Capítulo 18 - Bruno
- Não te acho insensível. Só...não quero atrapalhar. Você não é obrigado a me ajudar.
Bruno se levantou repentinamente, dando um passo pra trás.
Serena estava gostosa pra caralho dentro de sua banheira, e se não fosse tudo o que ela estava passando, e o fato dele ser tio do filho dela, talvez pudessem ter alguma coisa.
Nem que fosse a merda de um outro beijo, somente para tirá-la da cabeça.
Ela estava o enlouquecendo, e pelo olhar inocente que analisava a reação dele, talvez nem percebesse. Bruno desviou o olhar. Se a encarasse por mais tempo seria capaz de ter uma ereção.
Seja lá o que estivesse acontecendo, tinha que acabar. E o único jeito de fazer isso, era a afastando dele. Bruno respirou fundo, e respondeu:
- Eu sei. Mas quanto mais rápido você se recuperar, mais rápido poderá sair daqui.
Serena uniu as sobrancelhas, se encolhendo dentro da banheira.
Ok. Talvez agora pudesse receber o título de homem mais filho da puta que existisse na face da terra.
Tinha feito uma promessa a Serena. Não ia deixar que o ex marido a machucasse.
Mas desde quando a vira deitada em seu sofá, sabia que ela seria a sua ruína. E depois que percebeu o sentimento possessivo que surgiu ao escutar Hector a chamando de volta pra casa, ficou claro que ele deveria protegê-la de si mesmo.
- Entendi. Tudo o que você quer é que eu saia daqui. – ela murmurou, parecendo digerir o que ele havia dito. A expressão contraída explicitava o quão decepcionada estava.
Incapaz de responder que não era aquilo, Bruno começou a caminhar pelo banheiro. O ar do cômodo parecia ficar rarefeito.
- Bruno. – Serena o chamou. Ele se deteve – Ainda assim, obrigada por me ajudar. Acho que tudo isso pode estar sendo difícil pra você... mesmo que esteja me ajudando por causa de Henrique.
Bruno foi até ela novamente, se agachando a sua frente.
– Olha Serena, acho que no início te ajudei sim por esse motivo. Mas agora... – Bruno pendeu a cabeça, analisando os olhos brilhantes dela. Serena mordeu os lábios, apreensiva. Ele gesticulou, se forçando a se afastar novamente. – Quer saber? Não importa mais.
Ele só faria o que estivesse ao alcance pra vê-la bem. Ainda que provavelmente seus caminhos se tornassem distintos no futuro.
Serena assentiu, entendendo que era melhor não insistir em uma resposta. Ela tirou uma mecha de cabelo do rosto, colocando-a atrás da orelha.
- Está melhor? – Bruno perguntou.
Ela sorriu, e quase que instantaneamente seu coração aqueceu. Ele suspirou aliviado, ainda a observando.
A pele pálida resplandecendo com a água. Os olhos grandes e claros meios cabisbaixos. Os braços abraçando as pernas.
- Por que você também não entra aqui?
- Não acho que...
- Não acha que seja legal? – Ela deu uma risada fraca. – Bruno, eu estou seminua dentro do seu banheiro. Tem noção do quanto tudo isso não é legal?
- Sim... – ele admitiu, embora não ligasse - Mas eu ia dizer que achava que não me queria aí dentro.
- Esta é a sua jacuzzi. Não tenho que querer.
- Serena. Você tem escolhas.
- Não precisa ficar me dizendo isso...
- Eu sei. Mas você parece ter se esquecido de coisas óbvias.
Como por exemplo, o quanto era uma mulher doce e gostosa. Ou o quanto ainda tinha um carreira, mesmo que acreditasse que não.
Ela piscou algumas vezes, surpresa com o comentário dele.
- Tudo bem...Então, eu escolho que você esteja aqui dentro comigo.
Bruno não pensou duas vezes, indo até a jacuzzi. Ele tirou a bermuda ensanguentada, ficando somente de cueca box.
Embora engolisse em seco, Serena não fez nenhum comentário. Então ele simplesmente se sentou ao lado dela.
- Por que achou que eu não ia querê-lo aqui?
- Não sei. Dei uma surra no seu ex, a interrompi quando estava com Renato... – ele podia continuar pra sempre aquela lista. Inclusive admitindo que era um homem arrogante pra caralho.
