Meu motorista reduziu a velocidade do carro e quase de maneira oculta me permitiu olhar para a mulher loira de um 1, 70 que ganhou não somente uma data especial do meu ano, não. Ellie ganhou todos os segundos bons que passei longe do prédio da King e do legado que levantei quando abandonei ela sozinha, nas ruas de São Paulo para correr atrás de um lugar melhor não somente para mim, eu sempre pensei na minha menina de olhos claros e abraços longos. Como ela ficou depois que não voltei do restaurante onde sempre íamos juntos buscar comida? A uma parte escondida de sua vida que meu dinheiro nunca foi capaz de pagar para desvendá-lo e isso me incomoda muito mais do que os milhões que estou perdendo apenas por passar alguns minutos olhando para o sorriso que não saí de seus lábios ao olhar novamente para a faixada de seu novo restaurante, um sonho de garota que ela sempre me contou em suas histórias nos dias frios onde não tínhamos cobertores ou um lugar seguro para dormir.

"Um restaurante grande... onde nenhuma criança ou adulto vai passar fome, Theus"

Theus... nunca Mateo, era nosso apelido secreto junto com a música que usávamos para correr quando fosse preciso, o nosso sinal de perigo.

Mas depois de 20 anos ela conseguiu montar o seu bistrô numa das ruas mais calmas e bonitas de São Paulo, o movimento é suave e os pássaros cantam ao fundo como se o dia não estivesse nublado demais dentro de mim.

Mesmo que eu tivesse uma parcela de culpa ao pagar sua bolsa de estudos em segredo ou comprado o lugar onde o nome "Bistrô Delacroix" brilha no letreiro novo, ainda não é o suficiente.

A culpa é um sentimento perturbador dentro de mim e isso sem contar o peso que tenho nos ombros ao lembrar que dona Eira passou muito mal a dois dias e está sob observação dentro de casa, longe de seu amado jardim e suas músicas alegres e bonitas. O câncer que derrubou uma das mulheres mais incríveis desse mundo chegou devagar, no auge de seus 67 anos e uma saúde boa para uma mulher de sua idade. Qual não foi minha surpresa ao atender o telefone naquele dia, um dos sócios da King estava exigindo me conhecer pessoalmente mesmo que minha identidade seja um segredo até hoje.

Naquele dia o sol não sorriu na cidade de São Paulo e o caminho até o hospital particular onde estava minha mãe do coração foi lento e cada pequeno canteiro de rosas ou flores pelo caminho pareciam tristes pelo estado de saúde agora delicado de dona Eira.

Foi nesse mesmo dia que ela me pediu para procurar sua primogênita, estivesse ela viva ou morta! Ela só queria morrer em paz, sabendo que sua filha apareceu pelo menos num pequeno instante de sua vida.

E eu estava prestes a derrubar o Brasil para conseguir o que nenhum investigador na época conseguiu, fosse por medo de algo que eu desconhecia ou pelos boatos que caíram sobre a minha família.

"Os King estão loucos..." foi uma das frases que li em um jornal da época todos eles corriam atrás dos meus pais sem empatia alguma pela perda da primeira e única filha legítima dos King!

Brenna Bellucci King foi sequestrada com meses de vida e nenhum rastro de sequestrador foi encontrado, a única pista que brilhava em cima da minha mesa nesse mesmo instante é o dossiê de um homem chamado Bruno Croft! Um empresário do ramo do entretenimento e alguns negócios ilícitos no mercado negro. Pelo pouco que eu pude ler, Bruno apareceu na vida de Dona Eira na mesma época de sua gravidez e ele nutria uma paixonite pela minha mãe, mesmo que ela fosse casada a anos com o meu pai e estivesse grávida de sua herdeira.

Ele é o primeiro suspeito que preciso dissecar para encontrar um rastro que me leve até a pessoa que sequestrou uma herdeira e que indiretamente me colocou dentro da casa dos King, onde eu finalmente tive uma família e comida.

Mesmo que ela possa nunca ter tido isso depois que entrei naquele SUV no meio da enchente que dominou a Avenida do Estado e toda São Paulo..."

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Acho que vou começar a publicar esse ano 😏

Alguém ansiosa para conhecer esse casal e o chefe da Secret NY?

Capítulo completo: Sábado 🛐

Beijossssssss