Capítulo 26 - Serena
Depois de realizarem uma das viagens mais silenciosas de volta para casa, Serena tomou um banho demorado.
Ela rogava para que cada gota de água que caísse em seu corpo a lavasse das atrocidades que passara. Mas, infelizmente, sua mente estava em um limbo vicioso, rebobinando de forma repetitiva as palavras que Rebeca dissera.
Um tapa doeria menos, talvez.
Mais deprimida que antes, saiu do box. E antes que o corpo pedisse para se afundar no colchão, se enfiou em um vestido qualquer, e correu para os braços da pessoa que era seu porto seguro.
Ele estava sem camisa e de costas, sentado no sofá. O dragão tatuado na escapula esquerda tinha as asas abertas e esticadas, cuspindo fogo com a cabeça erguida, como na maioria das vezes a cabeça de Bruno estava.
Hoje, porém, não era um desses dias.
Os cotovelos dele jaziam apoiados nos joelhos, enquanto a cabeça pendia cabisbaixa. O pensamento parecia tão longe quanto o dela.
- Bruno? Está tudo bem? - Se aproximou cautelosa.
Ele ergueu os olhos, a observando se sentar na mesa de centro em sua frente.
- Não, não está.
- Por quê?
- Você é uma matraca, mas hoje ficou calada durante toda a nossa de viagem de volta. – ele pressionou os lábios. – Sei que não está bem.
- Entendi. – assentiu. Afinal, tinha muitos motivos para isso. – E por que você não está bem?
Ele a encarou com um suspiro.
- Não estou bem quando você não está.
Bruno a confundia. E cada frase daquela tanto aquecia seu coração quanto a deixava desconfiada.
Ela inspirou fundo, buscando conter a sensação estranha que o comentário dele despertou no estômago.
- Eu só preciso de um tempo para me recompor...
Ele se arqueou, tomando uma de suas mãos.
- Lembra quando me disse que falar sobre as coisas que nos machucam, curam mais rápido nossas feridas? – perguntou, usando o mesmo argumento que o convencia a falar algo de Henrique e do pai.
- Bruno...
- Me fale.
- Tudo bem... – fechou os olhos com força e depois os abriu. – Nem sei por onde começar.
- Vem cá. – a guiou para que sentasse ao seu lado. - Comece do começo. Me fale como Rebeca a encontrou.
Então Serena contou.
Sua pretensão era ser prolixa. Porque a verdade era que não queria chegar nos finalmente, repetindo as palavras que abalara sua autoestima.
Por isso, ela descreveu como chegou ao bar, contando sobre o início do jantar com Renato, como precisou ir ao banheiro para fazer xixi, e ele...
- Por que foi ao banheiro? – Bruno a interrompeu, acariciando os contornos de sua barriga.
- Acabei de dizer...
- Não minta pra mim.
Serena odiava como ele parecia distraído e ao mesmo tempo tão atento a cada uma de suas reações e palavras.
Ela suspirou, se lamentando baixinho.
- O quê?! – Ele franziu o cenho, tentando escutar o que murmurou.
- Nada. - se endireitou no sofá, incomodada pela maneira que cada um dos toques dele a esmorecia. - Eu fui ao banheiro porque Renato disse algo que me fez suar frio.
Bruno pendeu a cabeça, sorrindo.
- Você quer dizer que ele deu em cima de você. Entendi.
Como ele sabia?
Antes que continuasse boquiaberta por mais de um segundo, resolveu continuar:
- Então, quando fui refrescar minha nuca no banheiro, ela apareceu atrás de mim. Perguntando... – sentiu as bochechas queimarem. Resolveu pular os detalhes. – Ela queria saber se você faz o mesmo comigo.
Ele uniu as sobrancelhas.
- Como assim?
- Bruno, por favor. Não torne isso pior.
Podia sentir como o rosto devia ter virado um pimentão. Bruno suspirou resignado, mas fez um movimento com a mão, indicando para que continuasse.
- Depois, ela me disse que se eu não contasse a verdade, iria descobrir sobre nosso filho. – Soltou. Logo após, surpresa com o que acabara de dizer, voltou atrás. - Quer dizer, meu filho.
Por proteção, colocou a mão na barriga. Bruno colocou a mão em cima da dela.
- Nosso. Nosso filho, Serena. Já está na hora de admitir que sua criança me escolheu como pai do mesmo jeito que eu o assumi como filho.
