Capítulo Bônus III - Taehyung é fascinante
Taehyung suspirou alto enquanto via a bagunça que aquela sala estava. Tinha dois cavalinhos de madeira que os gêmeos adoravam montar jogados de qualquer jeito em cima do tapete, algumas bonecas estavam espalhadas pelo cômodo e mais uma variedade de brinquedos dos sobrinhos completavam a desordem.
Até tentaria se levantar dali e chamar alguém para ajudá-lo a arrumar o cômodo, porém não podia se mexer, sequer levantar a voz, senão acordaria aqueles pestinhas que se intitulavam crianças.
Jungmin e Jeonji, com seus já três anos de pura hiperatividade, estavam dormindo no tapete com os rostinhos amassados e sujos de glacê do bolo que tinham comido. Subin, com dois aninhos de pura beleza em seu rostinho sapeca, estava encolhida na poltrona, também tirando uma gostosa sonequinha enquanto abraçava um de seus ursinhos mais fofos. Hogi, com um ano e meio, ressonava agarrado na perna do primo Jeonji, babando ali e fazendo Taehyung querer rir da cena. E Jijoon, aquela fofurinha que era seu sobrinho mais novo e o único beta da família, como Jin adorava dizer por aí, estava acomodado em seu peito e agarrado em sua camisa como o bebê lindo de oito meses que era.
O fato era que estava de babá de seus cinco sobrinhos que, apesar de serem as criaturinhas mais lindas do mundo, também eram as mais espevitadas.
Os gêmeos estavam sempre aprontando alguma, eram uma dupla e tanto e deixavam a família de cabelos em pé quando resolviam se aventurar por aí. Como da vez em que decidiram que eram piratas e saíram pegando as jóias de todo mundo, até mesmo a aliança de seus pais enquanto eles dormiam, deixando todos acharem que havia algum ladrão na casa. Foram descobrir só depois de alguns dias que estavam todas as jóias escondidas nos travesseiros dos dois. Taehyung quase chorou quando se reencontrou com sua pulseira de ouro da sorte, que era inseparável desde criança. E também quis matar aquela dupla de ladrõezinhos.
Subin era mesmo um doce na maior parte do tempo, mas, por ser a única menina da família, era tratada como uma rainha e todos faziam suas vontades sem nem pestanejar. Era fato que estava um tanto mimadinha demais e Taehyung já tinha até mesmo conversado com Yoongi quanto a isso, e o irmão concordou que deveria ser mais rigoroso com a menina. E estava sendo difícil conviver com uma Subin que não tinha sempre seus desejos atendidos, ela fazia um belo escândalo às vezes e Taehyung queria mesmo era correr para bem longe quando isso acontecia.
Hogi era um fofo, porém um tanto desastrado demais. Estava sempre caindo por aí e se machucando. Ainda andava desajeitado, tamanha demora que levou para dar os primeiros passinhos, pois sempre se esborrachava no chão, chegava a ser engraçado quando o menino não se machucava. Por isso sempre tinha que estar de olho no pequeno, pois nunca sabiam quando ele iria bater com a testa nos batentes das portas, coisa que era corriqueira.
Já Jijoon era o que menos dava trabalho dos cinco, pois era apenas um bebê. Mas também era aquele que necessitava de mais atenção, já que adorava ficar chupando o dedo no colo de Taehyung enquanto via os primos brincarem pela sala, ou a bagunçarem que era o que realmente faziam.
Tinha ali os empregados para o ajudar, mas se sentia um tanto emburrado por ter que ficar de babá enquanto seus irmãos e cunhados saíram para uma pequena viagem de três dias. Um amigo dos alfas estava se casando e a família foi convidada a ir, porém logo entraram em desacordo sobre levar ou não as crianças, pois estes dariam muito trabalho e eram muito novos para serem deixados com os empregados. Jin, no começo, resolveu que ficaria, pois seu filho era o mais novo e não queria o deixar só. Mas então Jimin negou, falando que ficaria ele, pois sabia o quanto Jin adorava passear com Namjoon. Yoongi, não querendo que o irmão mais novo ficasse, pois sabia como era ciumento com Jungkook, se ofereceu para ficar dizendo que não gostava mesmo de casamentos tanto assim. Mas todos sabiam que era mentira, Yoongi sempre chorava em casamentos tamanha emoção que sentia, ele os adorava na verdade.
No fim, Taehyung não quis que Jin deixasse de passear com Namjoon, coisa que gostava tanto. Nem que Jimin perdesse a primeira oportunidade de viajar com Jungkook, já que sempre se negava a isso por causa dos filhos serem pequenos. E também não quis que Yoongi perdesse de ir a um casamento, coisa que ele gostava tanto de assistir. Acabou se oferecendo a ficar, já que ia apenas por ser parente dos convidados, para deixar os irmãos curtirem aqueles três dias com os maridos e sem os filhos a tiracolo. Foi com um bico nos lábios que viu as carruagens se afastando da casa dos Jeon, pois admitia também adorar uma festa e sabia que estava perdendo uma bela oportunidade de conhecer pessoas interessantes. E se um alfa super charmoso, rico e solteiro estivesse por lá e ele perdeu a oportunidade de conhecê-lo e até mesmo casar-se com ele? Aish, choramingava só de pensar nisso! Isso que dava ser um irmão maravilhoso que se ofereceu para ficar com aqueles sobrinhos bagunceiros. Mas, também, não era só em tais coisas superficiais que pensava.
Antes de ver os irmãos casados e conviver com eles durante o casamento, Taehyung tinha uma ideia totalmente diferente de uma relação de um casal. Para o Tae de antes, casar-se dependia das posses e beleza do alfa, mas depois de ver de perto como era a relação dos irmãos com os maridos, queria aquilo também, queria amar e ser amado como eles eram.
Queria um marido babão, carinhoso e que fizesse todas as suas vontades, como Hoseok era para Yoongi. Queria um alfa apaixonado por si, que o beijasse pelos cantos da casa e lhe sussurrasse coisas doces, como Jungkook fazia com Jimin. Desejava muito um companheiro para todas as horas, que fosse seu cúmplice e o fizesse rir, como Namjoon se comportava com Seokjin. No fim, seus irmãos eram os ômegas mais sortudos do mundo todo, com maridos ricos, bonitos e apaixonados. Será que teria também toda aquela sorte? Às vezes achava que não, pois parecia impossível achar alguém tão bom quanto seus cunhados.
