O filho 💍

Finalmente o aguardado dia chegou e a casa se resumia em um vai e vem incessante da equipe do buffet.

Sendo sábia, Yuna usou uma prancheta para circular os itens que faltavam. Se não fosse aquela dica preciosa do marido, estaria estressada e descabelada. Fazia um bom tempo que não organizava uma festa tão grande.

ㅡ Por favor, coloquem o sofá mais para direita, assim não vai atrapalhar o fluxo dos convidados. ㅡ pediu a dois rapazes fortes que levantaram o estofado sem dificuldade. ㅡ Quanta saúde, benza Deus... ㅡ Jungkook passou nesse instante. ㅡ Oi, filho. Onde está o Jimin?

ㅡ Ele acabou de sair com meu carro para buscar seus pais.

ㅡ Ah, sim... Não sabia que ele dirigia.

ㅡ Nem eu. ㅡ bodejou, se arrependendo por não ter conferido a carteira de habilitação do baixinho quando o mesmo pediu seu carro emprestado. O arquiteto só esperava não ter confiado seu valioso possante a um barbeiro. ㅡ Merda... devia ter desconfiado.

ㅡ O que disse?

ㅡ Haha! Eu disse que ele sabe dirigir, sim. Enfim, eu vou me arrumar agora, mamãe. Até mais! ㅡ deu um sorriso forçado, indo se trocar no quarto.

Jungkook estava preocupado, de fato não sabia quem o loiro contrataria. Na realidade mal se falavam ultimamente. Desde que descobriu sobre seu passado, o baixinho lhe evitou de todas as formas possíveis, então restava apenas orar para que tudo ocorresse bem, que aquele dia trouxesse frutos bons como sua promoção e a união com Kim Taehyung.

[...]

Na capital, Jimin andava apressado pelas ruas. Seu coração só bateu em alívio quando encontrou as duas pessoas que tinha em mente.

ㅡ Ralph, Mary! Tenho um trabalho para vocês! Larguem isso, pelo amor de Jesus Cristo. Preciso de vocês sóbrios hoje. Vamos, vamos! ㅡ disse o loiro ofegante, içando o casal do chão.

[...]

ㅡ Biscoitinho, chegamos!

Jungkook terminava de colocar a gravata borboleta cafona quando escutou a voz do mais novo.

Aliviado, porém nervoso, se olhou no espelho uma última vez antes de correr para encontrar os sogros fakes.

ㅡ Deve ser você o homem de sorte que casou com meu pequeno! Sou Ralph. Eeerrr... desculpa, Ralph é apelido, meu nome é Park Rafaely. Navio Pensilvânia, encarregador assistente de câmbioneira*, ao seu dispor! ㅡ bateu continência, dando uma forte piscadela, o que fez todas as rugas do seu rosto se mover. ㅡ Essa é Jina, Park Jina, minha esposa, portanto sua sogra!

(*Essa profissão/cargo não existe, gente 😅)

ㅡ Olá. Como vai? ㅡ perguntou a senhora, com um sorriso cortês. Ela era da mesma altura que Jimin, por isso Jungkook teve que se curvar um pouco para lhe dar um beijo na bochecha.

ㅡ Olá, bem-vindos! ㅡ respondeu mantendo seu papel como o genro que via os pais do marido pela primeira vez. Ao seu lado, o loiro olhava o desenrolar de tudo com espectativa. ㅡ Eles são ótimos, Jimin. ㅡ Jungkook murmurou no ouvido do mais novo. ㅡ Onde os conheceu?

ㅡ Bom... ㅡ Jimin pensou por um segundo se deveria dizer a verdade ou não, mas fosse lá a reação do arquiteto, optou por ser sincero desde o momento que foi pressionado para não perpetuar mais teias de mentiras. Ele seria real, verdadeiro... pelo menos com Jungkook. ㅡ Conheci eles quando comecei a trabalhar no Pé na Jaca.

ㅡ Ótimo. ㅡ tocou o queixo do loiro, orgulhoso, antes de gritar em plenos pulmões: ㅡ Mãe, pai! Os pais do Jimin estão aqui!

Jimin estremeceu.

ㅡ Ai meu ouvido, Jungkook!

Foi só o arquiteto anunciar que os Jeon brotaram de algum lugar.

ㅡ Jeon Yuna e Jeon Seokjin, esses são Park Rafaely e Park Jina. ㅡ disse Jimin, tomando a frente para os apresentar.