- Ah. Eu estou agradecida pelo primeiro acontecimento, ainda que você tenha me lembrado de que devo ficar brava com o segundo.
- Você não devia ter entrado naquela brincadeira. – ele asseverou com os olhos fechados, se permitindo curtir o relaxamento que a água quente proporcionava – As verdades e os desafios são muito... explícitos. E acabam revelando mais do que deveriam.
- Mas eu quis.
- Sim. E por isso, na primeira oportunidade que tive, fui obrigado a tirá-la antes que começassem a perguntar como foi que fizemos seu bebê, ou a desafiassem à beijar alguém que não queria.
Ele preferiu não citar que o romance de Michele e Farley começou depois que Guilherme os desafiou à uma noite juntos no motel.
Serena ficou em silêncio por um instante. Bruno respirou aliviado, crente que o assunto tinha terminado. Mas então ela jogou:
- É esse o verdadeiro motivo... ou foi por que eu beijei Renato?
Um nó se formou na garganta de Bruno. Porém decidido a se controlar, ele pigarreou baixinho e abriu um dos olhos.
- Não sei se você quer que a conversa siga por esse caminho.
Serena inspirou fundo, ponderando sobre o que ele havia dito.
- Tem razão. – se deu por vencida, deitando na parte que cabia a ela.
O corpo esguio de Serena estava abaixo d'água. Somente a ponta da barriga e os seios revestidos pelo sutiã de renda pareciam flutuar.
Ele desviou o olhar. Não seria bom que ficasse a observando por muito tempo, mas seus olhos simplesmente não paravam de contemplar o perfil dela.
Serena parecia tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Bruno ficou um pouco de lado, observando ela mexer os pés finos dentro da água, como se fosse uma sereia.
Ela começou a murmurar alguma música. Os lindos olhos agora estavam fechados, enquanto a cabeça se movia em um ritmo imaginário.
- No que está pensando? – Ele atravessou os murmúrios melodiosos dela, a interrompendo.
- Estou tentando não pensar. E você?
- Nada. Só estou te olhando.
- É...consigo sentir. Por que você não para de fazer isso?
Bruno se obrigou a morder a bochecha um segundos depois de perceber o que estava prestes a falar. Suspirando fundo, reformulou:
- Sua barriga parece crescer a cada dia que passa. E olha que é meu segundo dia ao seu lado – assim como os seios, quis completar. Serena soltou uma risada, e instintivamente ele a acompanhou.
- Acho que é exatamente esse o significado de estar grávida.
- Como você se sente em relação a... – ele apontou a barriga dela com o queixo.
- É estranho. Acho que ainda não sei. – ela se sustentou nos próprios cotovelos, observando a barriga. – Tem um bebê crescendo aqui. – Serena tocou com o indicador a pele esticada do ventre. – E eu só consigo pensar no quão gordinha estou ficando.
Bruno soltou uma gargalhada.
- É, você come muito. - se recordou dos dois potes vazios de sorvete sabor pistache.
- Bruno!
- Eu percebi o prejuízo que você deixou nos sorvetes. Quando foi que comeu tudo aquilo?
- De manhã, antes de... bem... daquilo tudo ter acontecido na piscina ontem.
Ele assentiu, indicando que se lembrava. E como se lembrava! Sua nudez, o espetáculo de ciúme da Rebeca e o beijo.
A recordação guiou os olhos dele para os lábios inchados e avermelhados dela. Serena corou, ficando ainda mais...
- Linda. - soltou de repente, logo depois se arrependendo.
- O-o quê?
Serena ficou boquiaberta, e pior, deslizou a língua pelos lábios, umedecendo-os. Puta que pariu. Bruno se sentou de supetão, pressionando a grande ereção entre as coxas e a barriga. A reação dele a sobressaltou, desfazendo a tensão quase palpável.
Serena pigarreou, se dando conta do que havia acontecido. Determinada a mudar de assunto, o olhar dela desceu para o seu peitoral.
- Quase me esqueci que você está sujo... – ela riu sem graça, jogando um pouco de água no peitoral dele.
Entretanto, o sangue já seco, custou a sair. Serena esfregou o dedão na sua pele. O toque delicado queimando como fogo. Bruno precisou cerrar o maxilar para ignorar a vontade de colocá-la sentada em cima dele.
Serena parou.
– Se não queria que eu o tocasse era só...
- Não é isso. – ele segurou a mão dela no ar.