E, ao olhar as crianças dormindo, sentia vontade de chorar, pois nenhuma delas era sua. E, poxa, queria uma família também. Era pedir muito? Sabia que era, mas não deixava de perder as esperanças que, quem sabe um dia, iria ter sua própria família e seu próprio alfa para cuidar de si como via os irmãos sendo cuidados.
Foi o chorinho de Jijoon que dissipou seus pensamentos e quase se deu um tapa na testa, pois o sobrinho mais novo tinha acordado os outros quatro. Aish, seu momento de descanso tinha acabado.
. . .
— Titio, quelo passear. — Jeonji puxava a barra da camisa de Taehyung, tentando lhe chamar a atenção.
— Agora não, Ji. Não vê que estou tentando fazer o Joon dormir? — Taehyung balançava o sobrinho nos braços, mas este tinha os olhos bem abertos enquanto olhava para si. — Aish, por que você não dorme, bebê?
— Ele não quer nanar, titio. Ele quer passear também! — Jungmin reforçou a ideia do irmão, falando animado.
— Min, fala baixo, ele está quase dormindo. — Taehyung ralhou com o gêmeo.
— Mas tio Tae-tae, quelo blincar lá fola! — Subin fazia biquinho enquanto falava tudo errado. — A Lulu quer também! — Disse, se referindo à boneca em suas mãos.
Hogi só chupava o dedo enquanto segurava na barra do vestido da irmã, olhando ansioso para os primos e o tio.
— Você não vai dormir mesmo, Joon? — Taehyung então voltou os olhos para o bebê em seu colo, não vendo nenhum vestígio de sono no menino, e bufou. — Tudo bem, vamos. Su, traz a Lulu e vamos lá pra fora! Venham pestinhas!
— Vou contar plo appa que o titio tá chamando a gente de pestinha! — Jungmin inflou as bochechas e saiu correndo quando o tio fez menção em pegá-lo pelas orelhas.
— Moleque, eu te deixo sem sobremesa, hein! Não me ameaça não! — Acomodou Jijoon nos braços e saiu do quarto com os sobrinhos em seu encalço. — Yujin! Vamos lá fora com essas crianças! — Chamou a ômega que logo apareceu para acompanhá-lo.
— O senhor não disse que queria descansar? — A ômega perguntou enquanto pegava na mão de Subin e Hogi.
— Disse, mas é melhor irmos logo passear com eles ou não me darão descanso! — Taehyung resmungou, vendo os gêmeos correndo escada abaixo animados.
Depois de andarem uns bons metros com as crianças pelos arredores da propriedade, a fim de achar um lugar agradável para sentarem-se, chegaram embaixo de uma grande árvore que enfeitava o jardim dos Jeon. Com uma toalha que Yujin trouxera, forraram a grama e sentaram-se ali, vendo as crianças correrem e brincarem. Jijoon engatinhava na toalha e Taehyung achava uma gracinha como o sobrinho estava cada vez mais serelepe, logo estaria andando também.
— Ei, não corram para muito longe. — O ômega avisou, vendo que os quatro brincavam de pega-pega e iam cada vez mais longe de onde estavam. Hogi sempre caía no meio da correria e era engraçado, ainda bem que não estava se machucando. — Fiquem por perto!
— Senhor Park, eu trouxe algumas guloseimas na cesta. Está com fome? — Yujin perguntou a Taehyung, este que logo se animou e começou a devorar algumas das tortinhas de creme que a ômega havia trazido.
Até perguntaram se as crianças estavam com fome, mas estes nem os deram atenção, de tão entretidos que estavam com a brincadeira. Taehyung aproveitava para pegar um pouco do creme e dar na boca de Jijoon, que sorria e pedia mais com as mãozinhas fofas. Enquanto os três comiam ali, os dois adultos se entretinham com a boca suja do bebê e davam risadas com as carinhas que ele fazia, acabando por esquecer do restante das crianças.
Foi então que, após alguns minutos de silêncio, Taehyung percebeu que aquilo não era normal quando estava com os sobrinhos. E ao olhar ao redor, constatou que os quatro não estavam à vista.
— Meu Deus, Yujin, cadê eles? — Taehyung levantou-se de imediato com Jijoon no colo, andando em volta da árvore e procurando os sobrinhos ao longe.
Yujin fez o mesmo, mas não viam nem sinal das quatro crianças.
— Mas elas estavam aqui agora mesmo, como podem ter sumido? — A ômega se perguntava, varrendo com os olhos todo o jardim.
— Meus irmãos vão me matar! Onde eles se meteram? — Taehyung já se encontrava desesperado, andando pelo jardim com Yujin em seu encalço.
O jardim dos Jeon era imenso e dava a volta na casa toda. A parte da frente era onde ficavam as flores de todos os mais lindos tipos e o lago enorme. Na parte de trás ficavam algumas árvores e depois um campo imenso e que se perdia de vista o verde, que era onde estavam. E se não viam nem sinal das crianças ali, só podia ser que eles tivessem dado a volta na propriedade e ido até o jardim da frente, perto do...
— O lago! — Taehyung pôs-se a correr com Jijoon no colo, quando realizou que os pequenos podiam ter ido até aquela parte. — Meu Deus, Yujin! Eles não podem chegar perto daquele lago!
— Não mesmo, é muito perigoso! — Yujin corria junto com o ômega, pois também ficou totalmente desesperada ao pensar na possibilidade de as crianças estarem perto daquela parte da casa.
Quando chegaram na ala da frente da casa, logo contornaram os canteiros de flores e foram diretamente para a direção do lago, mesmo assim não avistando nenhuma das crianças ali.
— Yujin, vá chamar alguém para nos ajudar a procurá-los, estou ficando cada vez mais amedrontado por eles terem sumido assim. — Taehyung respirava com dificuldade pela corrida que fizera até ali, ainda olhando ao redor do lago para ter certeza de que os sobrinhos não estavam por perto.
— Sim, senhor. Quer que eu leve o pequeno? — A ômega perguntou, também cansada pela corrida. — Fique calmo, senhor, vamos encontrá-los. Não devem estar longe.
— Deixe-o comigo, não posso perdê-lo de vista também, senão vou ficar louco! — Taehyung avisou, respirando fundo. — Vou procurar um pouco mais, mas vá depressa, quanto mais demoramos mais fico apavorado.
A ômega apenas assentiu e saiu atrás de empregados que pudessem ajudá-los na busca.
