Capitulo Bonus V - Jungkook faz falta




Ninguém teria dito que Jeon Jimin era alguém cheio de ocupações.

Enquanto seu corpo estava deitado no estofado, suas coxas apoiavam-se no encosto do grande sofá da sala de visitas; suas panturrilhas e pés jaziam balançando do outro lado deste. Sua cabeça caía para baixo pelo extremo do estofado, enquanto olhava para a janela aberta onde um dia ensolarado e bonito podia ser apreciado por seus olhos um tanto vagos. Os braços descansavam abertos ao lado do corpo, esparramados e ocupando o espaço que sobrava ali. Já estava daquela forma há vários minutos, talvez horas, mas sua mente vagava como se houvesse passado apenas segundos.

Os lábios crispavam de insatisfação a cada pensamento que tinha, esses que eram formados por sorrisos que foram direcionados a si há muito tempo. Tanto que nem se lembrava mais se aquele sorriso ainda tinha os mesmos dentes, lábios, pintinha, e até mesmo o ar fofo e convencido... Suspirou profundamente e, logo, a expressão descontente voltava ao seu rosto quando se dava conta do porquê estar apenas lembrando-se daquele sorriso e não o vendo.

Odiava essa situação. Detestava ficar deitado no sofá com a cabeça dependurada enquanto se lembrava e sentia falta daquele sorriso. Não era justo isso, não era. Estava perdendo a paciência com tamanha demora e, logo depois de sentir saudades, começavam os planos de homicídio. Como deveria matar aquele ser que lhe causava tamanha agonia? Mentirosos baixos, como ele, deviam com certeza serem mortos de uma maneira cruel e devagar. Sim! Uma morte lenta e bem dolorosa para aquele desgraçado que chamava de ma...

— Appa! — Os gritos estridentes de três crianças foram ouvidos em alto e bom som.

O loiro aprumou-se rapidamente, sentando-se no sofá de forma correta e arrumando os cabelos que estavam espetados de tanto ficar de cabeça para baixo. Uma pequena tontura o acometeu por ter se movimentado tão rápido, mas logo se reestabeleceu e olhou para os dois garotos e a menina que estavam em sua frente. Esses lhe olhavam com uma expressão de confusão e até mesmo preocupação, essa última vindo do rostinho dos mais velhos.

Era por isso que não estava reconhecendo-se. Alguém deitado em um sofá daquela maneira não parecia ter tantas responsabilidades, das quais, ele realmente possuía. Entre tais deveres estava ser pai de três filhos, ou seja, dar atenção às crianças; tinha também que cuidar dos afazeres da casa enorme que tinham, zelando para que os empregados deixassem tudo em ordem e de seu gosto; testar as muitas receitas que vinha pensando para poder finalmente escrever seu novo livro; fazer visitas a alguns amigos e parceiros de negócios de seu marido, pois tinha que zelar pelo convívio social da família; não podia esquecer também de dar uma passada na casa de seus irmãos, que vinham reclamando que não o viam mais com tanta frequência e que seus sobrinhos sentiam saudades suas e dos primos; cuidar de si mesmo também entrava nessa lista, afinal, fazia dias que não lia um bom livro só por diversão, ou andava à cavalo para espairecer; enfim, estava protelando em todas suas obrigações. E para fazer o que? Isso mesmo, ficar deitado no sofá sonhando acordado e planejando o assassinato de seu próprio marido.

Só de pensar no cretino novamente já lhe dava uma dor de cabeça.

Ele prometera! Prometera que a esta altura já teria voltado de viagem!

Jeon Jungkook, seu marido e mentiroso mor, tinha muitos negócios a tratar na capital, estes que eram a maioria sobre os imóveis que lhe geravam a maior parte da renda. Tinha também que visitar os portos que traziam as mercadorias que havia encomendado para a mais nova rede de lojas que abriria – como se já não tivessem fortuna o suficiente, claro –, visitar os amigos e comparecer a eventos, entre outras obrigações. Todo esse itinerário, Jimin pessoalmente havia ajudado a montar, e acabaram chegando à marca de um mês no máximo. Mas, imagine só, já fazia três meses que Jungkook estava fora e estava a perto de ter um colapso de raiva e... saudade.

Aquele estúpido, mentiroso, energúmeno, imbeci—

— Park Jimin!

— Appa!

Outro coro de gritos foi ouvido e, dessa vez, não somente seus filhos lhe gritaram como também outra voz que Jimin reconheceu sendo a de Yoongi. Quando levantou seus olhos devido ao susto, vislumbrou seus filhos com a mesma expressão de antes e seu irmão parecendo muito preocupado e enfezado. Espera... Havia entrado em sua própria mente novamente e esquecido até mesmo de responder as crianças? E quando Yoongi havia chegado ali que nem ao menos notou?

— Jimin, em que mundo você está? Os meninos disseram que estão tentando chamar sua atenção há tempos! E eu estou aqui há dez minutos te chamando e você sequer me olhou. Está com os olhos desfocados e uma cara de que quer matar alguém e ao mesmo com uma expressão de choro. — O irmão mais velho ali falou, em um tom de bronca. Suspirou quando viu a expressão de Jimin se tornar um pouco mais sofrida.

Seu irmão estava pálido, com olheiras e extremamente desgostoso com a vida, concluiu Yoongi. Estava assim fazia quase um mês na verdade. Quando passou do dia que Jungkook deveria voltar, Jimin não fraquejou e só xingava o marido como se não houvesse amanhã. Mas, conforme o passar do tempo, o mais novo começou a realmente ficar triste e magoado com tamanha demora. Yoongi podia notar que o irmão estava sofrendo— e muito—, com saudades de Jungkook. Nunca haviam ficado tanto tempo sem se ver e nem imaginava como o ômega interior de Jimin e o próprio estavam sentindo-se. Estava de dar dó o estado do loiro e o mais velho já não sabia o que fazer para animá-lo e fazê-lo sair desse estado letárgico que se encontrava.

— Minnie, olha, o Jungk—

— Não ouse dizer o nome dele! — Jimin interrompeu, sua voz rouca por muito tempo sem uso. Seus olhos arderam e piscou várias vezes para não deixar que lágrimas teimosas caíssem. — Não fale o nome desse... desse...

— Jimin, as crianças. — Yoongi falou, agradecendo o irmão ter empacado no adjetivo que daria a Jungkook no momento.

— O que tem o papai?

A vozinha melodiosa e feminina foi ouvida. Jimin levou o olhar a sua filha mais nova e suspirou pesadamente.

Jeon Sandara era o ponto fraco de todos na casa, inclusive dos irmãos mais velhos que cuidavam e a protegiam com todo o amor. Sua filha era a luz de seus olhos, não podia negar isto. Era a única menina da casa, tão bonita e inteligente para uma criança de só quatro aninhos. Jimin a amava muito, não podia resistir a nenhum pedido da filha ou a seu rostinho delicado e fofo. Além de que era sua única aliada ômega naquela casa.

— Sandara, amor, vem aqui, vem. — Jimin chamou e a garota foi, pulou no colo do pai e o abraçou pelo pescoço. — Eu ia dizer: não fale o nome desse homem maravilhoso. Que é o Jungkook, é claro!

— Maraviloso? — A garota fez uma expressão confusa. — Mas parecia que você ia falar palavra feia!

— Não, não. Eu realmente estava pensando em como ele é lindo. Afinal, você tem o mesmo rostinho dele, esqueceu? — Jimin contornou, tentando convencer a filha inteligente que tinha.

— Sim, eu sou a cara do papai Jungoo! — A menina disse, com a vozinha orgulhosa e pronunciando o nome do pai com certa dificuldade ali, fazendo todos sorrirem.

Jimin odiava admitir, mas os fatos eram estes: seus três filhos eram a cópia de seu marido. Sandara era a versão feminina de Jungkook, com os olhos e cabelos negros, dentes salientes e olhos grandes e curiosos. Nada ali denunciava que era sua filha, a não ser os pés e mãos que eram pequenos e fofos. E o que dizer de Jungmin e Jeonji? Os dois gêmeos idênticos tinham, é claro, um terceiro gêmeo, este sendo Jungkook. Os meninos eram a versão miniatura dele, e parecidíssimos com a irmã, a única diferença eram os fios de cabelo um pouco mais claros que os do pai, mas quase da mesma cor. Os quatro eram claramente parentes e, às vezes, Jimin sentia certo ciúme por ter carregado três filhos no ventre e nenhum ser parecido consigo, considerava um ultraje. Mas, ao mesmo tempo, adorava ver a expressão de Jungkook no rosto de suas crianças, seu coração ficava quentinho e leve ao ver os três com o mesmo sorriso de seu marido. Era uma visão linda, e Jimin não trocaria por nada desse mundo.

Interrompendo-se de seus pensamentos, Jimin direcionou o olhar para seus gêmeos emburrados de oito anos. Eles pareciam enciumados com toda a atenção que a mais nova ali estava ganhando. Jimin sorriu e estendeu o braço que não segurava Sandara.

— Ei, venham aqui! Não querem abraçar o papai também? Ou já estão velhos demais para querer colo? — Jimin zombou, sabendo que, assim como o marido, aqueles dois eram carinhosos até demais, e com certeza não se achariam velhos para um colo tão cedo.

Ambos os garotos correram e se ajeitaram no colo de Jimin do jeito que puderam, abraçando-o e fazendo biquinhos fofos. Jimin apertou os três em seus braços e suspirou aliviado com um sentimento que o fez se sentir quase completo.

Avistou então os olhos de Yoongi que o passavam uma mensagem clara. Sim, ele sabia, estava em falta com as crianças. Estava tão imerso em seu sofrimento ultimamente que havia negligenciado os filhos, não os dando a atenção que mereciam, e, de todas os seus deveres, este era o mais importante e o único que não deveria ter deixado de lado. Por um instante se considerou um pai terrível, não devia, de maneira nenhuma, deixar que qualquer coisa o afastasse dos filhos. Porém, assim que esse sentimento de culpa veio, outro também o acompanhou: o de raiva por Jungkook.

Se Sandara, Jungmin e Jeonji estavam tão carentes de sua atenção, imagine só o quanto não sentiam também a falta de seu outro appa. Jimin sabia que os filhos eram apegados igualmente entre os pais, porém com todo o tempo que Jungkook passava fora, ele sempre os recompensava dando atenção máxima às crianças quando estava em casa. Onde quer que ele fosse, os filhos iam atrás e ficavam grudados desde que acordavam até a hora de irem para a cama. Jimin não podia negar que o marido era um ótimo pai e os filhos o adoravam — ate demais. Nunca tinham ficado tanto tempo sem vê-lo, assim como ele. Como Jungkook tinha coragem de deixá-lo e os filhos por tanto tempo assim?

