O Marido de verdade💍

ㅡ Quero mostrar o armário da frente.

ㅡ Jungkook, pare de me enrolar!

ㅡ N-não estou, senhor Thopson. Achei mesmo que estariam a-aqui! ㅡ coçou a nuca. ㅡ Mas me diga, o senhor gostou da c-casa?

ㅡ Sendo sincero? Sim, eu gostei. Achei tudo muito impressionante. ㅡ confessou olhando em volta. ㅡ Como conseguiu fazer algo assim? Deve ter gastado uma pequena fortuna.

ㅡ Eeerrrr... A maior p-parte do orçamento meu pai emprestou. Ele e eu s-somos muito próximos, como carne e uma. ㅡ mentiu. No caminho, viu a mãe logo à frente acalentando Jina, então fez questão de desviar. ㅡ Senhor Thopson, q-que tal darmos uma olhadinha nas j-janelas?

ㅡ "Thopson"?!

ㅡ Sim?

ㅡ Park Rafaely, vulgo Ralph Zureta, Navio Pensilvânia, assistente de câmbioneira! ㅡ rugiu o homem robusto, batendo continência.

ㅡ William Thopson, majuro de terceira classe, Navio Pensilvânia, vulgo Will Parafuso! ㅡ saudou o CEO da mesma forma.

Na sequência, os homens apertaram as mãos com fervor.

ㅡ Sabe que sua cara me é familiar, Ralph?

ㅡ Eu estava pensando a mesma coisa, Will.

ㅡ Senhor Thopson, s-sobre as janelas...

ㅡ Como esquecer do dia vinte e quatro de Março, à meio caminho da base, aquela tempestade infernal em alto mar?

ㅡ E que noite, marujo! Lembro muito bem. De repente, fomos atingidos no meio do navio por um torpedo. ㅡ começou a narrar fazendo caras e bocas. ㅡ Um maldito avião russo passa voando baixo e depois foi chamas para todos os lados. O canhão é abastecido. Ta ta ta ta ta! Bolas de metal, milhares delas em direção ao inimigo, que insiste em resistir. Ta ta ta ta ta! O canhão está quente demais, mas não dá para esperar esfriar, precisamos derrubá-los antes que peçam reforços! Ta ta ta ta! "Toma isso seu filho sem mãe!". Então...

ㅡ Espera, espera! ㅡ interrompeu o CEO. ㅡ Não fomos atingidos por nenhum avião.

Ralph fechou um olho, rangendo os dentes amarelados.

ㅡ Está me chamando de mentiroso?

ㅡ Eu não disse isso.

ㅡ Jungkook! Acho melhor você ir falar com seu esposo. ㅡ disse Jin, aparecendo do nada.

ㅡ Então de que lado você estava, hã? ㅡ grunhiu Thopson, deixando a discussão cada vez mais enervada.

ㅡ Do lado de quem ganhou a Copa de noventa e quatro!

ㅡ Jungkook! ㅡ bradou Seokjin.

ㅡ Agora não, pai!

ㅡ Por que mudou de assunto? Não fomos atacados!

ㅡ S-senhor Thopson?

ㅡ Fomos sim, pelos russos!

ㅡ Isso é uma balbúrdia!

ㅡ Jungkook!

ㅡ Senhor Thopson, as j-janelas...

ㅡ Está insinuando que inventei isso?!

ㅡ Papai!

ㅡ Jimin!

ㅡ Jimin?

O alívio foi imediato.

O coração de Jungkook até errou as batidas ao ver Jimin no meio da sala, parecendo um anjo celestial, pronto para lhe salvar do caos. Ainda mais todo de branco, com o cabelo para trás, como na vez que apareceu de surpresa no escritório.

Era muita emoção para um ser humano só.

Provavelmente Jungkook marcaria uma consulta para fazer um check up com um cardiologista depois disso tudo.

ㅡ Oi, William? Como vai? ㅡ o baixinho deu um sorriso radiante, se aproximando. ㅡ Papai... não foi bem assim.

