ꮪꮖꭰꭼ ᏼ ( trᥲᥴk # O7 )

ˑ ۫ . ﹙ No one wanted to play with me as a little kid, so I've been scheming like a criminal ever since.﹚

Retornar para casa e os dias após isso não a deixaram mais calma, Adhara caminhava de um lado para o outro em seu quarto, o pedido de Thomas repousando sobre a penteadeira como um peso invisível, parecia preencher o quarto com sua ansiedade. A proposta de casamento girava em sua mente como um feitiço incessante, como ela poderia mover as cartas tão rápido? Poder. Controle. Liberdade. Tudo isso estava ao alcance de suas mãos, de uma maneira que ela não pensava, de uma bem perigosa, mas as trevas que a cercavam desde a infância sussurravam advertências sobre traições e lealdades rompidas.

── Casar-me com ele... é isso que eu quero? Ou é apenas o que devo fazer? ── Ela murmurou para si mesma, sentindo os dedos roçarem o colar que pendia em seu pescoço, um presente de seu pai nos seus dezoito anos. Era uma lembrança pesada, como as expectativas de sua família, teria de controlar a ansiedade antes que piorasse.

A boca tinha um gosto férreo, como se fosse sangue, sentiu, o corpo empurrado para perto do espelho, verificou as gengivas, nada tinha acontecido, tudo normal demais, ela quase podia vomitar. Ela então se sentou na beirada da cama, com os olhos fixos em seu reflexo no espelho de antes.

── Se eu aceitar, estou me libertando ou apenas trocando de prisão? ── A voz soou mais forte,como se seu sub consciente estivesse soprando algo, ainda podia voltar atrás.

A memória de sua infância a atingiu como uma onda, como se ela estivesse em um transe, pensando em como tinha chegado até ali. Pollux e Arcturus treinando feitiços avançados, enquanto ela, ainda pequena, observava da janela do escritório de Rigel, ela não tinha permissão de ficar no jardim quando os irmãos treinavam. O pai a elogiava pela inteligência, mas seu tom carregava um subtexto: ela nunca seria tão forte quanto os irmãos, ela era a sua menininha, aquela que deveria ser protegida, sempre propriedade Black, nunca dona de si.

── Adhara... ── Rigel dissera certa vez, os olhos fixos nela enquanto lhe ensinava estratégias em um tabuleiro de xadrez bruxo para passar o tempo. ── A força bruta pode vencer batalhas, mas a mente vence guerras, um bom feitiço não é nada sem um bruxo inteligente para executá-lo.

Aquela frase a moldara, ela podia não sacar a sua varinha rápido como eles, experiente em duelos, mas ela tinha algo que ambos não possuíam, a habilidade de não precisar pensar em sacar a varinha para um duelo. Desde então, cada escolha, cada palavra, cada olhar cuidadosamente planejado, tornou-se parte de seu arsenal, mesmo que o plano fosse planejado à medida que as coisas fossem acontecendo, não era um grande plano de uma vida toda. Com Thomas não era diferente, ele era o rei em seu tabuleiro, e ela a rainha, disposta a qualquer movimento para proteger o próprio jogo, por isso precisava ser cuidadosa.

O eco de passos no corredor trouxe Adhara de volta de seus devaneios, sempre sensível sobre até onde os outros poderiam encontrar parte de seus planos, se levantou rápido da cama, se aproximando do espelho e se inclinando, então porta abriu-se suavemente, e Arcturus entrou, a expressão curiosa.

── Você vai se atrasar para o jantar. ── Os olhos dele desenhavam a expressão de curiosidade. ── Alguma coisa aconteceu?

── Não ... ── Ele não achava que aquela hora era a melhor para contar sobre o pedido. ── Só estou cansada, sabe que vou começar meus estudos na faculdade.

── Já não era sem hora. ── Ele riu, se apoiando na porta. ── Achei que tinha desistido para ficar tomando clericot com suas amigas e gastando o dinheiro de nosso pai enquanto ele não te arruma um marido.

── Está me tirando para idiota? ── As sobrancelhas dela se uniram. ── Eu nunca seria só mulher de alguém.

── Claro que não, ele que vai ser só seu marido. ── Ele riu movendo o corpo. ── Vamos, você sabe que a mamãe odeia esperar.

A ansiedade consumia Adhara por dentro como fogo em palha, queimava rápido e não haveria de ser uma, mas várias vezes em que ela sentia dores no corpo do nervosismo. Em uma outra noite depois daquela conversa breve com Arcturus, a família se juntava para mais um jantar envolto em um silêncio tenso, o som dos talheres contra os pratos ecoando na sala como o único ruído audível. Adhara sentia o peso de todos os olhares na mesa, como se eles esperassem algo a mais dela, mesmo que ninguém ainda tivesse falado. Ela sabia que não havia momento perfeito para o que vinha refletindo, mas também sabia que precisava ser feito.

──Tenho algo para dizer. ── Começou com a baixa o suficiente para parecer hesitante. Rigel ergueu os olhos do prato, Lyra permaneceu impassível, enquanto Pollux e Arcturus trocaram olhares curiosos. ── O Príncipe Thomas me pediu em casamento.