Depois, quase que como imãs, as palmas se juntaram, e os dedos se embrenharam, se entrelaçando. Serena soltou um suspiro trôpego. Em resposta, o membro dele pulsou dentro da cueca.
Bruno a soltou, arquejando. Os olhos de Serena arregalaram-se levemente.
- Acho melhor eu ir! Você pode pegar essa toalha ao lado pra mim? – falou tudo rápido demais. Serena sorriu sem mostrar os dentes, pegando a toalha ao lado da jacuzzi. Bruno se levantou, pressionando o tecido na frente do corpo.
- Tá tudo bem?! – ela perguntou, o cenho franzido. Não, não estava bem. Onde fora parar a merda do autocontrole? - Aonde vai?
- Vou... organizar as coisas lá fora. Se não se sentir confortável pra ir para o seu quarto, pode dormir na minha cama. Eu deito em outro lugar – ele disse de costas, passando a mão pelo cabelo e espalhando água pra tudo quanto é lado.
- Não vou deitar na sua cama!
Bruno uniu as sobrancelhas, a lembrança de Serena fitando a cama bagunçada voltou à mente.
- É por causa da mulher que deitou há pouco tempo ali?
- Não! – Ela mentiu. – É porque é sua cama.
- Serena, é só uma cama como todas as outras. E até eu já dormi com você na sua, lembra? – as maçãs do rosto dela coraram. - Se quiser, troca os lençóis. Estão no armário central do closet.
- Vou dormir no meu quarto.
- Como você quiser.
Bruno foi para o quarto e rapidamente mudou de roupa. Pensou em voltar ao banheiro e avisar a Serena que estava saindo. Mas pelo bem da sua sanidade e autocontrole, não o fez.
Quando saiu, a maioria das pessoas tinham ido embora. Seus amigos ajudavam a limpar algumas coisas enquanto outros ainda bebiam. Sarah o viu vindo pelo caminho do jardim.
- Como ela está?!
- Vai ficar bem. E ele, para onde o levaram?
- Farley o levou para o hospital, cara. – Guilherme respondeu com um copo de cerveja na mão e um cigarro na outra – Você nocauteou ele!
- Acho bom se preparar para um processo... – Dodô avisou, sentado em cima de uma banqueta com os braços cruzados. Bruno deu de ombros.
Sarah passou as mãos pela saia jeans, apreensiva.
- Você quer ir vê-la? – Bruno perguntou a ela.
- Não, melhor deixar ela um pouco sozinha. – Sarah explicou. – Amanhã vou ligar.
Depois de algum tempo em que mais ninguém ousou falar nada do acontecido, Farley chegou com Rafa, Michele e Munique.
-... Aquele cara lá é muito molenga. – Farley dizia com um gesto.
- O gaúcho tá é com a cara destruída, mano! – Rafa exclamou em um tom animado.
Munique se juntou à Guilherme, estalando um beijo afobado na boca do amigo. Sarah abaixou a cabeça, ganhando um olhar de aviso de Dodô.
Bruno franziu o cenho. Que porra estava acontecendo?
Michele se jogou na cadeira de plástico, ganhando a atenção de todos.
- Gente, acho que não devemos mais fazer nenhum churrasco aqui na casa do Bruno. Sempre acontece alguma coisa! Na última vez, Rafa ficou tão bêbado que quase morreu de coma alcoólico. Além da briga do Gui e Farley... – Michele lembrou, se referindo ao triângulo amoroso que havia entre Guilherme, Sarah e Dodô, tendo Farley como um terceiro que ficava jogando lenha na fogueira e provocando brigas desnecessárias.
- Ah, não foi pra tanto, Mimi! – Guilherme protestou.
- Eu também acho que não devemos fazer mais nada aqui – Sarah sustentou a argumentação de Michele com um balançar de cabeça.
Bruno não fazia muita questão, então deu de ombros. Que eles decidissem.
- Bobagem! Eu acho que devemos continuar, foram as melhores histórias! – Farley disse. – E Serena chegou pra agregar ainda mais, enlouquecendo nosso tourinho.
Bruno cruzou os braços, pressionando os lábios. Pelo jeito, Farley tinha encontrado nele e em Serena outro "casal" pra atormentar.
- Tô com o Farley! – Rafa murmurou levantando um copo de cerveja.