ㅡ Não foi? ㅡ murmurou o homem nitidamente mais calmo.

ㅡ Não. Quero dizer, meu pai passou por muita coisa durante a grande batalha. Ele foi perseguido e torturado por dias, por isso que tudo é muito confuso e distorcido em sua mente... Entende, Will?

ㅡ Posso imaginar. ㅡ concordou Thopson, sensibilizado. ㅡ Aconteceu com muita gente boa. Eu sinto muito.

ㅡ Tudo bem. Estamos todos juntos agora.

Jimin abraçou seu "pai", afagando os fios grisalhos.

ㅡ Oh, filho...

ㅡ Senhor Thopson, que tal vermos outra parte da casa? ㅡ sugeriu Jungkook.

ㅡ Mas que beleza... A família é nosso maior tesouro. ㅡ disse em relação ao jeito carinhoso que Jimin confortava o veterano de guerra. ㅡ Essa seria ótima hora para cantar a música do "Super Atum".

ㅡ Não, não, acho necessário, senhor...

ㅡ Fiquei tão emocionado quando Jimin contou como seu pai encheu os olhos de lágrimas. Eu faço questão, cante! ㅡ disse o homem decidido. Tanto que pegou uma concha de aço e começou a bater em uma bandeja, chamando atenção de todos. ㅡ Olá! Jungkook consentiu em cantar uma música que é especial para ele e seu pai. Vamos ouvi-lo!

As pessoas ficaram em espectativa, enquanto Jin permanecia tenso.

Silêncio.

"Alguém me tira daqui, pelo Amor de Deus", estampava seu rosto branco de Jungkook.

Não se sabe quanto tempo a vergonha alheia se propagou. Segundos, minutos? Uma eternidade que o moreno poderia ter fingindo desmaio ou saído correndo.

ㅡ Atuuuuum! ㅡ começou de repente, assustando quem estava por perto. ㅡ Super Atum! ㅡ subiu as escadas, cantando desafinado. ㅡ Peito flutuante. Onde está meu peixe? Mar, oeste, mar. ㅡ começou a pular de um lado para o outro. ㅡ Onde está meu peixe? Que tal um atum? Que tal um linguado? E se você for engolir, que tal um tubarão? ㅡ juntou as mãos, imitando uma onda. Bam uivava do quintal acompanhando o dono. Taehyung ficou tão constrangido que não conseguia olhar. ㅡ Peça minha vara de pescar! Amigo, amigo, me traga atum...Ooooooh, oooooh Seokjin! Oooooooh... oooooooh. Super Atum!

Quando terminou, Jungkook não sabia o que esperar. Talvez uma chuva de vaias ou gargalhadas esganiçadas,
mas não um abraço emocionado do pai, muito menos ser ovacionado pelos convidados.

Jin nem conseguia conter as lágrimas, todos amaram a homenagem que o arquiteto fez para o amado pai.

[...]

Jimin cumprimentava alguns convidados, quando escutou Taehyung gargalhando alto. Se fosse desconfiado, diria que o Kim fez isso de propósito para chamar sua atenção.

ㅡ O que é tão engraçado? ㅡ perguntou, sem tirar o sorriso engessado.

ㅡ Ah, eu estava contando histórias de quando Jungkook e eu éramos mais jovens.

ㅡ Hum... legal.

ㅡ Hey, Jungkook! ㅡ chamou assim que o ex namorado passou. ㅡ Lembra quando construiu aquela casa na árvore no quintal da minha casa, apenas com resto das madeiras que papai jogou fora? Foi incrível como um garoto de doze anos conseguiu fazer aquilo sozinho.

ㅡ Ele também fez uma casinha na árvore para mim. ㅡ disse Jimin mordido, grudando no braço do arquiteto.

ㅡ Fez? ㅡ o Kim estreitou os olhos, cético.

ㅡ Sim, na noite da nossa lua de mel.

ㅡ Foi mesmo?