Estava decidido: iria matá-lo esfaqueado! Isso mesmo!

— Jimin! Pare de pensar em matar o... o bode! — Yoongi falou o primeiro animal que veio em sua mente.

— O Senhor Barba não! — Sandara pulou do colo de Jimin para o chão e olhou indignado para o pai. — Appa, você não pode matar o senhor Barba!

— Yoongi! — Jimin ralhou com o irmão. — Filha, o seu tio está louco. Não pretendo matar bode nenhum!

— Hm, claro, eu quis dizer o pavão! — Yoongi se corrigiu.

— Nãaaaaaaao! Não o pavão, ele é lindo e colorido! — Sandara voltou a falar, batendo os pezinhos no chão e com um rostinho de que choraria a qualquer momento. Os gêmeos se aproveitaram da ausência da irmã no colo do pai para se ajeitaram melhor um em cada perna enquanto assistiam a discussão.

— Eu não vou matar nenhum animal! — Jimin disse, tentando acalmar a filha. Só Jungkook, pensou consigo mesmo.

Sandara pareceu se acalmar e fez um biquinho triste, cruzou os bracinhos e olhou inquisidora para Jimin.

— Appa, quando papai Jungoo volta pra casa? — Perguntou séria a garota.

— É, appa, quando ele volta? — Repetiram os gêmeos enquanto se viravam para Jimin e o encaravam também sérios.

Jimin olhou de um filho para o outro e, no final, olhou para Yoongi com uma expressão acusadora.

— Isso é culpa sua. — Sussurrou para o irmão que deu de ombros e sentou-se na poltrona. — Volte para o colo do papai, Dara. — Jimin chamou e a filha logo se acomodou novamente entre os irmãos no colo do pai. — Eu já expliquei para vocês que o papai está muito ocupado na capital, não é mesmo? Sei que vocês sentem a falta dele e querem saber se ele volta logo, mas, não temos como saber o dia exato. Mas, eu sinto que, a qualquer momento, o papai Jungkook vai entrar aqui e surpreender a gente! Tenho certeza de que está muito perto dele voltar, vocês acreditam no papai?

— Sim, appa! — Os filhos, que estavam com uma carinha nada feliz quando Jimin começou a falar, ficaram animados com as últimas palavras do loiro. A esperança de ver o pai alfa brilhando nos olhinhos deles, fazia o coração de Jimin se apertar um pouco mais.

— Ótimo, agora, vão brincar, hm? Papai vai conversar aqui com tio Yoongi e logo vou ficar com vocês. — O loiro sorriu para os filhos e os abraçou uma última vez antes de beijar a cabeça de cada um e soltá-los.

— Você vem mesmo, appa? — Um dos gêmeos perguntou.

— Claro que vou, Jeonji. — Jimin confirmou, sorrindo ao filho.

— Appa, eu sou o Jungmin. — O gêmeo falou, dando um sorrisinho no final.

— É, appa, eu que sou o Jeonji. — O outro revirou os olhos e acompanhou o sorrisinho do irmão. — Papai Jimin sempre erra a gente, Jun. — Deu uma risadinha ao terminar de falar.

— Sim, e o papai Kook sempre acerta. — Concluiu o outro e riu também ao ver o rosto do pai ficar cada vez mais vermelho.

— O-oras! Tanto faz, os dois, vão brincar! E fiquem sabendo que fui eu que pari vocês e, aquele seu pai, não fez nada a não ser ficar assistindo! É claro que ele tem que saber quem é quem, eu tenho que me preocupar com outras coisas, viu?! Ele fica com a parte de diferenciar vocês, é o mínimo que ele pode fazer! Depois de todo o trabalho que eu tive, é pedir demais que eu saiba qual é qual— Jimin foi falando cada vez mais alto, quando os filhos saíram correndo rindo e fugindo da fúria do pai.

— Jimin, eles já foram! — Yoongi interrompeu o irmão, também rindo da cara deste.

— Ah, sim, claro... e você, não vai brincar também, amor? — Acalmou-se o loiro e direcionou o olhar para a sua caçula que não havia acompanhado os irmãos.

— Sim, eu vou. — A menina disse e segurou o rosto do pai. — Appa, eu vou te contar um segredo, ta bom? — Sandara disse, com a voz baixinha e Jimin assentiu esperando. — Aquele era mesmo o Ji, appa. Jun e Ji estão brincando com você, estão fazendo isso o tempo tooooooooodo, appa, enganando você de quem é quem. Eles falaram que agora que o appa Kook não tá aqui, eles podem ficar trocando de lugar e você não sabe dife- difenciar eles, sabe? Mas eu vou ficar do seu lado, eu sei quem é quem e vou te contar, tá bom? Desculpa não ter falado antes, tá bom? Eles disseram que era segredo de irmão! Mas papai Kook falou que eu tinha que cuidar de você enquanto ele não tava aqui e então não posso deixar os oppas te enganarem toda hora.

— A-aqueles... Pestinhas! Ah, mas quando eu pegar aqueles dois... — Jimin jazia inconformado pela informação. Mas, claro, nada surpreso. Jeonji e Jungmin eram muito arteiros e quanto mais cresciam, mais espertinhos ficavam. Era óbvio que, em algum momento, se aproveitariam de Jimin os confundir tanto, principalmente agora que Jungkook não se encontrava. Sandara, assim como o alfa, sempre os diferenciou corretamente e Jimin não sabia o porquê de apenas ele viver confundindo os gêmeos. Só podia ser praga de Jungkook! — Vá brincar, filha, e obrigado por ter me contado, hm? Você é minha única parceira de verdade nessa casa.

A pequena sorriu e deu um beijo demorado na bochecha do pai, logo em seguida saindo saltitando da sala para poder brincar com os irmãos.

— Ouviu, Yoongi? Meus próprios filhos armando contra mim. Se não fosse minha Sandara... — Jimin ainda se encontrava ultrajado e pensava nos castigos que daria aos gêmeos.

— Ouvi sim, muito espertos. Só podiam ser seus filhos né, Jimin? — Yoongi falou e obteve a atenção do irmão. — E ouvi também que Jungkook pediu para Sandara cuidar de você, isso foi fofo, admita.

— Não sei do que está falando. — Jimin fingiu que aquilo não o havia afetado, com uma expressão forçada de indiferença no rosto.

— Jimin, olha, eu sei que você está muito magoado com o Jungkook, mas se você lesse as cartas dele... Ele também está sofrendo por ficar longe de você, Jimin. Ele vive falando o quanto sente sua falta e das crianças, que te ama e que não vê a hora de—

— Chega. — A voz séria de Jimin foi ouvida e Yoongi calou-se. — Não quero ouvir isso e você sabe.

O fato era que mesmo fora de casa aquele tempo todo, Jungkook mandava cartas todas as semanas atualizando Jimin de como estavam as coisas na capital. Ele havia explicado que, há dois meses, as mercadorias que deveriam ter chegado no porto foram roubadas, e assim Jungkook teve muitas outras obrigações imprevistas. Além de acionar a polícia e acompanhar a investigação, tinha de repor as mercadorias senão a nova rede de lojas não seria inaugurada tão cedo. O prejuízo havia sido enorme e se ele não estivesse presente para acompanhar tudo de perto, o dano seria ainda maior. O real problema era que Jimin não lia as cartas desde que o companheiro avisou que iria adiar sua volta. Era Yoongi quem lia as cartas de Jungkook para o loiro, que havia pedido ao irmão para fazer isso só para verificar de que o marido não havia morrido e estava bem de saúde. O resto Jimin dizia não querer saber, tamanha chateação que sentia por tanto tempo que Jungkook já estava fora.

Partia o coração de Yoongi ver os dois longe um do outro, sabendo que Jungkook se via de mãos atadas não podendo voltar para casa e Jimin longe sentindo a falta de seu alfa. Tivera a ideia de mandar o irmão para a capital para que ao menos ficasse perto de Jungkook, mas logo Hoseok lhe clareou a mente de que essa não seria a melhor saída. Com todas as obrigações de Jungkook, ele também não teria tempo de dar a atenção que Jimin e os filhos mereciam na capital. O ideal mesmo era essa situação toda ser resolvida logo e o alfa voltar e compensar o tempo fora para a família. Foi por isso que Hoseok também havia ido para junto do primo, tentando assim ajudar no que era possível para que ele voltasse logo para casa.

— Você é tão cabeça dura. Quando penso que você amadureceu, vejo que me enganei. — Yoongi soltou, já bravo por toda aquela recusa de Jimin em ler as cartas e saber o que tinha nelas.

— Não é questão de amadurecimento, Yoongi. Isso dói, sabia? — Jimin virou-se então para o irmão com um olhar sofrido e lábios contorcidos em mágoa. — Você, melhor do que ninguém, sabe que depois que os meninos nasceram, eu e Jungkook mal tivemos brigas sérias. Eu venho tentando por todos esses anos ser compreensivo e mais maduro, não deixando que minha raiva tome conta de mim e acabe em uma briga terrível, e, felizmente, vem dado muito certo. Mas, em horas como essa, simplesmente não consigo pensar com clareza... me sinto sem chão, Yoongi. Meu coração está quebrado por todo esse tempo longe do meu marido. Quando Jungkook me enviara aquela carta falando sobre o roubo e que precisaria permanecer na capital por mais tempo, eu sabia que ainda demoraria muito a vê-lo, e isso me machuca demais. Eu sei, do fundo do meu coração que não é culpa dele. Eu sei. Mas estou tão machucado pela sua ausência, que simplesmente não consigo evitar de ficar com raiva. Eu não quero ouvir o nome ou saber o que ele escreve nas cartas, porque eu não aguento mais debulhar em lágrimas pela sua ausência! E toda vez que eu ouço o seu nome é isso que quero fazer: chorar de saudades. Eu tenho certeza de que ele escreve coisas lindas nessas cartas, mas e então? Eu vou ler e ficar como? Destruído e com mais saudade. Nunca ficamos tanto tempo distantes um do outro, Yoongi, eu... eu... só quero meu marido de volta. Não consigo fazer nada direito longe dele, é como se faltasse uma parte, entende? Me sinto incompleto, e só de olhar para as crianças eu sei que elas se sentem da mesma forma. Eu o quero aqui, mas o que posso fazer? Se eu responder suas cartas a única coisa que conseguiria falar seria: volte para mim, seu imbecil! E você sabe que ele faria exatamente isso quando lesse. Eu não quero prejudicá-lo e não quero ter que sofrer mentindo para o Jungkook falando que eu compreendo, porque eu não compreendo! A única coisa que eu assimilo no momento é que estou longe do meu alfa há mais de três meses e sinto que vou morrer sem ele! Então não venha me dizer que não estou sendo maduro, porque estar com raiva é a única coisa que não me deixa enlouquecer de saudades!

