nos seus:

- Você consegue. Nunca se esqueça disso. Você consegue qualquer coisa.

Como uma injeção de ânimo e força, inspirou fundo. Se preparando no 1, prendendo a respiração no 2, e fazendo força no 3.

- Isso! – Ana gritou, posicionada à frente deles.

- Mais uma vez! – Paloma reiterou quando outra contração a fez pender a cabeça no ombro de Bruno – Força!

Serena suspirou, fechando os olhos para se concentrar na sua filha. Aquela que, em meio a tanto estresse do início da gravidez continuara firme e forte consigo. Como uma fortaleza que a lembrava de acreditar e correr atrás para que tudo melhorasse.

Ela se lembrou de Henrique, o pai biológico que mesmo falecido, as presenteara como uma família solícita e amável. E tinha em Luna, a oportunidade de ter uma parte sua de volta à vida.

Além da outra parte que já estava viva, em Bruno. No irmão gêmeo que, mesmo contrariado, as dera um lar, proteção e amor. E que diante de todos os seus protestos estava ali, a sustentando pra trazer sua menina ao mundo.

A menina deles.

- NASCEU! – Bia gritou junto com Munique. 

Antes de sequer abrir os olhos, Serena escutou o choro. A melodia mais linda, recheada de vida e esperança ressoou em seus ouvidos, a impregnando de um amor tão, tão grande, nunca antes sentido.

E quando finalmente fitou, observando-a ser retirada da água pelas mãos de Ana, viu a garotinha. A pele branca quase translúcida. Os cabelos negros. Bracinhos e pernas que se mexiam euforicamente. 

Ana ofereceu a bebê, mas quando foi pegá-la, outro par de mãos a ajudou:

Bruno.

Eles dois a seguraram, enquanto ela irrompia em lágrimas de pura felicidade, segurando um corpinho frágil que tinha o peso de tudo

Serena escutou um fungar, se virando pra contemplar os olhos de Bruno marejados. Ele, ainda que diante de todos os problemas que os separavam, beijou sua boca.

Os lábios se tocaram rapidamente, antes que ele trouxesse a bebê pra mais perto deles, e dissesse:

- Bem vinda, Luna.


Nem sei o que dizer deste capítulo, só que terminei ele com lágrimas nos olhos. 

Antes de começar escrever a história, eu tinha essa cena gravada na mente. Não fazia ideia de como chegaria nela, mas tinha certeza que, se fosse pra ser, Bruno e Serena me conduziriam para que finalmente chegássemos até aqui.

E chegamos.

Vocês gostaram? Espero que tenha conseguido passar pelo menos a metade da emoção que imaginei e senti. <3 

Até o próximo, gente!

Não está revisado:( 

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