Capítulo 12
Nos contos de fadas, o príncipe sempre acorda a princesa do sono encantado com um beijo. Até o exato segundo em que a Bia deu a sua resposta ao Lourenço grudando os lábios nos dele, ela achou que aquilo acontecia somente nas histórias infantis.
O Lourenço estava longe de ser um príncipe, as mãos que colaram a Bia contra ele não eram gentis e a boca esmagada na dela não tinha nada de delicada. A maneira como a Bia se agarrou a ele, também não parecia com os modos graciosos e elegantes de uma princesa, mas não havia outra maneira de descrever o que acontecia ali. Aquele beijo estava tirando a Bia de um coma em que ela nem sabia que estava e, pela primeira vez, ela se sentiu viva, de verdade.
Viver tinha que ser aquilo. O sangue correndo como louco pelas veias, aquecendo seu corpo por inteiro. Respirar como se o ar do mundo todo não fosse suficiente para encher seus pulmões. A pele tão sensível que a mais leve das carícias espalhava arrepios por cada pedacinho seu. Os gemidos que escapavam do Lourenço, passavam pelos seus lábios, fazendo residência no seu coração, preenchendo um vazio que nunca incomodou a Bia antes, porque aquele espaço sempre esteve à espera dele.
Com um dos braços em volta da sua cintura, a segurando contra o peito firme, o Lourenço subiu a outra mão, agarrando os cabelos na sua nuca, posicionando sua cabeça como ele queria. O beijo se aprofundou, ficou lento, as línguas se explorando devagar e foi a vez da Bia gemer, porque ele estava beijando seus lábios, mas ela o sentia na alma.
De alguma maneira, eles flutuaram para o quarto e a Bia firmou as pernas para conseguir ficar de pé sozinha quando ele a soltou. Ele foi até a janela e fechou a cortina com movimentos decididos. As mãos fortes pareciam fora de lugar na estampa floral delicada que destoava do resto do ambiente de mobília simples e sem outros enfeites. Mãos que voltariam para ela em alguns segundos e a levariam para conhecer outro mundo. O pensamento a excitava e amedrontava, ao mesmo tempo.
Com os dois protegidos dos olhares de algum curioso no prédio que dava fundos para o dele, o Lourenço se virou, e nem a penumbra que se instalou no quarto escondeu a febre que queimava na expressão cheia de desejo. Ele veio na sua direção e ela deu um passo à frente, ansiosa para voltar para os braços dele, mas ele passou direto, indo na mesinha de cabeceira, onde abriu a gaveta e tirou um pequeno quadrado de papel brilhante preto.
— Eu não vou me esquecer dessa vez. — O Lourenço colocou a embalagem em cima da mesinha com um meio sorriso. Ver a camisinha tornou tudo mais real e a Bia começou a tremer. Ele notou assim que voltou para abraçá-la — O que foi?
— Eu tô um pouco nervosa — ela admitiu, se apoiando nele. Suas pernas estavam moles e ele estava ali na sua frente, tão estável e sólido, que seria até pecado não se aproveitar daquilo tudo.
— Confiança. — Ele segurou o rosto da Bia com as duas mãos e fixou os olhos nos dela. — É uma das principais coisas que duas pessoas precisam ter uma na outra pra transar. Eu sei que a minha palavra não vale porra nenhuma pra você, mas eu tô te prometendo que se você me pedir pra parar, na hora que você quiser... não vai ser fácil, mas eu paro.
— Eu confio em você. — E era verdade, ele a fazia se sentir segura e protegida. — É só que... apesar de não ser a primeira vez que você faz isso comigo, é a primeira vez que eu faço com você... É como se fosse...
— Tô ligado. — Ele beijou os lábios dela com suavidade e carinho, e ela se derreteu ainda mais. — Eu podia dizer que você é louca por me dar a chance de ser o seu primeiro duas vezes, mas eu não posso correr o risco de você concordar comigo e pedir pra parar antes da gente começar.
A admissão de que ele queria aquilo tanto quanto ela trouxe um sorriso aos seus lábios. Podia parecer loucura ela estar ali, prestes a transar com um cara que, na teoria, tinha feito tudo errado da primeira vez, mas dentro dela, a certeza de estar fazendo o que devia fazer brilhava clara e límpida. E apesar do lado emocional ser o mais importante naquela balança, daquela vez ela estava bem ciente dos seus atos e desde que os dois fossem responsáveis e usassem proteção, não havia nada de errado na sua decisão de se entregar à atração que sentia por ele.
Mas estava difícil se livrar da insegurança.