Taehyung, com Jijoon firme nos braços, saiu então caminhando pelo jardim a fim de ter qualquer pista de onde as crianças poderiam se encontrar, mas depois de andar muito ainda não havia achado nada. Os empregados também estavam o ajudando e nada de encontrá-los. O ômega sentia seus olhos arderem já, tamanho desespero que sentia. Eles eram sua responsabilidade, fora ele quem se ofereceu para ficar com os sobrinhos, não devia ter deixado de prestar atenção neles um minuto sequer. O que falaria para os Jung e os Jeon? Que tinha perdido seus filhos, assim, num passe de mágica? Aquilo não podia estar acontecendo, era um pesadelo! Não podia perder os sobrinhos dessa maneira, eles estavam bem ali ao lado, onde é que se meteriam?
— Encontrou alguma coisa? — Taehyung perguntou a um beta que trabalhava ali como jardineiro e estava ajudando na busca.
— Não, senhor. — O beta disse, também incomodado por não ter achado as crianças. — Mas acalme-se, eles devem estar por perto. Vamos encontrá-los.
A respiração de Taehyung estava alterada e agradecia internamente por Jijoon estar tão quietinho em seus braços, apenas acompanhando tudo com os olhinhos fofos. Assentiu para o beta e o viu voltar à procura, fazendo o mesmo em seguida. Voltou para o jardim dos fundos, indo exatamente para onde estavam quando as crianças sumiram e buscando ali qualquer pista de onde eles podiam estar. Caramba, Hogi era só um bebê ainda, mal sabia andar direito, como poderia tê-los perdido? Não parava de se culpar e algumas lágrimas já saiam de seus olhos.
— Waaaaaaaaah! — O gritinho de Jijoon despertou Taehyung de seu desespero e percebeu o sobrinho se balançando em seus braços, apontando os bracinhos para alguma direção, fazendo com que o ômega voltasse seus olhos para lá.
O coração de Taehyung pulou no peito quanto viu os quatro sobrinhos amontoados em cima de um cavalo, enquanto um homem caminhava ao lado do animal e puxava as rédeas. O ômega correu até lá, para ter certeza de que eram mesmo os sobrinhos e quando chegou perto, pôde avistar os gêmeos atrás, seguidos por Subin e Hogi na frente. Estavam os quatro ali, sorrindo felizes como se não estivessem o deixado desesperado por quase uma hora.
— Onde vocês estavam? — Taehyung gritou, apertando Jijoon nos braços e deixando algumas lágrimas de alívio caírem. — Deus, eu fiquei tão preocupado. — Mal chegou perto do cavalo e já pegou Hogi com seu braço livre, o descendo do animal e fazendo isso com os outros três.
Ajoelhou-se então na frente dos sobrinhos, que o olhavam assustados por verem pela primeira vez aquela expressão no rosto do tio.
— Pra onde vocês foram, hein? — Taehyung deixou Jijoon no chão a sua frente para poder falar com os sobrinhos direito. — Eu disse para vocês não saírem de perto de mim e de Yujin! Têm noção de que estão todos procurando vocês? — Disse sério com as crianças, mesmo sabendo que Hogi provavelmente não entendia nada ainda. — Vocês dois! — Voltou-se para os gêmeos, que se encolheram minimamente. — São os mais velhos, por que não me obedeceram? Onde se meteram?
— A gente só quelia blincar e... e... depois não sabia voltar. — Jungmin disse, temeroso da reação do tio.
— É, a gente correu e só tinha verdinho. — Jeonji ajudou o irmão. — Hogi começou a cholar e nós não sabia o que fazer.
— Eu glitava e ninguém me ouvia. — Subin tinha um biquinho choroso na boca ao falar. — Mas aí o moço bonito achou a gente! — A menina apontou então para trás de Taehyung, que logo se virou e só então lembrou-se do homem que havia trazido os sobrinhos.
— Eu os achei enquanto cavalgava, estavam chorando e não sabiam dizer onde moravam. — O homem explicou. — Mas então eu perguntei o nome deles e um dos gêmeos disse o sobrenome junto, que era Jeon, e então eu soube onde moravam.
— Sim! Eu sei meu soblenome! — Jeonji disse, orgulhoso de si mesmo. — Appa semple disse que meu nominho é Jeon Jeonji!
— Igual o meu, que é Jeon Jungmin! — O outro menino acompanhou o irmão.
— Só sei que meu nominho é Subin. — A menina dali falou, pensando em qual seria aquele tal sobrenome.
Taehyung não ouviu mais nada desde o "eu os achei...", pois estava encantado. Sua boca estava aberta e seus olhos vidrados no homem que estava em sua frente. Era alto, de cabelos castanhos claros, com um sorriso desgraçado de bonito e ainda era muito educado. E o melhor, que Taehyung logo pôde perceber, era um alfa! O cheiro de café torrado o denunciava. E que alfa! Taehyung estava literalmente babando ali, até mesmo se esquecendo de que há alguns minutos estava chorando por ter perdido seus sobrinhos.
— Ai! — Acordou de seu estado de transe por ter seu cabelo puxado minimamente e olhou feio para Subin.
— O moço tá falando. — A menina fez sinal com a cabeça.
E só então Taehyung percebeu que estava fazendo papel de bobo ali, olhando que nem um idiota para o homem enquanto estava ajoelhado no chão. Levantou-se rapidamente, limpando a grama de suas calças e deu seu melhor sorriso ao alfa. Logo se abaixou novamente para pegar Jijoon que havia ficado no chão o olhando com um biquinho nos lábios. Ao empertigar-se com o bebê no colo, sorriu novamente e teve o mesmo de volta do homem.
— Eu estava apenas dizendo que tem filhos lindos, senhor Jeon. — O alfa disse, fazendo Taehyung negar rapidamente com a cabeça, não podia deixar que um homem daqueles pensasse que era comprometido. De jeito nenhum!
— Oh, não! — Negava, sorrindo. — São meus sobrinhos. Os gêmeos ali são filhos do meu irmão, Jeon Jimin. E a menininha e o menor são do meu outro irmão, Jung Yoongi.
— Hm, só este em seu colo é seu então? — O homem parecia interessado ao perguntar.
— Também não! — Taehyung negou novamente, sem conseguir parar de sorrir. — Este também é do meu outro irmão, Kim Seokjin.
— Tem vários irmãos, uh? — O alfa sorriu, contando quantos irmãos o outro parecia ter. — Apenas três ou tem mais?