ㅡ Hunrum. Em um bosque próximo ao nosso hotel. Uma réplica que viu em uma foto antiga que mostrei.

ㅡ Que intrigante... Pensei que tinham ficado em uma cabana perto da orla. Além disso, é muito estranho a polícia não ser chamada por uso indevido do espaço público e do barulho das marteladas no meio da noite.

Thopson ainda conversava com o "pai" de Jimin, o que deixava Jungkook constantemente distraído, por esse motivo só voltou a falar quando Jimin deu um pisão em seu pé.

ㅡ Ah, sim, sim... Eu pré fabriquei tudo e levantei a casa através de cabos de aços suspensos. Não tive problema com as autoridades porque tirei de lá no dia seguinte.

Incrível.

Jungkook mentiu sem gaguejar.

ㅡ Viu só? ㅡ o loiro apertou a bochecha do mais velho. ㅡ Meu maridinho não é demais?

ㅡ Ok. Se me dão licença, eu preciso... ㅡ murmurou, tentando ir até seu chefe, antes que Ralph estragasse tudo.

De onde estava, podia ouvir os dois falando:

ㅡ Que tipo de trabalho você faz?

ㅡ Agora estou aposentado. ㅡ Ralph resmungou, virando o líquido ambar goela abaixo.

ㅡ Aposentado de quê?

ㅡ De toda aquela vagabundagem.

ㅡ Jungkook, lembra das nossas aventuras?

ㅡ Sim, sim... ㅡ respondeu aéreo.

ㅡ Teve uma vez que fomos procurar meteoritos após a chuva de estrelas cadentes. ㅡ comentou o Kim com uma intimidade gritante, inflamando ainda mais as inseguranças de Jimin. ㅡ A gente fugiu de pijama e pantufa no meio da noite, com uma sacola de biscoitos... Foi uma grande aventura.

ㅡ Filho, vem aqui um minuto! ㅡ Yuna lhe chamou entusiasmada junto a Seokjin. ㅡ Estávamos conversando com Jina e ela disse que quer voltar a morar com Rafaely. Então seu pai e eu pensamos que, se os pais do Jimin estivessem por perto, seria bom para...

Jungkook pode ver de relance que o CEO franzia o cenho com o que Ralph falava. Precisa agir antes que a coisa piorasse.

ㅡ Sim, sim! Vamos fazer uma casinha para eles do outro lado do lago. ㅡ os Jeon se entre olharam orgulhosos com a decisão do filho. ㅡ Agora tenho que ir...

ㅡ Amor! ㅡ Jimin cutucou suas costas, fazendo o arquiteto virar. Taehyung estava logo atrás, de braços cruzados. ㅡ Fizemos ou não aquela maratona de Manhattan até Boston?

ㅡ Sim, fizemos. ㅡ concordou, sem pensar duas vezes.

ㅡ Satisfeito? ㅡ grunhiu o loiro também cruzando os braços.

ㅡ Eu não disse que era mentira. ㅡ retrucou o Kim.

ㅡ Disse sim!

Taehyung soprou uma risada brochada.

ㅡ Tudo que eu disse foi que vocês foram feitos um para o outro. ㅡ concluiu, deixando claro o sarcasmo em cada palavra soletrada.

ㅡ Acha que sou burro? Que não sei o que quer insinuar? ㅡ Jimin avançou um passo, não deixando ser intimidado pela altura do Kim.

Taehyung fingiu desentendimento, dando de ombros.

ㅡ Só falei que vocês dois são bem criativos.

ㅡ Em outras palavras, está dizendo que somos mentirosos! Olha a merda que ele está falando, Jungkook! ㅡ bateu o pé no chão irritado.

ㅡ Jimin, por favor. Fale mais baixo. Não foi bem isso que o Tae quis dizer.

ㅡ Não defenda ele!

ㅡ Calma, não estou fazendo nada! ㅡ levantou as mãos em rendição, não entendo nada. Em um minuto o marido fofo que estremecia em sorrisos doces, agora tremilicava como um chihuahua raivoso prestes a morder sua canela.