O discurso todo foi dito de uma vez só e Yoongi se viu surpreso com tantas palavras saindo da boca do irmão. Fazia dias que não ouvia a voz de Jimin por tanto tempo. Suspirou arrependido e se levantou, aproximando-se do loiro que já estava às lágrimas. Quando se sentou ao lado do irmão, Yoongi o abraçou com força, deixando que chorasse em seu ombro e colocasse para fora todas as lágrimas que tinha.

— Desculpe, Minnie. Você tem razão, no seu lugar faria o mesmo. — Abraçou mais forte o loiro e beijou seus cabelos. — Então, se o que você precisa é ficar com raiva, eu vou te apoiar, hm? Jeon Jungkook é um grande idiota! Onde já se viu ele deixar você aqui e ficar lá cuidando dos negócios dele por todo esse tempo? Acho que devemos começar a procurar um novo marido para você, o que acha? Eu o apoio em qualquer escolha que fizer. Até mesmo o padeiro do povoado, se assim quiser.

— O senhor Chang? Por Deus, Yoongi, ele poderia ser meu avô! — Jimin disse, levantando os olhos para Yoongi e limpando as lágrimas.

— Oras, ele sempre coloca dois brioches de brinde na sua cesta. Ele nunca faz isso para mim. Claramente você é o preferido dele, então acho que você tem chances! — Yoongi falava animado com a brincadeira, pois os olhos de Jimin começavam a querer sorrir. — Jungkook nem é tão bom assim, hm? Aposto que o senhor Chang deve ser bem melhor amante, se é que você me entende, do que aquele Jeon!

— Jung Yoongi! — Jimin exclamou, com as bochechas vermelhas pela ousadia do irmão, mas logo começou a dar risada. — Você é terrível!

— Se sente melhor? — O mais velho acariciou o rosto do outro, adorando ouvir a risada, mesmo que pequena, do irmão.

— Sim, muito melhor, obrigado. — Jimin segurou as mãos do outro e sorriu. — Mas não fale mal de Jungkook. Muito menos das habilidades dele nesse, hm, quesito. Só eu posso xingá-lo e ninguém mais, tá bom? Apesar de tudo eu sou marido dele e o defenderia até se ele tivesse matado alguém.

— Eu sei. — Yoongi riu ao ver a expressão séria do irmão. — Não tenho dúvida que, mesmo se Jungkook cometesse o maior dos crimes, você estaria ao lado dele. Você é muito leal a ele, e isso é muito bonito de se ver. Só queria fazer você rir, mas, a partir de agora, só você fala mal dele!

— Sim, aquele maldito com cara de coelho!

— Ei, seus filhos têm a mesma cara que dele!

— Sim, e parecem três coelhinhos fofos! — A voz de Jimin se tornou terna e Yoongi sorriu ao ouvi-lo falar daquele jeito.

— Oh, é mesmo, tinha me esquecido o motivo da minha visita! — O mais velho alarmou-se. — Vim aqui porque li a carta de Jungkook que chegou esta manhã. Hobi também me mandou uma, mas, enfim... O importante é que ele disse na carta que, possivelmente, sua—

— Yoongi! O que foi que acabamos de discutir? Não quero saber o que estava escrito na carta! — Jimin levantou-se e saiu andando para não ter que ouvir o irmão.

— Mas, Jimin, você vai— Tentou de novo Yoongi.

— Não quero! — Cobriu as orelhas com as mãos.

— Mas ele—

— Não! Lalalala! — Cantarolou Jimin enquanto saía da sala e Yoongi já quase não o ouvia mais. — Não estou ouvindo!

— Aish, tá bom, seu teimoso. — O irmão mais velho cruzou os braços.

Yoongi então suspirou e levantou-se. Estava na hora de voltar para sua casa e para seus filhos, já estava com saudades dos seus dois anjinhos. Antes de sair sussurrou para si mesmo:

— Talvez seja melhor mesmo ser uma surpresa... — Sorriu travesso.

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— Ora, ora, ora, o bom irmão à casa torna. — Taehyung entrou na sala de sua casa e se deparou com Jimin ali, junto de seus três sobrinhos. Cruzou os braços e fez uma expressão carrancuda. — Não tem vergonha de passar todo esse tempo sem visitar seu irmão mais querido?

— Aish, Tae, não exagere. Faz apenas alguns dias que não venho aqui. — Revirou os olhos o loiro e colocou sua filha no chão, que antes estava em seu colo, e se aproximou de Taehyung para o dar um abraço.

— Mais de duas semanas! Sem me visitar! — Desviou do abraço do irmão. — E quando eu te visitei um dia desses nem me deu atenção, só ficou lá com uma cara amarrada e triste!

— Tae! — Suspirou Jimin. — Me desculpe, hm? Eu não tenho estado muito bem esses dias...

— Sei bem o que você tem. — Taehyung fez uma careta e se abaixou na altura dos sobrinhos. — Eu não ganho um abraço dos meus pestinhas preferidos?

Logo as três crianças estavam abraçando o tio da melhor maneira que podiam.

— O tio tigre vai morder esses bracinhos fofos de vocês! Raaaaaawr! — Taehyung tentava imitar um felino enquanto mordia de leve os braços dos sobrinhos.

— Aaaaaaah, socorro! Papai, o tigre vai me matar! — Sandara soltava gritinhos enquanto dava altas risadas. — Ji, Jun, me ajudem!

— Tigre, solta ele, solta ele, tigre mau! — Jungmin pulou nas costas de Taehyung para tentar ajudar a irmã e foi seguido do irmão.

— Oh, meu Deus, desisto, saiam de cima de mim. Estão muito pesados! — Taehyung gritava enquanto se sentia quase esmagado pelos sobrinhos que o derrubaram no chão e subiram em suas costas.

— Filhos, deixem o tio Tae respirar. — Jimin pediu aos risos.

— Tudo bem, tio tigre. — Jeonji soltou o tio e o irmão fez o mesmo. Taehyung então levantou-se e arrumou sua roupa amassada, pegando novamente a sobrinha no colo, essa que ria muito nos braços do tio. — Mas cadê os tigrinhos?

— Os tigrinhos estão tirando uma sonequinha. Finalmente me deram sossego. — Suspirou, Taehyung. — Então nem pensem em acordá-los, porque—

— Tigrinhoooooooooos! — Sandara pulou do colo de Taehyung assim que viu os primos entrarem na sala correndo.

— Coelinhooooooooos! — A fala embolada dos trigêmeos foi ouvida quando correram em direção aos primos.

— Acordaram, já? — Taehyung perguntou. — Por que vocês não dormem mais, hein? — Bufou e Jimin riu da expressão de birra do irmão.

Os trigêmeos de Taehyung e Changwook eram a coisa mais fofa que alguém poderia ver.

Chin-sun e Chun-cha eram duas meninas exatamente iguais a Taehyung. Os cabelos castanhos acinzentados, o sorriso retangular e até mesmo as pintinhas eram idênticas a do pai ômega. Já Chin-mae, o menino dos três, era a cópia do pai alfa, de cabelos escuros e a mesma beleza arrebatadora. Os três haviam acabado de completar três anos e estavam cada vez mais inteligentes e espertos. Adoravam de paixão os primos e não viam a hora de visitá-los ou serem visitados. Amavam mesmo passear e um agito, afinal, essa era uma das principais características de Taehyung e fizera questão que os filhos fossem iguais a ele nesse quesito.

Jimin sorria aberto ao ver seus filhos e os de Tae abraçando-se e começando a brincar. Os gêmeos de Jimin, sendo os mais velhos, sempre pegavam os mais novos no colo e saíam por aí inventando brincadeiras, e era exatamente o que acontecia naquele momento.

— Jeonji e Jungmin são ótimos, não é mesmo? — Taehyung olhou para Jimin com um sorriso sugestivo no rosto.

— Nem venha, Taehyung. — Jimin cortou o irmão antes que continuasse. — Eu já disse que não vou deixá-los com você para que sejam babás dos trigêmeos.

— Mas Jiminnnnn! — Taehyung falou de maneira manhosa, finalmente chegando mais perto do irmão e abraçando-o. — Eu tenho três filhos! Três! E sabe quantos criados? Nenhum, nenhumzinho! Tenho que fazer tudo sozinho, eu vou pirar, Jimin! Eles são três bolinhas de agito e acho que vou enlouquecer se eles não me derem um pouco de sossego! Preciso de férias! Leve um para você, então. O que acha? Acho que Jungkook não irá se importar nenhum pouco se aparecer em casa com mais um filho, ele nem vai notar, hm? Faça isso por mim, Jiminnie, eu preciso descansar.

— Meu Deus, Taehyung, pare de me apertar e chega desse drama todo! — Jimin tentava empurrar o irmão que apertava-o entre os braços e o olhava com expressão de coitadinho. — Você tem três criados aqui te ajudando, Tae. Três! Eu sei que em casa tenho mais me ajudando e confesso que são muito úteis, mas você está se saindo muito bem aqui. Quando você e Changwook se casaram só tinham uma criada e conseguiram viver em muita harmonia. Felizmente os pacientes vêm aumentando e vocês estão cada vez melhores de situação, então não acho que deve reclamar. Aposto que daqui uns anos irá ter até mesmo mais criados do que eu, sendo assim, sossegue o facho. E você sabe que sempre que quiser pode ir lá para casa e deixá-los aos cuidados dos empregados enquanto descansa. Não sei por que todo esse drama.

— Changwook diz que não posso abusar de vocês. — Taehyung fez um bico enorme e sentou-se no sofá, acompanhado do irmão. — Não posso reclamar dele, sabe? Ele sempre me ajuda mesmo quando chega do trabalho cansado e brinca com as crianças, dá banho nelas e tudo mais. É só que eu queria mais tempo para mim mesmo e com ele, entende? Não tinha intenção de ter três filhos de uma vez, só um estava de bom tamanho, e agora mal consigo respirar. Não sei como você consegue.

— Eu consigo porque tenho ajuda de todos lá em casa, de vocês e até mesmo, você sabe, daquele lá. — Jimin desdenhou não querendo falar o nome do marido e desviando o olhar. — Enfim, converse com Changwook e diga a ele que eu, e tenho certeza de que Yoongi também, não vemos nenhum problema de você ia lá para casa. Sei também que não gosta de ficar sempre trancado aqui. Aposto que ele vai entender, hm?

