Capítulo 37 - Bruno
Ele só queria ir embora. E ainda assim, chegar e não encontrar a pessoa que faz dos montes de tijolos, um lar, não seria a mesma coisa.
Mas tudo era melhor do que as coletivas de imprensa.
Amava jogar, e se não fosse o futebol, metade de sua vida não teria significado algum. Porém, conceder entrevistas o deixava extremamente nervoso.
- Só não tenta sair de fininho de novo, valeu? Sei que não gosta, mas até que você fala bem. - Dodô sorriu e deu um tapa maroto em suas costas. – Vou esperar sua carona.
Já faziam três dias em que ele dava carona para o amigo, que saíra da casa que vivia com Sarah para morar provisoriamente em um flat alugado.
Bruno assentiu, vendo Dodô sair do vestiário sob o olhar de Guilherme. Apesar disso, já foi pegando a mochila com os pertences e colocando nas costas.
Se fosse rápido o bastante, poderia ignorar o banho e passar despercebido pela recepção. Chegaria suado em casa, mas seria um esforço ameno para o que o esperava.
- E aí, Toro! – Guilherme começou, o detendo na saída – Tá ficando craque na falta, hein.
- Na falta cobrada e na feita nos adversários - Farley riu. Porém, logo depois o rosto tomou um tom sério – Sei que está deprimido por causa do pé na bunda que a Serena te deu, mas se continuar do jeito que está, não vai conseguir nem jogar o primeiro tempo do jogo que vem sem que seja expulso.
Apesar de saber que os amigos estavam certos, Bruno revirou os olhos. Tinha completa ciência de onde estava pecando. O problema? Não fazia a mínima ideia de como consertar.
Por boa parte de sua vida o futebol fora uma terapia, um escape. Agora, nem isso conseguia fazer sem que estivesse com a cabeça em outro lugar. E tudo piorava quando Renato o observava do outro lado do campo, sondando seu comportamento.
Sem pensar duas vezes, ele caminhou para fora do vestiário, tateando o bolso à procura da chave do carro.
Cada passo que o deixava mais perto da saída do CT de treinamento o recheava de dúvidas. Queria mesmo ir para casa se não a encontrasse lá?
Contudo, assim que dobrou a curva para o corredor da recepção, um membro da comissão técnica o parou.
- Toro, está tudo pronto para você...
O homem continuou falando, mas o pensamento dele estava tão nebuloso que nada havia entendido.
- O quê?
- A exclusiva. Terceira porta à esquerda. Não se atrase.
Bruno esperou o homem se distanciar, retomando o passo no corredor adiante. Sua pretensão era continuar reto, sem entrar em nenhuma porta que não fosse a saída. Mas outra pessoa o parou.
- Ah, aí está você! – alguém disse, o puxando para a sala.
Por alguns segundos ele apenas encarou os olhos amendoados da mulher.
– Aline, dã! – Ela balançou a mão na frente dele. - Já esqueceu de mim?!
Bruno piscou, retomando a consciência.
- Oi, Aline. Não, é que estou muito...
- Você não vai fugir de outra coletiva, meu caro! – Ela o cortou. Depois, balançando as sobrancelhas sugestivamente, disse: – E eu também quero a minha exclusiva...
Ele abriu a boca para responder, mas outra pessoa o puxou, conduzindo-o para trás da mesa diante de uma dúzia de jornalistas e câmeras.
Um flash estourou no rosto dele, o fazendo franzir os olhos. Sua boca se abriu para protestar, mas um dos jornalistas entendeu que estava testando o microfone.
Então começou o inferno.
- Bruno! Toro! Bom dia! – gritavam em uníssono, deixando-o mais confuso.
Uma pessoa ao lado encheu o copo dele de água.
Era Dodô.
Bruno mal teve tempo de assentir em gratidão, antes que um dos entrevistadores organizasse os demais, começando uma pergunta de forma pausada.
