Capítulo 17 - Desencanto e realização
— Eu não aguento mais, meu corpo está tão cansado. — Jimin disse assim que caíram deitados na cama, depois de mais um dos orgasmos que tiverem naqueles quase cinco dias.
— Eu também, parece que centenas de cavalos passaram por cima de mim. — Jungkook fechou os olhos, ainda com a respiração descompassado, e sentindo a cabeça do ômega apoiada em seu braço esticado. — Eu acho que não demora a acabar, seu cheiro está mais fraco.
— Hm, espero que sim. — O ômega suspirou e fechou os olhos também, sentindo muita sonolência.
— Vamos dormir, quem sabe quando acordarmos seu cio já tenha acabado. — Jungkook disse, pensando que finalmente poderia tirar um cochilo, mas se surpreendeu depois de alguns minutos com um movimento ao seu lado sendo feito e em seguida Jimin tinha os lábios grudados em sua orelha.
— Eu preciso tanto chupar você, Jungkook-ah. — O loiro sussurrou, com a voz rouca de tanto ter gritado nas últimas horas.
Jungkook grunhiu, sentindo a pequena mão do outro se esgueirar por entre suas pernas, até alcançar seu membro ainda adormecido. Alguns beijos eram depositados pela extensão de sua orelha e pescoço, o fazendo se arrepiar. Não demorou a se sentir novamente excitado, com Jimin acariciando suas zonas erógenas, e suspirou se rendendo.
— Então chupa o seu alfa, Jimin-ah. — Falou, abrindo os olhos e encontrando o sorriso do ômega, este que logo estava se posicionando no meio das pernas longas e grossas de Jungkook.
— Eu quero você gemendo bem gostoso pro seu ômega, Jungkookie. — Jimin mais ordenou do que pediu, sustentando o olhar com o alfa.
Jungkook havia gostado do apelido que tinha ganhado, mesmo sabendo que podia não o ouvir novamente tão cedo, e sorriu contente com isso. Mal teve tempo de responder alguma coisa quando já tinha seu pênis quase todo dentro da cavidade bucal molhada e quente do ômega, o fazendo atender o pedido de Jimin imediatamente.
— Ah, Jimin! — Gemeu rouco, fechando os olhos e se deixando levar pelo prazer.
~*~
O ômega abriu os olhos sonolentos, sentindo suas bochechas esquentarem pela última memória que veio à sua mente. Já estava acordado há alguns minutos, porém se manteve de olhos fechados enquanto algumas lembranças lhe atingiam, mas resolveu parar de tentar recordar de mais coisas, pois já se sentia extremamente envergonhado por alguns de seus atos mais ousados.
Sentiu seus olhos arderem um pouco pela claridade que entrava pelas frestas da cortina, e sentiu seu coração falhar um pouco quando viu a cama vazia ao seu lado. Mordeu o lábio com força, sentindo sua garganta fechar enquanto virava sua cabeça para todos os ângulos e procurava Jungkook pelo cômodo. Respirou fundo, se sentindo a pessoa mais boba da face da Terra, por ter realmente confiado no alfa novamente e ele ter feito aquilo consigo pela segunda vez, provando o quanto era mesmo um tremendo cafajeste. Puxou o lençol que o cobria até tampar sua cabeça, sentindo algumas lágrimas já se acumularem no canto de seus olhos, e fungou baixinho quando ouviu o barulho da porta.
— Já acordado? — A voz um tanto falhada de Jungkook foi ouvida, provavelmente por ter a forçado muito nos últimos dias.
Jimin teve seu coração acelerado, principalmente quando sentiu um movimento sobre a cama e a presença do alfa era sentida logo ao seu lado. Sorriu minimamente, limpando qualquer vestígio de choro de seu rosto e pensando se deveria retirar o lençol de sua cabeça ou se ainda estava notável que estava quase a beira das lágrimas há poucos segundos.
— Uhum. — Respondeu, resolvendo somente abaixar o lençol até apenas seus olhos estarem visíveis para o alfa.
Jungkook, que já se encontrava vestido com a calça que achou jogada pelo chão do quarto, viu no olhar do ômega um tremendo alívio e sorriu minimamente para ele, passando o máximo de conforto que conseguiria.