— Não, somos em quatro. — Taehyung esclareceu. — E só para esclarecer, não tenho filhos, estou de babá enquanto meus irmãos e cunhados viajam. Sou Solteiro. Taehyung. — O ômega estendeu sua mão ao se apresentar, equilibrando o bebê em seu colo com um braço só, e o alfa levantou a sobrancelha com o que foi dito, fazendo Taehyung dar uma risada nervosa. — Digo, sou Park Taehyung e sou solteiro! — Solteiríssimo!
— Oh, entendi. — O alfa não perdeu tempo e logo pegou a mão estendida para si, dando um beijo singelo ali. — Que indelicadeza a minha, me desculpe, não me apresentei ainda. Sou Ji Changwook.
— O prazer é meu. — O ômega disse, com arrepios e uma risadinha nervosa por ter os lábios alheios em sua mão.
— Titio, estou com fome! — Jungmin puxava a calça de Taehyung, que nem percebia, pois tinha seus olhos vidrados no alfa a sua frente. — Titio!
— Oh, sim. — O ômega suspirou, pesaroso. — Creio que devo voltar para casa. Ah, gostaria de tomar um chá? Como agradecimento por ter achado as crianças. Não sabe como fico agradecido, muito obrigado de verdade, nem sei o que faria se não os encontrasse.
— Não tem de quê. Mas, quanto ao chá, não seria incômodo? — O alfa perguntou, não querendo realmente incomodar.
— Claro que não. — Taehyung apressou-se em dizer. — Vamos, vou pedir a alguém que cuide de seu cavalo enquanto tomamos um chá.
Começaram a andar então, com as crianças os acompanhando, dessa vez sem correria pois estavam cansadas de andar por aí. Hogi logo pediu colo, mas Taehyung já estava com Jijoon nos braços e Ji Changwook se ofereceu para pegá-lo, recebendo um sorriso agradecido do ômega.
Taehyung avisou o primeiro empregado que avistou de que as crianças tinham sido encontradas e o incumbiu do serviço de avisar os demais sobre isso e de cuidar do cavalo do alfa.
— Aqui é muito bonito. — O alfa elogiava, passando os olhos pela casa enquanto andavam até a sala.
— É sim. Mora perto daqui ou está só de passagem? — O ômega perguntou quando chegaram à sala de visitas e sentarem-se no sofá.
Alguns empregados vieram pegar as crianças para que tomassem banho antes do jantar e agora só estavam os dois ali. Taehyung sabia que Seokjin tinha o instruído que somente ele poderia dar banho no pequeno Jijoon, por pura frescura mesmo, mas ele não podia perder a oportunidade de ficar a sós com aquele partidão. Até porque confiava em Yujin para cuidar do bebê.
— Eu estava na capital, estudando para ser médico. Voltei faz poucos dias, mas sou daqui sim. De uma propriedade perto. — O homem esclareceu, sem deixar de sorrir um segundo sequer, hipnotizando Taehyung cada vez mais. — Lógico que minha casa não é nem de longe tão bonita ou grande quanto essa. Minha família é um pouco mais modesta e não sou alguém de muitos luxos, entende? Sempre gostei mais das coisas simples da vida. Tanto que sempre quis ser médico para poder ajudar as pessoas de alguma maneira.
De onde havia saído tamanho anjo? Taehyung tinha certeza que ele caíra do céu. Ele era mesmo um doce e parecia, de longe, uma boa pessoa. Quanto à informação de ter uma família mais modesta, talvez fizesse o antigo Taehyung desistir imediatamente de tentar flertar com aquele alfa, pois estava sempre à procura dos melhores partidos e isso significava alguém tão ou mais rico que os Jeon. Porém, foi com um suspiro satisfeito que percebeu aquilo não alterar em nada sua atração pelo homem há pouco conhecido. Pensando racionalmente, sabia que seria muito difícil encontrar um alfa mais rico que seu cunhado, os Jeon eram de longe conhecidos por sua fortuna, e não era à toa que Jungkook vivia viajando para tomar conta das tantas posses da família. E, pensando romanticamente, o que isso importava quando estava tão encantado por aquele alfa? Se o alfa bonito, gentil, salvador de seus sobrinhos – e de sua pele –, o dissesse naquele momento que morava em uma choupana e que seus rendimentos só dariam para comprar um terno por mês, ainda não desistiria dele. Tudo bem, talvez a parte do um terno fosse demais para si, ao menos dois, hm? Estava muito mal-acostumado com os presentinhos que os irmãos o davam agora que tinham boas condições e seria difícil desacostumar da boa vida.
Mas a questão era que: simpatizara enormemente com aquele alfa. E precisava, de alguma maneira, que ele o admirasse da mesma maneira que o estava admirando.
— Ah, concordo plenamente com você! Acho essa casa um exagero. Quer dizer, para quê tudo isso, não é mesmo? Sou alguém muito simples e modesto, sabe? Vivo dizendo para meus irmãos que luxo é para pessoas de mente pequena. Com pouco se vive muito melhor. — Não pôde segurar sua língua e quando notou estava incorporando o Jimin da época em que este ainda era um Park e viviam discutindo sobre a importância do dinheiro.
— Oh, então também gosta de uma vida sem luxos e requintes? — O alfa perguntou e Taehyung percebeu um brilho no olhar do homem.
— Sim, sou muito humilde. Sempre disse aos meus irmãos: casem-se por amor e não por posses, isso não os levará a nada! — As palavras saiam da sua boca como se fossem mágicas. — Mas acha que me ouviram?
— Então casaram-se por interesse? Que horrível. — Changwook disse, já pensando que o caráter dos irmãos do ômega não podia ser muito bom.
— Não! — Taehyung então percebeu o que falou, se amaldiçoando internamente, pois não queria que o alfa pensasse tão mal de sua família. — Quer dizer, eles amam os maridos, mas você tem que conhecer meu irmão Jimin. Terrível! Não sossegou até laçar um dos homens mais ricos da Coréia. Lógico que o amor veio com o tempo, sabe? Mas foram tempos difíceis. Não condeno meu irmão, ele tem a mente um tanto pequena, mas é uma boa pessoa.
— Hm, entendo, essas pessoas que vivem achando que dinheiro é mais importante que tudo, não é? Títulos e posses. — O alfa negou com a cabeça. — Sinto muito por ter um irmão assim.