- Bom dia, Bruno! Primeiramente, queremos te parabenizar sobre o ótimo começo de temporada. – o homem calvo disse. Bruno assentiu, buscando esquecer o vazio anterior por alguns momentos para responder as perguntas. – Seu desempenho está voando e chamando a atenção de grandes clubes, apesar de que seja considerado um craque inconstante e indisciplinado. Queremos saber se tem intenção de aceitar as propostas de clubes europeus.
- Bom... – ele fez esforço para não gaguejar e se lembrar da conversa com Diogo – No momento estou feliz no Flamengo, que não só é o clube que me criou como também o time do meu coração. Mas, de maneira alguma descarto propostas futuras, e as receberei com respeito.
Uma outra jornalista se levantou da cadeira, o cumprimentando antes de perguntar:
-O que tem a nos dizer acerca da mais nova contratação do time, o ex-gremista Renatinho?
- Nada a dizer. - Sua voz saiu áspera, o fazendo inspirar fundo e esconder embaixo da mesa os punhos cerrados, para então completar: – Confio plenamente nas escolhas do clube, e se ele foi contratado, é porque certamente tem muito a oferecer.
Outro levantou a mão, engatando a pergunta:
- E a confusão no jogo passado? Vimos que teve um desentediamento com outro jogador em campo, e...
- O que aconteceu em campo, fica no campo. - cortou o jornalista. - Já está tudo resolvido.
Uma meia verdade.
Apesar do homem ter pedido desculpas, ele sabia que a falta causada nele fora proposital e tinha o intuito de o tirar do jogo. Então não podia deixar passar sem responder com, ao menos, um cotovelada.
- E o campeonato que acaba de iniciar? Sabemos que a temporada coincidirá com o nascimento da sua filha. Acredita que esse seja um fator que divida as suas atenções?
Bruno seguiu a voz, deparando-se com Aline, que tinha um sorriso travesso nos lábios. Ele deu de ombros, não se afetando com a provocação.
- Sim, minha filha está na iminência de nascer. Mas, levando em conta que o desempenho não é individual, e sim da equipe, acredito que estaremos preparados e tiraremos de letra.
Assim que terminou de dizer, se levantou da cadeira. Todos os outros jornalistas também, se juntando como abutres ao redor dele.
- Bruno! Só mais uma pergunta! - Um microfone apareceu na altura de sua boca.
- Nos diga sobre o interesse do PSG sobre você. Tem vontade de jogar nesse grande clube francês ao lado de Neymar?
- Sim... – murmurou, apesar de não se lembrar do interesse desse time e não ter vontade alguma de ir para longe do Rio de Janeiro. Pelo menos, não se Serena não o acompanhasse. - Claro.
Quando enfim saíram da sala, Dodô o acompanhou de perto, mas Bruno o parou.
- Só... me dê um segundo. - tirou a chave do bolso e repassou para o amigo. – Me espere no carro.
Sem esperar a resposta, Bruno se dirigiu ao banheiro, lavando o rosto enquanto respirava sem o tumulto da imprensa. E principalmente, se acalmando para a solidão que o encontraria quando chegasse em casa.
Sua respiração era profunda e cadenciada, procurando manter toda a tensão e saudade que sentia sem explodir. Sua mão coçava para pegar o celular e ligar.
Ele checou o relógio no pulso, notando que não haviam se passado nem cinco horas desde que ouvira a voz dela.
Estava com saudade da presença manhosa de Chicória Maria e da agitação intrauterina de Luna. E ser avisado por Serena que essas duas também pareciam sofrer com sua ausência, o arrasava.
Bruno murmurou um palavrão e se rendeu a vontade de ouvi-la. Por isso, pegou o celular e clicou naquele número que lotava sua caixa de chamadas.
Cada toque atiçava uma célula dele, estimulando-o como uma vertente de nervos. Quando ela finalmente atendeu...
- Ahá.
Aline pegou o celular da mão dele. O sorriso estampado nos lábios.