— É, pode ser. — O bico de Taehyung foi desmanchando-se. — Changwook é filho único e não entende que irmãos são feitos para essas coisas. Se Jin-hyung morasse mais perto eu poderia deixar um filho com cada um dos meus irmãos e seria perfeito!

— Taehyung! — Jimin ralhou e depois deu uma risada. — Até parece, não consegue ficar um dia sem eles.

— Eu sei, não consigo mesmo. — O mais novo se deu por vencido. — Outro dia Wookie levou eles para visitarem os pais dele e eu fiquei em casa para descansar. Depois de tirar uma soneca, acordei e senti falta deles pulando na minha cama e a casa estava muito silenciosa, sabe? Peguei o cavalo e fui de encontro a eles porque não aguentava mais de saudades. E foi só uma tarde!

— Eu sei como é. Não consigo ficar sem a minha comitiva, também. — Jimin admitiu e pegou na mão do irmão.

— Na verdade não sei como você está conseguindo ficar tanto tempo longe de Jungkook. — Taehyung disse sem pensar. — Eu já odeio que Changwook saia para trabalhar e volte só a noite. Parece uma tortura ficar longe dele o dia todo! Se fosse eu estaria enlouquecendo de saudades. Iria definhar mesmo. Me jogar no lago ou algo assim, porque só de pensar meu ômega fica todo tristonho. É impossível até mesmo... — Parou ao notar a expressão cabisbaixa do irmão. — Oh, meu Deus, hyung! Me desculpe! Me desculpe, eu sou um grande idiota! E-eu, Jiminnie, ele vai voltar logo, hm?! Por favor não faça essa cara.

— Está tudo bem, Tae. Sei que não fez por mal. — Jimin forçou um sorriso e aperto a mão de Taehyung que segurava. — Eu estou bem, de verdade.

— Eu sei que não está, mas não vou mais falar sobre isso. Não quero te chatear mais. — Falou, sentindo-se extremamente culpado pela tristeza no olhar do irmão. — Ei, sabe o que eu estava pensando esses dias?

— Hm? — Jimin perguntou, não muito interessado, mas sabendo que seu irmão queria distraí-lo.

— Jinnie-hyung tem apenas Jijoon de filho, e já disse que não quer mais nenhum, certo? — Perguntou, animado de repente. — Então Yoongi-hyung tem Hogi e Subin, ou seja, dois filhos, e parou por aí por causa, você sabe, da situação dele. — Jimin entendeu o que Tae queria dizer. Yoongi não queria de jeito nenhum tentar ter outro filho porque tinha medo de perder, e porque não aguentaria toda a proteção de Hoseok e de Jimin mais uma vez. Se contentou com seus dois e nenhum a mais. — Então vem você e eu, os caçulas! E nós temos três cada um!

— Oh, entendi o que quer dizer. — Jimin se animou ao compreender o irmão. — O certo seria que um de nós tivesse mais um, não é? Daí ficaria uma escadinha! Pretende ter outro, Tae?

— O que? De jeito nenhum! — Tae negou com a cabeça rapidamente. — Morro de medo de vir gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos! Enfim! Sem chances de eu engravidar novamente, tomo o chá todos os dias e se duvidar tomo duas vezes! A fábrica aqui está fechada e Wookie já sabe disso e me apoia!

— Ah, então não vamos ter uma escadinha. — Jimin comentou, desanimado com a resposta do irmão.

— Vamos sim! É só você ter mais um que, daí, teremos a nossa escadinha. — Exclamou Taehyung, com um sorriso enorme no rosto. — Jin-hyun com um filho, Yoongi-hyung com dois, eu com três e você com quatro!

— O-o que? Está louco, Taehyung? — Jimin surpreendeu-se e começou a negar em seguida. — Estou muito satisfeito com os meus três, obrigado!

— Ah, vamos lá, Jimin. De todos nós você é aquele que tem mais chances de engravidar novamente! — O mais novo zombou, cutucando o irmão na barriga.

— Eu não! Por que diz isso? — O loiro perguntou, confuso.

— Oras, eu e os hyungs não queremos de jeito nenhum mais um filho. Tomamos todas as precauções para não termos mais nenhum e até hoje deu tudo certo. Já você... — Taehyung sorriu travesso.

— Eu o que, Tae? — Jimin ficava cada vez mais confuso.

— Bom, para começar, você vivia dizendo que só queria os gêmeos. Mas foi só esquecer de tomar o chá um dia, apenas um dia, que ficou grávido da Sandara. E você nem estava no cio, hyung! — Tae dizia divertido. — Lembro que Changwook me disse que isso é muito raro de acontecer, engravidar quando não se está no cio. Também não foi no de Jungkook, ou seja, foi apenas uma noite qualquer e você pegou barriga. Jungkook deve ter, hm, como posso dizer, um dom para a coisa, sabe? Mal toca em você e já te engravida! Então, de nós quatro, aposto em você para ter mais um. Ou, quem sabe, até mais dois.

— Vire essa boca para lá, Ji Taehyung! — Jimin levantou-se, corado e sem jeito. — Eu não vou ter mais um, pare com isso.

— Ora, não finja que não ia gostar. — O irmão mais novo ria do loiro. — Você é desses que vive dizendo não querer mais filhos, mas se engravidar vai chorar de felicidade. Eu te conheço, hyung. Está louco para ter mais uma cópia do Jungkook, ou, quem sabe dessa vez, um filho parecido com você!

— Pois você fique s-sabendo que eu não terei n-nenhum outro filho! Estou tomando todos os meus cuidados e parei na Sandara, está bem? — Jimin cruzou os braços e olhou para a janela não querendo encarar a expressão nada convencida de Taehyung.

— Claro, claro. — O acinzentado fez pouco caso das palavras do irmão. — Mas, enfim, se você tiver outro filho, será que pode ser ainda este ano? Eu apostei com os hyungs de que você engravidaria esse ano ainda. Jin-hyung apostou no começo do ano que vem e Yoongi-hyung no final. Eu tenho que ganhar, Jiminnie, colabore comigo!

— O quê? Vocês apostaram que eu vou engravidar de novo? — O loiro perguntou em alto e bom som, surpreso com a ação dos irmãos.

— Ah, Jiminnie, não seja um chato! É apenas uma aposta saudável entre irmãos! — Taehyung ignorou a expressão ultrajada do mais velho.

— Pois bem, eu quero entrar nessa aposta também! — O ômega exclamou, irritado. — Eu aposto que não engravidarei mais, e eu vou ganhar! E depois dessa eu vou embora! Onde já se viu, apostando que eu sou incapaz de tomar meu chá corretamente!

— Não estamos apostando nisso! — Agora era Taehyung que se sentia ultrajado. — Na verdade, estamos apostando no dom de Jungkook de fazer esse chá ser inútil!

— Esse... imbecil não tem dom nenhum, está bem? Só o de me irritar! — Jimin bufou e fez uma careta para o irmão. — Estou indo embora! E não, não vou deixar os gêmeos para te ajudar, preciso dos meus filhos comigo porque, como você sabe, minha família está desfalcada! E eu vou ganhar essa aposta idiota, avise aos hyungs!

Taehyung observava seu irmão se retirar enquanto gritava pelos filhos. Caiu na risada com toda aquela irritação de Jimin, aquilo era hilário. Agora tinha ainda mais certeza de que ganharia a aposta. De tanto que o ômega mais velho tinha gaguejado, estava mais do que certo de que Jimin queria sim ter outro filho e só não admitia em voz alta. Quando parou de rir permaneceu com o sorriso no rosto, aliviado por ter feito seu irmão se esquecer da ausência do marido. Sabia que ele estava sofrendo e faria qualquer coisa para desanuviar aquela expressão carregada que jazia no rosto do loiro. Só esperava que Jungkook voltasse logo e fizesse seu irmão feliz novamente.

— Papaa! — Os trigêmeos vieram correndo e pularam no colo do pai.

— Coelinhos folam embola. — Chin-sun falou manhosamente. Logo Taehyung notou que todos os três tinham a mesma expressão triste no rosto.

— Ah, meus amores. Iremos fazer uma visita aos priminhos logo, hm? — Abraçou os filhos e deixou beijinhos na cabeça de cada um.

— Eba! — Animaram-se as crianças.

— Agora... quem quer ajudar o papai a ficar bem bonito para o papai Wook? — Perguntou Taehyung, obtendo um coro feliz dos três — Muito bem, vamos maquiar o appa Tae e quando o appa Wook chegar ele vai adorar, hm? Vamos lá meus tigrinhos!

Pegou os três com muita dificuldade no colo e saiu correndo em direção ao quarto. Logo estaria parecendo um palhacinho com a ajuda dos filhos, mas Taehyung não se importava realmente. Só queria deixar seus bebês felizes e sabia que o marido adoraria o ver todo pintado. Eles ririam muito, depois fariam as crianças dormirem e, com sorte, teriam um momento de casal que Taehyung tanto sentia falta. Que Deus ouvisse suas preces!

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.

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Jimin acordou um pouco mais animado no dia seguinte. Levantou-se, tomou um banho bem demorado, fez seu desjejum junto aos filhos, deu um pouco de atenção a eles e depois seguiu para o escritório da casa. Ali sentou-se na grande mesa que costumava dividir com Jungkook.

Ao sentar-se e se deparar com a enorme mesa, suspirou. Lembrou-se dos dias em que se sentava de um lado da mesa e Jungkook do outro, para trabalharem juntos cada um em seus afazeres e se sentiu triste. Mesmo que trocassem poucas palavras enquanto estavam trabalhando, ainda se sentia bem em ter o outro ao seu lado, sabia que se levantasse o olhar Jungkook estaria ali e direcionaria para si um sorriso doce. Sentia falta daquilo, muita falta.

Espantou a tristeza que queria o domar e pegou seu caderno de anotações. Sorriu ao olhar um de seus bens mais preciosos.

Jimin sempre amou os livros. Desde pequeno adorava se ver imerso na leitura e sempre quis trabalhar em algo que envolvesse esse mundo. Foi com grande surpresa que depois de casado descobriu uma nova paixão: a gastronomia. Estava sempre querendo aprender novas receitas, macetes, segredos, e até mesmo gostava de inventar seu próprio jeito e sabor para cozinhar os alimentos. Então Jungkook deu a grande ideia de juntar as duas coisas e transformá-las em ofício.