O impacto de suas palavras foi imediato, como se uma nuvem de fumaça pairava sobre todos eles. Rigel congelou, o garfo suspenso no ar, Arcturus deixou escapar uma risada incrédula, enquanto Pollux balançou a cabeça, seu olhar fixo nela com algo entre exasperação e desaprovação, Lyra parecia não poder ser lida, só encarava a cena como se a processasse.

──Você está me dizendo. ── Começou Pollux, o tom carregado de sarcasmo. ── Que tem se encontrado com o Príncipe da Inglaterra mais vezes, o suficiente para ser pedida em casamento em poucos meses ... e o que exatamente vocês têm feito, irmã?

── Pollux, silêncio.── Cortou Rigel, sua voz ecoou pelo silêncio do salão. Ele se virou para a filha, seus olhos fixos nela como se tentasse decifrar a verdade. ── Adhara, você tem ideia do que está dizendo? Do que isso significa? É a família real. Os riscos ...

Adhara o interrompeu, deixando os talheres caírem sob o prato, ela emanava uma tristeza com a recepção dos outros que era quase palpável, como um nó na garganta, como um peso esmagador sob seus ombros, de forma que Rigel tinha parado de falar instintivamente, só para continuar a olhando, mesmo com medo.

── Mas eu o amo, pai.── Sua voz quebrando apenas o suficiente para soar vulnerável.  ── Eu sei os perigos, mas ele é diferente. Ele me entende de uma forma que ninguém aqui entende. Eu não posso ignorar o que sinto por ele.

Por um momento, Rigel pareceu convencido, seu olhar suavizando, como se uma brisa assoprasse para longe as preocupações, o seu silêncio fez com que Pollux e Arcturus olhassem diretamente para a mãe . Antes que qualquer um deles pudesse responder, Lyra, que estava em silêncio até então, limpou a garganta.

── O Lorde das Trevas vai nos matar. ── Sua voz era calma, mas cortante como uma lâmina, quase tão dolorida quanto um Crucio.

── Se é isso que você quer, Adhara, jogue toda a família na fogueira por um homem que nunca te entenderá de verdade, negue de novo as trevas que nos deixam mais seguros.
As lágrimas começaram a escorrer pelos olhos de Adhara, um misto de frustração e angústia. Ela levantou-se abruptamente, a cadeira arrastando-se pelo chão com um som agudo, ninguém se mexeu, todos ficaram em um longo silêncio, esperando que ela se movesse, de bochechas avermelhadas, olhos trêmulos.

── Se vocês não puderem me apoiar, farei isso sozinha! ── Havia embargo no tom de voz da mulher, mas certeza, mesmo que sua mão tremesse, como uma criança que tinha algo negado a si.

Ela saiu da sala antes que alguém pudesse detê-la, o som de seus passos ecoando pelo corredor, sabia que seria difícil, mas não que estaria tão sozinha e vazia. Rigel deixou escapar um longo suspiro, passando a mão pelo rosto, sentia uma dor de cabeça, sabia que ela tinha mexido com ele de novo, o homem era muito vulnerável em relação a filha, Lyra seguiu em silêncio enquanto Pollux lançava um olhar de reprovação para Arcturus, que observava sem dizer uma só palavra, mas visivelmente intrigado.

── Acho que temos mais problemas do que imaginávamos. ── Murmurou Rigel, suas palavras se dissolvendo no silêncio opressivo que tomou conta da sala, ninguém se moveu por mais quase 10min.

A conversa entre eles não aconteceu mais nos dias seguintes, ela simplesmente se isolou dos outros, passando mais tempo fora de casa do que nela, se sentia vazia e suja, mas decidida o suficiente para confirmar o óbvio a Thomas. Naquela ocasião, estando em casa e arrumando suas coisas, ela sentia que a luz da tarde atravessava as cortinas do quarto, projetando sombras suaves nas paredes, como se escondesse alguma coisa, mesmo que parecesse delírio da sua mente.

Foi então que uma batida forte e abrupta na porta a arrancou de seus pensamentos. Antes que ela pudesse responder, a porta se abriu com força, revelando Pollux, os olhos ardendo com uma fúria contida, como um animal pronto para atacar, a necessidade assustá-la daquela maneira mostrava a impaciência e como ele tinha planejado aquela aproximação, achá-la em casa não era mais tão fácil.

── Irmã ... ──  ele começou, o tom grave e baixo, quase como se contasse um segredo. ── Chega de jogos. É hora de me contar a verdade. O que você está tramando?

Ela manteve a compostura, nunca se deixou abalar ou atacar por Pollux e não seria agora, viu que ele segurava a própria varinha, com quem estivesse pronto para um duelo, dificilmente ela conseguiria vencê-lo assim, ainda mais porque a dela estava longe, ele era mais rápido e não poderia se embrenhar em sua mente confusa, nem queria.

── Eu realmente tenho que explicar? ── Era hora de usar outras cartas. ── Minha vida não lhe diz respeito.

── Sim, você vai. ── Pollux retrucou, cruzando os braços e fechando a porta atrás dele. ── Porque se não me contar agora, você não vai gostar do que vou fazer em seguida.

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