Bruno suspirou, e entendeu a mão.
- Me devolve, Aline. Não tô no clima.
- Poxa! – Ela fez beicinho, depositando o celular na mão dele - Fico meses fora e é assim que me recebe?!
Sem olhar, ele desligou a ligação e tentou um sorriso fraco:
- Bem vinda de volta.
Aline estava cobrindo a Premier League na Europa, e era uma das melhores repórteres esportivas. E no passado, eles...bom, eram amigos. No sentido mais colorido da palavra.
- Você parece distraído. Nem me percebeu entrando...
- Não imaginei que fosse invadir um banheiro masculino.
- Antes era você quem invadia o feminino, lembra?
Bruno ergueu os olhos do celular, encarando a luxúria nela.
- Aline...
- Ah, Bruno! Eu posso ajudar a aliviar seu coraçãozinho – Ela sorriu, jogando os cabelos castanhos para o lado. – E não tenho ciúmes.
Aline poderia ser uma morena linda, profissional brilhante e foder bem. Mas ele olhava para ela e sentia... nada. E quando fechava os olhos e pensava em uma mulher, somente os olhos de Serena brilhavam em sua mente.
Ele desviou o olhar, procurando a melhor maneira de dizer um não sem ser grosso. Porém antes que pudesse pensar, as mãos de Aline desceram pelo peitoral dele, entrando debaixo da sua blusa.
- Adoro quando você está suado...
Bruno a segurou.
- Aline...
- Eu senti a sua falta, sabia?
Ela forçou os braços para baixo, conseguindo apalpar seu pau antes que conseguisse contê-la novamente.
Bruno pigarreou, com medo de que seu corpo reagisse de um modo que o coração não aprovasse. No entanto... nada. Uma mulher linda acabara de pegar no seu pau e ele não sentira uma pontada de desejo.
Ele a afastou de maneira contundente.
- Isso não vai mais acontecer.
Aline deu dois passos para trás, colocando as mãos na cintura.
- Então é verdade, alguém finalmente conseguiu capturar o seu coração...
Incapaz de responder, somente continuou a olhando:
- Tudo bem. - Aline suspirou. - Não vou forçar a barra. – ela mudou de lugar, agora ao lado dele. –. É claro que eu queria ser a dona do seu pensamento, mas pelo que fiquei sabendo, ela é uma mulher maravilhosa.
- É sim.... – também suspirou. – Mas acredito que ficou sabendo que não estamos mais...
Ela o cortou com um esbarrão amigável no ombro.
- Eu sei que vocês não terminaram.
Pego de surpresa, Bruno sentiu os olhos arregalarem levemente. Mas não pela astúcia dela. Aline tinha motivos para que fosse uma das melhores, e um deles era o faro jornalístico.
- Não sou boba, meu caro. - ela riu. – Você não está deprimido por causa do término... está com saudades.
- Aline...
- Está diferente, mais bonito – ela o continuou analisando. – Tem um brilho novo no olhar.
Era a hora de ir.
Ele se desencostou da pia, se virando em direção à porta.
- Obrigado, mas ainda sou o mesmo.
Aline riu.
- Na cama tenho certeza que é. Só que aqui dentro... Você mudou.– ela apontou para o coração. - Pena que ela não te merece.
Sem entender, ele franziu o cenho para aquela última frase. Uma pontada de curiosidade o atiçou para perguntar o porquê. Porém, no último segundo achou melhor ir embora.
Não ia dar ouvidos para um caso antigo.
Já do lado de fora, ele contornou o prédio espelhado, passando pelo caminho de canteiros que levava ao estacionamento.
Assim que avistou o carro, entrou. Dodô estava ao lado, os olhos imersos no celular.
- E aí, Aline te encurralou?
Bruno girou a chave na ignição, dando ré.
- Sim.
Mas na verdade, sabia que devia começar a se acostumar. Vez ou outra seu passado bateria à porta, tentando lhe tirar dos eixos.