— Ah, tudo bem, já me acostumei com esse jeito egoísta dele. — Suspirou com pesar falsamente. — Mas eu o ensinei que não adiantava ele ser casado sem amor, sabe? Sou ótimo conselheiro! Ao contrário do meu irmão Yoongi. Esse, nossa, só chega pra botar fogo nas discussões alheias! Apresentando até alfas do regimento pro Jimin, acredita? Acabou causando uma situação horrível. Mas eu não, sempre lá para o aconselhar e fazê-lo perceber seus sentimentos. Se não fosse por mim, pobre Jimin.
— Você é mesmo o melhor dos irmãos então, hm? — O alfa parecia tocado com aquelas palavras, pensando em como aquele ômega fora de grande ajuda para o casamento do irmão.
— Claro, sou sim. — Taehyung sorriu docemente, fazendo uma cara de anjo que até mesmo fez o coração do alfa palpitar. — Ah, e também sou ótimo em fazer os outros rirem! Meu irmão, Seokjin, aprendeu a contar piadas comigo. Ainda é um aprendiz perto de mim, mas um dia chega lá.
— Nossa, você é mesmo um ômega cheio de qualidades. — Changwook sorriu, encantado e chegando um pouco mais perto do ômega.
— Eu tento. — Taehyung assentiu, piscando os olhos devagar, tentando seduzir o alfa com seus cílios longos. —Apesar de ser o mais novo, foi eu que ensinei tudo aos meus irmãos. Sou praticamente o porto-seguro deles. Aliás, já te contei que sei cozinhar, tocar piano e bordar como ninguém?
— Uau!
~*~
— Então você gosta de descer escadas pelo corrimão? — Changwook perguntava enquanto colocava um curativo no joelho ralado de Jungmin.
— Só um pouquinho. — O menininho mostrava com os dedinhos tão rechonchudos quanto os do pai ômega. — É legal, mas não conta plos appas, tá?
— Eu vou contar se você não parar com isso, Jungmin! — Foi Taehyung ao falar, irritadiço com o sobrinho. — E você, Jeonji, por pouco não caiu também. O que eu faço com vocês dois?
— Titio Wook, o titio Tae-tae é mau! — Jeonji cruzou os bracinhos, fazendo um biquinho emburrado. — Não vou te aplesentar um alfa!
— Meu Deus, de onde você tirou isso, menino?! — Taehyung havia ficado vermelho de vergonha pela fala do sobrinho. De tanto todos o chantagearem com aquilo, Jeonji acabou pegando aquela mania também. Mas precisava falar na frente de seu mais novo "namoradinho"? — Não liga pra ele, Wook. Está na idade de inventar coisas.
— Sei bem como são crianças. — O alfa então bagunçou os cabelos de Jungmin e o liberou. — Pronto, mas vê se toma cuidado, uh? Não quer que o titio te dê um remédio bem ruim, quer?
— Eca! Não quelo! Vou ser bonzinho! — Jungmin prometeu, saindo correndo com o irmão em seguida.
Taehyung ainda se encontrava envergonhado por aquilo, poxa, depois de todo aquele esforço não podia perder Changwook de jeito nenhum. Fazia três dias que estavam se encontrando sempre, e o ômega ficava cada vez mais fascinado. E também sabia que o alfa sentia algo por si, até porque, ele lhe olhava de uma maneira encantadora, sabia reconhecer quando gostavam de si.
— Ei, Taehyung-ah. Por que não toca piano para eu ver? — O alfa pediu, sentando no sofá ao lado do ômega e chegando pertinho. — Você falou tanto sobre seu talento que estou morrendo de vontade de ouvir uma música tocada por essas lindas mãos. — E encostou minimamente seu dedo indicador em uma das mãos do ômega, este que sorriu minimamente, mas logo desviou o olhar para inventar uma desculpa.
— O piano está quebrado. — Disse com falso pesar. — Quem sabe outro dia, uh?
— Oh, que lástima. — Changwook parecia decepcionado, mas ainda portava um sorriso lindo nos lábios. — Mas creio que não faltará oportunidades, certo? Quero conhecê-lo melhor.
— Claro. — Taehyung suspirou pela aproximação e palavras do alfa. — Também quero, acho sua companhia muito agradável e é tão...
— Tão? — O alfa incentivou, mantendo uma distância respeitosa do ômega, porém suas mãos ainda se tocavam levemente.
— Encantador. — O ômega confessou e sorriu envergonhado em seguida, abaixando a cabeça. Oras, ele também podia se comportar como um bobo quando estava a ponto de se apaixonar.
— Não mais que você. — Changwook ditou baixinho, roubando a atenção do ômega. — Nunca vi ômega mais lindo e de tamanha simplicidade. Não sabe como estava exausto de ver pessoas supérfluas na capital. Felizmente conheci você e estou deveras encantado.
O coraçãozinho de Taehyung batia forte ao ver um brilho tão lindo nos olhos do alfa, porém também se apertava por saber que aquele brilho não era direcionado ao ele de verdade. Ao longo daqueles três dias de convivência, o ômega disse todas as qualidades dos irmãos como se fossem dele, e se culpava por isso, mas era mais forte do que ele. Queria ser o melhor para o alfa e, para Taehyung, o melhor eram seus irmãos. Ele não se achava suficiente para alguém tão bonito por fora quanto por dentro como Ji Changwook.
— Sabe, Taehyung-ah? Você acha que seus irmãos, quando voltarem, deixariam que eu, hm, o cortejasse? — O alfa perguntou e Taehyung segurou todo o ar que tinha preso nos pulmões. — Formalmente, claro.
— E-eu, ahn, você jura? — Taehyung não podia negar que estava muito surpreso, até porque só conhecia o homem há três dias, mas é lógico que para ele isso não era motivo para recusar.
— Claro, quer dizer, se você quiser também. — O alfa logo se explicou, sorrindo sem graça. — Sei que nos conhecemos há alguns dias apenas, mas gostaria de poder passar todo o tempo possível contigo, te conhecer melhor e sei que se sua família estivesse por perto eles não me deixariam fazer isso sem um pedido formal, não é? Não quero ser desrespeitoso.
— Poxa, você é tão... perfeito! — Taehyung suspirou apaixonado e sorriu bobo para o outro. — Eles irão deixar sim! Tenho certeza, vão te adorar quando se conhecerem. E é claro que eu quero, quero muito!
— Fico feliz. — Changwook disse, respirando aliviado pela resposta do ômega e sorrindo por isso.
— Eu que estou muito— O ômega começou, porém parou de falar ao ouvir o grito dos sobrinhos.