ㅡ É exatamente isso! ㅡ o loiro trincou os dentes. ㅡ Você não fala, não vê e nem escuta nada! ㅡ se virou na direção de Taehyung apontando o dedo. ㅡ Pensa que não sei que ainda é apaixonado pelo meu marido? ㅡ Taehyung abriu a boca sem saber o que dizer. Os olhos do loiro ficaram marejados. ㅡ Pensa que não sei da sua compaixão por ele ter casado com um louco como eu?!

ㅡ Jimin, pare com isso...

ㅡ Me solta! ㅡ berrou quando o arquiteto tentou lhe conter. Não pararia, ainda não tinha dito tudo o que queria esfregar na cara daquele magricelo. ㅡ Mas você já teve sua maldita chance! Você já teve sua bela casa na árvore e passeios ao ar livre. E caso tenha esquecido, no dia em que ele ofereceu essa casa você recusou! ㅡ Jimin bateu no próprio peito, a voz falhando miseravelmente. ㅡ Foi eu quem o encontrou,  e sou eu quem sabe o quanto ele é valioso. Mas... mas...  ㅡ soluçou, olhando para a mesa repleta de presentes que os convidados trouxeram de última hora. ㅡ Mas é você quem ele quer, droga... ㅡ em surto Jimin foi até lá e derrubou tudo no chão, fazendo ainda mais vexame. ㅡ É apenas você quem ele quer! ㅡ gritou antes de sair pela porta da frente.

Jungkook ficou mortificado.
Nem podia acreditar o quão bom Jimin era em arquitetar uma cena.

Ele mesmo quase acreditou.

ㅡ Acho melhor ir atrás dele. ㅡ murmurou para quem pudesse ouvir, porque a festa inteira havia parado para ver aquilo.

Depois disso, ele se obrigou a andar.

ㅡ Jungkook, espera! ㅡ gritou o CEO esbaforido, alcançando o arquiteto na varanda.

ㅡ Oh, senhor Thopson, desculpe por ver isso... e também pelo meu sogro. Infelizmente...

O mais velho interrompeu, gesticulando.

ㅡ Eu me lembro do Ralph, ele sempre foi assim... Enfim, vou direto ao então ponto. Meu jovem, assim que vi essa casa, já acertei sua promoção como merecedora, você é talentoso, tem futuro, mas lembre-se de uma coisa: eu não teria vindo até aqui e visto a casa se não fosse por Jimin, então agradeça ao seu marido. Nós vemos segunda, na empresa.

ㅡ Obrigada, senhor. Até segunda.

Com esse aval, Jungkook apertou a mão do presidente, se despedindo. Na sequência foi até o loiro, que estava encostado na cerca branca, próximo dos inúmeros carros enfileirados.

ㅡ Foi um milagre. Nem precisei passar pelos outros acionistas, eu ganhei a promoção! ㅡ sussurrou feliz, porém se contendo, porque os "pais" de Jimin juntamente com os seus, espionavam da varanda. Já o loiro continuava escondendo o rosto entre as mãos miúdas. ㅡ Agora você só precisa convencer meu chefe que nosso casamento não tem mais jeito, mas que ainda sou merecedor de um cargo alto na empresa.

ㅡ Me dá seu lenço, por favor. ㅡ disse choroso.

ㅡ O quê...? Ah, claro. ㅡ Jungkook olhou para trás e tirou o lenço da lapela de seu terno branco, entendendo que aquilo fazia parte do show. ㅡ Sabe, Jimin... Tudo parecia confuso em relação ao Taehyung, o bate boca no meio da recepção, as pessoas que contratou para serem os Park, a música do Atum.... mas então com um golpe só você consertou tudo, cometendo um vexame ainda maior! ㅡ Jimin soprou sonoramente no lenço de pano, ao mesmo tempo que o arquiteto dava outra espiada vendo que todos entraram na casa, menos Taehyung. Por isso deu tapinhas nas costas do mais novo, para mostrar que estava lhe confortando. ㅡ O lance dos presentes foi meio exagerado, mas quem sou eu para reclamar? O importante é que você conseguiu, Jimin. Você conseguiu!