O ômega ficou radiante com a ideia de escrever um livro de gastronomia. Trabalhou incansavelmente criando receitas e depois de quase três anos conseguiu publicar o seu primeiro livro. Lembrava-se como se fosse ontem do dia que foi até à capital promovê-lo. Sentiu-se tão feliz e realizado naquele momento e só conseguia agradecer ao seu alfa por ter lhe dado aquela ideia e apoiado durante todo o percurso. Sabia que não teria o mesmo resultado se não fosse por ele estar sempre ao seu lado. E era por isso que estava completamente empacado em seu segundo livro.

Não tinha ideias tão boas ou entusiasmo para criar quando só o que conseguia sentir era saudades de Jungkook. Queria ele ali para opinar em suas receitas, ler o que havia escrito, auxiliar no que fosse preciso, porque Jungkook o ajudava somente de estar por perto. Era, com certeza, sua fonte de inspiração e tudo que fazia sem ele ao seu lado não saía de seu agrado. Parecia sempre estar faltando alguma coisa e Jimin sabia que era a companhia, a opinião e o toque do alfa.

Mal havia pegado a caneta e já se encontrava completamente perdido em sua mente, sem ter escrito sequer uma nova ideia. Amaldiçoou em pensamento e bufou de raiva, pois odiava ser tão dependente de Jungkook. Sabia que conseguiria o que quisesse com sua própria força, mas nada se igualava ao estímulo que tinha quando o marido estava presente. Fechou o caderno com força e, com o movimento, viu um pedaço de papel sair voando de dentro dele.

Jimin sorriu ao pegá-lo quando caiu no chão. Era um bilhete que Jungkook houvera o dado no dia do lançamento de seu livro. O guardava ali para reler, sempre que precisava de alguma motivação. Há tempos que não lia por pura birra, mas naquele momento, não conseguiu se conter e desdobrou o pedaço de papel até poder ver a letra formosa do marido.

Meu Jimin,

Hoje é um dia muito especial para você e queria lhe deixar um agrado antes que saiamos para o evento de lançamento.

Quero lhe contar que estou muito orgulhoso de ti. Nunca imaginei que teria um marido escritor e que, além de escrever, ainda tivesse tais mãos de fada que cozinham tão bem.

Seu dom é tão lindo, meu amor. Estou tão feliz por você estar realizando o sonho de ser reconhecido por seu trabalho. Todos os dias que ficou sem dormir testando as receitas, pesquisando novos ingredientes, escrevendo seu livro, todos esses dias estão valendo a pena agora. Eu nem preciso esperar para saber que esse livro será um sucesso e que todos amarão e se deliciarão com todas as suas receitas.

Vou lhe contar um segredo. Sabe a lista de encomendas do seu livro? Meu nome está no topo dela. Assim que o lançamento foi anunciado eu fui o primeiro a encomendar um exemplar e sabe por quê? Porque quero ser seu primeiro leitor. Serei também o primeiro na fila para que assine uma dedicatória. Escreva uma bem bonita para mim, sim? Sou seu maior fã.

Bem, príncipe, espero que seu dia tenha começado feliz com esse bilhete e que tenha colocado um sorriso em seu rosto.

Nos vemos logo mais no evento. Serei aquele acompanhado de três crianças lindas que se parecem muito comigo na aparência, mas são iguais a você no coração.

Com amor, carinho, orgulho, paixão e admiração,

Seu Jungkook.

Jimin tinha o maior dos sorrisos ao terminar de ler aquele bilhete. Ele sempre o deixava assim, com o coração leve e feliz. Uma pequena lágrima caía em seu rosto, mas nem fez questão de limpar, continuou relendo o recado até se cansar.

Quando, finalmente, dobrou novamente o bilhete e o colocou no meio de seu caderno, estava com os ânimos renovados e se sentia inspirado para trabalhar. Abriu-o onde havia parado, em uma receita de torta que estava elaborando. Já havia testado alguns condimentos, mas ainda faltava alguma coisa e tinha que pesquisar a combinação dos melhores elementos. Pegou seus livros auxiliares e pôs-se a trabalhar.

Ficou imerso naquilo por horas e nem se deu conta do tempo passando. Só parou de fazer anotações quando um grande alvoroço foi ouvido.

Jimin apurou a audição e reconheceu as vozes de seus filhos gritando animados por algum motivo. Suspirou e voltou a atenção para seu caderno, anotando o nome de um ingrediente que devia testar em sua próxima receita.

Acabou lembrando-se que este mesmo ingrediente estava presente no chá que tomava para evitar a gravidez. Um arrepio passou pelo seu corpo quando a voz de Taehyung apareceu em sua mente lhe dizendo que iria engravidar antes do final do ano. Tudo bem, não estava tomando o chá recentemente, não que fosse contar a seu irmão mais novo isso, mas com Jungkook longe não via motivos em continuar bebendo.

Devia dizer a Yujin para preparar um pouco do chá, isso sim, pois o alfa poderia voltar a qualquer momento e... Oras, até parece que iria ceder a Jungkook assim que ele voltasse! Balançou a cabeça concordando com seus pensamentos. Quando seu marido retornasse, iria com certeza dar um gelo nele. Iria estar com tanta raiva que, provavelmente, nem dormiria na mesma cama que ele. Até porque o companheiro bem que merecia um castigo por ter o feito esperar por tanto tempo.

Claro, não tinha com o que se preocupar. Com isso em mente voltou aos afazeres, mas as vozes das crianças não paravam e estavam cada vez mais altas, como se acabassem de receber o maior presente de suas vidas. Curioso, Jimin deixou de lado seu caderno e resolver ir verificar o que estava acontecendo. Ajeitando seu colete que havia aberto por causa do calor, Jimin foi andando pelos corredores da casa seguindo as vozes de seus filhos. Logo percebeu que vinham da ante-sala onde deveriam estar com Yujin, que era quem cuidava dos pequenos quando Jimin estava trabalhando.

— É lindo, é lindo! Eu amei! — A voz de Sandara estava elevada e muito animada e fez Jimin sorrir por isso.

— Olha essa bola! Vamos jogar, Ji! — Ouviu também a voz de Jungmin.

— Vamos, mas só se for com a minha! — Jeonji também exclamava animado. — E só se o appa jogar com a gente também!

Jimin franziu o cenho, confuso, pois os meninos nunca queriam que brincasse de bola com eles, pois era um pouco desastrado e "muito ruim" na opinião dos filhos.

— Sim, o appa vai jogar com a gente! — Jungmin gritou.

— Mas, appa, a melhor coisa de todos esses presentes foi você! — Sandara disse com sua voz melodiosa e infantil. — Senti muita saudadinha.

— Eu morri de saudade também, appa. — Jungmin acompanhou a irmã.

— É, appa, nunca mais fica longe tanto tempo assim da gente. — Jeonji também expressou suas saudades.

Jimin ouvia o que os filhos falavam e seu coração começou a acelerar, junto com seus passos que ficaram mais apressados. Quando chegou na porta aberta da ante-sala parou e segurou-se no batente para tentar regular sua respiração que estava completamente instável. Seus olhos arregalados focaram totalmente na figura ajoelhada ao chão rodeado de brinquedos e embrulhos de presentes. Sandara estava completamente empoleirada no colo do homem e os gêmeos um de cada lado sorrindo animados tanto com os presentes quanto pela presença do outro pai.

Jungkook está de volta!

Jungkook está de volta e está com nossos filhos no colo!

Jungkook está aqui!

Isso era tudo que a mente de Jimin tentava processar e ele não havia mexido um músculo sequer ainda com os olhos vidrados naquela cena que há tanto tempo não presenciava.

Aproveitando-se de seu estado de choque, Jimin avaliou o marido que há tanto não via. Os cabelos estavam um pouco maiores que o de costume, caindo sobre os olhos e levemente bagunçados, provavelmente por causa da viagem. O sorriso e o brilho no olhar que tinha no rosto ao admirar as crianças eram sem dúvidas o de um pai que acabava de reencontrar os filhos. Os braços abraçavam os gêmeos enquanto deixava beijos no cabelo da mais nova e o olhar ia de um para outro a todo momento, como se não quisesse perder nenhuma ação das crianças.

O ômega queria sorrir e chorar ao ver seu marido com os filhos daquela maneira, mas ainda permanecia parado sem expressar nenhuma reação, exatamente na mesma posição de quando tinha chegado ali. Mas isso mudou quando os olhos de Jungkook desviaram da direção dos filhos e subiram encontrando os do loiro.

As pernas de Jimin fraquejaram de uma maneira ridícula para um homem casado há quase dez anos. Como Jungkook poderia ter um efeito tão grande nele mesmo depois de todo aquele tempo? Felizmente ele ainda estava segurando o batente e suas mãos firmaram-se ali para evitar que fosse ao chão. O marido soltou os gêmeos e colocou a filha no chão, ficou de pé e seus olhos nunca deixaram os de Jimin, esses que acompanhavam tudo atentos e ainda esbugalhados.

— Jimin... — A voz aveludada de Jungkook chegou aos ouvidos de Jimin e o fez sentir-se como se seu coração houvesse saído do peito por um momento.

O ômega abriu a boca para falar algo, qualquer coisa, mas logo a fechou, não conseguindo que sua voz saísse ou que sua mente formasse palavras. Quando Jungkook fez menção de se aproximar, com aquele sorriso aberto e lindo de morrer, Jimin finalmente conseguiu se mexer e levantar a mão para sinalizar que o marido parasse.

Jungkook parou e olhou para ele de longe, entendendo o sinal de que Jimin não queria que ele se aproximasse no momento. A boca do ômega abria e fechava como se quisesse o xingar, e seu nariz e boca franziam como se fosse começar a qualquer momento a pior briga que já tiveram em todos os tempos. Mas, para a surpresa de todos, o loiro fez uma careta de quase choro, piscou os olhos com força e deu meia volta para sair da sala.

Antes mesmo que Jungkook tentasse o alcançar para evitar que Jimin saísse dali o ômega tornou a se virar e atravessou a sala em um piscar de olhos, correndo em direção ao alfa. Jungkook só teve tempo de abrir os braços quando Jimin pulou em si e o agarrou com os braços e pernas de uma só vez. Segurou-o com firmeza circulando um de seus braços na sua cintura do loiro e a outro em suas costas. Afundou seu nariz no pescoço do ômega e sentiu seu corpo entrar em um tipo de combustão e alívio ao mesmo tempo. Estava com tantas saudades do cheiro, do corpo, do rosto, do marido inteirinho. Estava com saudades de seu Jimin.