— Appa! — Os gêmeos gritaram e Taehyung só pôde ver dois vultos correrem até a porta da sala.
— Meus filhos! — Jimin foi o primeiro a entrar pela porta e correr até os filhos, os pegando no colo de uma vez só e rodopiando as crianças. — Por Deus, como senti falta de vocês!
— Aish, eu não ganho abraço? — Jungkook foi o próximo a entrar na sala, não obtendo resposta e apenas se juntando ao abraço do marido com os gêmeos. — Também senti falta dos meus bebês, sabia?
— Senti muita falta, appas, demais, demais. — Jungmin falava, grudado no pescoço de Jimin.
— Appas, não quelo mais ficar longinho, não gostei. — Jeonji tinha um biquinho nos lábios enquanto olhava feio para os pais.
— Ai, filho, nem me fala, eu morri de saudades. — Jimin afastou-se minimamente, vendo Jungkook pegar Jungmin nos braços enquanto ficava com seu outro gêmeo emburradinho. — Da próxima vez levamos vocês, uh?
— Plomete de dedinho? — Jeonji disse, estendendo o mindinho e ainda com um olhar bravo.
— Sim, Ji! Prometo! — O loiro não hesitou em laçar seu dedinho com o do filho e viu Jungkook fazer o mesmo com Jungmin. Logo então trocaram de gêmeos e fizeram o mesmo procedimento.
— Cadê meus amores? — Hoseok entrou em disparada na sala, com um sorriso enorme no rosto e olhos varrendo a sala. — Subin! Hogi! Apareçam pro papai!
Mal Hoseok falou isso, e os dois saíram da ante-sala, a qual estavam com Yujin, e correram para os braços do pai. Subin foi a primeira a grudar-se no pescoço de Hoseok, sorrindo animada. Hogi veio atrás, atrapalhado com as perninhas, mas logo abraçou a canela do pai. Antes que o alfa pegasse o filho no colo também, Yoongi chegou e o pegou, balançando o filho e o dando milhares de beijinhos.
— Que saudade dos meus nenéns! — Yoongi sorria, agora beijando também o rostinho alegre de Subin. — Sentiram falta dos appas?
— Su sentiu! — A menina falou, dando beijinhos no rosto de Yoongi, mesmo ainda estando nos braços de Hoseok.
— E meu Hogi? Hm? — Hoseok perguntou, sorrindo para o garoto que estava agarrado ao ômega.
— Fiquei com saudadinha, appa. — O menino disse, todo embolado, mas puderam entender mesmo assim.
— Aish, nunca mais fico tanto tempo longe dos meus filhos. Não dá, Hoseok, não dá! — Yoongi dizia, apertando com força o filho nos lábios.
— Agora você entende como me sinto quando saio de viagem e fico sem vocês. É horrível. — O alfa Jung disse, suspirando e abraçando o marido com o braço livre.
— Fiquem quietos, vão acordar Jijoon! — Taehyung ralhou, indo até o cesto que o bebê dormia e o vendo resmungar ali.
— Cadê meu fofinho?? — Jin entrou na sala, gritando e logo indo até o cesto ao lado de Taehyung, que se mantinha revirando os olhos, pois agora mesmo que o bebê acordaria. — Meu Joon! Oi, lindo! Oi, amor! — O ômega dizia enquanto pegava o filho adormecido no colo.
— Jinnie, me dá ele. — Namjoon logo chegou também e fez menção de pegar o filho dos braços do marido, mas esse o olhou raivoso.
— Não! Eu quero ficar com meu bebê agora, Nam! Não vou soltá-lo pelas próximas horas, tive muita saudade dele! — O ômega falou, vendo o filho abrir os olhinhos e sorrir para si.
— Aish, como ele conseguiu ficar ainda mais fofo, Jin? — Namjoon ignorou o egoísmo do marido, pois o risinho do filho chamou toda a sua atenção. — Ei, filho, os appas chegaram. É, bebê. Sentiu nossa falta, hm?
— Claro que sentiu, aish, que ideia idiota essa de deixar ele aqui, não faremos isso nunca mais, não dá, quem sabe quando ele tiver uns vinte anos. — Jin dizia, levantando o filho no ar e balançando, com o marido o abraçando pelos ombros. — Tio Tae cuidou bem do meu amorzinho, hm? Ele te deu mamadeira, certinho? Fez você nanar? Conta pro appa, filho.
— Bem que ele podia contar mesmo, já que ele disse a primeira palavra dele e foi "titio". — Taehyung disse, sorrindo debochado e obtendo os olhos arregalados do casal Kim.
— Não, não! Jura? — Jin gritava olhando indignado para o irmão. — Namjoon, eu nunca mais desgrudo do Jijoon!
— Aish, é brincadeira, hyung, mas bem que podia ser verdade. — Tae disse e ia gargalhar, mas então lembrou-se que Changwook estava ali. Droga, por um momento tinha se esquecido da presença do alfa e mostrou sua verdadeira personalidade. — Q-quer dizer, claro que não, a primeira palavrinha dele tem que ser "appa", porque ele é um bebê maravilhoso que ama muito os papais. E eu cuidei muito bem dele. Aliás, de todos os cinco. Não tem nem como explicar o quanto amei esses dias sozinho com meus queridos sobrinhos, só posso dizer que foram dias maravilhosos de diversão e amor com essas crianças que amo tanto! Sou o tio mais sortudo do mundo todo por ter tamanhas lindezas na minha vida.
— Taehyung? Você está bem? — Jimin perguntou, olhando surpreso para o irmão, e não somente ele tinha os olhos arregalados para o ômega mais novo ali.
— O que você fez? Deixou meus filhos comerem doces demais ou perdeu eles por aí? — Yoongi já falava desconfiado analisando os filhos procurando algum machucado.
— Wah! A gente se perdeu sim, appa! O moço achou a gente! — Foi Jungmin que falou, animado.
— Sabia! Impossível Taehyung falar essas coisas sem... Ué, quem é esse alfa? — Jin começou, porém terminou ao notar um homem ali sentado e olhando de um para outro naquela sala.
— Você perdeu meus filhos, Park Taehyung? — Jimin jogou, com cuidado, o filho que estava em seus braços para o marido e aproximou-se perigosamente do irmão, ignorando a presença do homem desconhecido.
— Não perdi! Eles que sumiram das minhas vistas! — Taehyung se defendeu e começou a se afastar de Jimin, ficando com medo de Yoongi também, já que este também se aproximava. — Mas Jijoon não! Só os outros quatro!