ㅡ Oh, que emoção conhecê-los! ㅡ a mãe de Jungkook foi um tanto calorosa na recepção, abraçando sem pensar duas vezes a outra senhora arredia. Não que Mary fosse uma sociopata, só não estava acostumada com esse tipo de calor humano. Afinal, em toda sua vida, sempre foi meio que invisível para a sociedade. ㅡ Que prazer, querida!

ㅡ Estamos felizes que o nosso "bebê bolinho" tenha se dado tão bem. ㅡ disse o "senhor Park" com sua voz estrondosa de homem robusto, cheio de energia.

Jin gostou do homem imediatamente.

ㅡ Um aperto firme e forte. Gosto disso! Meu pai sempre dizia que conhecemos o caráter de uma pessoa pelo aperto de sua mão.

ㅡ Meu pai também dizia o mesmo. E olha... O barraco aqui até que é legal, "saca"?

ㅡ Barraco? ㅡ Jin repetiu, sem entender o adjetivo chulo.

ㅡ Hahaha obrigado, senhor Park! ㅡ o arquiteto se esgueirou dando um meio abraço para distrair o "ator", assim o mesmo não falaria mais coisas sem sentido.

O resultado inusitado foi o Ralph gostar do abraço e deixar um beijo estalado na bochecha do "genro".

ㅡ Gosto de você, garoto. Eu aprovo essa união!

ㅡ Que cena mais linda! Vamos tirar uma foto com a polaroide. Quero registrar esse momento. Jimin, primeiro você com seus pais!

ㅡ Mas eu nem me arrumei ainda. ㅡ protestou o loiro, mas acabou cedendo, como sempre, ao pedido da senhora Jeon.

ㅡ Agora vá se trocar, Jimin. Os convidados irão chegar a qualquer momento. ㅡ avisou Jungkook, dando um selinho no loiro.

Na boca.

O ato foi tão automático que os dois arregalaram os olhos, se entreolhando.

ㅡ Que casal mais fofo! Ainda ficam corados com demonstração de afeto em público? ㅡ vibrou Yuna, entregando a máquina a Jimin. ㅡ Agora uma foto só das mães!

ㅡ Quer saber, filho? Por que não toma de conta das coisas aqui enquanto Rafaely e eu "quebramos o gelo"?

ㅡ Quebrar o gelo uma ova, vamos encher a cara!

Os dois homens riram e saíram em direção onde estavam as bebidas.

Jungkook ficou ali em pé, sem muita reação. Quando deu por si a casa já estava barulhenta.

Garçons passavam oferecendo quitutes e não parava de chegar gente.

Em meio a isso, Bam conseguiu fazer a proeza de aparecer bem na hora que um casal conhecido chegou, assustando os desavisados, que foram recebidos com o animal gigante lambendo seus rostos.

ㅡ Eu sinto muito, mil perdões! No banheiro à direita tem toalhas limpas e secador também, fiquem a vontade. ㅡ disse o arquiteto pegando o cachorro pela coleira.

Jungkook foi para o quintal e dessa vez checou se a corrente estava realmente presa no suporte da casinha de Bam. Foi um verdadeiro milagre fazer isso em um curto espaço de tempo, sem sujar seu blazer branco.

Quando viu que não havia perigo do cachorro se soltar novamente, girou o corpo para entrar pela porta dos fundos, porém se deparou com uma pessoa debruçada no lixo reciclável, pegando algumas garrafas vazias de vidro.

ㅡ Mas o quê...?

ㅡ Olá! ㅡ cumprimentou a "mãe" de Jimin despreocupada, voltando a remexer o lixo.

Se os olhos do arquivo não fossem presos na órbita ocular teriam sacado para fora, de tão abertos que ficaram.

ㅡ Puta merda! ㅡ xingou tardiamente, entrando na cozinha. ㅡ Por isso que achei eles familiar... Eu os vi quando subi para o apartamento de Jimin naquela noite chuvosa! ㅡ pensou em voz alta, olhando em volta. ㅡ Onde aquele anão de jardim se meteu? Eu vou matar o Jimin! ㅡ rosnou fechando os punhos. ㅡ Mamãe?! Mamãe, a senhora viu meu marido?

ㅡ Ele ainda não saiu do quarto.

ㅡ Ah, certo, certo. Vou chamá-lo!

