O órfão💍

ㅡ Vai  mesmo pagar o almoço?

ㅡ Óbvio. Essa notícia merece uma comemoração, Jungkook!

O arquiteto estacionou o Conversível e desligou o motor. Estava tão feliz, conversando sobre o fim de semana estendido, que não se importou em desviar da sua rota e ir onde Call indicou.

Distraído, não percebeu que acabou voltando para mesmo lugar que guardava lembranças marcantes.

ㅡ Então você não sabe nada sobre os pais de Jimin?

ㅡ Não. Ele desvia do assunto, mas me garantiu que tudo vai dar certo. Se eu passar pela recepção, tudo vai entrar nos eixos: divórcio, Taehyung, promoção... Tudo vai se encaixar.

ㅡ Acha que vai se dar bem nisso?

ㅡ Jimin me faz acreditar que sim. Ele é uma espécie de rei do improviso, Call. Estou em boas mãos, você vai ver.

ㅡ Torço por isso, amigão. ㅡ disse o ruivo segurando a porta do restaurante para o arquiteto entrar.

ㅡ Obrigado. ㅡ agradeceu. Jungkook já começava a desconfiar que o companheiro de apartamento estava lhe bajulando, porque, provavelmente, se tornaria seu superior. ㅡ Eu quero fazer alguma coisa por ele, sabe? Mesmo depois de casar com Taehyung... Jimin já sofreu tanto, ele merece ser feliz.

ㅡ Bem-vindos ao Pé na Jaca!

Jungkook estagnou, quando reconheceu aquela voz, então fechou os punhos em reflexo.

ㅡ Call, eu não vou ficar aqui! ㅡ soletrou.

ㅡ Ué, por quê? O que foi?

ㅡ Jimin... ㅡ disse entre dentes, ainda olhando para o rosto redondo e sorridente do francês que os receberam.

ㅡ O que tem o Jimin, cara?

ㅡ Oh, Jimin! O lindo Jimin! ㅡ vibrou o chefe gorducho. ㅡ Onde ele está, heim? Diga a ele que pode voltar quando quiser. Jimin é uma "diversion" para gente!

ㅡ Gordo, safado! ㅡ Jungkook deu um cruzado de direito no homem. O golpe foi forte, mas não se arrependeu mesmo se o tal Jacquin tivesse quebrado o nariz. ㅡ Não é legal se aproveitar de um rapaz tão inocente!

ㅡ Puta merda! Eeeer... Tchau, Jungkook, te vejo no escritório! ㅡ Call deu um tapinha nas costas do moreno, saindo de fininho.

ㅡ Oh meu Deus! Chamem a polícia! ㅡ gritou uma funcionária, indo ajudar o chefe caído no chão.

ㅡ Sim, chama a polícia para ele! Esse... esse seboso! ㅡ disse Jungkook apontando para o francês.

ㅡ Está louco?! Do que você está falando?!

ㅡ Me refiro sobre o que seu patrão fez com o Park!

ㅡ Quem?

ㅡ Park Jimin... ou Lee, Chang... não sei o sobrenome. ㅡ se atrapalhou.

ㅡ Jimin? ㅡ a mulher colocou um guardanapo na narina de Jacquin para entancar o filete de sangue.

ㅡ Sim, sim. O loirinho bochechudo.

ㅡ Ele sabe onde está o Jimin? ㅡ o homem perguntou meio grogue.

ㅡ Deixa de ser sínico! Você se aproveitou dele e ainda ameaçou aumentar o aluguel! ㅡ Jungkook berrou transtornado.

ㅡ Jacquin nunca faria isso. ㅡ a funcionária franziu o cenho.

ㅡ Não? Por que? ㅡ inclinou o queixo em desafio.

ㅡ Primeiro: Jacquin não é o dono do apartamento. Até mesmo esse restaurante é um imóvel alugado. Segundo: porque se algo assim tivesse acontecido, Jimin teria me contado. ㅡ disse sem titubear. ㅡ Eu conheço aquela carinha de anjo dele desde Toledo. Afinal, o que o Jimin aprontou dessa vez?