— Meu Hogi? Taehyung, ele é apenas um bebê! — Hoseok disse, indignado e segurando os filhos perto. — E Subin é uma menininha inocente!
— Park Taehyung eu vou te matar, é bom você correr! — Jimin disse e ia agarrar o irmão, mas foi impedido por um alfa desconhecido entrando na frente dele e ficando entre entre si e Taehyung, — Eu hein, quem é você? Dá licença que preciso matar o meu irmão!
— Hm, desculpe? Mas é que, bem, foi apenas um acidente, sabe? Ele estava desesperado atrás das crianças. Eu sei porque fui eu quem os achou enquanto andava a cavalo. Ele estava até chorando quando apareci com os pequenos. Portanto, por favor, não brigue com ele. Ele ficou mesmo apavorado. — Changwook defendeu, impedindo que Jimin seguisse com seu plano de dar umas palmadas no seu irmão mais novo.
— Afinal, quem é você? — Foi Yoongi quem perguntou.
Jimin continuava encarando o alfa com uma cara nada boa, com os braços cruzados e esperando aquele homem desconhecido sair de sua frente. Logo Jungkook estava ao seu lado, tentando puxar Jimin dali, pois não gostava de tamanha proximidade de seu marido com outro alfa.
— Meu nome é Ji Changwook. Sou médico e moro perto daqui. Conheci o Taehyung-ssi ao encontrar as crianças e viramos amigos desde então. — O alfa explicou, sorrindo em seguida para os homens ali.
— Titio Wook é legal, appa! Ele cuidou do meu machucadinho, olha! — Jeonji falou para o pai, mostrando o joelho com um curativo.
— Perdendo meus filhos, colocando um estranho na minha casa, eu devo tentar passar por cima desse alfa ou você vai sair daí Taehyung? — Jimin batia seu pé no chão repetidamente, não vacilando com sua expressão irritada. — Jungkook, dá licença. — O ômega empurrou minimamente o alfa, que tentava segurá-lo para não avançar no irmão e no tal Changwook.
— Taehyung está estranho, quieto demais. — Jin sussurrou para Namjoon, que apenas assistiam o espetáculo. Afinal, o filho deles não tinha sido perdido, senão Jin seria o primeiro a querer dar um esporro no irmão.
— Está mesmo. Falando aquelas coisas e agora apenas fica quieto atrás daquele alfa. Como se não tivesse uma língua afiadíssima. —
Namjoon concordou com o marido.
— Eu... eu... Hm, me desculpem, eu sou o pior mesmo. — Taehyung falou, suspirando em seguida, pois precisava manter seu teatro. Não que não se sentisse culpado por ter perdido os sobrinhos, mas se explicaria de outra maneira se não fosse Changwook ali.
— Sério, homem, o que você fez com meu irmão? — Yoongi aproximou-se e ficou ao lado de Jimin, olhando estranho para Changwook.
— Nada! Vocês que estão o pressionando. Com todo o respeito, não veem que ele é muito sensível? — O alfa disse, já perdendo um pouco a paciência, pois o ômega atrás de si parecia muito triste com aquela situação. — Você deve ser o Jeon! — Olhou com firmeza para Jimin. — Como fala assim com um irmão que te ajudou a se tornar uma pessoa menos gananciosa e egoísta? Sabe, pensar somente em bens materiais não é nada legal, tem sorte de ter Taehyung que lhe ajudou a ver o amor em seu marido, ao invés de se importar apenas com futilidades! — O alfa disse e Jimin o olhou indignado, fazendo Taehyung também arregalar os olhos, mas sem conseguir impedir do alfa continuar. — E você, Jung Yoongi, não é? Não venha tentar causar mais brigas, apenas porque gosta de ver o circo pegar fogo! Taehyung me disse como apenas gosta disso e de flertar com os militares quando era solteiro. — Agora foi Yoongi a bufar incrédulo, quase pulando no pescoço daquele alfa.
Todos olhavam espantados pelo que o alfa falara. De onde ele tinha tirado tudo aquilo? Aquelas não eram características dos dois ômegas e sim do irmão mais novo deles. Logo entenderam o que se passava, enquanto Taehyung se encolhia cada vez mais contra a parede, querendo sumir dali.
— E de mim, ele não falou nada? — Seokjin chegou perto, achando um absurdo ser o único deixado de lado ali. Poxa, se seu irmão estava inventando mentiras por aí, queria saber qual era a característica que tinha roubado dele.
— Oh sim! Kim, certo? Você não pode inventar suas próprias piadas? Taehyung não pode o ensinar para sempre. — O alfa disse, tentando soar o mais educado possível.
— Namjoon, segura o Jijoon, eu vou quebrar os ossos desse garoto! — Jin colocou o bebê no colo do marido e se aproximou do alfa. — Dá licença! — Empurrou o homem, sem a mínima gentileza, fazendo o que os irmãos queriam ter feito há muito, enfim dando a visão de um Taehyung sorrindo completamente sem graça.
—Park Taehyung! — Os três ômegas mais velhos gritaram em uníssono, encarando o irmão caçula.
— Aish! Tá bom! Eu menti! Eu disse que era altruísta que nem você, Jimin! — Taehyung começou, já que não teria mais escapatória. — Que acreditava no amor e que gostava das coisas simples da vida, como cozinhar. Também disse que tocava piano e dava conselhos ótimos, que nem o Yoongi! E sim, Jinnie, eu disse que era eu quem contava as piadas! Poxa! Eu não tenho qualidades, vocês não veem? — O ômega gritou, assustando todos ali, e olhando para Changwook em seguida, este que o olhava surpreso. — Me desculpe, Changwook-ssi. Eu menti pra você, todas essas qualidades pertencem aos meus irmãos, e o que eu disse sobre eles é quem eu sou de verdade. Eu adoro o luxo, adoro mesmo, comprar roupas e ir para festas flertar com alfas bonitos. Gosto sim de causar e de estar por dentro das fofocas! Esse sou eu, aquele que você dizia não gostar, e foi por isso que eu menti. Eu não sou um ômega legal como meus irmãos, não sou. Eu sou todo errado e não tenho nenhuma qualidade realmente interessante pra você, a não ser a beleza. E-eu, sinto muito, e-eu só queria ser alguém que você merecesse, alguém maravilhoso e d-digno. Alguém como meus irmãos. — Terminou, já deixando algumas lágrimas saírem de seus olhos e fungando minimamente.