Eles ficaram conversando um tempo sobre amenidades. Teriam mais um jogo na quarta da próxima semana, e quem era o mandante era o atlético mineiro, o que significavam que eles iam pra Belo Horizonte. Bruno não queria ter que pensar nisso e em como deixaria Serena.
Amanhã haveriam acontecimentos dos quais ele deveria investir toda a concentração. A sessão de fotos era o primeiro, onde torcia que tudo ocorresse bem, e principalmente, que ele pudesse se sentir à vontade sendo fotografado com alguém que não fosse o irmão.
Além disso, Serena ainda tinha uma consulta marcada com a obstetra. E ainda que ela não pedisse companhia, não teria nenhuma chance dela ir sozinha ao consultório. Ele fez uma nota mental pra se lembrar de perguntar a mãe se poderia acompanhá-la.
Bruno se levantou da banqueta e colocou o copo de cerveja vazio na mesa.
- Ah, mano! Não diga que já está indo... – Rafa chiou.
- Deixa ele, Rafa. Não vê que o cara tá cheio de problema? – Guilherme ralhou.
Dodô estava encostado na pilastra, fumando um cigarro eletrônico. Parecia alheio a tudo o que acontecia. Sarah preferiu ir embora sozinha, o que era muito estranho.
Munique também já tinha ido, deixando Michele toda encolhida na espreguiçadeira com a cabeça no peito nu de Farley, que cantarolava uma música de pagode aos berros. Como ela não acordava com aquele cara gritando, ele não fazia ideia.
- Vou indo... – Bruno começou.
- A pelada de domingo ainda tá de pé? – Farley parou a cantoria pra perguntar.
- Claro.
- Você vai levar Serena, né? – Rafa emendou a pergunta. Bruno bufou, descontente pelo interesse do colega.
- Sim, se ela quiser ir.
- Falou então, mano. Até domingo. – Guilherme apertou seu ombro. – Vamos fechar o portão quando sairmos.
Depois que outros colegas se despediram, Bruno voltou pelo caminho da piscina, seguindo pelo corredor até seu quarto.
No tapete na frente de sua porta, a gata estava deitada. Quando viu ele se aproximando, rapidamente sentou, ronronando.
- Não, gata. Vá dormi com a sua mãe! – ele sussurrou enquanto abria a porta com cuidado para que ela não entrasse.
Bruno não precisou abrir tanto para ter uma visão da qual jamais imaginaria.
Serena estava sentada na poltrona ao lado da cama, o abajur aceso com a luz amarelada iluminava o rosto corado. Ela respirava profundamente, envolta pelo cobertor fino que revestia seu corpo, se esparramando pelo chão.
Ele tentou ir direto pro banheiro, mas não conseguia deixá-la dormir daquela maneira quando já podia ter ido para o quarto dela.
- Serena. – chamou, Serena nem se mexeu. – Serena?! – disse um pouco mais alto, tocando levemente em seu antebraço. Serena soltou um gemidinho e virou o rosto para o outro lado, murmurando algo inaudível. - Tudo bem. - passou as mãos pelos cabelos, exausto.
Bruno arrumou a cama com lençóis novos depois de se desfazer dos que estavam sendo usados. Em seguida, foi até ela.
Ele ergueu um pouco a parte inferior do cobertor, o bastante para que o seu braço direito pudesse encontrar as pernas dela. Com o outro, sustentou a cabeça de Serena, enfim a aninhando em seu colo para puxá-la pros seus braços.
Assustava o fato de Serena não ter sequer acordado enquanto era colocada no colchão. Ele meneou a cabeça enquanto tirava o coberto que a cobria para colocar o dele, que era muito mais quente e adequado ao frio que faria quando ligasse o ar condicionado.
Bruno parou, completamente atônito pela cena.
Serena estava vestida somente pela blusa dele, que ia-lhe até as coxas. Seu cabelo cor de mel estava espalhado pelo travesseiro, aludindo aos primeiros raios solares do dia. As pernas torneadas estavam nuas, com a barriga redonda proeminente no tecido fino da camisa, emoldurando uma das curvas mais bonitas que ele havia visto na vida.
Oi oi amores! Mais um cap! (grande, né? rs) O que acharam deste? As coisas estão ficando mais quentes... heheh
O prox cap ilustrará a sessão de fotos (pra lá de calientes!), e teremos também novas descobertas... Não percam!
AAAAA eu nem acredito que nosso casal chegou a 1k! Muito feliz <3
Obrigada por acompanhar esses dois!!!
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