ㅡ Jungkook? ㅡ disse hesitante.

ㅡ Hum? ㅡ levantou as sobrancelhas, esperando.

ㅡ Eu quero que, o temos, dê certo.

ㅡ Como é?

ㅡ Você ouviu, droga... ㅡ soluçou. ㅡ Nem Maui, nem o rompimento com Vitão significou nada pria você? De certa forma, não consertamos o casamento? Tudo bem que tivemos que ter o aconselhamento do padre Kelmon, não estou dizendo que somos perfeitos, o que estou querendo dizer é que esse casamento merece ser salvo.

Jungkook franziu a testa.

ㅡ Mas que casamento?

ㅡ Oh.

Os olhos do loiro se encheram d'água novamente. Foi lindo e melancólico a luz do entardecer bater nas íris cor de mel, antes de Jimin concordar com a cabeça e fechar os olhos, indo embora sem dizer mais nada.

Não havia mais motivo para continuar ali.

ㅡ Jimin?

O loiro correu até uma caminhonete com a logomarca da floricultura que ia saindo.

ㅡ Olá, moço? Se importa em me deixar no ponto de ônibus, por favor?

ㅡ Claro, entra aí.

ㅡ Jimin?  Jimin, aonde você vai?! ㅡ o arquiteto gritou, indo atrás da caminhonete, mas já era tarde demais, tossindo a poeira de fumaça do carburador. ㅡ O que foi isso? ㅡ murmurou sem entender.

Ele ficou tão arrasado com o loiro partindo daquele jeito, que tudo pareceu mais confuso e distorcido.

Já não sabia onde terminava o "faz de conta" ou onde começava os sentimentos reais. Desde quando as emoções do mais  novo mudaram? Por que não percebeu?

Seja lá qual fosse a resposta, seu peito apertou dolorido. Ele nunca mais veria Park Jimin.

O loiro era perito em fugir quando as coisas não davam certo.

ㅡ Jungkook. Hey, olhe para mim! ㅡ Taehyung sorriu largo, tocando no rosto do arquiteto. Só assim o mesmo despertou do transe.

ㅡ Ele me deixou, Tae... Jimin me deixou.

ㅡ Sim, eu vi. ㅡ disse o abraçando. ㅡ Mas vai ficar tudo bem, okay?

ㅡ Eu não entendo. Por um momento estávamos bem...

ㅡ Você tentou, fez o que pôde.

ㅡ E-eu não... ㅡ balançou a cabeça, saindo do abraço. ㅡ Eu não entendo. Sempre falei a verdade sobre você... sobre tudo. ㅡ coçou a testa, olhando na direção que a caminhonete dobrou, como se Jimin fosse voltar a qualquer momento dizendo que era apenas uma brincadeira de mal gosto.

ㅡ Jungkook? Foi verdade aquela história de tê-lo conhecido no hospital, do jeito como se casaram e da lua de mel na ilha com direito a casinhas na árvore no meio da noite? ㅡ a expressão do Kim era de total descrença.

ㅡ Caramba... ㅡ o arquiteto grunhiu antes de desmoronar. Suas lágrimas saíram como cascatas. Em um dado momento, ele ria e chorava ao mesmo tempo. ㅡ Olha para mim, Taehyung. Estou chorando como um idiota!

ㅡ Claro que está chorando, isso foi muito para você. Vem aqui. ㅡ abriu os braços, dando tapinhas nas costas do arquiteto. ㅡ Me diga a verdade, Jungkook. Vou lhe entender.

ㅡ Você quer a verdade? ㅡ se afastou abruptamente.

ㅡ Sim.

ㅡ Tudo o que ele falou... é a pura verdade, Tae.

"Não é, mas eu quero que seja", completou mentalmente.