[...]

Jungkook ficou com aquela informação na cabeça até sentir enxaqueca, por esse motivo não conseguiu se concentrar no trabalhar.

Consequentemente ele falou com o líder do departamento e saiu mais cedo, mas ao invés de ir para o apartamento descansar, entrou no carro e dirigiu oitenta quilômetros.

Quando chegou em Dobb's Mill, já não tinha raiva, mas tristeza por se sentir enganado.

ㅡ Biscoitinho, que surpresa! Voltou mais cedo... Olha tudo isso! ㅡ Jimin estava sentado no tapete da sala abrindo os presentes. Havia caixas de todos os tamanhos ali, os olhos do loiro brilhavam de felicidade. ㅡ Veja o que seus tios mandaram! ㅡ mostrou um conjunto pratos delicados, com detalhes feito a mão. ㅡ Devem ter custado uma fortuna.

ㅡ Legal. ㅡ murmurou o arquiteto, fechando a porta e se encostando nela. ㅡ Eu vi a Michelle hoje.

ㅡ Quem?

Foi um gesto sutil, mas o Jungkook notou um leve tremular na voz do loiro, indicando medo.

Com a convivência, aprendeu a ler um pouco mais Jimin nas entrelinhas. Poderia sair mentiras da boca do loiro, mas seu corpo dava sinais quando tentava esconder a verdade.

ㅡ Michelle, a garçonete do Pé na Jaca. Sua amiga. A mesma que arranjou emprego para você no restaurante. Na verdade vocês se conheceram em Toledo, não foi? Passaram quatro anos no orfanato, até você se apaixonar pelo filho do dono do Circo aos dezesseis anos e fugir com ele.

Jimin ficou calado. Ele resolveu que era o melhor momento de juntar as embalagens rasgadas para jogar no lixo. Jungkook acompanhou com os olhos toda a movimentação.

ㅡ Michelle deve ter ficado ofendida por você ter ido embora, mais uma vez, sem não dar notícias. Mesmo depois do "seu patrão ter avançado o sinal e você ter sido praticamente enxotado do apartamento".ㅡ foi irônico, fazendo aspas. ㅡ Imagina qual não foi a surpresa do Jacquin quando entrei no restaurante hoje e dei um soco bem no meio das fuças dele?

Jimin parou o que estava fazendo e largou tudo no meio da sala, em choque com a última frase.

ㅡ Você fez isso?

Jungkook lambeu os lábios assentindo.

ㅡ Eu fiz.

ㅡ Deu um soco em Erik Jacquin por mim? ㅡ refez a pergunta.

Foi aí que o arquiteto perdeu as estribeiras.

ㅡ Por que ficou feliz?! Estou dizendo que bati em um idoso inocente por engano!

Bam começou a latir do quintal.

ㅡ Eu sei, eu sei... Desculpa.ㅡ o loiro disse em um fio de voz. ㅡ Mas ninguém jamais fez isso por mim antes.

Jungkook respirou fundo. Seu humor oscilando entre mágoa e decepção.

ㅡ Você mentiu para mim, Jimin. Sobre sua vida, sobre tudo! ㅡ o mais novo não conseguiu escutar mais nada. A cada acusação era uma cicatriz que Jungkook abria. Então foi até a cozinha beber algo, todavia o arquiteto lhe seguiu e continuou lhe torturando. ㅡ Mas não é novidade, certo? Você mentiu até mesmo em dizer que não tinha onde morar. Mentira essa que foi o principal motivo para chegar até aqui. Resumindo: tudo em você é falso!

ㅡ E QUE DIFERENÇA ISSO FAZ?! ㅡ Jimin gritou com a voz embargada, largando o copo de água pela metade no balcão.

ㅡ "Que diferença isso faz"? ㅡ repetiu pateticamente. O loiro fungou e saiu, indo em direção ao quarto. Jungkook marchou atrás, o perseguindo. ㅡ Não me deixe falando sozinho, Jimin!

O baixinho virou, cruzando o braços. Ele aguardou impaciente a última gota ser jogada.