Porém, se Serena estivesse com ele, a porta sempre estaria trancada.
- E?
- E o quê? – Bruno o olhou de soslaio. – Você quer saber se eu demorei por que estava dando uma rapidinha com a jornalista?
Dodô riu e respondeu:
- Desculpa, cara. Eu não tenho nada a ver com sua vida. É só que... porra, tô cansado de traições.
- Dodô, se você não quer contar o que aconteceu entre você e Sarah, beleza. - Ele pendeu a cabeça, aumentando a velocidade. – Mas eu não trai ninguém, e...
- Sarah me traiu.
Bruno piscou.
- O quê?
- É isso mesmo. – o amigo continuou, a respiração alta. – A Sarah me traiu... com o Guilherme.
- Você tem certeza disso?
- Claro que sim. Eu conheço minha mulher, sei que ela está pensando em outro.
- Pensando? - Bruno franziu o cenho. – Então quer dizer que a Sarah... calma aí, ela traiu ou não você?
- Ela tem me traído em pensamento desde quando o Guilherme chegou.
- Hm. – Bruno murmurou, sem reação. Dodô continuou:
- Eu sei, você pode pensar que é besteira e pá. Mas pensa na Serena: o que você faria se estivesse dentro dela, a encarando nos olhos, e ela.... não estivesse ali, mas sim encarando o celular que a poucos segundos atrás sussurrava com alguém?
Bruno balançou a cabeça.
- Não vou pensar nisso.
- Então entende o meu problema?! Diria que isso é o quê, senão traição? E olha que eu nem estou falando dos olhares que ela dá para Guilherme na minha frente! – Dodô explodiu. - Você imagina a Serena assim por Renato?!
Bruno apertou o volante, pisando fundo no acelerador.
- Davi – disse o nome do amigo. – Não diga mais o nome desse cara.
- Eu sei que não quer ouvir o nome dele...- Dodô massageou as têmporas. – Mas vai ter que se acostumar. Ainda mais que eles estão juntos.
Bruno errou o pedal, sentindo o carro morrer sob seu domínio.
- O quê?!
Dodô olhava através da janela do carro, e distraído, virou-se pra ele.
- Serena e Renato. – o amigo respondeu de forma natural. Contudo, depois uniu as sobrancelhas, ficando boquiaberto. – Puta que pariu... Você não sabia?!
Os músculos de Bruno eram toneladas, tão pesados que quase o tonteavam.
- Sabia de quê?!
- Caralho, cara. Desculpa. – Dodô estava com a face nublada. Ainda assim, tirou o celular do bolso da bermuda, teclando rápido na tela antes de passar o aparelho pra ele.
Ali, na sua frente, havia uma foto da mulher da sua vida entre os braços do cara que ela dissera não querer ver.
Bruno inspirou fundo, erguendo a cabeça quando os olhos queimaram.
- Mano, sinto muito. Eu pensei que você sabia, e...
Mesmo que no meio da rua, ele abriu a porta do carro, marchando duro para o lado do carona. Dodô o encarou assustado quando abriu a porta dele, e falou:
- Vou deixar meu carro com você. Mas antes, preciso que me leve até sua casa.
O amigo franziu o cenho.
- Na minha casa?!
- Serena está morando com Sarah.
A boca de Dodô se abriu.
- O quê?! Eu achei que ela tivesse ido embora da sua vida.
- Era mentira.
- Então se era mentira... vocês ainda estavam juntos?
Bruno balançou a cabeça em um "mais ou menos". Em resposta, o amigo levou as mãos à cabeça.
– Cacete! Isso quer dizer que Serena te traiu com o gremista?!
Bruno engoliu em seco, trincando os dentes.
Não acreditava naquela possibilidade, mas aquela foto... Ele iria agora até ela. No mínimo, merecia explicações. Por isso, murmurou:
- Davi, só dirija.