No outro domingo, ele tinha confessado que o sexo tinha sido muito bom e ele era experiente. A pressão para não decepcioná-lo era enorme, principalmente porque ela não fazia a menor ideia do que tinha acontecido para ele ter gostado tanto.
— Escuta. — Ele chegou perto, afastou o cabelo dela do pescoço e sussurrou, os lábios roçando sua orelha. — Tirar a roupa não é essencial numa transa. Eu posso fazer você gozar só com a minha calça aberta, o seu vestido levantado e a sua calcinha pro lado. — Antes que a Bia protestasse que não era aquilo que ela queria, ele se afastou, levou uma das mãos atrás do pescoço e puxou a camiseta. — Mas é tão mais gostoso sem nada.
O Lourenço pegou as mãos da Bia e colocou sobre o peito dele. Ela acariciou a curva do peitoral definido, se demorando por cima da tatuagem da qual ela não se lembrava, e que, à meia-luz, não conseguiu inspecionar com detalhes. A pele dele pegava fogo e o coração sob seus dedos batia forte, afinado com o seu.
— Uma outra parada que pode ajudar isso a ser melhor é não pensar muito. Não se reprimir. — Ele segurou as alças do vestido dela e abaixou devagar. Ela não o impediu, mas ao ficar nua da cintura para cima, o impulso de se esconder foi mais forte que tudo, e ela cruzou os braços na frente dos seios, segurando os próprios ombros. O Lourenço continuou abaixando o vestido até o chão. Ela levantou um pé, depois o outro e ele jogou a roupa para o lado, e ela repetiu o movimento quando ele segurou o salto das suas sandálias para ajudá-la a tirá-las. — O álcool facilitou as coisas pra você da outra vez, mas você não precisa dele.
A Bia estava sem palavras com a sensibilidade que ele demonstrava em perceber seus medos e inibições. Outro poderia ter partido direto para o sexo, mas não o Lourenço. Ele estava ali, agachado aos seus pés, paciente e preocupado em deixá-la à vontade. Mas ela não deveria estar surpresa, afinal, aquele era o cara que tinha decifrado sua pintura quase que por completo em menos de cinco minutos.
— Você não precisa ser uma menina comportada comigo, lembra que eu já te vi toda sem vergonha. — Ele levantou os olhos e, se inclinando para a frente, puxou levemente a argola do seu piercing com os dentes. A Bia soltou um gemido e o tremor que percorreu seu corpo não era mais de nervoso. — Eu sou a sua paisagem, se você tiver coragem de pular, eu não vou deixar você cair.
Ele levantou e lhe estendeu as duas mãos.
O Lourenço estava certo, aquela não era uma experiência para ser vivida pela metade, com falsos pudores ou barreiras. Se ela teve coragem de chegar ali, pular de cabeça era o mínimo que ela podia fazer.
— Eu quero. — A Bia descruzou os braços e pousou suas mãos nas dele, sem hesitação, no voto de confiança mais fácil que ela tinha dado na vida. — Eu vou com você onde você quiser me levar.
Com um leve puxão, ele a colou nele e a beijou. Um beijo lento e calmo e fundo. Era delicioso, seus seios apertados pele com pele no peito firme e rijo, e as mãos ásperas escorregando pelas suas costas. Um borbulhar de sensações começou dentro dela e a Bia se esticou nas pontas dos pés e se agarrou ao pescoço dele, tentando acelerar o beijo, porque ela precisava de mais.
Sem se abalar, o Lourenço enlaçou sua cintura e, com a Bia apertada contra ele, tirou os pés dela do chão. Quando deu por si, ela estava sendo deitada com toda delicadeza na cama. Ele tentou se afastar, mas ela não o soltou. Não, ela não suportaria mais ficar longe dele um segundo que fosse.
— Eu preciso tirar a calça — ele sussurrou.
Já que era por um motivo tão justo, ela o deixou ir, e se apoiou nos cotovelos para apreciar melhor o espetáculo. Ele chutou o sapatênis de lado e abriu o botão do jeans e desceu o zíper.
O fôlego da Bia falhou ao vê-lo descer a calça pelas coxas de jogador de futebol levemente cobertas por pelos escuros, mas não foram nelas que os olhos dela se fixaram. Ele usava uma cueca preta, curta e apertada, marcando o volume que não deixava nada para a imaginação.
Com certeza, não existia no mundo um cara mais lindo, gostoso e sexy do que aquele. E por aquela tarde, ele era inteirinho dela.