ㅡ Aonde vai? ㅡ o acastanhado perguntou desnecessariamente, pois já sabia da resposta.

ㅡ Trazer de volta meu marido! ㅡ gritou, abrindo a porta do carro.

Foram minutos angustiantes até chegar no ponto de ônibus mais próximo. Todavia o destino parecia conspirar a favor, porque Jungkook o encontrou assim que o loiro deu sinal para o ônibus.

ㅡ Jimin, graças a Deus! ㅡ o arquiteto apertou o baixinho em seus braços. ㅡ Não vá embora, eu quero me casar com você!

ㅡ Não consigo respirar... ㅡ Jimin empurrou o arquiteto, puxando o ar. Ele tomou uma distância segura, perguntando: ㅡ É só isso?

ㅡ Como assim?

ㅡ Jungkook... ㅡ Jimin suspirou, lambendo os lábios. ㅡ Eu sou grato por tudo o que fez por mim. Isso tudo foi uma loucura, mas jamais vou esquecer de você, de seus pais, da casa, de Dobb's Mill... Só não precisa se sacrificar por mim. Você é um homem integro, honesto, merece alguém melhor do que uma pessoa que não consegue parar de mentir por medo de ser raso, falho e sem graça. Sou muitas coisas, Jungkook, mas não sou tão egoísta ao ponto de te pedir para me aceitar do jeito que sou. Eu sou uma bagunça. Agora eu entendo isso... ㅡ confessou, sendo capaz de dar um sorriso que não chegou a refletir em seus olhos tristes. ㅡ  Adeus. ㅡ disse por fim, tomando impulsivo para subir no ônibus.

Jungkook segurou seu braço, impedindo.

ㅡ Eu posso mudar, Jimin. Eu posso viver em um "faz de conta". Já vivi um por seis meses e foram os melhores seis meses da minha vida! ㅡ piscou, tentando pensar no que falaria, porque a oportunidade de ser feliz escorria por seus dedos e isso o enlouquecia de fato. ㅡ Metade das coisas que dissemos foi ficção. A única coisa real é que descobri que eu amo você. Eu te amo de verdade!

Jimin negou.

ㅡ Desculpa... Eu não acho que daria certo.

ㅡ Por que não?

ㅡ Porque você é bom demais para mim! Não tem defeitos... Entende?

ㅡ Oh loirinho, não posso ficar mais tempo aqui, não. Tenho horário a cumprir. ㅡ avisou o motorista.

Jimin entrou no ônibus com as pernas trêmulas, no entanto, quando as portas iam fechar, Jungkook não permitiu.

ㅡ Lembra d-daquela vez me mandei, literalmente, me entregar de presente em uma enorme caixa no dia do seu aniversário? ㅡ improvisou. ㅡ E o cara q-que paguei, deixou a caixa no a-apartamento errado? E como o namorado da g-garota ficou dizendo que ela estava o traindo c-comigo? Lembra quando você c-colocou a cabeça para fora e viu a outra v-vizinha me ameaçando com a vassoura, dizendo que eu era um pervertido porque t-tudo que eu usava para m-me cobrir se resumia a uma dúzia de rosas... Flores essas q-que você sequer chegou a ler o c-cartão? ㅡ terminou ofegante. ㅡ Lembra, Jimin?

Silêncio.

ㅡ E o que dizia no cartão? ㅡ perguntou o motorista curioso.

Já iria levar uma bronca por se atrasar mesmo, agora queria saber o desfecho.

ㅡ Certo... E-eu vou falar o que dizia. ㅡ inspirou e suspirou, tentando se acalmar. Então ditou a próxima frase olhando diretamente para o loiro, assim transmitiria toda a verdade em seu coração. ㅡ Dizia "case-se comigo, Jimin. Estou perdido sem você".

Jimin tampou a boca, rindo em meio ao choro.

ㅡ Me segura, biscoitinho! Vou pular! ㅡ o loiro abriu os braços, pulando como um bebê macaco em cima do arquiteto. Lá grudou e não quis mais soltar. ㅡ Sim, sim! Eu aceito!