— Eu precisei usar o toalete, não aguentava mais segurar. — Explicou Jungkook, pois realmente tinha esperado o ômega acordar, mas sua bexiga não o deu paz até ser aliviada. — Aposto que já estava me xingando de todos os nomes possíveis, não é?
O ômega apenas tirou seu pé debaixo do lençol e acertou com um chute a primeira parte do corpo de Jungkook que alcançou, no caso a perna do alfa.
— Você não pode me culpar por isso. — Disse, ouvindo os resmungos de Jungkook ao se afastar para não ser agredido novamente.
— Hm, não posso. — O alfa admitiu e quis muito beijar o ômega quando este descobriu seu rosto por inteiro, dando a visão da boca cheinha e convidativa, mas agora tudo era estranho. Não hesitaria em fazê-lo se ele ou Jimin estivessem no cio, pois aquilo servia como desculpa. Mas, por que faria isso em uma situação normal? Aquilo o atingiu de um jeito que não imaginava, pois ficou extremamente agoniado. — Quer que eu te ajude a levantar e tomar um banho? — Resolveu falar algo, antes que o outro percebesse que olhava demais para seus lábios.
— Não. Chame Yujin, eu prefiro. — Jimin falou baixinho, tendo basicamente os mesmos pensamentos do alfa, pois agora o clima era tenso e estranho entre os dois.
— Sabe que não tem nada aí embaixo que eu já não tenha visto, não é? — Jungkook provocou, tentando aliviar um pouco a inquietação que se apossou de seu corpo e mente.
— Sei. — Jimin falou, desviando o olhar o quanto podia do alfa. — Mas acho que você também deve querer tomar seu banho.
O alfa quase disse que podiam fazer isso juntos, mas se freou antes de algum som sair de sua boca. Levantou-se da cama em seguida, se sentindo demasiadamente incomodado com o jeito que as coisas estavam entre os dois.
— Vou pedir para Yujin vir lhe ajudar, então. — Jungkook disse enquanto caminhava até a porta. — Você... está bem? — Perguntou, um tanto incerto sobre que palavras usar.
— Sim, só algumas dores, mas nada que não seja normal. — Jimin falou, fitando as costas do alfa em frente a porta.
— T-tudo bem, descanse. — O alfa falou e logo saiu do cômodo.
Jimin tinha ouvido direito ou Jungkook tinha mesmo gaguejado? Por Deus, que conversa esquisita fora aquela que tinham tido um com o outro? Claro que o ômega estava muito satisfeito por Jungkook ter feito o que havia prometido e permanecido ali até ter acordado, mas não era realmente aquilo que esperava. Afinal, o que realmente estava esperando? Beijos e trocas de carinhos, talvez algumas palavras doces, assim como Jungkook tinha dito em tom de zombaria daquela vez que ouviu sua conversa com Hoseok? Jimin sentiu seu coração extremamente pesado quando, infelizmente, realizou que sim, era o que ele esperava e queria que acontecesse depois de todos aqueles momentos que tinham dividido.
~*~
Alguns dias tinham se passado e Jungkook estava para pirar, pois sua relação com Jimin tinha passado de extremamente ruim para extremamente catastrófica. Se antes pelo menos discutiam um com o outro, agora nem se falavam, em nenhum momento, e isso era muito estranho vindo dos dois que estavam sempre trocando farpas.
Jungkook não entendia o porquê daquilo, mas desde o cio do ômega uma barreira ainda maior tinha surgido entre eles e o alfa não sabia o que fazer para derrubá-la. No caso dele, pela primeira vez em sua vida não sabia como agir com o ômega. Achava extremamente errado lhe tratar como antes, com todas aquelas brigas e ignorâncias, porém também não conseguia ter uma conversa agradável, onde simplesmente perguntava como ele estava ou se o livro que o ômega estava lendo era bom. Era extremamente incômodo, mas não conseguia começar um assunto qualquer com Jimin.
Tinha que admitir que algo dentro dele estava diferente, tanto que não via mais Jimin com os mesmos olhos, e isso já vinha de algum tempo. Não queria mais brigar ou ignorar o ômega, pelo contrário, queria conversar e conhecê-lo melhor e se via em apuros por não conseguir colocar o que desejava em prática.