Jungkook queria mesmo era gritar de tão irritado, mas tudo que podia fazer era mostrar os dentes e se esquivar de conversas longas.

ㅡ Amor, os convidados já estão aqui, eles querem vê-lo! ㅡ bateu na porta, falando com a voz de barítono para não parecer tão suspeito, mas logo baixou o tom, resmungando: ㅡ Foi os melhores pais que conseguiu?! Você tirou eles da rua, pelo amor de Deus! Droga, Jimin, abre essa porta! ㅡ ficou esmurrando a madeira em vão, até resolver olhar pelo buraco da fechadura. ㅡ Estou vendo você aí!

ㅡ Quer parar de me espiar? ㅡ o loiro pediu com um bico nos lábios, ajeitando o roupão, mas continuou sentado na cama, sem fazer menção de deixar Jungkook entrar.

ㅡ O que aconteceu? Por que ainda está assim? O senhor Thopson vai chegar a qualquer momento e acho que "seus pais" não vão se comportar se você não estiver por perto. Por favor, Jimin, abra essa maldita porta!

ㅡ Algo aconteceu? ㅡ Seokjin perguntou preocupado, vendo o filho ajoelhado e gritando como um louco.

Junto dele estavam Yuna e os "Park".

ㅡ Não, não. Está absolutamente t-tudo sobre controle! ㅡ levantou do chão, arrumando o cabelo.

ㅡ Jimin se trancou aí dentro? ㅡ reforçou a pergunta.

ㅡ B-bom... Na realidade ele não quer s-sair. Está um p-pouquinho nervoso.

ㅡ Deixa a gente tentar, volte para a festa. ㅡ disse Yuna.

Jungkook assentiu, bem na hora que viu uma careca brilhosa se destacando no mar de pessoas.

ㅡ Vou indo, o senhor Thopson chegou! Com licença.

ㅡ Thopson? ㅡ Ralph ficou alerta, lembrando do nome que Jimin tanto falou.

ㅡ Escuta, Jina... E se você falasse com Jimin? ㅡ sugeriu a mãe de Jungkook.

ㅡ Eu?

ㅡ Sim. Os filhos geralmente escutam mais as mães.  Quero dizer... ㅡ hesitou antes de perguntar, mas a diferença era tão gritante que não se conteve. ㅡ Vocês não são asiáticos, já Jimin tem traços fortes... Ele é adotado? Desculpa perguntar isso.

ㅡ Ele é meu filho de sangue. É que fiz plástica nos olhos... ㅡ mentiu, como o combinado. ㅡ Aquela que ajeitam as pálpebras.

ㅡ Ual, ficou incrível! Depois me passa o contato do cirurgião? Ficou muito bom mesmo.

ㅡ Passo sim, querida. ㅡ
Toc, toc, toc. Bateu na porta.
ㅡ Olá, Jimin? Sou eu... a mamãe, anjo! ㅡ Jimin assoou no lenço de papel, mas parou de chorar quando ouviu a voz da mulher.

[...]

ㅡ Bela casa, menino Jeon!

Jungkook gritou de volta, sendo meio que levado pela multidão.

ㅡ Obrigado, senhor Sturt! Que bom que veio! Oh, perdão! ㅡ se desculpou ao das uma cotovelada  em alguém, mas não era qualquer pessoa, e sim Kim Taehyung, mais charmosa do nunca. ㅡ Caramba, Taehyung, você está maravilhoso!

ㅡ Acha mesmo? ㅡ corou, mordendo os lábios para não sorrir ainda mais. ㅡ Obrigado... Cadê o Jimin? Não vi ele.

Jungkook fez uma careta.

ㅡ Jimin não quer sair do quarto.

ㅡ Sério? Pensei que ele quisesse essa recepção.

ㅡ Pois é...  Jimin é assim mesmo. Eu tento entendê-lo, mas do que adianta?

ㅡ Jungkook, você está aí! Quase não o encontro... Aqui está cheio. Onde está seu lindo esposo?

ㅡ Senhor Thopson! ㅡ exclamou vendo que não era uma miragem, era mesmo real. O CEO de uma empresa de prestígio viajou até o interior do estado para ir a uma simples recepção. ㅡ Preciso ir, Tae, mas foi muito bom vê-lo. Obrigado por vir, eu adorei seu cabelo!