Jimin tinha o rosto afundado no ombro do alfa enquanto seus braços rodeavam o pescoço alheio com força e desespero. Logo molhava a camisa de Jungkook com suas lágrimas. Estas de puro alívio por seu marido estar de volta e finalmente abraçando-o como desejou todo aquele tempo em que esteve fora. Sentiu o alfa alisar suas costas com carinho enquanto depositava selares por toda a extensão de seu pescoço que ficava à mostra pela camisa de gola baixa. O loiro fungou e colocou o rosto de Jungkook entre as mãos para que pudesse olhar seu rosto de perto.

Jungkook segurou o marido ainda mais apertado, seu olhar cheio de saudades preso ao dele, sorrindo bobo ao ver a face chorosa e corada de Jimin. Encostou seu nariz no do outro e suspirou quando o loiro puxou suas madeixas levemente antes de levar a boca a dele em um quase beijo.

— Sentiu tanto a minha falta que vai me beijar na frente das crianças? — O alfa sussurrou rente aos lábios de Jimin, sorrindo convencido para ele.

O loiro, que tinha esquecido de tudo a sua volta assim que teve seu marido nos braços, se surpreendeu com a fala do alfa e olhou imediatamente para o lado em direção aos seus filhos.

Os três pequenos se encontravam um do lado do outro e com os três pares de olhos curiosos fixos nos pais. Sandara tinha um sorriso meigo nos lábios enquanto analisava a cena de seus appas, como se soubesse que estava assistindo algo muito romântico. Era fato que os três adoravam ver seus pais  relacionando-se, achavam a coisa mais linda quando eles se perdiam no olhar um do outro ou esqueciam que estavam na presença deles e acabavam  beijando-se rapidamente, ato incomum de se realizar na frente de alguém na época em que viviam.

— Appa Min pulou no colo do appa Jungoo. — Sandara disse, sorrindo sapeca. — Que fofinho!

— Achei que o Appa Kook ia cair quando o appa Min pulou nele. — Jeongi analisou a situação, rindo para o irmão que logo concordou com ele.

— Papai Min ama muito o papai Kook, não conseguiu nem esperar pra grudar nele! — Jungmin comentou e os três sorriram ao notar a face corada de Jimin.

— P-parem com isso, vocês! — Jimin então, com certa relutância, se soltou de Jungkook e se colocou de pé, colocando uma distância segura entre si e seu marido. Inferno, já queria pular nele de novo! — E não, não ia beijar você! — Voltou-se para o marido. — Acha que eu estou de bem com você, Jeon Jungkook? Pois fique sabendo que eu... que eu...

— Que você? — O alfa sorriu, pois Jimin pareceu perder as palavras assim que tinha abraçado sua cintura e deixado um beijo em suas madeixas. — Senti sua falta, príncipe. — Sussurrou no ouvido do loiro.

— Ha... haha... hahahaha. — A risada estranha de Jimin fez todos ali rirem, e logo o loiro se afastou novamente com a face cada vez mais corada. — Não... não chegue perto! Estou muito bravo com você seu... mentiroso de uma figa! Que bom que voltou, fique aí com seus filhos, que eles sim sentiram sua falta! Eu estava muito bem e, hm, vou... vou... voltar aos meus afazeres, isso sim! —Saiu dali forçando uma expressão irritada e batendo os pés no chão.

Quando viram a porta da sala bater com força assim que Jimin passou por ela, Jungkook e as crianças começaram a rir. Logo as risadas foram cessando e estavam todos sentados no chão para brincar.

— Papai é tãaaaao dramático. — Jungmin falou e jogou a bola para o irmão.

— Deixe seu pai, eu me acerto com ele depois. — Jungkook disse e sorriu para si mesmo. O coração acelerado no peito só por ter tocado e visto o marido depois de tanto tempo. — Vamos brincar, hm? Porque tenho o dia todo só pra vocês!

— Sim, porque a noite é do papai Min! — Jeonji disse o óbvio, pois Jungkook sempre tentava compensar os filhos fazendo companhia para eles de dia, deixando a noite para ficar com Jimin.

— Sim, filho. — O alfa mais velho concordou. — A noite eu vou dar toda a atenção para seu pai Jimin.

Mal sabiam que, atrás da porta a pouco fechada, Jimin estava ali encostado e com a mão no peito, sorrindo como um bobo e com a expressão mais feliz vista em muito tempo.

Seu marido estava de volta!

. . .

Bem que Jimin tentou trabalhar o resto do dia, mas não conseguiu. Ficou a maior parte do tempo na janela do escritório, assistindo os filhos brincarem com o outro pai. Seus olhos brilhavam ao fitar o quanto as crianças aparentavam felizes em ter Jungkook de volta, pareciam o primeiro dia de verão depois de meses de inverno trancados dentro de casa. Ele mesmo não parava de sorrir ao assistir a cena de sua família tão feliz assim. Estava com uma imensa vontade de ir até lá e juntar-se a eles, mas queria que Jungkook pudesse matar a saudade dos pequenos sem nenhuma distração, eles mereciam a completa atenção do pai, e sabia que quando estava por perto o marido não conseguia ficar muito tempo longe de si.

Além do que, claro, ainda estava muito irritado com o marido. Sua irritação, de maneira nenhuma, havia ido embora. Com certeza, assim que viu Jungkook, não parecia que nada mais importava. De jeito nenhum! Ainda estava tão... tão... Oh meu Deus, o alfa mais velho e os gêmeos estavam tão lindos com a luz do sol refletindo em seus rostos, queria poder gravar aquele momento de alguma maneira. E Sandara estava extremamente fofa pendurada nas costas do pai como se fosse um macaquinho. Jimin queria apertar aqueles quatro e gritar em como amava eles assim, tão felizes! Suas mãos seguravam suas bochechas que já doíam de tanto sorrir. Mas, onde estava mesmo? Oh, sim, com raiva de Jungkook e...

Não resistiu.

Abriu a janela rapidamente assim que viu a filha correndo em sua direção.

— Appa, appa! Eles quer pegar eu, me ajuda, appa! — Sandara corria, gritava e ria ao mesmo tempo.

Assim que a menina parou em frente a janela, Jimin sorriu e se debruçou no parapeito para pegar a menina no colo e colocar para dentro da casa.

— Oh, mas será que eles conseguem pegar a gente, Dara? — Jimin sorriu sapeca e viu Jungkook, Jungmin e Jeonji correndo em direção a eles. — Vocês não pegam a gente! — Desdenhou e logo correu do escritório para os corredores da casa com a filha no colo.

Logo a família toda estava brincando de pega-pega pela residência inteira e trombando nos empregados no caminho. Passaram a tarde toda assim e Jimin se sentiu feliz como não se sentia há muito tempo.

No final do dia, Jimin ajudou a dar banho nos pequenos enquanto Jungkook foi tomar o seu próprio e merecido depois de uma viagem de volta tão longa. Depois se reuniram todos na sala de jantar para a refeição noturna. O loiro comeu bem como não havia comido há dias, mesmo que não tivesse tido tempo dele mesmo cozinhar o jantar, a diversão à mesa compensou qualquer outra coisa.

Após a refeição, ajudou Jungkook a levar os filhos para a cama e deu um beijo na testa de cada um antes de deixá-los. O alfa os colocaria para dormir. Sorriu ao ver em como as crianças estavam felizes em ter o outro pai contando histórias depois de tanto tempo.

Tomou então um longo banho enquanto o marido ainda estava fora e tentou da melhor maneira relaxar em sua tina, mas estava ansioso demais para isso. Assim que terminou de se lavar, emergiu da água e se secou com a ajuda da toalha. Pôs então seu robe e foi em direção ao quarto enquanto enxugava suas madeixas. Parou na entrada do toalete assim que viu Jungkook bater a porta atrás de si ao entrar no quarto.

Os olhares se encontraram e os dois ficaram parados onde estavam enquanto se fitavam com intensidade. Os corações de ambos pareciam estar conectados, pois aceleraram ao mesmo tempo e logo podia se notar que o casal tinha a respiração mais rápida.

Jimin queria, ele realmente queria, brigar com Jungkook e falar de todo o sofrimento que passou por todos esses meses em que esteve fora. Porém, sua próxima ação foi soltar a toalha, que antes enxugava os cabelos, no chão e correr até o marido.

Jungkook também não perdeu tempo e se juntou com o loiro no meio do quarto, e não soube dizer qual foi o primeiro encontro: o de suas mãos com os quadris de Jimin, ou o das bocas que se atraíram uma para outra assim que chegaram perto o suficiente.

— Senti sua falta, senti sua falta, senti sua falta. — Jimin falava entre os beijos desesperados e ansiosos que trocavam.

Jungkook puxou Jimin ainda mais para si e uniu os corpos de maneira que nada passaria entre eles. Sua boca não perdeu tempo em aprofundar os beijos para algo mais intenso e íntimo. O loiro soltou um ruído sôfrego e se agarrou ainda mais ao outro, fazendo com que Jungkook o beijasse cada vez mais afoito e profundo.

Quando as bocas se separaram, a respiração de ambos foi minimamente recuperada antes que Jimin tivesse seu pescoço salpicado de beijos suaves e ternos.

— Também morri de saudades suas, meu amor. — O alfa dizia, deixando beijos cada vez mais molhados pela extensão da garganta de Jimin, este que já tinha os olhos fechados e suspirava ao senti-los.

— Nunca mais faça isso, nunca. — A voz do loiro saía baixa e entrecortada pelos arfares que abandonavam sua garganta.

— Nunca. — Jungkook concordou, e deixou que uma de suas mãos soltassem o quadril de Jimin e fosse até a abertura do robe branco que o outro usava. Colocou sua mão por dentro e o afastou o suficiente para que o ombro ficasse à mostra, local em que começou a dar pequenos chupões e mordidas.

— J-jungkook. — Jimin chamou, entre suspiros.

— Hmm... — O alfa respondeu, distraído demais em marcar agora a região das clavículas de Jimin, bem onde a marca era visível.

— Eu, ahn, Jungkoo-ook... — O loiro gemeu assim que Jungkook deixou beijos na marca e respirou fundo antes de puxar-lhe os cabelos para que tivesse sua atenção. — Am-mor, é sério. Ei. — Chamou novamente e dessa vez obteve sucesso, pois o companheiro parou com os beijos e levantou sua cabeça para lhe fitar. — Preciso... eu preciso que me prometa que nunca mais fará isso.

— Jimin... — Jungkook suspirou ao entender sobre o que o marido se referia.