Não aguentando mais todo aquele clima, resolveu deixar seus instintos falarem mais alto e simplesmente falar o que viesse em sua cabeça com o ômega. E foi o que fez quando estavam na biblioteca, cada um em seu próprio mundo, mas Jungkook tentaria sair do seu só para conseguir uma chance entrar no mundinho de Jimin.
— Você deveria ler esse livro, é muito bom. — Jungkook disse, pegando o outro completamente de surpresa.
— Ele é de terror, por que eu o leria? — O ômega perguntou, não entendendo aquela recomendação sem sentido.
— Oh, é? — Jungkook ficara confuso e viu a capa do livro que estava em suas mãos, e se sentiu um tolo quando percebeu que era realmente de terror. — Ah, mas, nem parece, sabe? É divertido e alegre.
Jimin o olhou como se tivesse nascido uma segunda cabeça em si, pois um livro que tinha como nome "Demônios da meia-noite" parecia tudo, menos divertido e alegre.
— Prefiro não arriscar. — Disse simplesmente e ia voltar ao seu próprio livro quando o outro falou novamente.
— Jimin! — Jungkook chamou. — Isso está me matando. Não consigo entender o que há de errado com a gente desde que... bem, você sabe. Estamos esquisitos um com o outro. Você nem brigou comigo ontem quando viu que eu tinha pedido pato para o jantar! Você odeia pato! Da última vez foi comer no quarto de tanto que discutimos por isso.
— Ah, Jungkook. — Jimin engoliu em seco, desviando o olhar do alfa. — É você que está todo esquisito e fica me olhando de um jeito que me dá arrepios. Parece que é a primeira vez que você coloca os olhos em mim e isso me deixa sem jeito.
— Eu não te olho assim. — O alfa negou, um pouco constrangido pelo que foi falado, porque sabia que tinha alguma verdade naquilo. — E-eu vou ser sincero com você. — Suspirou antes de continuar, buscando forças para falar tudo o que estava preso dentro de si. — Me sinto estranho ultimamente, porque, hm, tenho sentido essas coisas que não sei realmente como explicar. É muito confuso, mas é um tanto bom também. Eu não quero que você se assuste, nem nada, é só que eu acho que nós, hm, estamos diferentes, mas de um jeito bom, entende?
— Eu acho que sei o que você quer dizer. — O ômega disse baixo.
— Sabe? — Jungkook perguntou, ansioso.
— É a atração que nossos lobos nos fazem sentir um pelo outro. Isso é muito incômodo e, sinceramente, eu detesto o quando essa maldita marca me afeta. — Jimin disse aquilo com extremo desprezo.
— Eu não acho que a marca tenha t-tanto efeito assim em mim. — Jungkook disse, sentindo seu coração se comprimir um pouco.
— Mas em mim tem! — Jimin levantou a voz, finalmente encarando os olhos do outro. — Esse laço idiota que nos une é o que me faz desejar ficar perto de você, Jungkook! Não ache que eu mesmo, Park Jimin, goste da sua companhia ou de algo que fazemos naquela cama. É só essa droga de marca que faz meu ômega precisar de você e sofrer quando estamos longe um do outro. Só isso! Eu não me importaria nem um pouco se você saísse de viagem e só voltasse daqui a trinta anos, se não fosse essa marca. Eu não beijaria você e nem me deitaria com você nem por um decreto, se não fosse por meu ômega querendo isso. Entenda, Jungkook, sem essa marca, eu nunca estaria aqui, entendeu? Eu seria capaz de fazer qualquer coisa, qualquer uma, só pra não ter essa coisa odiosa no meu corpo que me lembra que eu tenho alguma relação com você. Nada mudou dentro de mim, nem um pouco e eu ainda abomino você com todas as minhas forças. — Terminou, gritando a última parte e com sua respiração alterada.
Jungkook tinha os olhos arregalados perante aquelas palavras, e a cada segundo sentia uma vontade enorme de desaparecer dali e nunca mais voltar. Seu coração estava tão esmagado em sua caixa torácica que lembrava muito a sensação de quando caiu do cavalo, há alguns anos. O ar parecia ter se esvaído de seu peito e se não fosse pelos olhos de Jimin cravados nos seus, demonstrando toda a repulsa que sentia de si, pensaria que estava tendo um pesadelo.