Os passageiros aplaudiram, não porque o casal se entendeu, mas sim por finalmente seguirem viagem.

Jungkook rodopiou o loiro pela calçada, tirando com facilidade os pés do menor do chão.

ㅡ Eu também te amo. Não sei exatamente desde quando, mas eu te amo muito, Jungkook. Além do mais... Hum...

O arquiteto calou qualquer outra declaração com um beijo apaixonado. Tinha esquecido como era a macieis da boca cheinha e do barulho bonito que Jimin fazia quando ele mordiscava ali.

ㅡ Jungkook, espera...

ㅡ O quê? ㅡ bicou os lábios vermelhos outra vez, antes de escutá-lo.

ㅡ E os "meus pais"?

[...]

O dia estava bonito e ensolarado.

Jungkook e Jimin acenaram da sua varanda para os "Park". O casal não parava de sorrir, fazendo questão de seguir de perto a equipe que trabalhava arduamente na construção da casa nova, como o arquiteto havia prometido.

ㅡ Querido, eu quero imaginar que está empolgado logo cedo em me ver, mas essa coisa dura vibrando no seu bolso, não é  um vibrador.

ㅡ Não, é meu celular.

Jungkook riu, deixando um beijo no cangote do noivo/marido antes de se afastar para pegar o aparelho no bolso da calça.

ㅡ É o Call. ㅡ sorriu, vendo a mensagem do amigo. ㅡ "Me deixe ser o padrinho do casamento. Eu fui o cupido. Tudo que preciso é um pouco de reconhecimento aqui".

ㅡ Justo. Ele não foi tendencioso na época, mas a abordagem idiota dele, ainda que de mal gosto, foi o começo de tudo. Minha nossa... ㅡ gargalhou, se agachando no chão.

Jimin perdia as forças nas pernas quando ria.

ㅡ O que foi?

ㅡ Aí minha barriga... Lembrei da piada do japonês!

ㅡ Aish. Culpa da bebida! De tanta vergonha alheia que já passei nesse ano, prefiro cantar de novo Super Atum ao ter que lembrar o quanto fui babaca com você naquela noite. ㅡ foi só nesse instante que o arquiteto percebeu o que Jimin vestia. ㅡ Eeeei. O que eu falei sobre usar moletom com estampa de gatinho? ㅡ o loiro deu um sorriso saliente, mostrando que havia feito isso de propósito. ㅡ Volta aqui, seu provocadorzinho!
Não fuja de mim, Jeon Jimin!

Mesmo com o aviso, o arquiteto precisou sair em disparada atrás do mais novo, que espertamente foi direto ao quarto, se jogando de costas na cama.

Chegando lá, Jungkook fechou a porta para o loiro não "escapar". Ele tirou sua camisa com pressa, fazendo o mesmo com a roupa de Jimin.

Logo se enrroscavam um no outro, bolando no colchão como sempre faziam.

ㅡ Quero ficar eternamente assim, grudado em você. ㅡ sussurrou no ouvido do mais novo. ㅡ Eu te amo muito, Jimin.

O baixinho sorriu, arranhando com satisfação as costas largas do arquiteto. Faltavam palavras no dicionário para explicar o quanto Jungkook lhe fazia feliz.

ㅡ Na verdade... para ser franco meu nome não é esse, me chamo Matheus.

Fim
💍

Acabou aaaaaa
Nossa eu ri tanto com eles dois. As mentiras de Jimin sempre foram do bem, notaram? Não digo que é certo, mas ele só dizia coisas que abrilhantavam o ego de Jungkook.

E aí vocês gostaram? Eu agradeço muito pelo carinho. Quem sabe trago um tema parecido, porque eu amo uma pitada de humor... Quer dizer, vocês receberão notificação, se me seguirem. Então seria interessante me seguir, né? Por favorzinho, vocês podem me seguir?

🥲🙏
Agradecida.

Tchau, biscoitinhos,
roxo vocês! 💜

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