Não esperou mais nenhum minuto ali, a vergonha já lhe atingia demais e queria apenas ficar sozinho para chorar em paz. Não queria também continuar vendo a decepção nos olhos tão bonitos daquele alfa que pensou ser perfeito para si, e poderia mesmo ser, mas era ele quem não era perfeito ali. Correu então para fora dali, deixando para trás rostos surpresos e os irmãos sem saber o que fazer.
Logo na sala só se ouvia os choramingos dos ômegas, que estavam impressionados com as palavras do irmão mais novo, e tristes por terem o feito chorar.
— Eu sou um péssimo irmão. — Foi Jimin o primeiro a falar, enxugando as lágrimas com um lenço que Jungkook o estendeu. — Devia ter conversado direito com ele, mas não, apenas fizemos ele se envergonhar na frente de alguém que ele parece gostar tanto.
— Pois é, eu até deixaria ele roubar minhas piadas se soubesse que ele ficaria tão chateado. — Jin suspirou, passando um braço pelos ombros de Jimin.
— Não sabíamos o que estava acontecendo, não tinha como adivinhar. — Yoongi apertou Hogi em seus braços, e olhou triste para os irmãos.
— Como assim ele acha que não tem qualidades? Ei, Changwook, certo? — Direcionou seu olhar ao alfa que ainda parecia surpreso com tudo aquilo. — Taehyung pode ter mentido pra você, mas ele é si um ômega maravilhoso! Se você quer saber de algo, é só falar com ele, porque ele sabe de tudo! Tem vários amigos, pois é muito sociável, e é sempre o sucesso dos bailes que vamos, tanto por conversar com todos como por dançar muito bem!
— Sim! E é mesmo um ótimo tio, me ajuda tanto com os garotos que não sei o que faria sem ele na maioria das vezes. Ele é muito doce e todos os dias, sem falta, vai ao jardim e traz uma flor diferente pra mim, dizendo que é como ele retribui tudo que eu faço por ele, mas é ele quem sempre me ajuda. — Jimin disse, sincero enquanto limpava o restante de suas lágrimas.
— E ele não precisa de piadas para divertir ninguém. — Seokjin falou então. — É sempre aquele quem nos faz rir com suas histórias engraçadas. Não há alguém que ele não conquiste com seu jeito extrovertido e alegre. Ele é único, em todos os sentidos.
— Você não vai atrás dele? — Jungkook se pronunciou após alguns minutos, se dirigindo a Changwook. — Nunca vi meu cunhado chorar ou falar sobre seus sentimentos assim. Ele pode ter mentido pra você, mas, sinceramente, ele é uma boa pessoa e se fez tudo isso pra te conquistar é porque deve gostar muito de você.
— E-eu, posso? — O alfa estava confuso, mas queria sim falar direito com Taehyung.
— Pode, mas mandaremos um criado para ficar na porta. Não tente nenhuma gracinha, Taehyung tem família para protegê-lo. É o segundo quarto à direita. — Hoseok que colocou as condições, deixando com que Changwook subisse as escadas atrás do ômega.
Quando o alfa desapareceu na escadaria, Jungkook chamou um empregado para vigiá-los e este logo seguiu seu caminho para o andar de cima.
Taehyung, que estava chorando em seu quarto, logo ouviu as batidas na porta e permitiu a entrada. Pensou que seria algum de seus irmãos vindo o consolar, mas se surpreendeu com Changwook ali. Levantou da cama rapidamente, limpando o rosto e ajeitando suas roupas amassadas.
— O que faz aqui? — O ômega perguntou. — Deixaram você subir? Não fica bem nós dois sozinhos no quarto.
— Tem alguém de vigia ali fora. — O alfa esclareceu e suspirou. — Foi mesmo tudo mentira o que você me disse?
— Desculpe, foi sim. — Taehyung esclareceu e encarou o alfa. — Eu só queria que gostasse de mim, sabe? Eu achei que... que... se soubesse como sou de verdade, isso nunca aconteceria.
— Talvez não, talvez sim. — O alfa disse, surpreendendo Taehyung. — Seus irmãos me disseram suas verdadeiras qualidades e, apesar de ser bem diferente do que imaginei, eu gostei do que ouvi. E mesmo que tudo o que me disse foi mentira, me deixa feliz saber que fez de tudo para me conquistar. Não gosto de julgar ninguém sem conhecer antes, Taehyung-ah. Gosto mesmo de você, do seu sorriso, da sua voz. Você meio que é fascinante, sabe? Quero continuar a te conhecer, dessa vez de verdade.
— Está brincando? — Taehyung estava mais do que surpreso, pensou ter perdido Changwook no momento que ele soube sobre suas mentiras. — Digo, eu sou fútil, Changwook-ah. De verdade! Admito que melhorei nos últimos tempos, mas ainda adoro comprar ou ganhar presentes. E sou péssimo em tudo que um ômega deveria fazer bem. Não sei se—
— Não importa, acho que vou pagar pra ver. — Changwook disse firmemente. — Não vai me fazer mudar de ideia. Vou cortejá-lo.
— Vai mesmo? — Taehyung aproximou-se, ainda desacreditado.
— Vou! Pedirei agora mesmo aos seus irmãos e— O alfa começou, mas foi parado por Taehyung segurando seu rosto entre as mãos e com o rosto muito perto do seu. — T-taehyung, o que está f-fazendo?
— Eu estou muito feliz! E quero te mostrar quem eu sou de verdade! E o eu de verdade, não hesitaria em lhe dar um beijo agora mesmo. — O ômega disse e o alfa arregalou os olhos, pois aquilo seria um tanto rápido demais.
Taehyung não perdeu tempo em alisar a bochecha do alfa e, em seguida, levar seus lábios até ali para beijar delicadamente. Se afastou em seguida e deu um sorrisinho ao notar o rosto vermelho de Changwook.
— Claro que na bochecha, Wook-ah. — O ômega sorriu sapeca. — Na boca, só após o casamento.
Changwook, que sentia a bochecha formigar no local em que os lábios de Taehyung encostaram, se sentia eufórico e envergonhado demais para dizer qualquer coisa. Mas só de sentir seu coração batendo tão fortemente e ver o rosto do outro tão de pertinho, sabia que o jeito verdadeiro de Taehyung o deixaria ainda mais bobo de amores. Não tinha dúvidas de que, no futuro, levaria aquele ômega para o altar e faria dele seu marido, pois não tinha como resistir à Taehyung. Ele era mesmo fascinante.
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