Ele se juntou a ela na apertada cama de solteiro e ela o recebeu dentro do abraço. Era bom poder olhá-lo, mas era melhor senti-lo, e os dois voltaram a se beijar, o Lourenço mantendo a mesma ternura e suavidade de antes. Com as pontas dos dedos encostadas na sua pele, ele desceu a mão pelo seu pescoço e, com um toque tão leve que ela mal sentiu, afagou seu seio. Ela arqueou as costas para a frente procurando por mais contato, porque aquilo não era suficiente.
A mão dele continuou descendo, acariciando seu ventre, sua cintura, a deixando arrepiada, louca de desejo e pulsando, principalmente entre as pernas. Enganchando o braço pela sua coxa, ele a apoiou em cima do quadril dele e os encaixou.
Ele estava duro, deliciosamente duro, a Bia podia senti-lo roçando de leve no lugar exato onde ela latejava, mas o movimento sutil e brando a deixou frustrada. Ela precisava de mais. Muito mais. Ela tentou se aproximar, aumentar o ritmo, aprofundar o beijo, mas ele não permitiu e continuou a lenta tortura.
Não era aquilo que a Bia queria.
Fosse por instinto, ou pelas lembranças que se escondiam dentro da sua cabeça, se recusando a virem à superfície, mas que estavam lá, ela tinha a certeza que o Lourenço não estava sendo suave porque era o estilo dele. Ele estava se segurando.
Ela interrompeu o beijo e envolveu o rosto dele com as duas mãos.
— Lourenço — ela chamou e ele abriu os olhos desfocados que foram se afiando e ficaram atentos ao perceber que ela estava esperando para falar. — Você me pediu pra esquecer a vergonha e não me reprimir, mas você tá se segurando.
Ele não tentou negar, e com um suspiro, encostou a testa dele na dela.
— Eu te fiz chorar no outro dia — ele murmurou. — É a sua primeira vez. Eu quero que seja perfeita.
O coração da Bia falhou uma batida ao ouvir a revelação carinhosa, preocupada, e que espalhou uma sensação doce pelo seu peito.
— Eu não vou chorar hoje. Sem chance. Você mesmo disse que aquela noite não foi normal. — Ela se aproximou e mordeu o lábio inferior dele, puxando devagar. — Eu quero você por inteiro, Lourenço. Eu quero você do jeito que você é.
Algo pareceu arrebentar dentro dele. Com um rosnado, ele avançou sobre a Bia, a beijando com voracidade, a língua invadindo sua boca com força e exigência. Ele agarrou seu seio com vontade, beliscando o mamilo quase que com violência.
— Isso! — Ela jogou a cabeça para trás. — Assim. Assim...
— As coisas que você faz comigo, gata — ele grunhiu e desceu a boca pelo pescoço dela.
Ele abocanhou o outro seio, enquanto sua mão continuava a atormentar o outro lado. O controle da Bia foi embora com aquela pegada que era tudo o ela desejou, e ela agarrou os cabelos curtos, segurando a cabeça dele bem ali. Se aproveitando da sua perna passada pelo quadril dele, o puxou para perto, os dois se roçando um no outro sem modéstia ou delicadeza.
Retomando o domínio da situação, o Lourenço deu uma última lambida no seio sensível e continuou descendo pela barriga dela, a barba por fazer arranhando gostoso a sua pele. Parando no umbigo, ele usou a língua para brincar com o piercing, sugando de leve.
Quando a Bia já estava achando que ia explodir de tanto prazer, ele se ajoelhou do lado dela, e o tempo parou, enquanto eles se encararam. A expressão dele era de pura luxúria, os lábios avermelhados e o olhar faiscando, pegando fogo, ao segurar as laterais da sua calcinha e puxar pernas abaixo, sem tirar os olhos dos dela. Os dois juntos e perdidos no mesmo olhar.
A calcinha era modesta, de malha azul escura com pequenas bolinhas brancas, prova maior de que transar com o Lourenço não tinha nem passado pelos seus pensamentos ou ela teria usado outra, mais provocante. Mas o tipo de lingerie dela não parecia estar fazendo nenhuma diferença para ele, que segurou o pequeno pedaço de pano na mão direita, esfregando o polegar na parte de baixo.
— Hummm... toda molhadinha pra mim.
— Ai, meu Deus! — A Bia escondeu o rosto atrás das mãos.
Molhada era pouco, a calcinha dela estava encharcada. Mas ele não precisava ter anunciado o fato em voz alta. O colchão do seu lado se afundou, indicando que ele tinha voltado a se deitar.