Porque bastava um pouco mais para transbordar na frente do arquiteto.

Percebendo isso, Jungkook moderou o tom de voz. Queria entender o outro, queria mesmo, mas existia muita coisa ali que nem mesmo ele conseguia administrar.

ㅡ Eu te peço, uma única vez, me diga a verdade. Por favor... ㅡ fechou os olhos, tentando não chorar. Quando abriu as pálpebras, continuou. ㅡ Por que fez tudo isso? Por que você veio aqui? Foi por diversão? Ainda é sobre a noite em que nos conhecemos, por isso quis me punir? O que é real e o que é inventado, Jimin? Eu aguento vai, pode me dizer a verdade. ㅡ fungou, limpando rápido as lágrimas que escorriam por seu rosto.

Jimin também chorava em silêncio. Um minuto inteiro se passou até ele falar.

ㅡ Eu só queria saber como era morar naquele desenho. Não só na casa, como a cidade, as pessoas... a vida. Eu nunca tive nada igual antes. ㅡ limpou os olhos com a manga da blusa. ㅡ Não pensei que iria ficar tão complicado assim. Todos aqui me tratam como se eu fosse alguém. ㅡ soluçou. ㅡ Menos você.

ㅡ Jimin... ㅡ Jungkook deu um passo, tentando abraçar o menor, mas o loiro não deixou. O que loiro fez foi pegar uma mala debaixo da cama e colocar suas roupas dentro. ㅡ O que está fazendo?

ㅡ Vou pegar um ônibus.

ㅡ Não, não pode ir embora agora! Não depois de tudo que passamos! ㅡ o baixinho não lhe deu ouvidos. Ele continuou indo de um lado para o outro do quarto, pegando suas coisas. Aquilo deixou o arquiteto sem chão, bastante inseguro, então sua gagueira voltou. ㅡ Como v-vou conseguir a promoção que Taehyung a-acha que tenho? Ou o q-que vou inventar para o senhor Thopson q-quando não estiver na r-recepção sábado?

Jimin deu de ombros.

ㅡ Só faça um favor a si mesmo e me esqueça. ㅡ grunhiu.

ㅡ M-mas nós temos um t-trato!

ㅡ Sim, temos. ㅡ Jimin parou ofegante, colocando as mãos na cintura. ㅡ E o trato dizia que também iríamos nos divorciar. Estou apenas adiantando as coisas.

Jungkook sentou na cama, impotente, vendo o mais novo se manter firme em sua decisão. Então resolver dizer o que já iria propor, antes mesmo daquela discussão calorosa iniciar.

ㅡ Eu pago uma pensão.

ㅡ O quê?

ㅡ Eu te dou vinte por cento do meu salário. É assim que os casais divorciados fazem, certo?

ㅡ Para sempre? ㅡ Jimin arqueou uma sobrancelha.

ㅡ É... Até você se casar. ㅡ raciocinou, mas aquele pensamento de Jimin casando com outro homem, estranhamente, não desceu agradável por sua garganta. ㅡ Então o que me diz? Aceita ou não?

O loiro bufou, encarando o arquiteto.

ㅡ Okay, eu fico. Mas pode fechar sua carteira, já falei que não quero seu dinheiro.

ㅡ Mas eu quero ajudar! ㅡ Jungkook insistiu.

ㅡ Essa é minha condição, Jungkook! ㅡ Jimin bateu o pé, irritado. O mais velho mordeu a língua para não falar nada que piorasse a situação. ㅡ Mas eu fico com os móveis. ㅡ pontuou o loiro.

ㅡ Feito!

Jimin e Jungkook deram as mãos selando o novo acordo. Então o quarto caiu em silêncio outra vez e essa estranheza entre eles duraria até o dia da festa.

.
.
.

Jimin tem um passado triste, né? Fiquei com o coração apertado com essa DR deles. Capítulo que vem é o penúltimo aaaaaah tô gostando tanto de escrever ela que acabou rápido.

Volto logo, tá? 🥺🤧💜

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top