[...]
Era a segunda vez que socava o portão de entrada, incapaz de esperar que a campainha fizesse efeito.
Quando Sarah finalmente apareceu na porta, os olhos inchados e avermelhados se arregalaram ao vê-lo.
- Bruno?!
- Cadê ela?
- Bruno, não foi nada do que você pensou...
Ele trincou a mandíbula.
- Meu assunto é com ela, Sarah.
A psicóloga levantou as mãos em rendição, dando-lhe passagem para a sala decorada em tons pastéis e móveis clássicos.
- Ela já ia te ligar, só que preferiu tomar um banho...
Bruno a ignorou e adentrou a casa, caminhando descompassado no corredor à procura dela. Chicória Maria saiu correndo de um dos cômodos, indo ao seu encontro.
A gata pulou em seus braços enquanto estava em movimento. Ele a apertou contra si, indo para o cômodo do qual ela saíra.
Assim que entrou no quarto, soube que era o certo. Todo o ar estava impregnado do perfume do qual sentira falta.
Bruno deixou Sarah do lado de fora, trancando-se dentro do cômodo de onde um chiado de chuveiro ressoava.
Enquanto a água caia, ele andava de um lado a outro. O pensamento à mil, o atacando com possibilidades terríveis. O peito apertado e dolorido, como se tivesse aberto.
Estava tão louco que não a ouviu chegando.
- Bruno?!
Ele ergueu os olhos, se deparando com ela revestida em um robe felpudo. Os cabelos longos e molhados colados ao redor do rosto inchado com os olhos vermelhos.
Sua respiração estava tão afobada que, a gata, assustada, pulou de seu colo. Bruno fechou os olhos por alguns momentos, se recuperando ao fato de ter seu coração pisoteado ao vê-la tão linda na sua frente.
Serena largou a toalha que segurava no chão, os braços caindo ao lado do corpo. Os olhos claros o observando atônitos.
- Eu ia te ligar para que não precisasse vir aqui e a gente continuasse com o plano...
Seu peito queimava com tanta raiva e decepção que se viu dizendo:
- Foda-se o plano.
Mal haviam se passado uma semana e estava de saco cheio daquilo. E agora que descobrira mais do que pudera imaginar, é que iria acabar com tudo mesmo.
Serena se encolheu, estendendo as mãos enquanto chegava mais perto.
- Bruno, por favor...não faz assim.
Ela tocou seu antebraço. Porém, como se o contato soltasse faíscas, ele se distanciou.
Os olhos de Serena o miraram, arregalados. A expressão do rosto feminino se contorceu num misto de dor, medo e pavor.
Ela se afastou para o outro lado, esfregando o rosto em meio ao som que ele notou serem de lágrimas.
Mas, putz... estava tão atordoado que, por mais que quisesse afagá-la, parecia ter criado raízes no chão.
Ele observava a boca dela se mexer atabalhoadamente, se abrindo e fechando numa sucessão rápida que só podia ser de palavras. Serena pigarreou e respirou fundo, murmurando:
- Eu não traí você com Renato.
Bruno cruzou os braços, observando as bochechas dela molhadas pelo rastro das lágrimas, os olhos mais vermelhos que antes.
- Você não acredita em mim?!
- Acredito.
- Então porque...
- Serena - a cortou. - Você fez pior.
Sabia que iria doer dizer o que precisava. Contudo inflou o peito de ar, tomando coragem.
Tinham combinado que seriam sinceros um com outro. E por mais que estivesse claro que ela havia preferido ignorar, ele manteria sua palavra. Então murmurou:
- Você traiu minha confiança.
Ah gente... esse cap foi grande e me cortou o coração! Mas o próximo será ainda pior...
O que vocês acham que irá acontecer?!
Fiquem com esses dois, porque teremos muita, mas muita emoção!
Até o próximo <3
Não está revisado!
Ps: tentarei postar o próximo cap mais rápido o possível.
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