Os olhos dele a miraram, esperando uma resposta. Ela desviou o olhar, em choque. A mão dele a apertou gentilmente no antebraço.
Serena pigarreou. Um, duas vezes. Depois da terceira vez, conseguiu continuar:
- Rebeca sabe que tem algo errado com o jeito que cheguei na sua vida... Ela ficava falando que você não transa sem proteção e que não se apaixona.
- É verdade.
- Daí eu tentei dizer que somos amigos, mas ela disse que você não tem amigas a não ser a Sarah e a Michele.
- É verdade também.
Serena umedeceu os lábios, se perdendo um pouco.
- Ela ficava fazendo perguntas estranhas, dizendo pra eu jurar que nunca havia dormido com você depois que engravidei...
- E não conseguiu mentir, não é? – perguntou com um riso.Porém, logo depois as sobrancelhas franziram um pouco, como se estivesse irritado – É uma garota boa, Serena. Boa até demais.
Assentiu, chateada consigo mesma.
Era difícil odiar Rebeca quando estava ciente de que tudo o que a mulher fizera fora para ter a atenção de Bruno. Mesmo que tivesse passado dos limites.
O dedo dele tracejou a curva de sua barriga, em um carinho adorável. Ela sorriu por um momento.
Amava ter a atenção de Bruno. Pena que tudo não passava de uma ilusão, de um período destinado a se acabar.
Quando o bebê nascesse, se separariam. E ela não sabia como faria para passar todos os dias e noites longe do calor dele.
– Mais o quê? - a trouxe de volta para conversa.
- Rebeca disse que no dia da piscina você não dormiu com ela...
- É verdade.
Ela ia continuar, mas então perguntou:
- Sério? Dormiu sozinho, então?
- Sim. Na verdade, não. Dormi com a sua gata no quarto ao lado do seu.
- Por quê?
- Não sei. - ele deu de ombros - Não durmo por dormir com outras mulheres.
Você não chega aos meus pés. Não faz o tipo dele. Eu tenho certeza que quando ele olha pra você sente pena. O pau dele nem deve subir. Jamais iria te comer...
- Serena?!
Ela despertou do transe de rebaixamento que Rebeca tinha incutido nela. Os olhos marejaram.
- O quê, Bruno?
- O que você não está me dizendo?
Serena guardou em uma caixinha da mente o fato de Rebeca tê-la conduzido para o escritório do pai sob o pretexto de apenas conversarem, quando na verdade queria trancá-la ali dentro.
Guardou, porque isso não tinha sido o pior em sua cabeça. As palavras da mulher é que foram a maior crueldade de todas.
- Nada. – Se levantou de supetão, ficando de costas e afastando a lágrima do rosto com o antebraço.
Bruno se levantou, a segurou pela cintura e a girou pra ele .
- Bruno...
- Só me diz. – pediu, a voz grave aveludada.
- Não quero falar essas coisas em voz alta. – murmurou, sentindo-se envenenada por tudo aquilo.
Bruno pendeu a cabeça, analisando a reação dela. Chegando mais perto, inclinou o rosto em sua direção.
- O que está fazendo?
- Você disse que não quer falar em voz alta. Então fale baixinho no meu ouvido. – murmurou. Ela engoliu em seco. – Estou esperando...
Serena contou.
Você não chega aos meus pés. Não faz o tipo dele. Eu tenho certeza que quando ele olha pra você, sente pena. O pau dele nem deve subir. Jamais iria te comer...
Bruno a soltou, encarando-a nos olhos.
- Você não fez nada? Porra! Se eu fosse mulher... – ela ficou séria. - Pera aí, você absorveu essas coisas que Rebeca te falou? Não acredito...
Ela cruzou os braços.
- Não deveria acreditar?! Você acabou de dizer que não dorme com outras mulheres por dormir. Mas comigo, sim. O que isso Significa?
- Significa que você é diferente.
- Sério, Bruno?! – Ela arqueou as sobrancelhas.
- Serena, quando foi que a conversa se tornou sobre a gente?
- Porque é sobre a gente, Bruno. - abriu os braços. - Me diz a verdade. O que eu sou pra você?! Olha, não precisa proteger os meus ouvidos só porque estou grávida...
- Não é por isso, Serena. Sempre sou franco com você. E essa é a verdade: você é diferente.
- Sei. E diferente como?
- Não sei...
- E o que temos, uma amizade? Eu te considerava um amigo, mas você admitiu que somente Michele e Sarah são suas amigas.