— Estou falando sério. — Jimin tinha uma expressão sôfrega no rosto e agarrou o colarinho da camisa do alfa com força. — Eu sei que tem obrigações e negócios que precisam de sua atenção. Mas eu não quero passar por isso nunca mais! — A voz do loiro falhou minimamente e aquilo fez o coração do alfa afundar no peito. — Meu lobo chorava todas as noites, Jungkook, chamando por você, precisando de você. Ultimamente eu não conseguia dormir direito, trabalhar, cuidar das crianças... nada. Eu conversei com Changwook em segredo, porque não queria preocupar ninguém, mas precisava falar com alguém. Eu lhe contei que não estava conseguindo fazer minhas atividades normais do dia a dia, que não tinha ânimo para realizar nada. Nem mesmo dar atenção às crianças... — Desviou o olhar do outro e logo seus olhos ficaram marejados. — E-eu estava muito mal. Então pensei que conversar com um médico me ajudaria e, bem, ele me disse que meu ômega estava depressivo. Segundo ele quando um casal marcado fica muito tempo longe um do outro, e principalmente se eles são tão próximos como nós somos, o lobo de um ômega tende a ficar cada vez mais fraco e sem ânimo. A sua ausência me afetou muito... Eu não sei, estava tão triste a todo momento, algo aqui dentro sempre faltando e... enfim, foi horrível e não quero passar por isso de novo... por favor, Jungkook... não me faça passar por isso outra vez.

Ao ouvir Jimin quase implorar, Jungkook percebeu quão séria era a situação. Não era do feitio de seu marido pedir algo com tanta veemência assim, ele era sempre tão forte e auto-suficiente, que somente algo muito forte o faria tão frágil e triste.

— Amor... — Jungkook disse e segurou o rosto de Jimin entre suas mãos, começando a limpar as lágrimas que caíam ali. — Jimin, por que não me disse isso? Eu teria voltado. Nunca, jamais, deixaria que passasse por algo tão duro assim por minha causa.

— Eu não queria parecer tão fraco ou te atrapalhar. Mas depois que conversei com Changwook ele me fez perceber que não era questão de ser fraco ou não. Eu precisava de você e nós nunca ficamos tanto tempo longe antes... ele disse que existem muitos casos assim e eu me senti melhor. Ele falou que escreveria ele mesmo para você se não voltasse em alguns dias e, bem, você voltou. — Jimin lhe sorriu pequeno. — Bem na hora que eu mais precisava, você voltou.

— Me desculpe, por favor, me desculpe... se eu soubesse... eu não devia ter colocado o trabalho em frente a você assim, me desculpe. — Jungkook se sentiu tão triste, tão culpado, e logo não conseguiu segurar as lágrimas mais. — Eu prometo, eu p-prometo tudo que você quiser. Nunca mais, nunca mais irei te deixar assim por tanto tempo, hm? Mas, por favor, me perdoe.

— Kookie, não chora... não chora. — Jimin era o que limpava as lágrimas do outro agora. — Eu não tenho porquê te perdoar, você não sabia. Eu devia ter percebido antes que sua ausência estava me afetando demais, devia ter respondido sua carta e pedido para que voltasse..., mas já passou, só não vamos mais ficar separados assim, hm? Nunca mais, promete?

— Eu prometo, príncipe. — Jungkook abraçou Jimin com todas as forças que tinha. — Não vou deixar que se sinta assim novamente, nunca mais.

O loiro sorriu e sentiu um alívio enorme ao ouvir aquilo da boca do marido. Sabia que se Jungkook havia prometido, ele nunca mais faria algo assim de novo e eles jamais precisariam ficar tanto tempo separados dessa forma. Inspirou profundamente o perfume do alfa e relaxou nos braços alheios.

— Obrigado... estou tão feliz que você voltou! — Jimin afastou-se e olhou nos olhos lacrimosos de Jungkook. — Não vou soltar você tão cedo!

— Eu é que não te soltarei. Vou fazer questão de te dar todo o carinho e amor do mundo agora, para recompensar o tempo que fiquei fora. — Jungkook sorriu e levantou Jimin pela cintura, girando-o minimamente. — Vou te mimar tanto que irá se enjoar de mim.

— Nunca enjoaria. — O loiro riu assim que o marido colocou-o novamente no chão. — Quero ficar nos seus braços assim, para sempre. — Sussurrou e suspirou ao que seus olhos encontraram com o de Jungkook.

— E você vai ficar. Para sempre. — O alfa disse e a próxima coisa que acontecia era um beijo apaixonado e cheio de emoções entre o casal.

Os beijos voltaram para seus ombros e pescoço, fazendo com que a respiração de Jimin também voltasse a se acelerar. Agarrou com força a camisa de Jungkook ao sentir um chupão sendo depositado na curva de seu ombro e seu pescoço.

— Eu vou te recompensar tanto. — Jungkook sussurrou rente à orelha do ômega e beijou ali, fazendo com que Jimin se arrepiasse. — Farei você se sentir tão bem. — Deixava beijos por toda a bochecha corada e macia do loiro, deixando que uma mão acariciasse seus cabelos ainda molhados enquanto a outra descia entre as clavículas e adentrava cada vez mais o robe.

Os beijos desceram pelo queixo do ômega e acompanharam a mão atrevida de Jungkook. Logo o nó do robe estava sendo desfeito e o alfa fez questão de fixar seus olhos nos do companheiro enquanto efetuava a ação. Jimin agora tinha as pupilas dilatadas enquanto percebia na expressão do marido o desejo e carinho imensos ali, coisa que fazia seu corpo quente e sensível.

A sensação do tecido do robe deslizando por sua pele fez Jimin se arrepiar, pois Jungkook o abria calmamente e a seda roçava em seus mamilos já turgidos. Como não usava nada por baixo da vestimenta, logo seu corpo ficou totalmente visível para o marido. Jimin respirou fundo assim que viu o outro morder o lábio e analisá-lo da cabeça aos pés. O robe mantinha-se aberto e caído em seus braços dobrados, pois suas mãos ainda seguravam com força a camisa do alfa.

Jungkook olhou nos olhos de Jimin por um segundo antes de levar sua boca ao tórax do loiro e beijá-lo bem no meio. O suspiro do ômega foi audível quando o alfa começou a descer os beijos por suas costelas e, surpreendendo Jimin, Jungkook caiu de joelhos em sua frente, fazendo com o que o loiro apoiasse suas mãos agora nos ombros do outro.

— J-jungkook... — Jimin gemeu e lutou para deixar os olhos abertos quando o marido lhe beijou a região da barriga com carinho e devoção. A língua do alfa circulou o umbigo e o adentrou devagar. Jungkook ergueu os olhos repletos de desejo para poder vislumbrar cada uma das reações de Jimin.

O ômega soltava pequenas lamúrias e arfares de seus lábios vermelhos entreabertos, e apertava o ombro do alfa com uma mão enquanto a outra levou até os fios escuros, tirando-os dos olhos de Jungkook para que pudessem continuar com seus olhares conectados. Logo os beijos haviam voltado e migrado para baixo, chegando quase à virilha do ômega.

— Cuidarei de você. — Jungkook falou baixinho rente à coxa do loiro e beijou delicadamente ali. — Beijarei cada centímetro do seu corpo. — Continuou e se afastou sentando-se em seus calcanhares, não desviando os olhos dos de Jimin um segundo sequer. Deslizou uma de suas mãos pela panturrilha firme do loiro e a segurou, tirando o pé do outro do chão e apoiando-o em sua coxa. Abaixou-se e beijou devagar o peito do pé do marido, logo subindo com beijos por toda a perna arrepiada. — Amarei você. — A voz rouca e sensual deixou os lábios de Jungkook, e Jimin gemeu mais alto, pois ao mesmo tempo uma mordida foi deixada na parte interna de sua coxa. — Mas antes... — O alfa piscou e levou seus olhos até o pênis entumecido de Jimin. Estava duro, vermelho e vazando. Aquilo fez com que Jungkook pressionasse suas coxas uma na outra para tentar aliviar seu falo que já se encontrava duro dentro das calças, assim como o do loiro. Voltou então seu olhar ao de Jimin, que lhe fitava como se fosse desmaiar a qualquer momento, tamanho prazer que começava a sentir. — Mas antes... — Repetiu e, logo, continuou. — Chuparei você.

— Oh, Deus. — Exclamou o ômega e, para seu deleite, a próxima coisa que sentiu foi a boca do alfa em si, de um jeito que o fez revirar os olhos e chorar de prazer.

Chorou quando se derramou na boca de Jungkook. Soluçou quando foi pego nos braços do homem que amava e levado à cama. Gemeu quando o alfa cumpriu o prometido e lhe beijou cada lugarzinho do corpo. Gritou quando sentiu o corpo nu e quente de Jungkook ir de encontro ao seu. Foi amado diversas vezes aquela noite. E foi tão amado, que chorou, soluçou, gemeu e gritou a cada vez que sentiu o marido. E sentiu tanto.

No final foi cuidado. Foi beijado e acariciado. Foi ninado. Ou seja, foi amado novamente.

Mesmo que Jimin sentisse necessidade do corpo de Jungkook junto ao seu, ele necessitava também da alma do marido junto a sua. E, quando faziam amor, o loiro sentia que seus corpos, suas almas e seus lobos estavam conectados intimamente e eram como se fossem um só. Naquele momento, partilhava dos sentimentos mais profundos de Jungkook, podia sentir tudo que o outro também sentia: o amor, a devoção, a paixão, o cuidado; todos os sentimentos bons do alfa por si. Isso era tão bom de se experimentar, que Jimin achava que não podia viver novamente se fosse para não ter o outro em seus braços e sua cama; estava completamente dependente dos toques de Jeon Jungkook e não fazia nenhuma questão de negar isso.

— Jungkook... — Sussurrou Jimin, já quase no mundo dos sonhos, depois de ter ido ao céu repetidas vezes.

— Sim? — Jungkook beijou as madeixas loiras que repousavam sobre seu peito e apertou os braços em volta do ômega.

— Amo você, meu marido. — Suspirou o ômega e sorriu lindamente, ainda com os olhos fechados.

Jungkook levou seu polegar a contornar aquele sorriso e imitou o loiro, sorrindo ainda mais deslumbrante.

— Amo você, meu amor. — Jungkook respondeu. Inspirou o perfume de Jimin e fechou os olhos, afundando-se com o loiro sob as cobertas.

Quando estava quase dormindo, ouviu Jimin sussurrar:

— Mal posso esperar para acordar de manhã com você aqui. — A fala embolada do ômega denunciava que estava já absorto no sono.