— Ei. Nada de vergonha, lembra? — Ele a segurou pelos pulsos e afastou as mãos do rosto dela. — E isso é bom. Eu também tô do mesmo jeito. Olha aqui.
Ele abaixou uma das mãos dela e a colocou sobre o volume da cueca, e a Bia sentiu o pedaço de tecido úmido. Ela deslizou o polegar, entendendo. Realmente, não era motivo de vergonha, era só a prova de como ele a afetava, e ela se sentiu poderosa em ver que ela fazia com ele pelo menos um pouquinho do que ele provocava nela.
A Bia queria mais e deslizou a mão, acompanhando todo o comprimento da ereção por sobre a cueca. Com um longo gemido, ele fechou os olhos e apertou a cabeça no travesseiro. E já que era para ser sem vergonha, ela enfiou a mão pelo elástico e o segurou sem barreiras.
Era a primeira vez que ela tocava um homem intimamente. Quer dizer, talvez ela tivesse feito aquilo com ele na outra noite, mas se ela não se lembrava não contava, e a Bia se maravilhou com a maciez da pele que cobria o pênis tão, tão rígido por baixo dos seus dedos.
— Delícia... você é uma delícia... — ele gemeu quando ela o acariciou para cima e para baixo.
Ele terminou de tirar a cueca e segurou a mão dela, apertando mais um pouco, mostrando como ele gostava. O ventre dele se contraía cada vez que ele jogava o quadril para a frente, se roçando na palma que o envolvia. Ele a largou, a puxando para um beijo quente e intenso, e ela continuou sozinha. Ou tentou continuar, porque alguns momentos depois, os movimentos dos dois se tornaram descoordenados, desenfreados.
— Bia... Eu preciso... Eu...
Não foi necessário dizer as palavras, a Bia estava tão desesperada quanto ele. Ao receber seu aceno de cabeça, o Lourenço retorceu o corpo e pegou a camisinha. A Bia afastou as mãos enquanto ele rasgava a embalagem com os dentes e o observou se cobrindo. Os movimentos dele eram afoitos, as mãos trêmulas.
Voltando a enganchar e a levantar sua coxa como antes, o Lourenço segurou a base do membro e o encostou nela, se esfregando algumas vezes. A Bia arfou e gemeu fundo, um som rouco que nem parecia estar saindo dela. Ele se escorregou para baixo, e com um único movimento lento, seguro, inebriante, ele a penetrou.
A vantagem da primeira vez de uma não-virgem, foi a ausência de dor. A sensação dele dentro dela foi estranha no primeiro segundo, e incrível em todos os segundos depois. Escorregando a mão para trás, ele apertou suas nádegas, segurando-a com firmeza ao começar estocar devagar.
E o único pensamento da Bia era como as outras pessoas do mundo conseguiam fazer outra coisa que não fosse aquilo, o dia inteiro, o tempo todo, porque a sensação era simplesmente maravilhosa demais. Os pensamentos se perderam no turbilhão que começou a se formar dentro dela.
O Lourenço parecia estar em todos os lugares, beijando seus lábios, seu pescoço, mordiscando seu ombro e lambendo seus seios. Tocando o corpo dela com propriedade, como se estivesse tomando posse de algo que sempre tinha pertencido a ele, mesmo que ele não soubesse daquilo.
O ritmo dos quadris dele acelerou, o som dos corpos se chocando enchendo o silêncio do quarto. A Bia devolveu batida por batida, tentando dar a ele o mesmo prazer que ele lhe dava, acariciando os braços, o peito, arranhando as costas, cravando as unhas na bundinha arredondada que se retesava e relaxava cada vez que ele entrava e saía dela.
— Bia... — ele grunhiu seu nome. — Puta merda, eu tô quase...
— Não! — Ela fincou os dedos nos ombros dele, tentando não perder o ritmo. Ela queimava por dentro, a pele formigando, quase lá, mas faltava alguma coisa que ela não sabia o que era. — Por favor... — ela implorou.
O Lourenço entendeu e colocou a mão entre eles. Pode ter sido o toque do polegar rodeando exatamente onde ela precisava ou os olhos tumultuados implorando por ela, e ela começou a flutuar, flutuar cada vez mais alto, até uma explosão de sensações fazer o mundo desaparecer.
O Lourenço se deitou por cima dela, a apertando no colchão, se movendo com tanta força que ela o sentia no útero.
— Porra... Eu vou... — e xingando e gemendo, ele também gozou.
Se ela fosse capaz de algum pensamento coerente naquele momento, seria para dar razão à prima.
A Bia com certeza teria se lembrado.
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