Taehyung alisou as madeixas descoloridas e se afastou, pisando em nuvens. Ele tinha passado o dia inteiro no salão para deixar no tom de loiro parecido com o de Jimin.

ㅡ Onde está seu sogro?

ㅡ Ah, o pai de Jimin?

ㅡ Claro, existe um segundo sogro? ㅡ debochou, apertando os ombros tensos do empregado.

ㅡ N-não, senhor... Vamos procurá-lo!

[...]

ㅡ Fale comigo, meu amor. O que foi, hum? Ele é um homem adorável, com uma casa aconchegante e uma família gentil, então o que tem de errado?

Dentro do quarto Jimin não conseguia parar de chorar, olhando para a foto com "seus pais" .

Seria tão bom se aquela farsa fosse verdade...

ㅡ Tudo vai acabar. ㅡ sussurrou.

ㅡ O que disse, filhinho?

ㅡ A senhora não iria entender. Vai embora, mamãe!

ㅡ E eu não vou mesmo entender, senão me disser, porque infelizmente não leio mentes, filhinho. Por favor, Jimin, me deixe saber o que está acontecendo. Pare de me negar as coisas, pare de não me dizer nada sobre sua vida! Não me trate como se fosse uma qualquer. Uma estranha que encontrou no meio rua!

[...]

ㅡ Ah, não está aqui também. Vamos procurar lá em cima.

O presidente fez uma careta, mas acompanhou o arquiteto a contragosto.
Tinha uma leve impressão de que Jungkook estava fazendo ele dar voltas em vão. Se fosse mesmo isso, não iria demorar muito para que sua paciência esgotasse de vez.

[...]

Toc, toc, toc.

ㅡ ESTÁ PARTINDO O CORAÇÃO DE SUA MÃE, MOCINHO! ㅡ vibrou Ralph, em plenos pulmões.

Mary colocou as mãos na cintura, chateada.

ㅡ Hey, não grite assim com ele!

ㅡ ELE TAMBÉM É MEU FILHO!

ㅡ Jimin, provavelmente, se trancou no quarto porque não queria ver você se embebedando!

ㅡ Aaaaaah, então agora a culpa é minha? Se for, não apaga o fato de você ser uma péssima mãe!

ㅡ Oh!

ㅡ Camarada, está se excedendo. ㅡ interviu Seokjin, ficando entre os "pais" de Jimin. Talvez Whisky não tivesse sido a melhor das escolhas.

ㅡ Você disse que eu gosto de beber? Pois vou lhe mostrar quem é o alcoólatra agora! ㅡ saiu em dispersada.

ㅡ Como ele pôde fazer isso comigo?

Yuna amparou a mulher que começou a chorar, restando apenas Seokjin para resolver aquele impasse.

[...]

ㅡ Olha só. Pode ver que as estantes são moduladas para saírem rapidamente e assim essa divisão deixa de existir.

ㅡ Interessante. Mas cadê o pai de Jimin e ele?

ㅡ Eles e-estão na cozinha. Eu q-queria mesmo mostrar essa parte, porque muito a-arquitetos esquecem que lá é o coração da casa!

[...]

Toc, toc, toc.

ㅡ Jimin, sou eu, Seokjin. ㅡ
começou inseguro. ㅡ Eu não sei bem qual é o problema, mas lhe aconselho a... ㅡ Jin parou, balançando a cabeça em negação. ㅡ A quem quero enganar? Não sei o que dizer. Na verdade, não fui um bom pai para Jungkook. Eu sempre cobrei o melhor dele, notas altas, disciplina, responsabilidades demais quando tudo que ele queria era um "eu te amo". ㅡ sua voz falhou e precisou pigarrear para continuar. ㅡ O que quero dizer é que, quando falei que poderia me chamar de pai, não foi da boca para fora. Você faz parte da família. Nós te amamos, Jimin, como um filho. ㅡ silêncio. ㅡ Jimin? Você me ouviu?

ㅡ Sim, ouvi. ㅡ fungou, encostando a testa na porta. ㅡ Escutei cada palavra, pai. Eu também amo muito vocês.

.
.
.

Oh, meu coração.
Jimin ficou mexido com a história dos pais. Como eu disse, o passado dele foi bem triste. Esse é o ponto fraco dele. Mentir é preencher parte do que ele nunca foi, é seu escape.

O próximo capítulo será o último capítulo. Não se preocupem, não gosto de finais tristes.

Cheiro meus amores,
até lá! 😊💜

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