Jungkook não respondeu. Ele não precisava. Pois, de manhã, ele estaria ali assim como Jimin desejava.

.

.

.

Dois meses depois...

— Você precisa ir mesmo? — Um bico enorme era formado nos lábios rosados de Jimin, enquanto ele ajeitava o colarinho da camisa de Jungkook. — Eu não quero que você vá, já estou com saudades. — Logo os olhos pequenos e castanhos começavam lacrimejar.

O casal estava no quarto, ainda era de manhã e haviam acabado de acordar e se vestir. Iam descer para tomar café da manhã quando Jimin segurou Jungkook junto a si e começou a fazer manha.

— Príncipe, eu só estou indo cavalgar com os meninos um pouco. — Jungkook sorriu e tirou uma mecha do cabelo de Jimin do rosto, colocando-a atrás da orelha e fazendo um carinho ali. Jimin ronronou e o alfa sorriu mais largo, sabia como o marido era sensível naquele lugar. — Não demorarei muito e voltarei no máximo daqui algumas horas.

— Eu sei. — O bico ainda permanecia e o ômega suspirou assim que laçou o pescoço de Jungkook com os braços. Seus olhos brilhantes encontraram os do outro e preparou sua melhor expressão pidonha. — Não demore tanto. Vocês podem brincar aqui mesmo no quintal, não precisa ir para tão longe de mim assim.

— Jiminnie... — Jungkook suspirou e soltou uma risadinha, não aguentava quando o ômega lhe olhava com aquele rostinho carente e pidão. — Você diz como se eu fosse para longe e demorasse para voltar. — Continuou rindo, mas trouxe o corpo de Jimin cada vez mais perto e lhe beijou a testa carinhosamente. — Eu te prometi que não me ausentaria do seu lado por um bom tempo, e estou cumprindo, não estou? Então não fique enchendo essa sua cabecinha de asneiras. Eu não irei em nenhum lugar que você não possa me alcançar imediatamente.

— Eu sei, eu sei... — O ômega suspirou e afundou seu rosto no pescoço de Jungkook, inspirando profundamente o perfume de seu alfa e sentindo um pouco de seu desconforto se dissipar. — Eu só estou me sentindo um pouco carente ultimamente. Acho que o tempo que ficamos afastados me deixou assim, não sei. Só sei que quando você fica longe de mim por muito tempo eu começo a ficar agitado e inseguro... Algo aqui dentro me faz querer correr para os seus braços e sentir seu cheiro, porque só ele me acalma. Como agora.

— Oh, é mesmo? — Jungkook perguntou com uma expressão enigmática. — Você não me contou que estava se sentindo assim ultimamente.

— Eu sei, mas é recente. Faz pouco tempo que essa necessidade por você ficou tão forte, não sei porque eu... — Jimin parou de falar quando sentiu Jungkook o apertar entre os braços e começar a farejar seu pescoço desesperadamente. — Jungkookie, o que—

— Quieto. — O alfa falou e continuou o farejando de um jeito que ele normalmente não fazia. Jimin obedeceu porque o marido tinha uma expressão séria no rosto e resolveu esperar uma explicação, mesmo estando muito confuso com aquela ação do outro.

Jungkook farejou sua marca várias vezes e então abriu os botões de seu colete e sua camisa, deixando assim seu tronco todo visível. O alfa desceu o nariz pelo tórax de Jimin e logo alisava toda a extensão da barriga, cheirando, e o loiro sabia que o alfa tinha se deixado dominar parcialmente por seu lobo para poder farejar o que quer que fosse que estava procurando. Ficou preocupado com o que aquilo poderia significar.

Quando Jimin já estava quase perdendo a paciência, Jungkook parou de lhe cheirar e levantou a cabeça para ele, olhando-o de baixo pois já se encontrava ajoelhado no chão e segurando sua cintura entre as mãos. Os olhos do alfa estavam brilhantes e um sorriso enorme enfeitava seu rosto.

— Bebê. — Jungkook falou e seu sorriso conseguiu se alargar ainda mais.

— S-sim? — Jimin atendeu o chamado, cada vez mais confuso enquanto olhava para o marido.

— Não você, bebê. — O alfa deu uma risada gostosa de se ouvir e Jimin se derreteria se não fosse por sua ansiedade. — E, sim, outro bebê. — Continuou Jungkook e levou uma de suas mãos a repousar bem no centro da barriga do loiro. — Aqui.

— O... o... quê? — Jimin se sentiu tonto imediatamente, e só não foi ao chão porque Jungkook agiu rápido e o pegou no colo, levando-o para a cama em seguida.

— Amor, ei, acalme-se, vou pegar uma água para você. — Jungkook ajeitou Jimin na cama, deixando-o parcialmente sentado e afofou os travesseiros sobre sua cabeça, indo em seguida até o jarro pegar um copo de água. Quando voltou, ajudou Jimin a tomar e apoiou sua cabeça com toda a delicadeza enquanto o auxiliava. Sentou-se ao lado do marido na beira da cama e via aos poucos a cor voltar às bochechas de Jimin. — Se sente melhor? Quer que eu chame Changwook? Ele pode dar uma olhada em—

— Não! Changwook não! — A face de Jimin mudou de pálida para vermelha e enfurecida. — Porque assim Taehyung vai saber que ganhou a maldita aposta! Isso é tudo culpa dele! Ele que ficou falando e falando que eu iria engravidar, foi culpa dele e—

— Eu achei que você estava tomando o chá. — Jungkook não entendia nada o que Jimin falava, mas expressou sua confusão.

— Eu... e-eu... — Agora Jimin tinha uma expressão envergonhada e bochechas coradas. — Faz um tempinho que eu não tomo.

— Então você queria outro bebê? — Jungkook perguntou e pegou as mãos de Jimin nas suas, sorrindo terno para o loiro. — Podia ter me dito. Eu também queria, mas tinha medo de você negar e acabei não falando nada.

— Na verdade, eu não tomei porque você ficou fora e achei que não era preciso. Então você voltou e aquela noite, você sabe, aconteceu e eu esqueci completamente disso. — Jimin confessou e apertou as mãos do outro nas suas, entrelaçando seus dedos. — Mas acho que, lá no fundo, eu também queria outro porque, bem, eu podia ter me cuidado melhor.

— Então você está feliz, certo? — Jungkook perguntou e uma animação enorme começou a aparecer em seu rosto. — Podemos comemorar, sim? Posso gritar para todos ouvirem que serei appa novamente? Posso dar mil beijos nessa sua barriguinha linda e começar a conversar com o bebê?

— Pode, sim. Vem aqui. — Jimin sorriu e abriu os braços, e logo Jungkook estava abraçando-o com todas as forças e lhe beijando emocionado. — Teremos outro filho, Jungkookie!

— Sim, teremos! — O alfa beijava todo o rosto de seu ômega e só faltava pular tamanha alegria que exalava de si. — Oh, Jiminnie, outro coelhinho para nós!

— Sim, outro coelhinho! — Jimin ria ao que Jungkook lhe enchia de beijos e carinhos, seu coração pulando apressado no peito pela notícia e alegria.

— Ou, dessa vez, pode ser um pintinho fofo, hm?  Igual a você. — Jungkook segurou o rosto de Jimin entre as mãos e lhe deu o olhar mais amoroso possível, fazendo com que o coração do loiro falhasse uma batida. — Com seus cabelos, seu rosto, seus olhos... Quero tanto um pintinho, amor.

— Eu quero o que vier. Um pintinho ou um coelhinho, eu já o amo tanto. — Jimin confessou e também segurou o rosto do marido entre as mãos, acariciando seus cabelos. — Porque é nosso, fruto do nosso amor.

— Você adora me ver aos prantos, não é mesmo, Jeon Jimin? — Jungkook fungou e abraçou novamente o marido, afundando seu rosto nos cabelos loiros e cheirosos.

— Meu bebê alfa, pode chorar, eu não conto para ninguém. — O loiro deu uma risadinha e beijou as madeixas negras de Jungkook.

— Eu sei que não, você é o único que eu confio tudo, até minhas fraquezas. — Jungkook sussurrou e Jimin sentiu-se tão especial com aquela confissão que simplesmente não disse nada, apenas aproveitou o momento e o abraço do marido. —— Mas, hm, que história é essa de aposta? — Após um tempo desfrutando aquele momento, o alfa se afastou limpando os olhos vermelhos e Jimin o ajudou, acariciando-lhe as bochechas.

— Taehyung apostou com Jinnie-hyung e Yoongi-hyung que eu engravidaria novamente. Ele disse que seria esse ano mesmo, enquanto os hyungs apostaram no ano que vem. — Jimin comentou, já começando a se sentir altamente insultado. — Onde já se viu, ficar apostando às minhas custas. Achei um absur—

— Oras, por que não me chamaram? — Agora era Jungkook que se sentia insultado. — Aposto que teria sido ainda mais preciso que Taehyung! — Falou pensativo e colocou a mão no queixo. — Mas, com certeza, da próxima eu vou acertar.

— Céus, Jungkook, até você querendo participar... — Jimin interrompeu-se assim que se deu conta do que o último comentário no marido significava. — Próxima vez? Que próxima vez? — A voz já estridente.

Jungkook pulou imediatamente da cama e se pôs de pé, reconhecendo a face enfurecida de Jimin imediatamente.

— E-eu acho melhor ir chamar Changwook, para ver se está tudo bem com o bebê. — Disse, virando as costas e afastando-se de um Jimin cada vez mais feroz.

— Você acha que eu vou ser o que, agora? Uma vaca parideira? Que vive para ter seus filhotes de nariz grande, é isso? — A voz de Jimin aumentava ainda mais e o marido já estava fora do quarto. — Pois fique sabendo que nunca mais, ouviu bem? Nunca mais, Jungkook, eu ficarei um dia sem tomar aquele bendito chá! E você também não tocará em mim, para garantir! Agora é assim, não tem mais filhos, não tem mais noites de... de... enfim, não tem mais esse tipo de noites! Não tem mais nada! Depois desse daqui, a fábrica de filhotes fechou! Fe-chou! Se quiser outro filho, que você mesmo engravide e o carregue nove meses! Experimenta só!

Todos da casa já ouviam os gritos furiosos de Jimin, e Jungkook, no quarto ao lado dali, tentava tampava as orelhas dos filhos para que não ouvissem nada do que o pai ômega dissesse.

— Próxima vez... — Jimin repetiu o que Jungkook tinha dito e logo gritou: — Próxima vez o escambau, Jeon Jungkook! E volta aqui que o bebê já está sentindo sua falta, inferno!

...


Último bônus postado depois de eras! 🥺

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