— Entendi. — Foi só o que saiu de sua boca, mais nada.
Mesmo com suas pernas um tanto trêmulas, conseguiu se levantar da poltrona em que estava sentado. Mas foi ao sentir uma lágrima solitária escapar de seu olho, que demonstrou algo além de espanto, pois franziu o cenho não entendendo o porquê daquela gota fujona.
— J-jungkook. — O ômega também havia se levantado e tinha os olhos arregalados perante o alfa.
— Engraçado, isso é novo. — Jungkook disse, passando seu indicador no rosto até capturar a lágrima e levar em frente aos seus olhos, como se para confirmar se era de verdade. — Não sei o porquê disso. Deve ser, hm, a surpresa. Só, ah, esqueça e... É, estranho, mas... Entendi. Tudo bem. Vou pro, hm, dormir.
Sabia que nada do que disse fazia sentido, mas nem ele mesmo entendia o que estava sentindo e o que tentava dizer. Somente se encaminhou para fora dali, sem nem ao menos direcionar seu olhar ao ômega de novo.
Chegando em seu quarto, se sentou na cama, já um pouco recuperado do susto, mas sem entender aquela reação que seu corpo tinha mostrado. Fazia tanto tempo que não chorava, que nem se lembrava mais como era a sensação de ter o fundo dos olhos ardendo, a garganta apertando e o nariz congestionado. Riu, riu porque mais lágrimas caíram depois daquela e isso era muito engraçado, tão engraçado. O problema foi que seu riso se tornou amargo e quando percebeu, era apenas o som baixinho de alguém que está chorando. Por que aquilo? As palavras de Jimin não deveriam ter esse efeito sobre ele, já tinha escutado-as da boca do ômega e as que eram novas para si, não eram nada que já não soubesse. Então por que, por que, seu choro não cessava e sua cabeça estava extremamente confusa, buscando qualquer desculpa para todo aquele misto de sensações presentes em si? E foi ao olhar para a vela acesa no canto do quarto que teve a resposta para suas dúvidas.
A luz que o fogo produzia, refletia nas cortinas e nas paredes, as deixando em um tom amarelo, mesmo a cor real sendo branca. E era curioso como ficava extremamente bravo quando via a cor amarela nas coisas, pois nenhum amarelo conseguia ser mais bonito e vistoso do que a cor dos cabelos de Jimin. Nem mesmo o sol, com toda aquela imponência conseguia ser mais belo ou mais iluminado. Era sempre assim quando se deparava com aquela cor: se lembrava dos cabelos loiros e macios de Jimin. Ele não entendia o porquê daquilo antes, mas agora era tão claro para si. Tão claro quanto os cabelos que via quando tinha a dádiva de acordar com eles diante seus olhos. Os fios loiros, a pele macia, a boca rosada, o nariz franzido, os olhos pequenos, o sorriso angelical, as mãos pequenas e adoráveis, o corpo perfeito, a voz aveludada. Jimin manhoso, Jimin sem roupas, Jimin envergonhado, Jimin provocando, Jimin irritado, Jimin chorando, Jimin o odiando, Jimin o ignorando, Jimin sorrindo, Jimin gritando, Jimin gemendo, Jimin alegre, Jimin triste, Jimin, Jimin, Jimin; todo o conjunto, Jimin inteiro. Amava a presença, os poucos olhares calmos, as pequenas conversas, a pequena intimidade, e até mesmo as muitas brigas, o grande silêncio, a grande distância, as grandes diferenças; surpreendentemente amava tudo que tivesse relação com o ômega. Logo, obviamente, amava Jimin.
"Se um dia sonhei em amar alguém, com certeza não seria Jimin, com certeza não seria em um casamento arranjado e, com certeza, não seria um amor não correspondido. A vida me pregou essa grande peça e tudo que eu poderia fazer era, pela primeira vez na vida, nada. O sentimento se enraizou e não tinha algo que eu pudesse fazer para tirá-lo do meu coração. O jeito seria viver assim, amando alguém que me odiava explicitamente." Jeon Jungkook
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liberados pra odiar o jimin, mas só um pouquinho
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