Ele passou a mãos pelos cabelos, caminhando pra longe dela. Serena o puxou pelo ombro.
- Não, Bruno. Não vai embora. – sentenciou. – Eu abri meu coração pra você. Preciso que faça o mesmo. Me diz, se não somos amigos, o que somos?!
- Porra, Serena. Eu não faço ideia. Todos os dias ao seu lado me pergunto a mesma coisa. – ele se sentou novamente. – Eu não sei o que está acontecendo aqui. Mas o que tenho certeza, é que você não deve ouvir as mentiras dela.
- Mentiras?! O que é mentira?
-Tudo o que Rebeca disse sobre a forma como me sinto em relação a você. - Ele se levantou, caminhando rápido em direção a cozinha. Ela foi atrás.
Bruno sabia como podia ser muito teimosa, se assim quisesse.
Ele apoiou as duas mãos na bancada, de costas pra ela.
- Você diz que não é verdade, mas está sempre fugindo de mim. Acha que eu não percebo?!
Serena tirou um dos braços dele da bancada, obrigando-o a olhar pra ela. Bruno não se afastou, porém virou o rosto para o lado, fechando os olhos.
- Viu?! – disse, constatando o óbvio.
- Não estou fugindo, Serena. - o olhar dele voltou, cintilando como ouro negro. - Estou tentando resistir.
Agora foi ela quem não entendeu.
- Como assim?!
Antes que esboçasse reação, as mãos dele enlaçaram sua cintura, colocando-a sentada em cima da bancada. O movimento rápido fez com que seu coque se desfizesse, os fios se espalhando furiosos a sua volta.
Bruno afastou as mechas de seus olhos, e a puxou pelo queixo, obrigando-a encará-lo. A respiração dela, já alterada, agora estava esbaforida.
- Tudo o que faço é resistir a você. – a mão desceu por seu pescoço, deixando a pele em brasas. Bruno inclinou a cabeça dela, expondo a nuca pra ele – Não tem um dia em que eu não imagine como é o seu gosto. – a língua sedosa a tocou. Instintivamente, ela arquejou. – Que eu não queira me afogar no seu cheiro... – o ouviu fungar profundamente. - Que eu não queira me enterrar fundo em você.
Serena umedeceu os lábios, em expectativa sobre qualquer coisa que ele fizesse.
- Por isso, tudo o que Rebeca disse é mentira. – segurou seu rosto a centímetros do dele novamente, a respiração mentolada envolvendo-a. – Você está muito além dela, e se tornou meu tipo desde quando não consigo tirar os olhos do seu corpo, e ficar em algum lugar que não esteja. Quando meus olhos te veem, não sinto pena, sinto meu mundo girar.
Serena estava estatelada entre seus braços, o ar preso dentro do peito. Bruno pegou uma de suas mãos e a abaixou, conduzindo-a ao próprio membro. Ela alisou a extensão longa e dura, mordendo os lábios.
- Eu estou sempre pronto pra você. Te comeria 24h por dia, se pudesse. E tenho certeza que o prazer que é capaz de me dar, é diferente e maior do que qualquer coisa que já experimentei.
As pernas dela se separaram, dando permissão a ele. Seu centro latejava, e a calcinha molhada já denunciava quanto o desejava.
Bruno se encaixou, subindo as mãos por suas coxas ao mesmo tempo em que afastava o vestido. Os dedos longos e ágeis esbarraram nas laterais do tecido da calcinha.
- Por que sempre me disse coisas diferentes?
- Tenho que afastar você de mim.
- Não pode fazer isso, porque eu...
- Sei o que quer, Serena. E por mais que seja uma tortura ficar lutando contra o desejo e as fantasias que tenho por você... Eu não posso.
Bruno a soltou, a expressão completamente consternada.
- Se ultrapassarmos essa linha, não tem volta. – deu um passo pra longe, levando o calor com ele. – Você é boa demais pra mim. Eu... eu só vou ser mais um cara, que pode te dar prazer na mesma proporção que a faço sentir dor. – Bruno levou as mãos ao peito. – E me destrói o fato de que posso a proteger de todos, menos de mim mesmo.
Saiu o cap, minha gente!
O que acharam?? Ui, tá quente aqui kk
Já tô ansiosa pelo próximo! O que você acha que pode acontecer?
Obrigada por acompanhar esse casal <3
Não está revisado :(
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